Por que o Vaticano, coração da Igreja, sedia a maior conferência sobre ateísmo no mundo:apostas online cassino

A conferênciaapostas online cassino1969, a primeira do gênero sobre o tema, ocorreu como consequência da abertura provocada pelo Concílio Vaticano II, ocorridoapostas online cassino1962 a 1965. O papa Paulo 6º (1897-1978) era um entusiasta do diálogo com outros cristãos, judeus e adeptosapostas online cassinooutras religiões. E também criou um secretariado próprio para ouvir a quem chamavaapostas online cassino"descrentes" - segundo suas palavras, o ateísmo era "um dos assuntos mais sériosapostas online cassinonosso tempo".

O papa Francisco, que comanda a Igreja Católica desde 2013, já deu mostrasapostas online cassinoque procura abordar os ateusapostas online cassinoforma respeitosa e sem um discursoapostas online cassinooposição.

No início deste ano, por exemplo, ele disse que é melhor viver como ateu dos que ir à missa e nutrir ódio pelos outros.

"Quantas vezes vemos o escândalo das pessoas que passam o dia na igreja e depois vivem a odiar ou a falar mal dos outros", afirmou ele.

"Vive como um ateu. Mas se vais à igreja, então vive como filho, como irmão, dá um verdadeiro exemplo."

O evento que começa nesta terça terá painéis que debaterão o que leva pessoas a crerem e o que leva pessoas a não creremapostas online cassinoDeus. Participam maioritariamente pesquisadores acadêmicos interessados no tema, como sociólogos, antropólogos, teólogos e filósofos - mas religiosos também são bem-vindos.

Em outubroapostas online cassino2018, ele havia condenado publicamente o fatoapostas online cassinomuitos católicos lavarem dinheiro sujo, explorarem seus funcionários e cometerem delitos. "Há muitos católicos que são assim e eles causam escândalos", disse o pontífice. "Quantas vezes todos ouvimos pessoas dizerem 'se esta pessoa é católica, é melhor ser ateu'?".

O evento desta semana tem a chancela do Pontifício Conselho para a Cultura, dicastério criadoapostas online cassino1982 pelo papa João Paulo 2º (1920-2005).

Pesquisa

Há 50 anos, a primeira conferência foi, segundo o sociólogo Rocco Caporale (1927-2008), que escreveu um livro sobre ela ('The Culture of Unbelief: Studies and Proceedings From the First International Symposium on Belief Held at Rome'), uma primeira oportunidade para que a Igreja pudesse debater várias questões da "cultura da não-crença" e sobre como estudá-la.

Caporale relata que uma das principais percepções dos participantes do simpósioapostas online cassino1969 foi aapostas online cassinoque "o crer e o não crer são uma completa terra incógnita".

Mas dessa vez, o pesquisadores poderão se debruçar sobre os dadosapostas online cassinoum estudo realizado pelas universidades britânicasapostas online cassinoKent, Conventry, Queen's e Saint Mary.

Trata-seapostas online cassinouma pesquisa conduzidaapostas online cassinoseis países sobre o que é ser ateu hoje. No total, foram entrevistadas 6,6 mil pessoas - seguindo criteriosa amostragem científica - do Brasil, Estados Unidos, Reino Unido, China, Japão e Dinamarca.

O relatório, que será publicado nesta terça (28), trouxe oito pontos-chave para entender o fenômeno da não-crença no mundo:

1. Ateus - aqueles que não acreditamapostas online cassinoDeus - e agnósticos - os que não sabem se existe Deus ou não, mas não acreditam que haja uma maneira descobrir - não são homogêneos. Eles aparecemapostas online cassinogrupos diferentes nos países pesquisados. "Por conseguinte, há muitas maneirasapostas online cassinoser incrédulo", pontua o documento.

2. Em todos os seis países, a maioria dos que não acreditamapostas online cassinoDeus se identifica como "sem religião".

3. Na horaapostas online cassinose autorrotularem, os incrédulos que preferem ser chamadosapostas online cassino"ateu" ou "agnóstico" não são a maioria. Muitos classificam-se como "humanistas", "pensadores livres", "céticos" ou "seculares".

4. Os ateus do Brasil e da China são os menos convencidosapostas online cassinoqueapostas online cassinocrença sobre a não-existênciaapostas online cassinoDeus está correta.

5. Não crerapostas online cassinoDeus não significa necessariamente não acreditarapostas online cassinooutros fenômenos sobrenaturais, ainda que os ateus sejam mais céticosapostas online cassinorelação a estes do que as populações gerais.

6. Entre os ateus, o percentualapostas online cassinopessoas que acham que o universo é "em última instância, sem sentido" é maior do que no restante da população. Mas, ainda assim,apostas online cassinonúmero muito inferior aoapostas online cassinometade dos pertencentes ao grupo.

7. Quando confrontados com questões relacionadas a, segundo o relatório, "valores morais objetivos, dignidade humana e direitos correlatos, além do valor profundo da natureza", as posições dos ateus são semelhantes ao do restante da população.

8. Por fim, quando perguntados sobre quais são os valores mais importantes da vida, houve uma "concordância extraordinariamente alta entre incrédulos e populações gerais", apontou o levantamento. "Família" e "liberdade" foram muito bem citados por todos, alémapostas online cassino"compaixão", "verdade", "natureza" e "ciência".

Pontos curiosos

Da mesma maneira que nem todos os que se descrevem como "sem religião" são ateus - muitos cultivam uma espiritualidade própria - a pesquisa mostrou que nem todos os ateus são "sem religião". No caso do Brasil, por exemplo, 73% dos incrédulos se identificam como "sem religião", enquanto 18% se dizem cristãos. Na Dinamarca, 63% dos ateus se dizem "sem religião" - 28% são cristãos.

A explicação para isso pode ser por conta da tradição familiar. Com exceção dos chineses e dos japoneses, a maioria dos ateus entrevistados disseram que romperam uma religiãoapostas online cassinofamília - é o casoapostas online cassino85% dos incrédulos brasileiros e 74% dos norte-americanos, por exemplo. Em todos os países ouvidos, a grande maioria dos ateus veioapostas online cassinofamílias cristãs (79% dos brasileiros, 63% dos norte-americanos, 60% dos dinamarqueses).

A questão dos rótulos também traz variações - muitas vezes motivadas por receioapostas online cassinopreconceitos. Entre os que "não sabem se Deus existe" - tecnicamente agnósticos, portanto -, 8% dos brasileiros se autodefinem como ateus e a maioria, 27%, prefere ser chamadaapostas online cassinoagnóstica; seguidaapostas online cassinonão-religiosa (16%), espiritual mas não-religiosa (13%), racionalista (9%) e cética (8%).

Para os chineses desse grupo, 20% se dizem ateus e 18% racionalistas. Japoneses, britânicos e dinamarqueses preferem ser classificados como "não-religiosos" (34% e 27% e 17%, respectivamente) e norte-americanos se definem como "agnósticos" (26%).

Já no grupo dos que afirmam que "Deus não existe" - tecnicamente ateus - 30% dos brasileiros se autodenominam ateus, 14% sem religião. Situação semelhante aparece na pesquisa realizada com norte-americanos - 39% assumem-se ateus. E entre os chineses, há um equilíbrio entre os que preferem ser chamadosapostas online cassinoracionalistas, ateus e livres-pensadores (respectivamente com 22%, 21% e 19%). Dinamarqueses, britânicos e japoneses preferem ser classificados como sem religião (36%, 35% e 31%).

A crença na ciência como o melhor modelo para atingir o conhecimento apareceu como homogênea entre crentes e incrédulosapostas online cassinotodos os países aferidos, exceto Brasil e Estados Unidos. No caso brasileiro, os métodos científicos são considerados o melhor caminho para 71% dos não-crentes - contra 43% da populaçãoapostas online cassinogeral. Entre os norte-americanos, o número éapostas online cassino70% entre os incrédulos e despenca para apenas 33% da populaçãoapostas online cassinogeral.

"Essas descobertas mostramapostas online cassinouma vez por todas que a imagem pública do ateu é, na melhor das hipóteses, uma simplificação. E, na pior das hipóteses, uma caricatura bruta", ressalta Lois Lee, pesquisadoraapostas online cassinoestudos religiosos da Universidadeapostas online cassinoKent e autora dos livros Recognizing the Non-religious: Reimagining the Secular (Reconhecendo o Não-religioso: Reimaginando o Secular,apostas online cassinotradução livre) e The Oxford Dictionary of Atheism (O Dicionário Oxfordapostas online cassinoAteísmo).

"Em vezapostas online cassinoconfiarapostas online cassinosuposições sobre o que significa ser ateu, podemos agora trabalhar com uma compreensão real das diferentes visõesapostas online cassinomundo que a população ateísta inclui. As implicações para a política pública e social são substanciais ."

"Nossos dados vãoapostas online cassinoencontro a estereótipos comuns sobre os incrédulos", afirma Lanman. "Uma visão comum é que os incrédulos não teriam um sensoapostas online cassinomoralidade e propósito objetivos, nutrindo um conjuntoapostas online cassinovalores muito diferente do restante da população. Nossa pesquisa mostra que nada disso é verdade. Em um tempoapostas online cassinoque as sociedades parecem estar cada vez mais polarizadas, tem sido interessante e encorajador ver que uma das supostas grandes divisões na vida humana - crentes vs. não-crentes - pode não ser tão grande assim."

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