O caso das 33 mulheres barrigasbaixar o app betnacionalaluguel no Camboja que foram forçadas a criar bebêsbaixar o app betnacionalclientes:baixar o app betnacional

Quando um óvulo fecundadobaixar o app betnacionalum casal chinês foi implantadobaixar o app betnacionalseu útero, no fimbaixar o app betnacional2017, a gravidezbaixar o app betnacionalaluguel já havia sido proibida no Camboja havia maisbaixar o app betnacionalum ano. Mas apenas recentemente o banimento passou a ser controlado com mais rigor. A pena pode chegar a 20 anosbaixar o app betnacionalprisão.

"Se eu soubesse que era ilegal, eu nunca teria feito isso", afirma Thilda.

Uma vez grávida, Thida foi levada para uma residência lotadabaixar o app betnacionalRussey Keo, um bairro caro da capital do Cambodja. Além dela, outras 32 mulheres barrigasbaixar o app betnacionalaluguel estavam ali.

Cada quarto era ocupado por cinco mulheres ao mesmo tempo. "Os quartos eram tão pequenos que não havia espaço para andar", relata Thida. As saídas eram restritas.

Porém,baixar o app betnacionaljunhobaixar o app betnacional2018, a polícia encontrou o local e prendeu os funcionários da empresabaixar o app betnacionalbarrigabaixar o app betnacionalaluguel. Depois, as mulheres grávidas também foram denunciadas e presas - exceto uma mulher tailandesa, que foi deportada.

Criar o bebê até os 18 anos ou ser presa

Quatro meses após a detenção,baixar o app betnacionaloutubrobaixar o app betnacional2018, Thida começou a sentir contrações e foi levada ao hospital.

Quando o bebê nasceu, estava ansiosa para ver seu rosto. "Ele é meu primeiro filho, eu realmente o amo muito. Me sinto péssima que ele tenha vindo ao mundo e tenha ficado detido no hospital da polícia por meses", diz ela.

Três dias depois do nascimento, os pais chineses do bebê chegaram ao Camboja e puderam encontrar com Thilda. "Ele (o pai chinês) segurou o bebê e chorou, como se estivesse coração partido. Eu senti muita pena dele", relata Thida.

O homem chinês passou 20 minutos com seu filho. Depois, se juntou abaixar o app betnacionalmulher, que o esperava do ladobaixar o app betnacionalfora. O encontro foi tão rápido que o casal e Thilda não chegaram a trocar númerosbaixar o app betnacionaltelefone. Eles nunca mais se viram.

Dois meses depois, Thida e o bebê foram autorizados a deixar o hospital da polícia. Porém, com uma condição: Thida não deveria entregar a criança para os pais biológicos que contrataram o serviçobaixar o app betnacionalbarrigabaixar o app betnacionalaluguel. Em vez disso, ela deveria criar a criança até os 18 anos. Caso contrário, teria que cumprir a penabaixar o app betnacional20 anos na cadeia pelo crimebaixar o app betnacionalter sido barrigabaixar o app betnacionalaluguel.

As outras mulheres grávidas detidas junto com Thilda também receberam a mesma imposição. Ficou claro que todas elas seriam monitoradas constantemente, para garantir que ficariam com as crianças.

Thilda, então, voltou parabaixar o app betnacionalcasa com o bebê. Ela não parece arrependidabaixar o app betnacionalter sido barrigabaixar o app betnacionalaluguel e gosta da criança como se fosse seu filho.

Seu marido também ama a criança. "Meu marido sempre brinca com o bebê depoisbaixar o app betnacionalchegar do trabalho. Ele ajuda a cuidar dele à noite, para que eu possa dormir", relata Thida.

Sre-Oun,baixar o app betnacionalsogra, também está profundamente ligada ao novo membro da família. "Eu não me importo que ele não tenha laçosbaixar o app betnacionalsangue com nossa família. Agora, é impossível entregá-lo. É tão lindo, mesmo quando está gritando para brincarem com ele", fala.

Mas a chegada da criança representa um difícil problema financeiro para o casal. Como o bebê não foi entregue ao casal chinês, Thida nunca recebeu os US$ 10 mil acertados. Os ganhos do marido,baixar o app betnacionalUS$ 250 mensais, não são suficientes para criar um filho.

Thida não tem planosbaixar o app betnacionaldizer ao filho como foi concebido até que complete 18 anos. Mas é possível que o casal chinês reapareça antes disso. É improvável que eles saibam onde Thida vive, mas ela não descarta essa possibilidade, nem tentaria impedir visitas.

"Eu sei que eles amam o bebê também, mas agora já não podem tirá-lobaixar o app betnacionalmim".

Gravidezbaixar o app betnacionalriscobaixar o app betnacionalcasabaixar o app betnacionalpalafita

Outra das 33 mulheres detidas foi Neth, que está com uma gravidezbaixar o app betnacionalrisco. Ela foi libertada do hospital ao mesmo tempo que Thilda.

Mas Neth não tem muitas informações sobre os pais biológicos da criança que está carregando - a maioria dos clientes da agênciabaixar o app betnacionalbarrigabaixar o app betnacionalaluguel era chinesa, mas um dos casais era japonês e outro, angolano.

O marido dela, Sok, sempre foi contra a gestação. Quando Neth citou essa possibilidade pela primeira vez, ele falou para a esposa não fazer isso. Sok sabia do banimento da prática no Camboja e dos riscos envolvidos.

O casal tem duas filhas - umabaixar o app betnacionaldois anos e outrabaixar o app betnacionalseis anos. Vivembaixar o app betnacionaluma casa compartilhada entre 17 pessoasbaixar o app betnacionaluma aldeia no rio Mekong, a muitas horasbaixar o app betnacionalPhnom Penh. A construção ébaixar o app betnacionalpalafitas. Os pisos são feitosbaixar o app betnacionalbambu e as paredes,baixar o app betnacionaltelhasbaixar o app betnacionalferro.

Foi com o objetivobaixar o app betnacionaljuntar dinheiro para construir uma casa para a família que Neth decidiu ser barrigabaixar o app betnacionalaluguel. Então, quando o marido tentou dissuadí-la, ela disse: "Ok, eu desisto da ideia e vou ganhar dinheiro como empregada doméstica na capital".

Mas, na verdade, Neth acabou mantendo o plano original. O marido ficou chocado, mas não podia fazer mais nada.

Pouco tempo depois, a vilabaixar o app betnacionalque as 33 grávidas estavam foi descoberta pela polícia e a história foi parar no noticiário local. Alguns vizinhos reconheceram Neth e os boatos se espalharam. Por isso, ela planeja contar ao filho como ele foi concebido. "Se eu não disser, os vizinhos farão isso."

Como Thida ebaixar o app betnacionalfamília, Sok e Neth agora enfrentam graves dificuldades financeiras. Ela recebeu US$ 500 quando se tornou barrigabaixar o app betnacionalaluguel, mas já gastou quase tudo. A família economizou US$ 50 para pagar as taxas do hospital, mas isso não será suficiente.

A renda diáriabaixar o app betnacionalSok, que é pescador, varia entre US$ 5 e US$ 25. "Eu não pretendo criar meu filho sem que ele vá à escola", disse ele.

Neth admite a possibilidadebaixar o app betnacionalprocurar empregobaixar o app betnacionalPhnom Penh depoisbaixar o app betnacionaldar à luz. Mas, para isso, ela precisariabaixar o app betnacionalpermissão do governo - atualmente, tem que comparecer todo mês à delegacia.

Ela espera conseguir amamentar seu filho e, assim, economizar o dinheiro que gastaria com leitebaixar o app betnacionalpó. Uma ONG chamada Agape International Missions, que tem ajudado as mãesbaixar o app betnacionalaluguel desde que o caso foi descoberto, doou roupas, fraldas e toalhas.

O marido dela tem evitado transmitirbaixar o app betnacionalpreocupação à mulher. "A vida está prestes a ficar muito mais difícil", afirmou.

Clientela chinesa

A indústria comercialbaixar o app betnacionalbarrigasbaixar o app betnacionalaluguel decolou no Camboja depoisbaixar o app betnacionalter sido proibida na Tailândia e na Índia,baixar o app betnacional2015, e no Nepal,baixar o app betnacional2016.

Nessa mesma época, ocorreu o relaxamento da políticabaixar o app betnacionalfilho único na China. Assim,baixar o app betnacionaluma hora para outra, vários casais chineses poderiam ter outro filho legalmente, mas parte deles já não era mais capazbaixar o app betnacionalfazê-lo naturalmente.

"Eles são muito velhos para dar à luz, mas agora têm condições financeiras e sociais mais favoráveis para criar filhos", afirma Liang Bo, presidente da agênciabaixar o app betnacionalfertilidade e gestaçãobaixar o app betnacionalaluguel chinesa Shenzhou Zhongtai.

Como a práticabaixar o app betnacionalbarrigabaixar o app betnacionalaluguel é proibida na China, essa e outras agências passaram a focar o Camboja.

"Nós ajudamos não apenas pais chineses. Há americanos, canadenses, tailandeses, japoneses, nepaleses… Temos entre os clientes um casalbaixar o app betnacionalrussos que têm Aids e tiveram por barrigabaixar o app betnacionalaluguel graças aos nossos serviços."

Porém, desde o banimento da prática no Camboja, Liang Bo afirma ter paradobaixar o app betnacionalcontratar barrigasbaixar o app betnacionalaluguel no país. Diz também que o caso das 33 grávidas é ligado a empresas menores. "Todas essas agências surgiram nos últimos dois, três anos. Deve haver umas 500 ou 600 delas. E, às vezes, há apenas uma pessoa por trás da empresa", disse.

Na noite da prisão das pessoas ligadas ao caso no Camboja, Liang Bo começou a receber telefonemasbaixar o app betnacionalcasais chineses desesperados que tentavam, sem sucesso, falar com seus agentes cambojanos. "É uma perda terrível para as pessoas que queriam ter filhos". É provável que cada casal tenha pago maisbaixar o app betnacionalUS$ 70 mil. Mas o piorbaixar o app betnacionaltudo é que os filhos deles nascerão e crescerão na famíliabaixar o app betnacionaloutra pessoa.

Monitoramento das mãesbaixar o app betnacionalaluguel

Chou Bun Eng, vice-ministra do interior do Camboja, afirma que alguns desses pais biológicos conseguiram rastrear as mãesbaixar o app betnacionalaluguel. Porém, o governo está monitorando tudo.

"Se quiséssemos prendê-los (os pais biológicos), poderíamos ter feito isso há muito tempo. Mas só faremos isso se eles tentarem levar as crianças para fora do país", acrescenta.

Não há nada que impeça os paisbaixar o app betnacionaldarem apoio financeiro às mãesbaixar o app betnacionalaluguel. Isso abre a possibilidadebaixar o app betnacionalas mãesbaixar o app betnacionalaluguel cuidarem das crianças até que elas completem 18 anos e, então, possam decidir se ficam no Camboja ou se juntam aos pais biológicos no exterior.

Chou Bun Eng argumenta que o Camboja proibiu a gestaçãobaixar o app betnacionalaluguel comercial porque é uma formabaixar o app betnacionaltráfico e as crianças são vítimas - ela integra também o Comitê contra o Tráfico Humano do governo cambojano.

"Eles negociam o preço no útero. Eles não se importam com a criança porque elas são tratadas como bens. Se as crianças nascem com algum tipobaixar o app betnacionaldeficiência, o preço cai. Eles vão abandoná-las e não vão assumir nenhuma responsabilidade. E às vezes a criança será vendida para outra pessoa."

As mãesbaixar o app betnacionalaluguel muitas vezes não sabem quem pagou pela gestação, apenas a agência. E para o governo do Camboja, os pais biológicos não são considerados pais.

"Na lei do Camboja, a criança no úterobaixar o app betnacionaluma mulher grávida é filha dela", afirmou Eng. Para a vice-ministra, a prisão das mães foi uma formabaixar o app betnacionalprotegê-las.

Apoio dos pais estrangeiros

Bopha,baixar o app betnacional37 anos, carregoubaixar o app betnacionalseu ventre o bebêbaixar o app betnacionalum casal holandês homossexual. Isso ocorreu depois da proibição ser adotada no Camboja, mas antes da operação policial contra a agência que reteve as 33 mulheres grávidas.

Como Thida e Neth, Bopha decidiu ser barrigabaixar o app betnacionalaluguel para ganhar dinheiro e discorda que a prática seja uma formabaixar o app betnacionaltráfico humano. "Mãesbaixar o app betnacionalaluguel também ajudam outras pessoas que não podem ter filhos. Esses pais podem ser muito velhos ou homossexuais. E as mãesbaixar o app betnacionalaluguel podem ajudá-los, então usar o termo 'tráfico' é excessivo", diz ela.

Embora ainda vivabaixar o app betnacionaluma cabanabaixar o app betnacionalmetal, Bopha diz que o dinheiro que recebeu para gestar o filho do casal holandês foi muito útil. Com ele, pagou dívidas, comprou terrenos e se estabeleceu como vendedorabaixar o app betnacionalcosméticos.

A mulher afirma que ainda mantém contato com um dos pais do bebê, que viajou ao Camboja para cuidar dela durante a gestão e esteve presente no parto. Até hoje ele envia imagens da criança para Bopha. "Eu vejo o bebê crescer, aprender a andar, a correr, a comer... Em minha cabeça, ele é meu filho", diz.

Bebê entregue no avião

Va-Tei também deu à luz no ano passado, mas a relação dela com os pais biológicos - um casal homossexual dos Estados Unidos - foi bem diferente.

Para conseguir sair com a criança do Camboja, Va-Tei, o bebê e os pais americanos viajaram juntos para Cingapura. No embarque, a mulher precisou esconder o rosto da criança, para que as autoridades não percebessem os traços diferentes. Então, uma vez que o avião estava no ar, o bebê foi entregue.

Estava claro que o casal não confiava nela, afirma Va-Tei. "Estávamos no aeroportobaixar o app betnacionalCingapura e era minha última chancebaixar o app betnacionalsegurar a criança. Eles não queriam deixar, então tive que pedir ajuda ao motorista para traduzir que eles não precisavam se preocupar porque eu não iria fugir com a criança".

Depois, o casal foi para os EUA com o bebê e Va-Tei voltou para o Camboja. Ela diz que se lembra apenas vagamente do nome do bebê. "É bastante longo e difícilbaixar o app betnacionalpronunciar. Uma vez eu fiquei acordada a noite toda tentando lembrar o nome do bebê. Eu só lembro do som 'ni-co-la'."

Nicholas? "Sim! Nicholas."

Para a mãebaixar o app betnacionalaluguel, foi bom para a criança ter se mudado para os Estados Unidos, porque ela não teria condiçõesbaixar o app betnacionalcriá-lo adequadamente. Apesar disso, ela diz que se arrepende do que fez.

"Eu estava tão tristebaixar o app betnacionalter que dar a criança. Ele era tão lindo".

Va-Tei pensabaixar o app betnacionaltemposbaixar o app betnacionaltemposbaixar o app betnacionalNicholas. "Eu penso sobre ele crescendo, como ele se parece agora. Os pais não entrambaixar o app betnacionalcontato comigo. Algumas outras mãesbaixar o app betnacionalaluguel até recebem fotos, mas para mim, nada. Nunca."

*Alguns nomes foram modificados na reportagem.

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