Crise na Venezuela: O pequeno grupo que vêcassinos indianosBolsonaro um caminho para derrubar Maduro:cassinos indianos
Autodenominado o único movimento venezuelano pró-Jair Bolsonaro, o Rumbo Libertad enxerga no presidente brasileiro uma figura-chave para o colapso do regimecassinos indianosCaracas, uma vez que a famíliacassinos indianosBolsonaro se manifestou contra Madurocassinos indianosdiversas ocasiões.
O grupo fez campanha nas redes sociais para o presidente durante as eleições e mantém relações próximas com o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), registradascassinos indianosfotos.
"Tive o imenso privilégiocassinos indianosconhecer Eduardo, que é uma pessoa muito especial. Conheci o presidente Bolsonarocassinos indianosum congresso", diz à BBC News Brasil Roderick Navarro,cassinos indianos31 anos, coordenador do Rumbo Libertad e exiladocassinos indianosSão Paulo desde agostocassinos indianos2017.
"Era muito importante que a mensagem dele ganhasse: um discurso pró-liberdade, antiglobalista, anti-Forocassinos indianosSão Paulo e contrário ao que representam os amigoscassinos indianosMaduro no Brasil. A esquerda brasileira estava reforçando a ideiacassinos indianosque na Venezuela há uma democracia", completa.
'Pequena seita extremista'
Em novembro passado, Henrique Capriles - derrotado na disputa pela Presidência venezuelanacassinos indianos2012 contra Chávez e no ano seguinte contra Maduro - denunciou a existênciacassinos indianos"uma pequena seita extremista opositora" que prega a divisão e que "se parece com Maduro".
"Há um extremo, e ele está muito envolvidocassinos indianosredes sociais que não ajudam um venezuelano a comer", disse, sem citar nomes. Em suas redes sociais, o Rumbo Libertad considerou que o comentário se referia ao grupo.
Capriles, que recebeu 7,2 milhõescassinos indianosvotoscassinos indianos2013 - apenas 224 mil a menos que Maduro -, ainda afirmou que esse grupo "não acredita que as pessoas possam decidir" e quer "se impor". "Mas quero dizer a essa seita que vamos lutar, porque não é uma questão desse país mudarcassinos indianosuma ditadura vermelha para umacassinos indianosoutra cor."
Grupo tem representatividade?
"Digocassinos indianosantemão que esse movimento é totalmente desconhecido e não tem nenhum impacto na política da oposição", diz Colette Capriles Sandner, professoracassinos indianosCiências Sociais da Universidade Simón Bolívar,cassinos indianosCaracas.
"Eles se tornaram mais fortes recentemente, mas não são tão relevantes. Eles têm líderes no exílio no Brasil. É por isso que ouvimos falar delescassinos indianosrelação a Bolsonaro", explica Annette Idler, diretoracassinos indianosEstudos do Changing Character of War Centre na Universidadecassinos indianosOxford, no Reino Unido, e especialistacassinos indianosVenezuela e Colômbia.
O que pretende o Rumbo Libertad?
Roderick Navarro, do Rumbo Libertad, alega ser perseguido pelo regimecassinos indianosMaduro, para quem o grupo foi um dos responsáveis pelo ataquecassinos indianosalguns soldados rebeldes ao Fortecassinos indianosParamacaycassinos indianos2017. O movimento apoiou publicamente os militares que se dispuseram contra o presidente venezuelano à época.
O ativista venezuelano aparececassinos indianosimagens do canal estatal Venezolanacassinos indianosTelevisión com um pedidocassinos indianosprocura internacional pela Interpol. "Tivemos que sair pela fronteira com a Colômbia e desde então não pudemos retornar", afirma.
Para remover Maduro do poder, o Rumbo Libertad solicitoucassinos indianosagosto passado que o Tribunal Supremocassinos indianosJustiça da Venezuela no exílio (TSJ) autorizasse a criaçãocassinos indianosuma "juntacassinos indianosemergência", não eleita democraticamente, para governar o país (porque "não há nenhum vestígiocassinos indianosinstitucionalidade" para eleições).
A justificativa para o pedido é que Maduro estaria usurpando os poderes do Executivo, pois a Assembleia Nacional decidiu que ele "abandonou o seu posto"cassinos indianosjaneirocassinos indianos2017 -cassinos indianosuma tentativa má sucedidacassinos indianosdestituí-lo.
Esse governo seria conduzido por um "Conselhocassinos indianosEstado" durante uma "transição"cassinos indianosquatro anos, sem a possibilidadecassinos indianosprorrogação. O TSJ no exílio indicaria os cinco membros da junta, os quais devem ser "cidadãos venezuelanos moralmente irrepreensíveis", acimacassinos indianos65 anos, vivendo fora da Venezuela no momento da nomeação e sem militânciacassinos indianospartido político.
A junta escolheria sem participação popular umcassinos indianosseus membros como presidente, portanto chefecassinos indianosEstado. Nomearia também um primeiro-ministro (Chefecassinos indianosGoverno), um Secretário, um ministrocassinos indianosRelações Exteriores e um ministro do Tesouro.
Segundo o Rumbo Libertad, as decisões do Conselho ocorreriam por maioria simples e seriamcassinos indianoscumprimento obrigatório. A junta poderia inclusive legislar por decreto "porque as medidas que precisam tomar sãocassinos indianosemergência", defende Navarro.
O grupo define esse regime comocassinos indianos"exceção constitucional" para "restaurar o Estadocassinos indianosDireito", mas ainda assim o consideracassinos indianos"natureza republicana".
Críticas ao projeto
O plano, entretanto, é alvocassinos indianosfortes críticas. "É uma loucura que mostra uma desconexão total com o processo político pelo qual a Venezuela está passando. O fundamental é a transição democrática. Isto é: eleições livres e justas. Nenhum governo 'junta' terá o menor apoio internacional", argumenta Colette Capriles Sandner, da Universidade Simón Bolívar.
"Não é a melhor solução. Também implicaria na continuidadecassinos indianosuma situação na qual parte da população sempre verá esse governo como não democraticamente eleito. Faltará a legitimidadecassinos indianosque o próximo governo da Venezuela precisa", concorda Annette Idler, da Universidadecassinos indianosOxford.
O modelo, explica Navarro, foi baseado no Conselhocassinos indianosEstadocassinos indianos1819 "que Simón Bolívar formou no meio da guerra da independência venezuelana, ajustado ao contextocassinos indianosque vivemos".
Enquanto aguarda uma decisão do TSJ no exílio para buscar apoio internacional ao seu projeto, o Rumbo Libertad decidiu reconhecer Guaidó como presidente interino da Venezuela. O movimento alega querer contribuir com "essa oportunidade" para que seja uma saída, ainda "que não ideal".
O TSJ no exílio é uma espéciecassinos indianosSuprema Corte paralela àcassinos indianoshomônimacassinos indianossolo venezuelano. Seus integrantes foram nomeados pela maioria oposicionista da Assembleia Nacional e estão na Colômbia, Chile, EUA e Panamá. Caracas não reconhece a entidade, que para Sandner também não existe como instituição.
"Esses ministros não podem constitucionalmente formar nenhum tribunal por si mesmos. Magistrados têm legitimidade como tal, mas não formam um tribunal nem suas decisões têm validade."
Governo sem oposição ou partidos tradicionais
O projeto do Rumbo Libertad veta a participaçãocassinos indianosqualquer indivíduo da "classe política tradicional" neste eventual governo, pois o chavismo e a Mesa da Unidade Democrática (MUD) - coalizãocassinos indianospartidoscassinos indianosoposição a Maduro - teriam interessecassinos indianosproteger "suas redescassinos indianoscorrupção, nepotismo e clientelismo".
Segundo Navarro, políticos convencionais também não teriam um projeto válido a oferecer. "Tudo o que temoscassinos indianosbomcassinos indianostalento e experiência não está dentro desta organização. No chavismo, não há nada porque seu projeto é comunista. A MUD detesta a Escola Austríaca, não quer a redução do Estado e é contra a privatização da PDVSA [empresa petroleira estatal]. Não há boas ideias ali", diz.
Idler concorda com a existênciacassinos indianoscorrupção e nepotismo nas legendas, mas argumenta que esse cenário tem como ser revertido. "O país precisacassinos indianosum novo começo. E isso pode acontecer por meiocassinos indianosnovos partidos políticos ecassinos indianosuma geração jovemcassinos indianoslíderes dispostos a trabalhar pelo país dentrocassinos indianosuma estrutura democrática."
De acordo com Sandner, o "chamado antipolítico" do Rumbo Libertad é "extremamente primitivo e perigoso". "O argumento é ridículo e ignora o processo político venezuelano e a grande luta dos partidos democráticos para recuperar a democracia. Essa linguagem só denota uma ideologia fanática conservadora (nunca liberal, porque o liberalismo supõe a diversidade e os mecanismos democráticos)."
Para ela, "os únicos que pode recuperar a democraciacassinos indianosVenezuela são os partidos democráticos, que não são nada tradicionais, já que a maioria não chega a dez anoscassinos indianosexistência".
Navarro, por outro lado, mantém que o plano é "profundamente meritocrático", pois estariam no governo indivíduos capacitados. Essa meritocracia seria, porém, reservada apenas àqueles alinhados ideologicamente ao grupo.
"Uma pessoa pode ser um grande economista e acadêmico, mas se está contra a liberalização da economia e propõe controle cambial ecassinos indianospreços, não é bom para nós. Nosso critério é o da meritocraciacassinos indianostorno da ideiacassinos indianosliberdade. Não nos interessa ser plural agora", alega.
Intervenção militar
O Rumbo Libertad não se opõe a uma operação militar na Venezuela, algo sugerido novamente por Donald Trump, presidente dos EUA, no domingo 3. O movimento também não hesitacassinos indianossugerir apoio a soldados rebeldes. "Nossos militares patriotas precisamcassinos indianosapoio e acreditamos que, para nos libertarmos da máfia que é o regime, o uso profissional da força deve ser feito enquanto os civis cumprem seu papel na política", afirma Navarro.
E completa: "Há muitos militares que desertaram e se uniram à resistência. Eles estão organizados dentro e fora do país. Há uma força patriota que sabe o que fazercassinos indianosum momento adequado."
Navarro rejeita, contudo, que uma eventual intervenção ocorra nos "termos que quer colocar a esquerda", com a presençacassinos indianos"tanques entrando pelas fronteiras, aeronaves chegandocassinos indianosporta aviões e soldados".
Quando questionado sobre o apoio da Rússia a Maduro - dois aviões bombardeiros russos com capacidade nuclear estiveram no aeroportocassinos indianosMaiquetíacassinos indianosdezembro-, ele cita um artigo do Wall Street Journal no qual os autores mencionam o alto custo e a logística complexa como barreiras para Vladimir Putin socorrer Caracas.
China e Rússia, ambos membros permanentes do Conselhocassinos indianosSegurança da ONU, apoiam Maduro devido a interesses bem pragmáticos. Pequim emprestou maiscassinos indianosUS$ 50 bilhões a Venezuela na última décadacassinos indianostrocacassinos indianosbarriscassinos indianospetróleo cruciais para o crescimentocassinos indianossua economia, segundo a Reuters. Moscou também investiu ao menos US$ 17 bilhões no país desde 2006.
Ligações com a família Bolsonaro
Com a participaçãocassinos indianosEduardo Bolsonaro, o Rumbo Libertad realizou um documentário sobre os venezuelanos que chegam à região Norte do Brasil, fugindocassinos indianoscondiçõescassinos indianosvida extremascassinos indianosseu paíscassinos indianosorigem. "Quando Jair Bolsonaro estevecassinos indianoscampanhacassinos indianosRoraima, Eduardo e eu aproveitamos para visitar a fronteira e mostramos como era a realidade dos refugiados. Fizemos um documentário que está no canal dele e nosso no YouTube", conta.
A "comunicação muito fluida" com o deputado federal mais votado da história do Brasil se deu por "toda essa luta contra o comunismo e contra o Forocassinos indianosSão Paulo", o que faz com que "os planos para a Venezuela também sejam parte desta discussão".
O exilado espera que a "contundente" posiçãocassinos indianosEduardo Bolsonaro sobre a Venezuela tenha força na gestãocassinos indianosseu pai. "Ele não considera a MUD como oposição, porque ela está contribuindo para que Maduro se prolongue no poder. Já têm um diagnóstico clarocassinos indianosquem são os atores e seus comportamentos [na Venezuela]", diz.
Para Navarro, a política externacassinos indianosJair Bolsonaro "tem sido um fator determinante no que está acontecendo atualmente na Venezuela" e o presidente "é o nosso melhor aliado na região". "Sem o governo Bolsonaro, a forte mudança no Grupo Lima não teria ocorrido. Os resultados dessa reuniãocassinos indianos17cassinos indianosjaneiro foram importantes para que a oposição tradicional assumisse que era relevante que Guaidó fosse empossado para ser reconhecido", diz.
União conservadora
Navarro participou da 1ª Cúpula Conservadora das Américas, evento realizadocassinos indianosFoz do Iguaçú no iníciocassinos indianosdezembro como um contraponto ao Forocassinos indianosSão Paulo. Impulsionada por Eduardo Bolsonaro, a reunião teve participação do presidente (via videoconferência),cassinos indianoslideranças conservadoras da região ecassinos indianospersonalidades da direita latino-americana.
"A Cartacassinos indianosFozcassinos indianosIguaçu é uma bússola clara para as forças políticascassinos indianosdireita na América Latina que defendem a família, nossas nações e Deus. Propomos a institucionalização do liberalismo econômico e uma políticacassinos indianossegurança conjunta nos países para proteger nossas sociedades do crime organizado transnacional promovido e protegido pelo Fórumcassinos indianosSão Paulo", diz.
"O Forocassinos indianosSão Paulo foi um projeto continentalcassinos indianosalcance econômico e cultural que deixou consequências negativas nos povos pan-americanos, como qualidadecassinos indianosvida miserável, o terrorismo islâmico, os valores antifamília e o assistencialismo sem controles. E cada vez mais reduzir as licenças das polícias para enfrentar o crime", completa.
Opositores anti-Maduro
Durante três semanas, a BBC News Brasil tentou contatar integrantes da MUD, assim como antigos líderes da coalizão oposicionista, para comentar a atuação do Rumbo Libertad. Após diversos emails enviados a partidos da MUD, telefonemas e mensagenscassinos indianosWhatsApp a deputados da Assembleia Nacional, não obtivemos respostas para a maioria dos pedidoscassinos indianosentrevista. Um deputado declinou o convite.
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