Lei Seca nos EUA: como leimelhor site aviator100 anos atrás ainda influencia relação dos americanos com o álcool:melhor site aviator
Em certos Estados, há cidades que permitem a vendamelhor site aviatorálcool, mas estão localizadas dentromelhor site aviatorcondados "secos", onde o comércio é proibido. Outros não permitem que condados ou cidades tenham restrições ao álcool mais rígidas que a lei estadual. Há aquelesmelhor site aviatorque vinho e destilados só podem ser vendidosmelhor site aviatorlojas operadas pelo governo estadual.
Em algumas localidades, vinho e cerveja são liberados, mas destilados são proibidos. Em outras, é possível comprar cerveja para bebermelhor site aviatorcasa, mas a venda bebidas alcoólicasmelhor site aviatorbares é proibida. Há locaismelhor site aviatorque somente restaurantes com determinado número mínimomelhor site aviatorlugares podem vender álcool. Oumelhor site aviatorque cerveja gelada só pode ser compradamelhor site aviatorlojas especializadas e cervejarias - outros estabelecimentos, como lojasmelhor site aviatorconveniência, devem vender a bebida morna.
Alguns locais têm restrições à vendamelhor site aviatorbebidas alcoólicas aos domingos. Nesse caso, o motivo pode ser religioso, com o objetivomelhor site aviatorreservar esse dia para culto. Mas há também razões econômicas, e essas restrições costumam ter apoiomelhor site aviatorlojas especializadasmelhor site aviatorbebidas que querem evitar custos extras com funcionários aos domingos, e também repelir a concorrênciamelhor site aviatormercearias e outros estabelecimentos onde é possível comprar álcool.
"(As regras) variammelhor site aviatorlugar para lugar, mas há definitivamente um legado da Lei Seca", disse à BBC News Brasil a historiadora Lisa McGirr, professora da Universidademelhor site aviatorHarvard e autora do livro The War on Alcohol: Prohibition and the Rise of the American State ("A Guerra contra o Álcool: Lei Seca e a Ascensão do Estado Americano",melhor site aviatortradução livre).
Qual a origem da Lei Seca?
A Lei Seca foi resultadomelhor site aviatoresforços iniciados no século 19, quando bebidas alcóolicas, até então amplamente aceitas nos Estados Unidos, começaram a ser vistas como problema, especialmente à medida que mais trabalhadores migravam das fazendas para fábricas, onde proprietários temiam que o consumomelhor site aviatorálcool levasse a acidentes e quedamelhor site aviatorprodutividade.
Entre outras motivações estavam uma interpretação rígida da Bíblia e a ideiamelhor site aviatorque o consumomelhor site aviatorálcool era pecado, alémmelhor site aviatorintolerância racial e religiosa.
"No Sul do país, após a Guerra Civil (1861-1865), havia também motivação racial, a tentativamelhor site aviatorrestringir o tipomelhor site aviatoratividadesmelhor site aviatorlazer a que os negros recém-libertados tinham acesso", disse à BBC News Brasil Joe Coker, professor da Baylor University, no Texas, e autor do livro Liquor in the Land of the Lost Cause: Southern White Evangelicals and the Prohibition Movement ("Álcool na Terra da Causa Perdida: Evangélicos Brancos Sulistas e o Movimento pela Lei Seca",melhor site aviatortradução livre).
"No Nordeste, mais industrializado, havia um sentimento anti-imigrantes, que associava o consumomelhor site aviatorcerveja aos imigrantes e tentava estabelecer limites", salienta Coker. "O movimento também atraía muitas pessoas com ideias sociais progressistas, que viam o abusomelhor site aviatorálcool como uma das causas da pobreza emelhor site aviatoroutros problemas urbanos."
O movimento reunia diversas organizações, entre elas a União Cristãmelhor site aviatorMulheres pela Temperança. Com a popularização da campanha, muitas partes do país começaram a restringir a vendamelhor site aviatorbebidas alcoólicas bem antes da Lei Seca. O Estado do Maine aprovoumelhor site aviatorproibição aindamelhor site aviator1846. Quando a lei nacional entroumelhor site aviatorvigor, maismelhor site aviator30 Estados já tinham restrições próprias.
Problemas gerados pela proibiçãomelhor site aviatorálcool
A Lei Seca foi inicialmente recebida com entusiasmo por ativistas, mas logo suas limitações ficaram claras. A lei não proibia o consumomelhor site aviatorsi, mas sim produção, distribuição e venda, e brechas na aplicação e fiscalização fizeram com que muitos americanos conseguissem acesso a bebidas alcoólicas.
Em vezmelhor site aviatoracabar com vício, pobreza e corrupção, como desejavam seus defensores, a Lei Seca levou ao aumento nos índicesmelhor site aviatorembriaguez e criminalidade. O consumomelhor site aviatorálcool adquirido no mercado negro, mais forte emelhor site aviatorbaixa qualidade, levou a milharesmelhor site aviatormortes e problemas como cegueira ou paralisia.
Bares secretos que vendiam álcool clandestinamente, chamadosmelhor site aviator"speakeasies", se espalharam pelo país. Somentemelhor site aviatorNova York, calcula-se que chegaram a 100 mil. O lucrativo comércio ilegal, dominado por gângsters como Al Capone, levou a um aumento da violência e do crime organizado.
A economia também sofreu com os altos custos para garantir o cumprimento da lei, a eliminaçãomelhor site aviatormilharesmelhor site aviatorempregos após o fechamentomelhor site aviatorbares, restaurantes e destilarias e a perdamelhor site aviatorbilhõesmelhor site aviatordólaresmelhor site aviatorimpostos sobre vendamelhor site aviatorálcool que deixarammelhor site aviatorser recolhidos.
Diante desses problemas e com o país mergulhado na Grande Depressão, no início da décadamelhor site aviator1930 o apoio à Lei Seca havia enfraquecido. Em 1933, no governo do presidente Franklin Delano Roosevelt, a 21ª emenda à Constituição revogou a 18ª emenda e acabou com a Lei Seca.
"Nem todo mundo ficou feliz com o fim da Lei Seca", ressalta McGirr. "Com o restabelecimento da venda legalmelhor site aviatorbebidas alcóolicas (em nível nacional), os Estados assumiram a responsabilidademelhor site aviatorregular, e muitos decidiram manter suas proibições", observa.
Alguns mantiveram a proibiçãomelhor site aviatortodo o território. O Mississippi foi o último a abolirmelhor site aviatorlei seca estadual, que vigorou até 1966. Outros permitiram que condados e cidades decidissem suas regras, e à medida que proibições estaduais foram desaparecendo, localidadesmelhor site aviatortodo o país foram criando suas próprias leis, gerando a disparidade presente até hoje.
Efeitomelhor site aviatorLei Seca na Costa Oeste dos EUA
Mesmomelhor site aviatorlocais sem proibição, determinadas restrições, como o horáriomelhor site aviatorfechamento dos bares, podem gerar divisões. O exemplo mais recente é um projetomelhor site aviatorlei apresentado no mês passado na Califórnia para permitir que nove cidades, entre elas Los Angeles e San Francisco, possam ampliar o horáriomelhor site aviatorvendamelhor site aviatorbebidas alcóolicas.
Na maioria dos Estados americanos, o horáriomelhor site aviatorvendamelhor site aviatorbebidas alcoólicasmelhor site aviatorbares, restaurantes e casas noturnas se encerra entre 2h e 4h. Masmelhor site aviatoralguns, como Mississippi, o limite é 1h. No Alasca, 5h. Na Califórnia, a lei atual determina que esses estabelecimentos paremmelhor site aviatorvender álcool às 2h. Pela proposta, essas cidades ganhariam autonomia para decidir se querem ou não estender esse horário até 4h.
Caso optem pela ampliação do horário, as cidades terãomelhor site aviatordialogar com moradores e elaborar planosmelhor site aviatortransporte e segurança pública antesmelhor site aviatorimplementar a mudança. Poderão também limitar o horário ampliado a determinados bairros, dias da semana ou períodos do ano.
A ideia é que façam partemelhor site aviatorum projeto piloto durante cinco anos. Após esse período, os efeitos seriam avaliados e a lei poderia ser renovada ou descartada.
A proposta, que tem apoio das prefeituras, indústriasmelhor site aviatorbares, restaurantes e turismo, câmarasmelhor site aviatorcomércio e empresasmelhor site aviatortransporte por aplicativos, como Uber e Lyft, está sendo apresentada pela terceira vez. Na primeira, não avançou. Na segunda, no ano passado, foi aprovada no Legislativo, mas vetada pelo então governador, Jerry Brown, que citou o riscomelhor site aviatoraumentomelhor site aviatormotoristas embriagados, preocupação compartilhada pela polícia.
A esperança dos idealizadores é que o novo governador, Gavin Newsom, que tomou posse neste mês, sancione a lei caso seja novamente aprovada pelo Legislativo.
O senador estadual Scott Wiener, autor do projeto, critica o fatomelhor site aviatorque o "horário e rígidomelhor site aviatorfechamento"melhor site aviatorbares e casas noturnas, às 2h, seja aplicado sem distinção tantomelhor site aviatorpequenas comunidades rurais quantomelhor site aviatorgrandes centros urbanos na Califórnia e diz que isso asfixia a economia do Estado.
Os defensores da mudança lembram que outras grandes cidades no país permitem a vendamelhor site aviatorbebidas até bem mais tarde. Em Nova York, é permitida até 4h, mas casas noturnas podem ficar abertas até depois desse horário, sem servir bebidas. Em Miami, o horário é 5h, masmelhor site aviatoralguns bairros os bares podem ficar abertos 24 horas. Em Nova Orleans, a vendamelhor site aviatorálcool é permitida 24 horas por dia, sete dias por semana.
Restrições ao álcool hoje
Segundo a NABCA, nos últimos anos tem sido observada uma tendênciamelhor site aviatorafrouxar restrições ao álcoolmelhor site aviatoráreas secas, e muitos condados e cidades com forte tradição históricamelhor site aviatorproibição reverteram suas posições.
Opositores das restrições costumam destacar os benefícios econômicosmelhor site aviatorliberar o comérciomelhor site aviatorálcool, atraindo novos bares, restaurantes e turistas e gerando empregos. Também citam o fatomelhor site aviatormoradores serem obrigados a dirigir longas distâncias até chegar a uma cidade ou condadomelhor site aviatorque possam comprar um drinque, o que pode aumentar o riscomelhor site aviatormotoristas embriagados emelhor site aviatoracidentes.
Coker observa quemelhor site aviatoralgumas regiões, especialmente no Sul dos Estados Unidos, com grande população religiosa, o consumomelhor site aviatorálcool ainda é visto como tabu, mas acredita que isso vem mudando com as novas gerações.
"O protestantismo evangélico conservador ainda é forte nessas áreas, mas não tem a mesma influênciamelhor site aviator50 ou 100 anos atrás", ressalta. "Estamos vendo muitos condados que foram secos nos últimos cem anos ou mais começando a permitir a vendamelhor site aviatorálcool."
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