A jovem escritora que transformoupenalty jogo apostalivro o abuso sexual que sofreupenalty jogo apostatio na infância:penalty jogo aposta

Crédito, José Nico

Mas nesse tempo, López Peiró, escritora e jornalista, transformou a história do abusopenalty jogo apostaseu primeiro livro, Por qué Volvías Cada Verano (Porque Voltava Todo Verão,penalty jogo apostatradução livre).

"Foi para concretizar isso que eu chamopenalty jogo apostaminha própria justiça", conta a jovem autora à BBC Mundo.

Os verões no povoado

Nas férias, durante a infância e a adolescência, ela ia visitar seus tiospenalty jogo apostaSanta Lucía, um povoado nos arredorespenalty jogo apostaBuenos Aires, na Argentina. Ali saía com primas e amigas enquanto seus pais, separados, trabalhavam na cidade.

Foi onde aconteceu a maioria dos episódiospenalty jogo apostaviolência sexual que sofreu, escondidos atrás da fachada carismáticapenalty jogo apostabom pai do abusador – marido da irmãpenalty jogo apostasua mãe.

O abuso só foi percebido quando o namorado da mãe da vítima viu como o tio abusador olhava para a jovem e suspeitou que algo estava se passando.

Crédito, Belén López Peiró

A partir daí começou um longo processo que López Peiró descreve como uma passagem por três etapas: a primeiro, reconhecer-se como vítima. A segundo, conseguir se libertar do estadopenalty jogo apostavítima, e, por último, encontrar empoderamento para superar essa experiência.

A superação veio por meio da escrita, quando,penalty jogo apostauma oficina, mostraram que ela "poderia transformar o traumapenalty jogo apostaarte".

O caminho não foi fácil: quando decidiu falar, perguntaram por que ela não havia dito nada antes, por que voltava todos os verões, por que havia "feito isso compenalty jogo apostafamília".

Sua resposta foi contar tudo e tornar visível, no povoadopenalty jogo apostasua infância, o que muitos não queriam ver.

López Peiró diz que teve sorte, porque seus parentes mais próximos – seu pai,penalty jogo apostamãe e seu irmão – não duvidaram dela e lhe deram apoio. E também porque teve recursos para fazer terapia, estudar, escrever. Faz tempo que a jovem não volta a Santa Lucía, onde o tio abusador continua solto.

As vozes do abuso

O relato escrito na oficina literária foi a sementepenalty jogo apostaseu livro. "Eu não fui capazpenalty jogo apostacontinuar com essa história na primeira pessoa, continuar contando como eu tinha vivido essa situação. Mas sinto que saíram outras vozes", conta.

"É um livro polifônico. O que faço é montar um coro entre a minha voz, a voz do abusador, a voz do meu pai, da minha mãe, do meu irmão, da psicóloga que me tratou, dos médicos, da ginecologista que me atendeu, do advogado que me recebeu para escrever a denúncia, do policial que me atendeu."

No livro, todas essas vozes se entrelaçam como partes do processo contra o tio, como perícias psicológicas e testemunhaspenalty jogo apostafamiliares.

O resultado mostra o papel desempenhado pelo ambiente social e familiar nesse tipopenalty jogo apostacrime. "Há toda uma rede que cria silêncio. Custa muito para esclarecer uma situaçãopenalty jogo apostaviolência", diz López Peiró.

Reivindicação

A leitura da obra é impactante não apenas pela descrição do abuso mas também pelo que dizem as pessoas que supostamente deveriam ajudar a vítima.

"Quis pôrpenalty jogo apostaevidência as respostas, as reações, as palavras das pessoas cada vez que escutam uma mulher que sofreu abusos", diz López Peiró.

"É uma críticapenalty jogo apostacomo funcionam as instituições e como elas tratam as mulheres que passam por essa situação. A Justiça te fecha portas, os médicos fecham portas. Para a família, quanto mais silêncio, mais tranquilos eles podem viver."

Crédito, Editorial Madreselva

Por isso, diz ela, as pessoas deveriam preparar-se melhor para ouvir e ajudar mulheres que sofreram abusos. Essa reivindicação feminista marca a publicaçãopenalty jogo apostaseu livropenalty jogo apostanão-ficção, mas que López Peiró também considera uma obra política.

"Acho que há alguns anos um livro como esse não conseguiria ser publicado", diz. A publicação teve resultados que a autora não esperava.

"Mas depois, pensando friamente, percebi que deveria ser o esperado. Porque aqui na Argentina umapenalty jogo apostacada cinco meninas sofreu algum tipopenalty jogo apostaabuso e 80% deles ocorrempenalty jogo apostaambientes familiares. Então claramente não estou sozinha."

Segundo ela, colegaspenalty jogo apostatrabalho e da faculdade disseram que, por meio da história, puderam pela primeira vez reconhecer e falar quepenalty jogo apostaalgum momentopenalty jogo apostasua vida haviam sofrido algum tipopenalty jogo apostaviolência.

"Me deu muita ternura uma mulher que me escreveu da província argentinapenalty jogo apostaChaco. Ela disse que era avó e pela primeira vez na vida tinha conseguido falar sobre uma situação que havia vivido. Foi a primeira vez que conseguiu encontrar palavras para falar, porque havia lido essas palavraspenalty jogo apostaum livro."

A escritora disse que fez um esforçopenalty jogo apostaseu texto para "chamar as coisas pelo nome", sem os eufemismos que muitas vezes se usa para falarpenalty jogo apostaabuso.

Para ela, a obra também é um sinalpenalty jogo apostaesperança. "Ao longo do livro minha voz também cresce. E termina com a decisãopenalty jogo apostaque não tenho porque viver com culpa."