Democratas retomam controle da Câmara: o que resultadoeleições nos EUA significa para Trump:
Os resultados das eleições legislativas americanas apontam para um Congresso dividido.
A apuração ainda estáandamentoalguns Estados, mas o resultado parcial mostra que os democratas retomaram o controle da Câmara dos Representantes, algo que não ocorria há 8 anos,um revés para o presidente Donald Trump.
Eles conquistaram as 23 cadeirasque precisavam para ter maioria, vencendoEstados como Virgínia, Flórida, Illinois e Colorado.
Já os republicanos consolidarammaioria no Senado, com vitórias importantesIndiana, Texas e Dakota do Norte.
Os eleitores foram às urnas na terça-feira para escolher os ocupantestodas as 435 cadeiras da Câmara e 35 dos 100 assentos no Senado. Foram eleitos ainda governadores36 dos 50 Estados americanos.
São as chamadas eleiçõesmeiomandato, que acontecem a cada quatro anosnovembro - e recebem esse nome porque são realizadas na metade do mandatoquatro anos do presidente.
O resultado da eleição, que era vista como uma espéciereferendo sobre o governo Trump, põe fim à hegemonia do partido Republicano no Poder Legislativo e pode mudar significativamente a dinâmica política do país na etapa final do seu mandato.
"As trincheiras partidárias na América estão se aprofundando. E, após dois anos na escuridão, os democratas têm um meioreagir", analisa Anthony Zurcher, correspondente da BBC NewsWashington.
Fim da agenda unilateral
Ao assumir o controle da Casa, pela primeira vez8 anos, os democratas vão ter a possibilidadese opormaneira mais incisiva à agenda legislativaTrump, obstruindo suas propostas.
Muitos projetosseu governo, como a construçãoum muro ao longo da fronteira com o México ou a revogação do Obamacare - lei federal aprovada por seu antecessor que promoveu grandes mudanças no sistemasaúde -, precisam ser aprovados primeiro pelo Congresso.
"Os democratas vão poder bloquear a agenda legislativaTrump e forçar o Senado a votar algumas leis progressistas populares, que provavelmente não serão aprovadas, mas darão aos democratas uma nova plataforma para mostrar suas propostas", avalia Zurcher.
"Os senadores não vão ficar felizesvotar questões como aumento do salário mínimo e dos gastos sociais", completa.
Com o ambiente político polarizado, é improvável que o Congresso seja capazaprovar leis significativas.
"Vai ser uma situação parecida com a que vimos durante a última etapa do governo Barack Obama, quando havia mais probabilidadehaver uma 'paralisação técnica' do governo, porque ele não conseguia aprovar orçamentos e quase nada teve aval do Congresso", sinaliza o correspondente.
"Nestas circunstâncias, é previsível que Trump vá - assim como Obama fez na época - usar decretos para governar e imporvisão do país, dentro dos critérios previstoslei", acrescenta.
Maior fiscalização
Segundo Zurcher, a maioria democrata na Câmara também vai significar uma fiscalização maior sobre o governo.
Os deputados vão poder se debruçar, por exemplo, sobre a investigação da suposta interferência da Rússia na eleição2016.
"Ou se aprofundar nas finanças pessoais do presidente, analisando suas declaraçõesimpostorenda", completa.
Trump sempre apresentou resistênciarevelar suas declaraçõesimpostorenda, contrariando uma tradição entre os candidatos à presidência dos EUA.
Por outro lado, os republicanos conseguiram ampliarmaioria no Senado. Isso garante a Trump segurança para confirmar suas nomeações para cargos no Executivo e no Judiciário.
"As portas para um Senado controlado por democratas se fecharam. Trump continuará a ter uma maioria republicanaprontidão, disposta a confirmar suas nomeações executivas e judiciárias. A única questão agora é o tamanho da vantagem do seu partido", diz o jornalista.
De acordo com Zurcher, Trump indicou 84 juízes conservadores até agora para a justiça federal. E a tendência é que essas nomeações continuem.
Ele acrescenta que a conquista da maioria democrata na Câmara "foi conduzida por regiões que por muito tempo votaram nos republicanos, mas tinham eleitores que talvez estivessem pouco à vontade com as políticas e a retóricaTrump".
"Um por um, esses Estados elegeram democratas. Na Virgínia,Illinois e na Flórida, os republicanos moderados perderam. Em lugares como Colorado, Nova Jersey, Kansas, Pensilvânia, Texas e Nova York, os democratas estão prestes a vencer", declarou.
Recordemulheres
A eleição legislativa contou com um número recordecandidatas mulheres na disputa - que se refletiu na composição da nova Câmara dos Representantes,
Duas democratas29 anos, Alexandria Ocasio-Cortez e Abby Finkenauer, devem se tornar as mulheres mais jovens a conquistar cadeiras na Câmara.
Ilhan OImar e Rashida Tlaib serão, porvez, as primeiras mulheres muçulmanas no Congresso, enquanto Sharice Davids e Debra Haaland serão as primeiras indígenas. Todas são democratas.
Trump parabeniza aliados e adversários
De acordo com a Casa Branca, o presidente Trump deu vários telefonemas para cumprimentar aliados e adversários.
Entre eles estão o líder republicano no Senado, Mitch McConnell, o presidente da Câmara, o republicano Paul Ryan, e a líder democrata na Câmara, Nancy Pelosi.
"O presidente ligou para parabenizar (os republicanos) Rick Scott, Mike DeWine, Kevin Cramer, Josh Hawley, Brian Kemp e Ron DeSantis", acrescentou a porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders.
"Por fim, o presidente conversou com o senador (democrata) Chuck Schumer", disse Sanders, informando que ele vai fazer mais ligações entre hoje e amanhã.
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Pelo Twitter, Trump fez um agradecimento geral:
"Tremendo sucesso esta noite. Obrigada a todos", escreveu.
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