As lições da Alemanha na reconstruçãoaposta libertadoresmuseus destruídos pela guerra:aposta libertadores
A capital alemã abriga, entre outros, dois relevantes exemplosaposta libertadoresrecuperaçãoaposta libertadoresedifícios destruídos: o Museu Novo (Neues Museum,aposta libertadoresalemão) e o Palácio da Cidade (Stadtschloss), um prédio demolido nos anos 1950 e que está sendo completamente reconstruído no coração da antiga Berlim Oriental.
Em ruínas por 60 anos
Projetado com base nos planosaposta libertadoresFriedrich August Stüler, o Neues Museum foi inauguradoaposta libertadores1859 na Ilha dos Museus, que reúne os cinco museus mais importantesaposta libertadoresBerlim. Muito danificado e parcialmente destruído durante a Segunda Guerra Mundial, ele ficou na parte Oriental da cidade, sob influência soviética durante a Guerra Fria.
Enquanto os outros quatro prédios da Ilha foram restaurados, a Alemanha Oriental planejou demolir o Neues Museum diversas vezes, deixando o edifícioaposta libertadoresruínas por maisaposta libertadores60 anos. Apenasaposta libertadores1985aposta libertadoresrecuperação foi aprovada.
Em 1997, já após a reunificação da Alemanha, um concurso escolheu o arquiteto David Chipperfield para restaurar o prédio. As obras, que duraram entre 2003 e 2009, adotaram um conceitoaposta libertadores"restauração complementar". Ou seja, preservaram o que restava do museu e incluíram elementos novos perceptíveis, mas harmônicosaposta libertadoresrelação às partes originais.
Os arquitetos buscaram soluções individuais para reparar os danosaposta libertadorescada um dos ambientes, priorizando a preservaçãoaposta libertadoreselementos históricos. "Foi um projetoaposta libertadorespesquisa porque cada galeria, cada ambiente e cada parede foi documentada precisamente sobre o que havia sido preservado e o que estava faltando", explica Parzinger.
O processo contou com arquitetos, restauradores, conservadores, historiadoresaposta libertadoresarte, arqueólogos e especialistas nos objetos que seriam exibidos quando o museu fosse reaberto. "Eles pensaramaposta libertadorescomo lidar com cada espaço. Creio que o Museu Nacional também precisará reunir enorme expertise", diz.
Desafios e custos
O presidente da Fundaçãoaposta libertadoresHerança Cultural Prussiana alerta que reconstruir edifícios seriamente danificados mantendo peças "sobreviventes" é um projeto custoso. Além disso, pode haver dissenso sobre a formaaposta libertadoresrecuperar o prédio, como ocorreu com o Neues Museum.
"Um movimentoaposta libertadoresBerlim queria que o museu fosse reconstruído exatamente como antes da guerra, incluindo todo o design interior. Isso é uma loucura porque pode-se reconstruir o prédio, mas não as pinturas que foram perdidas."
Integrantes do movimento tentaram mobilizar a populaçãoaposta libertadoresfavor dessa abordagem, mas os responsáveis pelo projeto defenderamaposta libertadoresposição. "Tivemos uma grande briga para convencer o público. Mas quando reabrimos o museu foi um sucesso. As pessoas entenderam a mensagem da reconstrução. Foi um desafio para o arquiteto manter o design, combinar e criar uma harmonia entre o velho e novo e convencer o público sobre isso."
Palácio ressuscitado a partir das fotos
No início do século 18, o Stadtschloss era o prédio secular barroco mais importante ao norte dos Alpes. Originalmente construídoaposta libertadores1441, foi expandidoaposta libertadoresestilos renascentistas e depois barroco - este último sob a guardaaposta libertadoresAndreas Schlüter.
O palácio, uma das residências da dinastia real prussiana, também ficou severamente danificado após a Segunda Guerra e acabou demolido pela Alemanha Oriental. Em seu lugar, foi construído o modernista Palácio da República, sede do parlamento daquele país.
Com a reunificação alemãaposta libertadores1990, o debate sobre a reconstrução do Stadtschloss se arrastou por cercaaposta libertadores20 anos. Houve pressão popular a favor da obra, assim como críticas sobre o seu elevado custo e a importânciaaposta libertadoresse preservar o Palácio da República, alémaposta libertadoresquestionamentos a respeitoaposta libertadoreso Stadtschloss representar um passado alemão imperialista.
Em 2002, o Parlamento alemão aprovou a reconstrução do palácio com o orçamento superior a 500 milhõesaposta libertadoreseuros, divididos entre o setor público (que bancou a maior parte dos custos) e a iniciativa privada, que coletou doações para três fachadas no estilo barroco original (a outra frente tem estilo moderno). Em seu interior, contudo, trata-seaposta libertadoresum prédio novo.
O edifício, que deve ser inauguradoaposta libertadores2019, será usado pelo Humboldt Forum para atividades culturais focadasaposta libertadoresarte não europeia e cultura mundial nos moldes do Museu Britânico, no Reino Unido.
"Para reconstruir completamente um edifício, é preciso ter bom planejamento e fontes sobre como ele costumava ser", conta Bernhard Wolter, chefeaposta libertadoresComunicaçãoaposta libertadoresConstrução e Angariaçãoaposta libertadoresFundos do Humboldt Forum.
"Tivemos sorte porque, no final do século 19, o órgão (responsável pela) construção tirou fotografias bem exatasaposta libertadorestodos os edifícios públicos. Também havia muitas fotografias detalhadas tiradas quando a autoridade comunista já tinha encomendado a demolição do edifício. Então podemos reconstruir o que foi fotografado."
Herança cultural
Como se trataaposta libertadoresuma réplica, o Stadtschloss teria o mesmo valor histórico do original? Parzinger e Wolter acreditam que sim.
"Um ótimo exemplo é a reconstrução do Campanile di San Marcoaposta libertadoresVeneza, concluídaaposta libertadores1912. O prédio entrouaposta libertadorescolapso, então as autoridades italianas tiveram que tomar a decisãoaposta libertadoresreconstruí-lo ou não. Eles o reconstruíram e agora ninguém sabe disso", argumenta Wolter.
"Creio queaposta libertadores100, 150 anos ninguém vai saber que o Palácioaposta libertadoresBerlim é uma reconstrução porque o lugar tem mais significado que o próprio prédio. Os japoneses reconstroem a cada 25 anos o Palácio do Imperadoraposta libertadoresKyoto porque é feitoaposta libertadoresmadeira, que apodrece, mas o significado do edifício é igual", completa.
Parzinger acredita ser importante considerar como a população se sente a respeito do edifício a ser restaurado. "(A igreja) Frauenkirche,aposta libertadoresDresden, foi completamente destruída na guerra e reconstruída nos anos 1990. Agora o horizonte da cidade está completo, as pessoas estãoaposta libertadoresnovo se identificando com Dresden e os turistas vão ao prédio. Prédios emblemáticos são importantes para a alma do povo."
O arquiteto italiano Franco Stella, vencedor do concurso para projetar o Stadtschlossaposta libertadores2008, esclarece ser necessário separar a reconstrução da "forma"aposta libertadoresum edifício do seu conteúdo. "O Palácio da Cidade reproduzaposta libertadoresforma fiel os volumes e as fachadas barrocas destruídas, mas o seu conteúdo é completamente novo", explica.
"Ao longoaposta libertadorescinco séculosaposta libertadoressua história, o Palácio foi a residênciaaposta libertadoresreis prussianos e imperadores alemães, enquanto o conteúdo do novo prédio é o Humboldt Forum. O Parlamento alemão decidiu reconstruí-loaposta libertadoresvirtudeaposta libertadoressua importância histórica e para a identidade urbana e arquitetônica do centroaposta libertadoresBerlim. Aaposta libertadoresreconstrução repara uma ferida aberta no coração da cidade", afirma.
'Desastre é parte da história': conselhos ao Museu Nacional
Segundo Parzinger, após as autoridades brasileiras realizarem uma avaliação detalhada do estado da sede do Museu Nacional, um planoaposta libertadoresrestauração deveria manter a estrutura original visível. "Mas não reconstruiraposta libertadoresuma forma como se nada tivesse acontecido, porque o desastre é parte da história também. Isso tem que ser documentadoaposta libertadoresum novo museu. É o que fizemos no Neues Museu."
Stella destaca que para reconstruir o museu, é necessário "a existênciaaposta libertadoresuma documentação adequada e exaustiva do que foi perdido". "Partindo dessa documentação, as técnicas disponíveis hoje permitem uma reprodução muito semelhante ao original."
Para Wolter, o mais importante agora é ter calma. "É uma questãoaposta libertadoresoferecer tempo o bastante para que os arquitetos e engenheiros possam pensar sobre os problemas e desenvolverem um bom plano."