Como a polêmica do aborto está levando católicos a pedirem desligamento oficial da Igreja na Argentina:bwin pixie 777

Crédito, Cesar Rosenstein

Legenda da foto, Os pedidosbwin pixie 777desligamento foram provocados pela interferência da Igreja na discussão sobre o aborto na Argentina
Legenda da foto, A argentina Silvia Mollo está entre os que pediram o desligamento da Igreja

Em junho passado, após a aprovação na Câmara dos Deputados da Argentina do projetobwin pixie 777lei que previa a interrupção da gravidez até a 14ª semana, o pontífice, que é argentino, se referiu à suspensão da gestação durante discurso no Vaticano. E comparou a prática ao extermínio cometido pelos nazistas: "No século passado, todos se escandalizavam com o que os nazistas faziam para purificar a raça. Agora, querem fazer o mesmo com luvas brancas", disse.

Suas palavras foram interpretadas como um recado aos que apoiavam a iniciativa no país – ela acabou vetada quando foi a votação no Senado neste mês. E acabou gerando o movimentobwin pixie 777pedidosbwin pixie 777desligamentos da Igreja, como obwin pixie 777Mollo ebwin pixie 777diversas outras pessoas.

Distribuiçãobwin pixie 777formulários

No dia da votação do aborto no Senado, a Coalizão Argentina por um Estado Laico (CAEL), fundadabwin pixie 7772009 por advogados, antropólogas e filósofas feministas, distribuiu maisbwin pixie 7771,3 mil formulários para fazer pedidosbwin pixie 777desligamentos da Igreja na frente do Congresso.

Mais tarde, a distribuição chegou a provocar filasbwin pixie 777uma das esquinas mais movimentadasbwin pixie 777Buenos Aires, nas avenidas Callao e Corrientes, no centro da cidade. Dez dias depois, o formulário foi entreguebwin pixie 77724 pontos do país.

O advogado Cesar Rosenstein, um dos fundadores da CAEL, disse à BBC News Brasil que a "interferência da Igreja Católica" no debate sobre a legalização da interrupção da gravidez certamente influenciou o tamanho da fila dos que querem renunciar à instituição.

"Ficou muito evidente que a Igreja foi principal força que se opôs ao acesso à interrupção legalbwin pixie 777gravidez. E o que as pessoas que preencheram o formulário querem é um Estado laico, sem a interferência da Igreja", afirmou.

Crédito, Cesar Rosenstein

Legenda da foto, Distribuiçãobwin pixie 777formulários chegou a gerar fila no centrobwin pixie 777Buenos Aires

O casalbwin pixie 777argentinos Emiliano Ramirez,bwin pixie 77741 anos, e Romina Ojagnan,bwin pixie 77736 anos, recebeu os formulários e também decidiu entrar com o pedido oficialbwin pixie 777desligamento da Igreja Católica.

"Há muito tempo vínhamos pensando nisso. Fomos batizados pelos nossos pais e nunca praticamos a fé católica", diz Ojagnan à BBC News Brasil. "E somos contra a postura da Igreja que se opõe ao movimento LGBT, à camisinha e que ainda fala coisas como a que disse o papa Francisco,bwin pixie 777que os homossexuais devem ser tratados com psiquiatras. E foi a posição da Igreja contra a legalização do aborto que acelerou nossa decisãobwin pixie 777pedir a apostasia."

O papa havia afirmado nesta semana que "quando (a homossexualidade) é observada a partir da infância, há muito que pode ser feito por meio da psiquiatria, para ver como são as coisas. É outra coisa quando se manifesta depois dos 20 anos".

Após a declaração causar polêmica, o Vaticano disse que as palavras do pontífice não tinham sido interpretadas corretamente. Ele havia dito também que pais com filhos homossexuais devem rezar, não condenar, dialogar e "dar espaço para o filho ou filha".

Renúncia

Na sexta-feira passada, Rosenstein e outros ativistas da CAEL entregaram as caixas com maisbwin pixie 7773 mil formulários preenchidos na sede Conferência Episcopal Argentina, onde foram recebidos por religiosos que são assessores na Igreja.

"Juridicamente, as pessoas não podem renunciar ao batismo. Mas elas podem renunciar à instituição e podem escolher entre manter a fé ou não", diz Rosenstein.

As justificativas não foram iguaisbwin pixie 777todos os formulários preenchidos. "Cada um colocou seu argumento, mas ficou claro que a questão do aborto e outros abusos da Igreja foram o detonador. E que estas pessoas não se sentem representados pela Igreja", afirmou.

Rosenstein afirma que os formulários continuarão sendo distribuídos no país – para ele, a "tendência" é que mais argentinos peçam a desvinculação da Igreja.

Crédito, Cesar Rosenstein

Legenda da foto, Os pedidos foram entregues à diocesebwin pixie 777Buenos Aires

As demandas do CAEL incluem o pedidobwin pixie 777que símbolos religiosos não ocupem mais instituições públicas e o fim da educação religiosabwin pixie 777escolas, entre outras medidas.

Nem todos os grupos que defendem o Estado Laico e a legalização do aborto são seculares, no entanto. As mulheres do grupo Católicas pelo Direitobwin pixie 777Decidir também defendem a legalização, mas não fizeram pedidosbwin pixie 777apostasia.

"Não queremos que as instituições religiosas interfiram nas decisões individuais, e queremos que as pessoas tenham liberdadebwin pixie 777escolha. Na votação do projeto do aborto, as igrejas católica e evangélicas se uniram contra a medida", diz a socióloga Victoria Tesoriero, das Católicas pelo Direito a Decidir.

Procurada pela BBC News Brasil, a assessoriabwin pixie 777imprensa da Arquidiocese confirmou ter recebido os formulários na sexta-feira e reconheceu um aumento, nos últimos dias,bwin pixie 777pedidosbwin pixie 777apostasia. Mas afirmou que "o motivo não está claro".

Segundo dados publicados na imprensa argentina, 77% dos argentinos declaram-se católicos. Este índice foibwin pixie 77790% nos anos 1960. Novebwin pixie 777cada dez dizem acreditarbwin pixie 777Deus e maisbwin pixie 77730% consideram-se católicos praticantes,bwin pixie 777acordo com o sitebwin pixie 777checagembwin pixie 777informações Chequeado, que cruzou dadosbwin pixie 777pesquisas.