Quem é a única mulher condenada à prisão perpétua na América Latina por crimes contra a humanidade:nordeste fc sportingbet

Mirta Graciela Anton, ex-policial que trabalhou na repressão da ditadura argentina
Legenda da foto, Mirta Graciela Antón foi a primeira mulher da América Latina ser condenada à prisão perpétua por crimes contra a humanidade

As autoridades ouviram 900 testemunhas e identificaram 716 vítimas. Dos 43 acusados, 38 foram declarados culpados. Desses, 28 foram condenados à prisão perpétua.

Mirta Graciela Anton e outros membros da repressão da ditadura argentina

Crédito, Irma Montiel

Legenda da foto, Durante seu período na polícia, Mirta Graciela Antón sempre ficou cercada por homens, como nesta foto com representantes da repressão da didatura

Nos julgamentos, Mirta Graciela Antón foi a única mulher condenada por crimes contra a humanidade. Ela foi considerada culpada por 12 homicídios, 16 privações ilegaisnordeste fc sportingbetliberdade, 21 casosnordeste fc sportingbettortura, cinco desaparecimentos e seis abusos.

Embora existam outros casosnordeste fc sportingbetmulheres condenadas por crimes contra humanidade na América Latina - no Chile há uma alemã que atuou na repressão da ditaduranordeste fc sportingbetAugusto Pinochet -, Antón é a única imputada com prisão perpétua.

Durante o processo, ela se declarou "total e absolutamente inocente". Está presa há oito anos na cadeianordeste fc sportingbetBouwer,nordeste fc sportingbetCórdoba.

Nos últimos anos, ela se encontrou cinco vezes com jornalista Ana Mariani, que recentemente publicou um livro sobre a torturadora.

Córdoba e a repressão

A províncianordeste fc sportingbetCórdoba, a segunda maior da Argentina, sofreu com uma feroz perseguição a opositores do governo mesmo antes do golpe militarnordeste fc sportingbet24nordeste fc sportingbetmarçonordeste fc sportingbet1976, que iniciou um dos mais sangrentos regimes da América Latina.

"A ditadura mostrou uma ferocidade especial nesse território (Córdoba)", diz Mariani.

Entrada do chamado D2, departamento policial Córdoba, onde ocorreram assassinatos e torturas; hoje, o espaço é um centronordeste fc sportingbetmemória da ditadura

Crédito, Mechi Ferreyra

Legenda da foto, Essa é a entrada do chamado D2, departamento policial Córdoba, onde ocorreram assassinatos e torturas; hoje, o espaço é um centronordeste fc sportingbetmemória da ditadura

Entre 1976 e 1983, quando a ditadura acabou, ao menos 30 mil pessoas desapareceram. Mas há quem diga que há pelo menos mais 9 mil casos não contabilizadosnordeste fc sportingbetpessoas que sumiram durante o regime.

"Houve cumplicidade (com a ditadura)nordeste fc sportingbetcivis, da Igreja, da Justiça e dos empresários. Não foi apenas um golpe militar, foi algo muito maior que isso", explicou Mariani à BBC News Mundo, serviçonordeste fc sportingbetespanhol da BBC. "É uma cumplicidade que,nordeste fc sportingbetcerta maneira, continua existindo até hoje."

'Amoral'

Mirta Graciela Antón tem 64 anos e entrou na polícia quando tinha 21. Sua família fez carreira na corporação: seus filhos, irmãos, pai, marido e sobrinhos eram policiais.

"Meu pai me disse que, se eu quisesse chegar à faculdade, terianordeste fc sportingbettrabalhar para pagar os estudos", disse Antón ànordeste fc sportingbetbiógrafa. Durante a apuração, a jornalista se deparou algumas vezes com a informaçãonordeste fc sportingbetque o pai era violento com os filhos.

Vítimas e testemunhas que passaram pelos calabouços do departamentonordeste fc sportingbetpolícianordeste fc sportingbetCórdoba disseram que Antón dava risadas e dançava enquanto torturava os presos políticos. Também relataram que ela matou pessoas "a sangue frio".

"Cuca não era uma pessoa imoral, ela era amoral", disse Charlie Moore, uma das vítimas que esteve presa no local. "Ela não tinha nenhum tiponordeste fc sportingbetsentimento. Podia despedaçar uma pessoa sem dar qualquer sinalnordeste fc sportingbetsentir alguma coisa. Aquilo (a tortura) a motivava", escreveu Moorenordeste fc sportingbetseu livro La Búsqueda (A busca,nordeste fc sportingbettradução livre).

"Se você quisesse uma pessoa para conversar com um sujeito e depois matá-lo, Cuca Antón era a pessoa indicada", escreveu o ativista.

Por outro lado, Antón sempre negou os crimes atribuídos a ela. Diz que os delitos foram cometidos por pessoas próximas, como seu irmão e seu falecido marido.

"Minha tarefa era analisar cuidadosamente o material retirado dos presosnordeste fc sportingbetdiferentes procedimentos para que eles fossem enviados a arquivosnordeste fc sportingbetdetentos. Mas os presos eram, emnordeste fc sportingbetmaioria, criminosos terroristas, não subversivos", disse Antón à Justiça.

Mirta Graciela Anton e Luciano Menendez, outro repressor condenado por crimes conta a humanidade

Crédito, Mechi Ferreyra

Legenda da foto, Mirta Graciela Antón ao lado Luciano Menéndez, outro repressor condenado por crimes conta a humanidade

Hoje, ela ocupa uma cela separadanordeste fc sportingbetoutros presos porque corre risconordeste fc sportingbetser atacada por ter sido policial. "É como estarnordeste fc sportingbetuma prisão dentronordeste fc sportingbetoutra prisão", disse ela a Mariani.

"Se houvesse outros policiais, eu estaria com eles, mas sou a única, eu sou o único caso no país", diz ela no livro.

A jornalista Ana Mariani afirma que Antón se adaptou a um ambiente estritamente masculino, a polícia. "Acho que ela se comportou muito bem naquele mundonordeste fc sportingbethomens que é a polícia. Algumas das vítimas dizem que ela até comandou outros policiais homens. Ela tinha uma atitude investidanordeste fc sportingbetautoridade e também,nordeste fc sportingbetalguma forma, machista", diz a biógrafa.

Segundo a jornalista, Cuca Antón mostrou ter uma personalidade violenta desde jovem. "Ela foi influenciada pelos mesmos transtornos culturais, políticos e psicológicos que podem levar os homens a cometer essas atrocidades", conclui Mariani. "A gente normalmente acredita que uma mulher não pode encarnar o mal. Mas isso não é verdade."

Ana Mariani

Crédito, Bibiana Fulchieri

Legenda da foto, A jornalista Ana Mariani escreveu vários livros sobre a ditatura argentina