'Mataram minha mãe e me separaramqual site de apostas é melhormeu pai': o drama das crianças imigrantes nos EUA:qual site de apostas é melhor

Brayan
Legenda da foto, Depoisqual site de apostas é melhorser separado do pai, Brayan ficou num centroqual site de apostas é melhordetenção para crianças migrantes por quase três meses

Ela corre até ele o abraça. "É idêntico às fotos, igualzinho ao pai", me diz a hondurenha, que tem 45 anos e seis filhos.

"Vó", diz o menino, fixando o olhar nela. Passageiros ao redor tiram fotos, e vários me perguntam se ele é uma das crianças separadas dos pais por Donald Trump.

Reencontro entre Rosa e Brayan
Legenda da foto, Rosa agora cuidaráqual site de apostas é melhorBrayan, seu netoqual site de apostas é melhor11 anos; ela teve que pedir empréstimo para conseguir os R$ 11 mil necessários para receber o menino

Brayan tem 11 anos, e a primeira vez que subiu num avião foi há quase três meses, quando o separaram do seu pai, José, na fronteira dos Estados Unidos, e o enviaram a um refúgio para crianças migrantesqual site de apostas é melhorMaryland, no leste do país.

Brayan também é um das maisqual site de apostas é melhor2.500 crianças que o governo dos EUA separouqual site de apostas é melhorseus pais entre abril e junho ao endurecer a políticaqual site de apostas é melhorimigração.

Em meadosqual site de apostas é melhorjunho, o presidente americano reverteu a prática, após uma ondaqual site de apostas é melhorcríticas e uma sériequal site de apostas é melhorquestionamentos legais. Mas muitas crianças ainda não estão com suas famílias.

O governo teve até quinta-feira para liberar os menoresqual site de apostas é melhoridade cujos pais são elegíveis para recebê-losqual site de apostas é melhorvolta.

Brayan
Legenda da foto, Brayan viajou durante 50 dias com a família numa caravanaqual site de apostas é melhormigrantes que foiqual site de apostas é melhorHonduras para os EUA

A administração Trump disse que devolveu maisqual site de apostas é melhor1.800 crianças às famílias.

Brayan está entre eles, o que faz dele uma criançaqual site de apostas é melhorsorte. "Sorte", levandoqual site de apostas é melhorconta que seu pai foi deportado e ele não poderá vê-lo por anos e quequal site de apostas é melhormãe foi assassinadaqual site de apostas é melhorHonduras e seu corpo, jogadoqual site de apostas é melhorum poço.

Uma longa viagem que acabouqual site de apostas é melhorseparação

Brayan fala pouco e sorri enquanto brinca com seu irmão menor, Yair, que parece saber como vencê-lo no videogame que estão jogando no celular daqual site de apostas é melhoravó.

É a primeira noite que ele passa nos Estados Unidos fora do abrigo onde, segundo o assistente social que cuidou do caso dele, não conseguia dormir, e ficava sentado na cama sem falar nada.

Agora se limita a me dizer que esteve lá por dois meses e meio, como se tivesse contado cada dia daqual site de apostas é melhorestadia, e que não gostava da comida.

Conheci os irmãos quando José ainda os acompanhava. Estavaqual site de apostas é melhorPuebla, México, numa das últimas etapasqual site de apostas é melhoruma caravanaqual site de apostas é melhorcentenasqual site de apostas é melhormigrantes que se mobilizou rumo ao norte.

Um parentequal site de apostas é melhorJosé ouviu na televisão que a caravana ajudava os imigrantes a cruzar a fronteiraqual site de apostas é melhormaneira segura e com ajuda legal. Por isso, me conta Rosa, seu filho decidiu que era uma oportunidadequal site de apostas é melhorembarcar na viagem, junto comqual site de apostas é melhormulher, Nubia, e os dois filhos.

A família viajou a pé,qual site de apostas é melhortrem equal site de apostas é melhorônibus por quase 50 dias, até que chegou ao portão da fronteiraqual site de apostas é melhorSan Isidro (entre San Diego, na Califórnia, e Tijuana, no México). Ali lhes aconselharam que José e Brayan se apresentassem primeiro às autoridades, e Nubia e o pequeno Yair,qual site de apostas é melhorcinco anos, depois.

José seguiu a recomendação e no dia 4qual site de apostas é melhormaio, junto com Brayan, disse a um funcionárioqual site de apostas é melhorimigração que queria pedir asilo.

Ele me conta que não imaginava o que viria depois. Levaram o menino embora, e ele não entendeu o motivo.

"Tiraram ele dos meus braços, e eu vi elequal site de apostas é melhoroutra cela, chorando, e ninguém o ajudava", lembrou José, numa conversa ao telefone, no dia 12qual site de apostas é melhorjulho.

Na única chamada telefônica que lhe permitiram, José avisouqual site de apostas é melhormãe, Rosa, que haviam tirado o menino dele, e que ele havia assinado um papelqual site de apostas é melhoringlês que ele achou que poderia ser a única formaqual site de apostas é melhorter o meninoqual site de apostas é melhorvolta.

Vinte dias depois, no entanto, ele foi deportado para Honduras. Aparentemente, o documento que assinou asseguravaqual site de apostas é melhordeportação.

Yair
Legenda da foto, Yair,qual site de apostas é melhor5 anos, esteve separado do irmão por quase três meses; no México, o paiqual site de apostas é melhorBrayan foi orientado a tentar entrar primeiro nos EUA com o filho mais velho

Instaladoqual site de apostas é melhoruma cidadezinha rural do país, José diz que tem medoqual site de apostas é melhorestarqual site de apostas é melhorvolta e que prefere que seu filho permaneça nos EUA.

"Não quero que volte para cá porque aqui é perigoso para ele. É melhor ficar com a avó", diz.

O governoqual site de apostas é melhorTrump declarou, na terça-feira, diantequal site de apostas é melhorum tribunal federal, que maisqual site de apostas é melhor450 pais migrantes separados dos filhos na fronteira não estão nos EUA. José faz parte dessa estatística.

A mãequal site de apostas é melhorBrayan o teve quando ela tinha 14 anos. O casal se separou, mas chegou a um acordo para que o menino passasse um ano com ela e outro com José.

A vida do garoto mudouqual site de apostas é melhor2016, quandoqual site de apostas é melhormãe foi assassinada. A imprensa local disse que seu namorado era suspeito do crime, mas que ele responsabilizou a facção criminosa Mara Salvatrucha pela morte da mulher.

Rosa
Legenda da foto, Rosa falava com seu neto toda semana enquanto ele estava detido; o menino, segundo ela, perguntava "o que fez para merecer isso"

Rosa e José me dizem que não sabem se os culpados foram presos. De toda forma, o menino corria perigo se ficasse no país.

Honduras, na América Central, é um dos países mais violentos da América Latina e do mundo.

As autoridades dizem que houve redução no númeroqual site de apostas é melhorassassinatos no país desde 2011, quando a taxaqual site de apostas é melhorhomicídios eraqual site de apostas é melhor86,5 pessoas para cada 100 mil habitantes.

O governo afirmou que no ano passado a taxa caiu para 42,8 para cada 100.000 habitantes, graças ao "fortalecimento da polícia", como disse um porta-voz da Direção Policialqual site de apostas é melhorInvestigação a veículosqual site de apostas é melhorimprensa locaisqual site de apostas é melhorjaneiro deste ano.

Mas,qual site de apostas é melhoracordo com organizações que monitoram a violência, o país segue figurando entre os mais perigosos da região.

Detido

Nubia e Yair foram liberados depoisqual site de apostas é melhorpassar um mês sob a custódia do serviçoqual site de apostas é melhorimigração.

Uma funcionária ligou para Rosa com a notíciaqual site de apostas é melhorque Brayan estava num refúgio para crianças migrantes.

A etiqueta na bolsaqual site de apostas é melhorBrayan
Legenda da foto, Brayan embarcou sozinho no voo para encontrarqual site de apostas é melhoravó; ele teve que esperar, segundo as autoridades americanas, para ter atendimento terapêutico apósqual site de apostas é melhorsaída do abrigo

Disseram a ela que um menino que era seu parente havia entrado no país sem acompanhante. Rosa respondeu que seu filho mais novo tinha 14 anos, mas estavaqual site de apostas é melhorHonduras. Ao telefone, a funcionária lhe disse que esse menino era ainda mais novo.

"Disse a ela que meu parente mais novo era meu netoqual site de apostas é melhor11 anos que se chama Brayan, e que ele não veio sozinho, mas com o pai", diz ela.

Depois disso, Rosa conseguiu ligar para Brayan no abrigo.

"Ele quase não falou comigo. Estava chorando, estava triste. Só me disse 'o que eu fiz para merecer isso, vó?' Eu disse que nada. 'Mataram minha mãe, meu veio só para salvar minha vida e me separaram dele. Não é justo.' Eu não disse mais nada, só que ia ficar tudo bem, que ia resolver tudo logo."

Resolver tudo se tornou o objetivoqual site de apostas é melhorRosa nas semanas antes do reencontro com o menino.

Trazer Brayanqual site de apostas é melhorvolta

O Escritórioqual site de apostas é melhorReassentamentoqual site de apostas é melhorRefugiados dos EUA exigiu que ela se mudasse para um apartamento maior para receber Brayanqual site de apostas é melhorum ambiente propício.

Também disse que ela deveria ter dinheiro disponível para comprar a passagemqual site de apostas é melhoravião do menino e possivelmentequal site de apostas é melhorum acompanhantequal site de apostas é melhoruma agência federal.

Os dias, mesmo os finsqual site de apostas é melhorsemana, se encheramqual site de apostas é melhortrabalho para Rosa. Ela pediu dinheiro emprestado para seu chefe e fez jornadasqual site de apostas é melhorquase 12 horas montando pisosqual site de apostas é melhormadeira e fazendo trabalhosqual site de apostas é melhorconstrução para reunir cercaqual site de apostas é melhorUS$ 3 mil (cercaqual site de apostas é melhorR$ 11 mil).

"Qualquer coisa para ter meu menino comigo. Ele sofreu muito", me dizia nas conversas por telefone que tivemos durante o mêsqual site de apostas é melhorjulho, à noite, quando ela chegava do trabalho.

Brayan e Yair
Legenda da foto, Os dois irmãos Brayan e Yair não poderão ver o pai, que foi deportado, pelos próximos cinco anos

Quando Brayan a contatava do abrigo, não falava muito. Um dia disse que tinha aprendido o abecedárioqual site de apostas é melhoringlês. Outro dia lhe contouqual site de apostas é melhorum menino que havia jogado a comida do prato no chão. E outro, a notícia mais importante, disse que haviam avisado a ele que seria enviado para ela.

Os dois esperaram maisqual site de apostas é melhoruma semana depois da notícia que tanto os aliviou. O retorno demorou, disse um assistente social a Brayan, porque tinham que garantir que um funcionário poderia dar atendimento terapêutico a ele depois que saísse do abrigo.

Finalmente, na sexta-feira, dia 20qual site de apostas é melhorjulho, Rosa recebeu a ligação que tanto aguardava. Era o assistente social a cargoqual site de apostas é melhorBrayan dizendo que ela poderia comprar a passagemqual site de apostas é melhoravião do menino.

Rosa recebe uma ligação
Legenda da foto, "O pior já passou", diz Rosa, uma hondurenha que tem 45 anos e seis filhos e trabalha montando pisos nos Estados Unidos

Logo antes, ela me mostrara foto do neto no seu celular. "Este é Brayan pequeno, aqui ele já estava maiorzinho, aqui estão Brayan e Yair num aniversário, este é Brayan na caravana, aqui o Brayan... Igualzinho ao pai."

Em alguns momentos enquanto olhava as fotos, o olhar melancólico e um pouco perdido que parece acompanhá-la a todo momento se desfazia com um sorriso.

Um dia depois, Rosa estava no aeroporto para ver um menino que conheceu brevemente quando ele tinha três diasqual site de apostas é melhorvida, logo antesqual site de apostas é melhorela ir para os Estados Unidos.

"O pior já passou", me disse, com olhos brilhantes.

Nem Brayan nem Yair poderão voltar a ver seu pai por pelo menos cinco anos, devido à deportaçãoqual site de apostas é melhorJosé.

Os dois pediram asilo e podem passar meses e anos antesqual site de apostas é melhorsaber qual seráqual site de apostas é melhorsituação legal definitiva nos EUA.

Rosa fala da chegada dos seus netos como "uma dádiva, um presente".

"Se aguentei com meus seis filhos, aguento com eles."