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Como a crise da Venezuela influencia as campanhas presidenciais na Colômbia, no México e no Brasil:aposta
aposta A crise severa que a Venezuela está sofrendo extrapola suas fronteiras.
E não apenas porque há uma crise migratória. O colapso econômico do país e suas consequências sociais se tornaram argumentos para atacar a administração chavista - iniciada por Hugo Chávez há 20 anos e continuada por Nicolás Maduro – e tornaram a Venezuela um tópicoapostadiscussãoapostaum anoapostavárias eleições presidenciais na América Latina.
A situação venezuelana influencia tanto a discussão sobre modelos políticos quanto as campanhas presidenciais na Colômbia, no México e no Brasil.
A sombra do "castrochavismo" na Colômbia
A Colômbia é, sem dúvida, o país mais efetado pela crise na Venezuela. O país já recebeu maisaposta750 mil migrantes venezuelanos tentando escapar da crise, segundo Christian Kruger Sarmiento, diretor do departamentoapostamigração do Ministério das Relações Exteriores da Colômbia.
Esse novo fluxoapostaestrangeiros, inédito para um país que durante décadas viuapostaprópria população migrar para outras nações, é um dos principais assuntos da campanha eleitoral colombiana.
O tema tem sido recorrente antes do primeiro turno, que deve ser realizado no dia 27apostamaio. Tanto que até foram realizados debates entre os candidatos exclusivamente para tratar da questão da crise venezuelana e dos seus efeitos no território colombiano.
Segundo o economista Jorge Restrepo, professor da Pontifícia Universidade Javeriana,apostaBogotá, os aspirantes a suceder Juan Manuel Santos na Presidência estão sendo cobrados fortemente por uma postura diante da situação da Venezuela. Em geral, diz ele, todos têm adotado um discursoapostasolidariedade.
"O que acontece na Venezuela é tão sérioapostatermos humanitários, econômicos e sociais que não poderia ser usado para inflamar a xenofobia na Colômbia", disse Restrepoapostaconversa com a BBC Mundo.
A polêmica tem seguido outro caminho: a direita colombiana tem dito que há a possibilidadeapostao país seguir um rumo similar ao da Venezuela e ser governada pelo que chamamaposta"castrochavismo".
A expressão faz referência ao modelo político e econômico adotado desde chegadaapostaChávez ao poder e influenciado pelo castrismo cubano.
O termo foi um dos mais usados durante a campanha para as eleições legislativasapostamarço do ano passado, segundo Boris Miranda, correspondente da BBC Mundo na Colômbia.
"Diferentes políticos usam o termo para atacar Gustavo Petro, um dos candidatos que lideram as pesquisas", explica o correspondente. Ex-prefeitoapostaBogotá, Petro é candidato à presidência pelo Movimento Humano Colombiano.
"São acusações que exploram o medo da classe média, dos grandes proprietários rurais e dos pequenos empresários urbanos", diz Restrepo. O uso do termo "castrochavismo" é característico principalmente do partido Centro Democrático eapostaseu fundador, o ex-presidente Álvaro Uribe.
Gustavo Petro afirma que o "castrochavismo" não existe e que é "apenas uma estratégia para gerar desconfiançaapostarelação a quem propõe mudanças para o país".
Restrepo não considera, no entanto, que a questão venezuelana seja a chave para a atual posição dos candidatos na pesquisas – Duque estáapostaprimeiro lugar e Petro,apostasegundo.
"Não acredito que a Venezuela até o momento tenha sido um fator determinante, mas poderia ser no futuro se a situação se agravasse", diz ele.
Velhos fantasmas no México
Em março, viralizou no México um vídeoapostaque Maduro manifestava apoio ao candidato Andrés Manuel López Obrador. O vídeo era falso, mas foi visto por maisaposta20 mil pessoas.
O episódio é um dos muitos exemplosapostacomo a Venezuela está presente na campanha eleitoral mexicana.
"O tema aparece desde 2006, sempre ligado ao candidatoapostaesquerda López Obrador. Os adversários o acusamapostaquerer transformar o Méxicoapostaum país parecido com a VenezuelaapostaChávez e Maduro", diz Alberto Nájar, colaborador da BBC Mundo na Cidade do México.
Roy Campos, pesquisador da consultoria Mitofsky, diz que a campanha para comparar as propostasapostaLópez Obrador com as do governoapostaChávez foi bem-sucedida há 12 anos, quandoapostacandidatura foi suspensa. Segundo ele, o argumento voltou com mais força agora graças ao efeito das redes sociais e pelo fatoapostaObrador ser o favorito para vencer o pleitoaposta1apostajulho.
Campos diz que os partidos adversários têm usado essa questão nos debates como uma referência velada, não como eixo centralapostaseu discurso contra o candidato.
"O que se pretende com isso não é desmobilizar os eleitoresapostaObrador, mas impedir que a preferência por ele avanceapostaoutros perfis eleitorais", diz Campos. "A comparação pode fazer que o eleitor indeciso tenha medoapostaescolhê-lo. Maduro e a Venezuela se tornaram uma referência do que não é desejado para o México."
Campos afirma que, embora esse tipoapostacampanha tenha conseguido polarizar o debate político, não é possível dizer que tenha reduzido significativamente o apoio a López Obrador.
"Sim, há um efeito, mas é muito limitado. Em alguns segmentos da população há preocupação com isso, mas não é algo presenteapostaeleitoresapostatodos os estratos", diz Francisco Abundis, diretor do institutoapostapesquisa mexicano Parametría.
Abundis afirma que, embora alguns colaboradoresapostaLópez Obrador já tenham defendido Maduro, acusaçãoapostaproximidade dele com o chavismo tem pouca credibilidade principalmente porque o próprio candidato tem moderado seu discurso.
"Eu não conhecia Chávez, não conheço Maduro", disse Obradorapostaum comícioapostaGuadalajara no ano passado.
Debate polarizado no Brasil
A proximidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com Hugo Chávez – os dois eram amigos pessoais – fez com que a Venezuela fosse um assunto presenteapostatodas as campanhas eleitorais desde que o PT conquistou pela primeira vez o governo federal,aposta2002.
Durante a campanha eleitoral na Venezuela,aposta2013, Lula gravou um vídeoapostaapoio a Maduro, que, segundo ele representava "a Venezuela com que Chávez sempre sonhou".
Em um ambiente político extremamente polarizado nos últimos anos, a Venezuela passou a ocupar o imaginárioapostadeterminados setores da sociedade brasileira, mesmo que as semelhanças do Brasil com o vizinho sejam mínimas, afirma Paulo Velasco, professorapostapolítica internacional da UERJ.
"A visãoapostaque o Brasil se encaminhava para uma esquerda mais radical não coincide com o queapostafato aconteceu durante os oito anos do governo Lula e cinco anos e meioapostaDilma", diz ele.
"A questão da Venezuela não é central na campanha brasileira, mas é interessante notar como partidosapostadireita e centro-direita souberam explorar o temaapostaseu benefício", diz Dawisson Belém Lopes, professorapostapolítica internacional da Universidade FederalapostaMinas Gerais.
Segundo ele, o PSDB usou a questão venezuelana para marcar posiçãoapostarelação à política externa depoisapostater se tornadoapostaoposição.
"Embora o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tenha tido uma boa relação institucional com Hugo Chávez enquanto era presidente, ao PSDB colheu dividendo políticos ao criticar, já na oposição, a aproximaçãoapostaLula como venezuelano", afirma ele.
"Quando o PSDB assume o Itamaraty, com a queda do governo Dilma, há envenenamento da relação do Brasil com a Venezuela que é motivada por política eleitoral", defende Lopes. "Não vejo nenhum ganho para o Estado brasileiro, já que a Venezuela é um parceiro importante para nossa balança comercial independentementeapostaquem esteja no governo."
Segundo Lopes, dada a assimetriaapostatamanho e poder política e econômico, o Brasil não precisaria usarapostaagressividade para conduzir as relações com o país para um caminho que sejaapostaseu interesse – o que seria mais uma provaapostaque a relação com a Venezuela tem sido pensadaapostatermosapostaganho eleitoral. "É uma atitude que alguns acadêmicos chamamapostapopulismo diplomático."
Embora não seja tão relevante para o Brasil quanto para os outros países da América Latina, a questão da imigração também pode fazer parte das campanhas.
"Alguns grupos acabam fomentando um discursoapostaxenofobia, muito baseadoapostainformações falsas. Hoje há mais brasileiros morando fora do que estrangeiros vivendo aqui", diz Camila Asano, especialistaapostapolítica internacional da Conectas, entidadeapostadefesa dos direitos humanos. "Menosaposta1% da população brasileira é imigrante. É muito pouco comparado com a Argentina, onde é 4%, e os EUA, onde os imigrantes são 14%."
Crítico da aproximação do PT com a Chávez, Jair Bolsonaro já usou a crise emapostacampanha, dizendo o Brasil corria o riscoapostater o mesmo destino que a Venezuela.
Recentemente, no entanto, foi trazida à tona novamente uma entrevistaaposta1999, quando era candidato pelo PSL,apostaque Bolsonaro definia Hugo Chávez como "uma esperança para a América Latina" e expressava o interesseapostaviajar ao país para conhecer o governo chavista.
Questionado sobre o assunto no fim do ano passado, Bolsonaro disse que havia se equivocado. "Ora, 90% do povo venezuelano vibrou com a eleiçãoapostaChávez, assim como o Brasil vibrou com Lula. Eu gosteiapostaver um coronel paraquedista no governo. Seu discurso era outro. A gente se ilude com as pessoas", afirmou.
* Com reportagemapostaÁngel Bermúdez, da BBC Mundo
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