Como foram os piores episódioswwwgloboesportehiperinflação na América Latina:wwwgloboesporte
Peru
A pior hiperinflação da história recente da América Latina foi registrada no Peruwwwgloboesporte1990, durante o governowwwgloboesporteAlan Garcia. O país encabeça a lista se for adotada a definição mais utilizada pelos economistas, que considera a hiperinflação como a altawwwgloboesportepreçoswwwgloboesportemaiswwwgloboesporte50% durante, pelo menos, 30 dias seguidos.
Seguindo esse parâmetro, o segundo lugar no ranking é ocupado pela Nicarágua e o terceiro, pela Venezuela, segundo o economista Steve H. Hanke, professorwwwgloboesporteeconomia aplicada da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos.
De acordo com Hanke, o Peru chegou a alcançar inflação mensalwwwgloboesporte397%wwwgloboesporte1990; a Nicarágua,wwwgloboesporte261%wwwgloboesporte1986; a Venezuela,wwwgloboesporte234%wwwgloboesporteabril deste ano; a Argentina, 197%wwwgloboesporte1989; e a Bolívia, 183%wwwgloboesporte1985.
A Venezuela caminha para quebrar, neste ano, o recorde negativo do Peru. A previsão do Fundo Monetário Internacional (FMI) é que o país alcance inflação anualwwwgloboesporte13.000%wwwgloboesporte2018.
Diego Macera, gerente-geral do Instituto PeruanowwwgloboesporteEconomia (IPE), elogia a política fiscal agressiva do governowwwgloboesporteAlberto Fujimori, adotada para reverter o quadrowwwgloboesporteinflação no Peru.
"Foi a (inflação) mais violenta da América Latina. Por isso, a política aplicada no primeiro anowwwgloboesportegoverno Fujimori foi fundamental. Foi dura, mas não havia outro modowwwgloboesportecombater a hiperinflação", opina.
Ele conta que, na ocasião, o economista norte-americano Milton Friedman fez uma comparação curiosa ao defender que Augusto Pinochet também adotasse um ajuste fiscal drástico no Chile.
"Se você cortar o rabowwwgloboesporteum cachorrowwwgloboesportepedacinhowwwgloboesportepedacinho, acabará matando o cão. É preciso cortar num só golpe,wwwgloboesporteuma só vez. Isso também se aplica à inflação", contou Macera, ao lembrar do conselhowwwgloboesporteFriedman a Pinochet.
O 'Fujichoque'
Fujimori lançou o chamado "Fujichoque", provavelmente o ajuste econômico mais duro da história do país. Tão duro que após anunciar as medidas, o então ministro da Economia do Peru, Juan Carlos Miller, terminou o discurso com a famosa frase: "Deus nos ajude".
O país tinha um enorme déficit fiscal provocado,wwwgloboesporteparte, pelo aumento do gasto público durante o governowwwgloboesporteAlan Garcia, que tentava aumentar a demanda interna.
"Para financiar esse gasto, começaram a imprimir notas como loucos", disse à BBC Jorge Gonzales, professorwwwgloboesporteEconomia da Universidade do Pacífico.
Quando Fujimori chegou ao poder, ele revogou o controlewwwgloboesportepreços, liberou o dólar, permitindo a flutuação do câmbio, privatizou empresas públicas, eliminou subsídios e interrompeu a impressãowwwgloboesportedinheiro, entre outras medidas.
"Fujimori conseguiu deter a inflaçãowwwgloboesportepoucas semanas", diz o economista.
Mas qual foi o custo disso?
"Se for para fazer uma crítica, eu diria que Fujimori não soube ou não conseguiu criar uma rede socialwwwgloboesporteajuda para moderar os efeitos do plano", avalia Gonzales.
Políticas semelhantes foram adotadaswwwgloboesportevários países da região que também sofriam com a hiperinflação.
Inflação anualizada
Segundo dados do Banco Mundial, enquanto a pior inflação mensal foi registrada no Peru, a pior inflação anualizada (que mede a alta dos preços nos últimos 12 meses) da história da América Latina foi na Bolívia: 23.443%wwwgloboesporte1985. Em seguida, vem Argentina, com 20.262%wwwgloboesporte1990 marçowwwgloboesporte1990, e Peru, com 12.378%,wwwgloboesporteagostowwwgloboesporte1990.
Completam a lista o Brasil, com 6.821%wwwgloboesporteabrilwwwgloboesporte1990 e o Chile, com 745%wwwgloboesporteabrilwwwgloboesporte1974.
Os dados do FMI divergem dos do Banco Mundial. Segundo o FMI, a hiperinflação mais alta da América Latina foi na Nicarágua,wwwgloboesporte1987, com alta anualwwwgloboesportepreçoswwwgloboesporte13.111%, seguido por Bolívia,wwwgloboesporte1985, com 11.750% e Peru,wwwgloboesporte1990, com 7.840%.
Na Bolívia, o deficit fiscal gerou um cenário complexo. Em 1982, o governo Hernán Siles Zuazo adotou controles à política cambial. A inflação escalou rapidamente.
Em 1985, a situação estava fora do controle. Ao assumir o poder, Victor Paz Estenssoro adotou uma dura reforma econômica.
O pacote incluía medidas como a eliminação do controlewwwgloboesportepreços, reajustes nas tarifaswwwgloboesporteserviços públicos, congelamentowwwgloboesportesalários, paralisaçãowwwgloboesporteinvestimentos públicos e financiamento externo do deficit fiscal.
Esse pacote também não chegou acompanhadowwwgloboesportepolíticas sociais para mitigar seus efeitos na população.
A Nicarágua, porwwwgloboesportevez, teve a hiperinflação mais prolongada - se estendeuwwwgloboesportejunhowwwgloboesporte1986 a marçowwwgloboesporte1991.
Não gaste mais do que tem
O cenário internacional atual é muito diferente do que existia nos anos 80 e início dos anos 90. Por isso, segundo os especialistas, as receitas implementadas naquela época não seriam, necessariamente, as mesmas no contexto atual.
Segundo Diego Macera, a hiperinflação da Venezuela é caracterizada, diferentemente da peruana, por uma profunda escassez.
"Mas a natureza do problema é similar: um controle exagerado do sistemawwwgloboesportemercado, que afoga a economia. Nesse sentido, a estratégia que deve ser adotada é similar à implementada pelo Peru", avalia Macera.
Quem acompanha casoswwwgloboesporteinflação a nível internacional argumenta que o primeiro passo é garantir independência ao Banco Central e deixarwwwgloboesportefinanciar o deficit fiscal com a emissãowwwgloboesportenotas.
"Não se contém corrupção controlando preços ou assumindo o controle dos supermercados", diz Jorge Gonzales. "É como se uma pessoa com febre decidisse baixar a temperatura quebrando o termômetro."
Outros especialistas defendem que o primeiro passo no combate à crise deveria ser dolarizar a economia. Se fizesse isso, a Venezuela se tornaria o quarto país da América Latina a adotar a moeda norte-americana, depoiswwwgloboesportePanamá, El Salvador e Equador.
Mas muitos defendem adoçãowwwgloboesportecâmbio flutuante (como é no Brasil), com bancos centrais fortes e independentes.
Os que defendem essa política, como o economista venezuelano Omar Zambrano, pensam que ela estabilizaria os preços, aumentaria o crescimento e reduziria a pobreza.
Entre as lições deixadas pelas crises hiperinflacionárias na América Latina está awwwgloboesporteque o manejo irresponsável da política monetária e da economia pode ter consequências gravíssimas.
Essa lição teve que ser aprendida à força pelos países que sofreram com a espiral descontroladawwwgloboesportesubidawwwgloboesportepreços.
Na Venezuela, ainda não se sabe que medidas o governowwwgloboesporteNicolas Maduro vai tomar para solucionar a crise. Mas, por enquanto, não há sinaiswwwgloboesporteque a hiperinflação deixará o horizonte do país.