O anojk poker clubque o México legalizou brevemente as drogas:jk poker club

Mulher retira drogas do bolso

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Legenda da foto, México teve uma rápida experiência com a legalização das drogasjk poker club1940

Em meadosjk poker clubmarçojk poker club1940, pelo menos mil dependentes químicos iam a dispensários diariamente para comprar pequenas doses controladasjk poker clubcocaína ejk poker clubmorfina sob supervisão médica e com o preçojk poker clubmercado.

Médicos e jornalistas se manifestaram a favor da mudança.

"Atrair (o viciado) –jk poker clubvezjk poker clubpersegui-lo –, registrá-lo e submetê-lo a tratamento médico e psicológico (...) será um meio fundamental para combater o vício."

Lázaro Cárdenas del Río (1895-1970)

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Legenda da foto, O presidente mexicano Lázaro Cárdenas del Río (1895-1970) autorizou a legalização das drogas no Méxicojk poker club1940

Os dependentes tiveram a mesma opinião.

Um homem sem lar conhecido como "Rompepechos", viciadojk poker clubheroína, declarou: "Nós só queremos que eles digam a verdade (...), que nos deem dosesjk poker clubacordo com nossa condição física para que possamos nos reintegrar à sociedade e retornar aos nossos trabalhos. Agora, eles estão fazendo isso. Diga aos seus leitores que estamos muito gratos ao secretáriojk poker clubSaúde, muito gratos".

Impacto no mercado

Os baixos preços praticados por essas clínicas afetaram o comércio ilegaljk poker clubdrogas.

A morfina vendida pelo governo custava 3,20 pesos por grama. Na rua, a mesma quantidadejk poker clubheroína custava entre 45 e 50 pesos. Além disso, era diluída com lactose, carbonatojk poker clubsódio e quinino. Um grama puro custava cercajk poker club500 pesos.

Esses preços minaram os distribuidores: os traficantes na Cidade do México perdiam 8 mil pesos por dia.

Menosjk poker clubseis meses depois, no entanto, a legislação foi anulada.

Capa do jornal Universal
Legenda da foto, A guerrajk poker clubcurso na Europajk poker club1940 fez com que as drogas legalizadas não chegassem mais ao México, como mostra notícia na capa do jornal 'Universal'

Em 7jk poker clubjunhojk poker club1940, o governo declarou que a faltajk poker clubcocaína e morfina devido à guerra impedia que o novo plano funcionasse. A legislaçãojk poker club1931 voltou a vigor no mês seguinte.

Essa breve história do México com a legalização das drogas tem reflexo nos dias atuais.

De 2006 a 2016, estima-se que a guerra às drogas no país custou a vidajk poker clubaproximadamente 160 mil pessoas.

A legalização continua sendo uma questão controversa. No entanto,jk poker clubtodo o mundo há vozes que pedem para que se mude a política contra as drogas. Especialistas elogiam o sucesso do experimentojk poker clubPortugal com a descriminalização, enquanto alguns Estados americanos competem para arrecadar receita com a legalização da maconha.

Leopoldo Salazar Viniegra
Legenda da foto, Ideiasjk poker clubLeopoldo Salazar Viniegra foram colocadasjk poker clubprática, mas por pouco tempo

Até mesmo o jornal conservador britânico Times escreveu que o vício deve ser tratado como um problemajk poker clubsaúde, e não como um crime.

No atual contexto internacional, a política do Méxicojk poker club1940 parece curiosamente profética.

Ainda que ela tenha deixado várias perguntas: por que eles legalizaram as drogas? E se ela foi tão bem-sucedida, por que foi interrompidajk poker clubrepente?

'O mito da maconha'

De muitas maneiras, a breve legalização das drogas no México foi ideiajk poker clubum homem: Leopoldo Salazar Viniegra, médico que estudou Psiquiatria e Neurologia na França antesjk poker clubretornar ao México.

Em 1938, ele foi colocado no comando do Hospitaljk poker clubDependênciajk poker clubDrogas da Cidade do México. O lugar estava cheio. Como os Estados Unidos, o país trancafiava milharesjk poker clubdependentes químicos a cada ano.

Durante os dois anos seguintes, Salazar escreveu uma sériejk poker clubartigos acadêmicos e participoujk poker clubentrevistas coletivasjk poker clubque não apenas criticava o status quo proibicionista, mas também estabelecia a estrutura para um sistema melhor.

Em essência, seus argumentos eram três.

Homemjk poker clubfrente a lojajk poker clubvendajk poker clubmaconha medicinal

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Legenda da foto, Nos últimos anos, alguns Estados americanos passaram a legalizar o consumo e a vendajk poker clubmaconha com fins medicinais

Primeiro,jk poker clubseu trabalho inicial chamado "O Mito da Maconha", ele argumentou que os perigos da erva foram muito exagerados. Ao analisar sistematicamente os estudos médicos sobre a substância, ele apontou imprecisões, rumores e aplicações errôneasjk poker clubdados.

Em um trecho particularmente poderoso, tirou sarro do posicionamentojk poker clubmédicos americanos sobre a droga, dizendo que estavam baseadosjk poker clubcitações erradasjk poker clubpoesias sob efeitojk poker clubhaxixe do poeta maldito Charles Baudelaire.

Salazar também apresentoujk poker clubprópria pesquisa sobre o assunto, realizada durante sete anos a partirjk poker clubuma ampla gamajk poker clubpacientes, incluindo viciadosjk poker clubdrogas, loucos, um punhadojk poker clubcolegas médicos e políticos desavisados e até mesmo seu sobrinhojk poker clubnove anos, que já tinha fumado por engano umjk poker clubseus cigarros com maconha.

Ele concluiu que, independentementejk poker clubclasse social, escolaridade ou idade, a maconha não fazia mais do que deixar a boca seca, os olhos vermelhos e produzir uma sensaçãojk poker clubfome.

Em segundo lugar,jk poker clubuma sériejk poker clubartigos e entrevistas que deu, Salazar argumentou que o víciojk poker clubdrogas deveria ser tratado como um problemajk poker clubsaúde pública, e não como um crime.

Com basejk poker clubseu trabalho sobre a maconha, ele afirmou que não havia ligação intrínseca entre a dependênciajk poker clubdrogas e a criminalidade – o alto preço das drogas, gerado porjk poker clubproibição, levou os usuários a cometerem crimes, argumentou.

Em vezjk poker clubencher as prisões com os usuários, Salazar sugeriu uma combinaçãojk poker clubeducação, tratamento farmacológico e ajuda psiquiátrica.

Frascosjk poker clubMorfina

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Legenda da foto, Quando o Estado mexicano deteve o monopólio das drogas, o comércio ilegal foi fortemente abalado

Em terceiro lugar, Salazar propôs acabar com a proibição e estabelecer um novo monopólio estatal sobre drogas.

A proibição, argumentou ele, havia gerado o mercado ilegal, e era quase impossível impedir os traficantes.

Além disso, o comércio ilegal teve duas consequências adicionais importantes: corromper a força policial mexicana, que foi paga para proteger os grandes chefe do tráfico, e aumentar os preços, forçando os usuários a cometerem crimes.

Como resultado, avaliou, a melhor maneirajk poker clublidar com o víciojk poker clubdrogas não era por meio da proibição, mas sim pelo controle estatal. Um monopólio público que vendesse as drogas a preçosjk poker clubatacado afastaria os comerciantes do negócio, reduziria a corrupção policial e permitiria que os usuários não recorressem ao crime.

As conclusõesjk poker clubSalazar estavam à frentejk poker clubseu tempo.

Baseadasjk poker clubextensa pesquisa médica e apresentadasjk poker clubuma maneira inteligente, racional e um tanto irônica, elas ecoamjk poker clubmuitos aspectos as críticas contemporâneas à políticajk poker clubdrogas.

O papel dos Estados Unidos

Se o experimentojk poker clublegalização mexicana foi um sucesso, por que ele terminou tão rápido?

De acordo com o comunicado oficial do governo, as restrições às importaçõesjk poker clubmorfina e cocaína causadas pela guerra na Europa inviabilizaram o sistema.

Mas havia mais coisas por trás. De certa forma, inevitavelmente, isso envolvia os Estados Unidos.

Desde que Salazar começou a expressar seu apoio à legalização, cruzadistas antidrogas americanos tentaram pressionar o governo mexicano a impedi-la.

John Buckley, uma autoridade da alfândega do Texas, chamou os planosjk poker clubSalazarjk poker club"as efusõesjk poker clubum maldito negro educado".

Mas foi o puritano chefe do Departamento Federaljk poker clubNarcóticos, uma das agências antecessoras da atual DEA, Harry Anslinger, que finalmente colocou fim à experiência mexicana.

Harry Anslinger

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Legenda da foto, Harry Anslinger foi chefe do Departamentojk poker clubNarcóticos dos EUA fazia declarações exageradas sobre os perigos da maconha

Apenas cinco dias após a introdução da lei, o Departamentojk poker clubEstado dos EUA invocou as emendasjk poker club1935 à Leijk poker clubImportação e Exportaçãojk poker clubEntorpecentes.

As emendas permitiram que os Estados Unidos estabelecessem um embargo à exportaçãojk poker clubentorpecentes como a morfina e a cocaína, quando considerassem que os objetivosjk poker clubum país não eram nem médicos, nem científicos.

Embora o Ministério das Relações Exteriores do México tenha tentado argumentar afirmando que o experimento estava funcionando e certamente era mais eficiente do que o sistema punitivo anterior, Anslinger e o Departamentojk poker clubEstado mantiveram a decisão.

Em maiojk poker club1940, todas as exportaçõesjk poker clubmorfina e cocaína foram suspensas.

Sem a cooperação das empresas farmacêuticas alemãs bloqueadas pela guerra, as autoridades mexicanas foram forçadas a voltar atrás.

*Benjamin Smith, autor deste texto, é professorjk poker clubHistória da América Latina na Universidadejk poker clubWarwick, no Reino Unido, especializado na história moderna do México.