O anobwingacor365que o México legalizou brevemente as drogas:bwingacor365
Em meadosbwingacor365marçobwingacor3651940, pelo menos mil dependentes químicos iam a dispensários diariamente para comprar pequenas doses controladasbwingacor365cocaína ebwingacor365morfina sob supervisão médica e com o preçobwingacor365mercado.
Médicos e jornalistas se manifestaram a favor da mudança.
"Atrair (o viciado) –bwingacor365vezbwingacor365persegui-lo –, registrá-lo e submetê-lo a tratamento médico e psicológico (...) será um meio fundamental para combater o vício."
Os dependentes tiveram a mesma opinião.
Um homem sem lar conhecido como "Rompepechos", viciadobwingacor365heroína, declarou: "Nós só queremos que eles digam a verdade (...), que nos deem dosesbwingacor365acordo com nossa condição física para que possamos nos reintegrar à sociedade e retornar aos nossos trabalhos. Agora, eles estão fazendo isso. Diga aos seus leitores que estamos muito gratos ao secretáriobwingacor365Saúde, muito gratos".
Impacto no mercado
Os baixos preços praticados por essas clínicas afetaram o comércio ilegalbwingacor365drogas.
A morfina vendida pelo governo custava 3,20 pesos por grama. Na rua, a mesma quantidadebwingacor365heroína custava entre 45 e 50 pesos. Além disso, era diluída com lactose, carbonatobwingacor365sódio e quinino. Um grama puro custava cercabwingacor365500 pesos.
Esses preços minaram os distribuidores: os traficantes na Cidade do México perdiam 8 mil pesos por dia.
Menosbwingacor365seis meses depois, no entanto, a legislação foi anulada.
Em 7bwingacor365junhobwingacor3651940, o governo declarou que a faltabwingacor365cocaína e morfina devido à guerra impedia que o novo plano funcionasse. A legislaçãobwingacor3651931 voltou a vigor no mês seguinte.
Essa breve história do México com a legalização das drogas tem reflexo nos dias atuais.
De 2006 a 2016, estima-se que a guerra às drogas no país custou a vidabwingacor365aproximadamente 160 mil pessoas.
A legalização continua sendo uma questão controversa. No entanto,bwingacor365todo o mundo há vozes que pedem para que se mude a política contra as drogas. Especialistas elogiam o sucesso do experimentobwingacor365Portugal com a descriminalização, enquanto alguns Estados americanos competem para arrecadar receita com a legalização da maconha.
Até mesmo o jornal conservador britânico Times escreveu que o vício deve ser tratado como um problemabwingacor365saúde, e não como um crime.
No atual contexto internacional, a política do Méxicobwingacor3651940 parece curiosamente profética.
Ainda que ela tenha deixado várias perguntas: por que eles legalizaram as drogas? E se ela foi tão bem-sucedida, por que foi interrompidabwingacor365repente?
'O mito da maconha'
De muitas maneiras, a breve legalização das drogas no México foi ideiabwingacor365um homem: Leopoldo Salazar Viniegra, médico que estudou Psiquiatria e Neurologia na França antesbwingacor365retornar ao México.
Em 1938, ele foi colocado no comando do Hospitalbwingacor365Dependênciabwingacor365Drogas da Cidade do México. O lugar estava cheio. Como os Estados Unidos, o país trancafiava milharesbwingacor365dependentes químicos a cada ano.
Durante os dois anos seguintes, Salazar escreveu uma sériebwingacor365artigos acadêmicos e participoubwingacor365entrevistas coletivasbwingacor365que não apenas criticava o status quo proibicionista, mas também estabelecia a estrutura para um sistema melhor.
Em essência, seus argumentos eram três.
Primeiro,bwingacor365seu trabalho inicial chamado "O Mito da Maconha", ele argumentou que os perigos da erva foram muito exagerados. Ao analisar sistematicamente os estudos médicos sobre a substância, ele apontou imprecisões, rumores e aplicações errôneasbwingacor365dados.
Em um trecho particularmente poderoso, tirou sarro do posicionamentobwingacor365médicos americanos sobre a droga, dizendo que estavam baseadosbwingacor365citações erradasbwingacor365poesias sob efeitobwingacor365haxixe do poeta maldito Charles Baudelaire.
Salazar também apresentoubwingacor365própria pesquisa sobre o assunto, realizada durante sete anos a partirbwingacor365uma ampla gamabwingacor365pacientes, incluindo viciadosbwingacor365drogas, loucos, um punhadobwingacor365colegas médicos e políticos desavisados e até mesmo seu sobrinhobwingacor365nove anos, que já tinha fumado por engano umbwingacor365seus cigarros com maconha.
Ele concluiu que, independentementebwingacor365classe social, escolaridade ou idade, a maconha não fazia mais do que deixar a boca seca, os olhos vermelhos e produzir uma sensaçãobwingacor365fome.
Em segundo lugar,bwingacor365uma sériebwingacor365artigos e entrevistas que deu, Salazar argumentou que o víciobwingacor365drogas deveria ser tratado como um problemabwingacor365saúde pública, e não como um crime.
Com basebwingacor365seu trabalho sobre a maconha, ele afirmou que não havia ligação intrínseca entre a dependênciabwingacor365drogas e a criminalidade – o alto preço das drogas, gerado porbwingacor365proibição, levou os usuários a cometerem crimes, argumentou.
Em vezbwingacor365encher as prisões com os usuários, Salazar sugeriu uma combinaçãobwingacor365educação, tratamento farmacológico e ajuda psiquiátrica.
Em terceiro lugar, Salazar propôs acabar com a proibição e estabelecer um novo monopólio estatal sobre drogas.
A proibição, argumentou ele, havia gerado o mercado ilegal, e era quase impossível impedir os traficantes.
Além disso, o comércio ilegal teve duas consequências adicionais importantes: corromper a força policial mexicana, que foi paga para proteger os grandes chefe do tráfico, e aumentar os preços, forçando os usuários a cometerem crimes.
Como resultado, avaliou, a melhor maneirabwingacor365lidar com o víciobwingacor365drogas não era por meio da proibição, mas sim pelo controle estatal. Um monopólio público que vendesse as drogas a preçosbwingacor365atacado afastaria os comerciantes do negócio, reduziria a corrupção policial e permitiria que os usuários não recorressem ao crime.
As conclusõesbwingacor365Salazar estavam à frentebwingacor365seu tempo.
Baseadasbwingacor365extensa pesquisa médica e apresentadasbwingacor365uma maneira inteligente, racional e um tanto irônica, elas ecoambwingacor365muitos aspectos as críticas contemporâneas à políticabwingacor365drogas.
O papel dos Estados Unidos
Se o experimentobwingacor365legalização mexicana foi um sucesso, por que ele terminou tão rápido?
De acordo com o comunicado oficial do governo, as restrições às importaçõesbwingacor365morfina e cocaína causadas pela guerra na Europa inviabilizaram o sistema.
Mas havia mais coisas por trás. De certa forma, inevitavelmente, isso envolvia os Estados Unidos.
Desde que Salazar começou a expressar seu apoio à legalização, cruzadistas antidrogas americanos tentaram pressionar o governo mexicano a impedi-la.
John Buckley, uma autoridade da alfândega do Texas, chamou os planosbwingacor365Salazarbwingacor365"as efusõesbwingacor365um maldito negro educado".
Mas foi o puritano chefe do Departamento Federalbwingacor365Narcóticos, uma das agências antecessoras da atual DEA, Harry Anslinger, que finalmente colocou fim à experiência mexicana.
Apenas cinco dias após a introdução da lei, o Departamentobwingacor365Estado dos EUA invocou as emendasbwingacor3651935 à Leibwingacor365Importação e Exportaçãobwingacor365Entorpecentes.
As emendas permitiram que os Estados Unidos estabelecessem um embargo à exportaçãobwingacor365entorpecentes como a morfina e a cocaína, quando considerassem que os objetivosbwingacor365um país não eram nem médicos, nem científicos.
Embora o Ministério das Relações Exteriores do México tenha tentado argumentar afirmando que o experimento estava funcionando e certamente era mais eficiente do que o sistema punitivo anterior, Anslinger e o Departamentobwingacor365Estado mantiveram a decisão.
Em maiobwingacor3651940, todas as exportaçõesbwingacor365morfina e cocaína foram suspensas.
Sem a cooperação das empresas farmacêuticas alemãs bloqueadas pela guerra, as autoridades mexicanas foram forçadas a voltar atrás.
*Benjamin Smith, autor deste texto, é professorbwingacor365História da América Latina na Universidadebwingacor365Warwick, no Reino Unido, especializado na história moderna do México.