Como o deserto do Saara participa do regimeh bettigrechuvas da Amazônia, a 5 mil kmh bettigredistância:h bettigre
Ele é um dos integrantesh bettigreuma equipeh bettigrepesquisadores do Brasil, dos Estados Unidos e da Alemanha que vem desenvolvendo, há uma década, um trabalho que levou à descobertah bettigreque a poeira do deserto ajuda a formar nuvens sobre a Amazônia Central, onde se localiza Manaus, que são responsáveis por cercah bettigre80% das chuvas que caem na região.
Mas como o deserto cria precipitações a milharesh bettigrequilômetrosh bettigredistância?
Segundo Artaxo, o fenômeno ocorre todos os anos. Ele começa com as tempestades no Saara, que levantam toneladash bettigrepoeira e areia. Esse material é transportadoh bettigrelá, por cima do Oceano Atlântico, até a floresta amazônica, numa distância mínimah bettigrepelo menos 5 mil km - entre a parte mais ocidental do deserto e Manaus. "Isso ocorreh bettigrefevereiro a maio, pois, nesta época, a chamada Zonah bettigreConvergência Intertropical (ITCZ, na siglah bettigreinglês), fica ao sulh bettigreManaus, favorecendo o transporteh bettigremassash bettigrear do hemisfério Norte para a Amazônia Central", explica Artaxo.
Ele diz que, para que haja chuva, são necessários três ingredientes básicos: vaporh bettigreágua, condições termodinâmicas ideais e as partículas que servirãoh bettigremeio para que o vapor possa se condensar. "Os grãosh bettigrepoeira do Saara, que também podem ser chamadosh bettigreaerossóis, operam como uma destas partículash bettigreque o vaporh bettigreágua se condensa", explica Artaxo, mencionando a hipótese mais aceita para a explicação do fenômeno.
"Ou seja, eles atuam como núcleosh bettigrecondensaçãoh bettigregelo, fazendo com que gotas líquidas, ao atingirem altas altitudes e temperaturas menores que 10ºC negativos, congelem e formem gotash bettigregelo, que são eficientes no processoh bettigreformaçãoh bettigrechuva na Amazônia."
Artaxo conta que as medidas da concentraçãoh bettigrepartículas do Saara foram feitas na Amazon Tall Tower Observatory (ATTO), ou Torre Altah bettigreObservação da Amazônia, com 325 metros altura, o equivalente a um prédioh bettigre80 andares. Erguida na reserva ambiental do Uatumã, no municípioh bettigreSão Sebastião do Uatumã, a cercah bettigre180 kmh bettigreManaus, é a maior torreh bettigremonitoramento ambiental e atmosférico do mundo. O objetivo dela é coletar dados sobre a interação entre a vegetação e atmosfera.
h bettigre Teste químico
Para testarh bettigrehipótese, os pesquisadores realizaram experimentosh bettigrelaboratório. Parte das partículas coletadas na torre ATTO foi injetadah bettigreuma câmara, na qual é possível simular a formação das nuvens convectivas - nuvens com grandes altitudes verticais, que podem chegar a 15 km da base ao topo, responsáveis chuvas torrenciais e rápidas.
Segundo Artaxo, essa câmara reproduz as condições da atmosfera a até 18 km acima do solo, onde prevalecem as baixas pressões e temperaturas -h bettigreaté 70ºC negativos. Na natureza, é num ambiente parecido que se formam as nuvens convectivas.
A certezah bettigreque a poeira encontrada no local vem do Saara e nãoh bettigreum terreno próximo à torre é dada pelah bettigrecomposição química, mais especificamente, pela presença e proporçãoh bettigrealguns elementos, como alumínio, manganês, ferro e silício. De acordo com Artaxo, a quantidade desses elementos nas partículas coletadas na Amazônia é igual a encontrada na poeira do Saara. "Além disso, há a correlação entre a presença desses aerossóis e o movimento das massash bettigrear", diz. "Isso prova que eles vieram mesmo do deserto africano."
Os cientistas ainda não têm 100%h bettigrecerteza sobre o mecanismo pelo qual os aerossóis do Saara ajudam a formar as nuvens e, por consequência, as chuvas que caem torrencialmente na região. A hipótese mais provável é que o ferro, presente na poeira do deserto, pode funcionar como um suporte, sobre o qual o vapor d'água se condensa, formando núcleosh bettigregelo, que depois se transformamh bettigregotash bettigrechuva.
h bettigre Fertilizante natural
Não são apenas simples grãosh bettigrepoeira, entretanto, que o Saara manda para a Amazônia.
Em 2015, a Nasa, a agência espacial americana, divulgou um estudo segundo o qual todos os anos o deserto envia, junto com o pó, 22 mil toneladash bettigrefósforo, nutriente encontradoh bettigrefertilizantes comerciais e essencial para o crescimento da floresta. É quase a mesma quantidade que a mata produz, com a decomposição das árvores caídas e,h bettigreseguida, perde com as chuvas e inundações.
Segundo o levantamento da Nasa, todos os anos 182 milhõesh bettigretoneladash bettigrepoeira - mais ou menos o equivalente a 690 milh bettigrecaminhõesh bettigreareia - saem do Saara para as Américas do Sul e Central. Desse total, cercah bettigre28 milhõesh bettigretoneladas - ou 105 mil caminhões - caem na Bacia Amazônica, e, junto com elas, o fósforo.
A poeira mais ricah bettigrefósforo vem da depressãoh bettigreBodélé, no Chade, que é um antigo leitoh bettigrelago, hoje seco.
Devido ah bettigregeografia, o local é atingido por constantes e gigantescas tempestades, que levantam a areia, que depois é transportado para o outro lado do Oceano Atlântico. A descoberta é parteh bettigreuma pesquisa maior para compreender o papel da poeira e dos aerossóis no meio ambiente, no clima local e global.
Os pesquisadores da equipe da qual Artaxo faz parte estão agora empenhadosh bettigredescobrir se o aquecimento global pode interferir no fenômeno do transporteh bettigrepoeira do Saara para a Amazônia e, consequentemente, na formação e no volumeh bettigrechuva na região da floresta brasileira.
"Um dos efeitos do aquecimento global é mudar a dinâmica da atmosfera, e o transporteh bettigrelarga escala", diz. "Isso pode, sim, afetar o transporteh bettigrepartículas do Saara para a Amazônia, pois toda a dinâmica atmosférica pode ser alterada". Mas são necessários mais estudos para saber como isso ocorrerá.