'Há um atirador na escola do seu filho': dois massacres que marcaram a vidaglobal bet casinouma mãe nos EUA:global bet casino
"Fiquei repetindo para mim mesmo: 'De novo não,global bet casinonovo não'." Ela parou tudo o que estava fazendo: "Quando acontece, você corre. Você corre". O filhoglobal bet casinoCelia, Christian, estuda na Marjory Stoneman Douglas High School,global bet casinoParkland, na Flórida.
A primeira vez que Celia recebeu um telefonema dizendo que havia um atirador na escola dos filhos foi 12 anos atrás.
Ela e o marido estavam a 80 kmglobal bet casinocasa. "Corremos para chegar aonde ela estava."
Sua filha, Chelsea, tinha 14 anos e a família moravaglobal bet casinoBailey, uma pequena cidade no Estado do Colorado. O massacreglobal bet casinoColumbine,global bet casinoque 13 pessoas haviam sido assassinadas, tinha acontecidoglobal bet casino1999, a apenas uma hora dali.
Quando Chelsea contaglobal bet casinohistória - sobre a qual nunca havia falado publicamente até agora -, ela se mostra angustiada: "O que aconteceu com as outras famílias é pior. Não os ofusque."
Ela está se referindo à famíliaglobal bet casinosua amiga Emily Keyes, uma jovemglobal bet casino16 anos que foi morta no desfecho violentoglobal bet casinoum ataque à escola que frequentavaglobal bet casino2006.
O atirador entrou na Platte Canyon High School com uma arma e uma mochila que dizia estar cheiaglobal bet casinoexplosivos. Ele fez seis meninas refénsglobal bet casinouma salaglobal bet casinoaula. O cerco terminou quatro horas depois, quando oficiais da Swat, unidadeglobal bet casinopolícia especializada dos EUA, abriram um buraco na parede.
De início, Chelsea se escondeu embaixoglobal bet casinouma mesa. Quando a Swat entrou, ela e outros colegas escaparam da sala.
"Quando um homem paramentado dos pés a cabeça, com colete à provaglobal bet casinobalas e uniforme, entra naglobal bet casinosalaglobal bet casinoaula empunhando uma arma e gritando para você sair, você não faz a menor ideia do que pode acontecer com você", ela diz. "Enquanto nós corríamos para fora, víamos membros da Swatglobal bet casinotodos os cantos. Vi um amigoglobal bet casinouma das salas, pálido e paralisado. Ele não conseguia falar."
Assim que Chelsea conseguiu voltar para casa, ela e os pais assistiram aos desdobramentos pela televisão, que mostrava helicópteros e uma multidãoglobal bet casinopoliciais armadosglobal bet casinovolta da escola. "Nós não sabíamos quem eram os reféns, mas nós podíamos deduzir pelos horáriosglobal bet casinoaula quem ainda estaria na escola (no momento do ataque)."
Era difícil conseguir informações precisas. A única opção era assistir à TV para descobrir o que aconteceria com os colegas. "Nós vimos as meninas serem liberadas uma a uma - tinha uma morro próximo da escola, e nós vimos quando elas corriam (para lá) para se salvar."
Após uma pausa, ela continua: "Lembro a imagemglobal bet casinouma maca saindo pela porta da escola e sendo colocadaglobal bet casinoum helicóptero".
O ataque destruiu Celia emocionalmente. "Foi muito, muito difícil. Você começa a pensar: 'Eu não consigo proteger meus filhos'. Foi horrível."
"Tirou a sensaçãoglobal bet casinosegurança que eu esperava que meus filhos tivessem. Um estranho invadiu nossas vidas e fez essa coisa terrível. A impressão eraglobal bet casinoque, se algo assim poderia acontecer ali, onde nossa família poderia estarglobal bet casinosegurança?", afirma.
Ela se consolava com a ideiaglobal bet casinoque o ataque não tinha sido planejado especificamente para a escola da filha. "Todos nós consideramos o episódio um ato aleatórioglobal bet casinoviolência, e não um 'ataque a uma escola'."
Mas ela continuava triste, e isso fez com que se sentisse culpada. "Eu me perguntava o que estava errado comigo, já que eu tinha oportunidadeglobal bet casinoabraçar minha filha." Ela diz que cuidarglobal bet casinouma criança traumatizada tem um preço, mas que ela e o marido conseguiram dar uma criação estável para os filhos. "Nós temos boas relações familiares e os amamos. Não acho que tenha mudado a nossa famíliaglobal bet casinoforma permanente."
Chelsea concluiu o ano escolar e,global bet casino2007, a família saiu do Colorado, voltando para a Flórida, onde estavam as raízesglobal bet casinoCelia e do marido, Jason.
A vida da família continuou e, embora Celia nunca tenha sentido que a tragédia eraglobal bet casinofato uma página virada, ela sempre se sentiu "abençoada". Passados 12 anos, a lei sobre porteglobal bet casinoarmas praticamente não mudou no país. As estatísticas indicam que, entre 2006 e 2018, houve 57 ataques a tirosglobal bet casinomassa nos Estados Unidos. Ainda assim, Celia achava ser impossível que a mesma coisa acontecesse com outroglobal bet casinoseus filhos.
Poucas semanas atrás, porém, Celia voltou a receber um telefonema dizendo que havia um atirador na escolaglobal bet casinoumglobal bet casinoseus filhos.
Christian tem 16 anos e é um jovem quieto. Como é inteligente, Celia e Jason decidiram matriculá-lo na escola Marjory Stoneman Douglas,global bet casinoParkland, na Flórida, por causaglobal bet casinosua boa reputação acadêmica.
O jovem estava na aulaglobal bet casinogastronomia quando ele e os amigos ouviram tiros. A professora, Ashley Kurth, os empurrou para dentroglobal bet casinoum armário. "No começo, nós não levamos a sério, mas fomos ficando cada vez mais calados. Deitei no chão. Não conseguia expressar qualquer sentimento porque tínhamos que permanecerglobal bet casinosilêncio. As pessoas estavam mandando mensagens para os pais, mas eu não, porque tinha esquecidoglobal bet casinocarregar meu telefone."
Após receber a notícia, Celia correu para pegar o carro. Ela chegou o mais próximo possível da escola. "Eu não conseguia obter qualquer informação. Escrevia para ele (Christian) e ele não me respondia", ela conta. "Aquilo me matou. Eu não paravaglobal bet casinopensar: 'Meu filho está vivo? Ela está com medo? Está machucado?'"
Uma barricada bloqueava o acesso dos pais ao local, já que a polícia ainda estava buscando o atirador.
A professoraglobal bet casinoChristian colocou para dentro da sala outros alunos que havia ficado encurralados no corredor. Eles ouviam as atualizações da polícia atravésglobal bet casinoum walkie-talkie. Ela tentava acalmar os adolescentes afirmando que, se o atirador os encontrasse, eles estariamglobal bet casinouma cozinha cercados por facas grandes e afiadas.
Assim comoglobal bet casinoirmã, Christian lembraglobal bet casinoouvir agentes da Swat gritando: "Mãos para cima, deitem-se no chão". Segundo ele, os policiais não tinham como ter certeza sobre quem era o atirador.
Christian viu sangue nas escadas do ladoglobal bet casinofora das salasglobal bet casinoaula. "Nós corremos para a rua. Havia helicópteros, policiais, equipamento militarglobal bet casinotodos os lugares. Deixaram a gente ver nossos pais. Fiquei muito feliz por estar fora da escola, mas depois comecei a ficar cada vez mais triste", conta o estudante.
Enquanto Chelsea se sentiu isolada depoisglobal bet casinopresenciar o ataque emglobal bet casinoescola, Christian teve a "sorte"global bet casinopoder compartilhar seu sentimento com uma irmã que também sobrevivera a um evento traumático.
"Ela me falou que também quis ficar dentro da escola enquanto ocorria (o ataque), que no início, ela se sentia anestesiada. Ela disse que se sentiu muito triste, depois ficou melhor, mas quatro anos depois aquele sentimento ruim voltou. Por todas essas terríveis razões, foi muito bom ter ela por perto. Ela já sabia o que iria acontecer comigo", diz ele.
Para Celia, duas semanas depois do ataqueglobal bet casinoParkland -global bet casinoque o fuzil disparado pelo atirador Nikolas Cruz fez 17 vítimas fatais -, a gratidão por doisglobal bet casinoseus filhos terem sobrevivido a massacresglobal bet casinoescolas já começa a se dissipar, pois ele é momentâneo. Segundo ela,global bet casinoexperiência mostra o que a comunidadeglobal bet casinoParkland deve enfrentar nos próximos anos.
"Pais e crianças machucadas vão terglobal bet casinolidar com seus traumas por um longo tempo. Fico tristeglobal bet casinosaber o que vai acontecer agora", diz ela.
"Estou lutando com a ideiaglobal bet casinoque tenho duas crianças que tiveramglobal bet casinoescaparglobal bet casinotiros. É tão triste ter uma filha que passou por isso e que agora precisa confortar seu irmão que sofreu com a mesma situação."
Celia integra um grupo onlineglobal bet casinopessoas da cidade - recentemente, os membros se perguntaram como milhõesglobal bet casinodólares arrecadosglobal bet casinouma campanha poderiam ajudar na recuperação da comunidade. Afinal, o funeral e as despesas médicas das vítimas serão custeadas pelo município.
"Há custos que eles não podem prever agora. Os pais que não poderão trabalhar por causa das idas ao hospital ou por ter que cuidar das crianças traumatizadas ainda terãoglobal bet casinopagar suas hipotecas. O dinheiro também pode ser usado para o tratamento das crianças, que pode levar anos", ela explica.
Ela já viu uma comunidade lidar com o rescaldoglobal bet casinoum massacre. Embora diga que Bailey,global bet casinoantiga cidade, "se uniuglobal bet casinoum jeito maravilhoso", ela afirma que "processar o que aconteceu levou tempo".
"Nem todas as criançasglobal bet casinoParkland vão ficar bem. Não são todos que vão sair bem deste episódio. Não há uma previsãoglobal bet casinoquanto tempo essa estrada vai durar, e não apenas para as vítimas e famílias", adverte.
Ela conta que muita gente ficouglobal bet casinochoque depois do primeiro ataque do qualglobal bet casinofilha foi testemunha. A família, que achou a cobertura da mídiaglobal bet casinoambos os casos invasiva e traumática, agora quer falar publicamente para pedir o fim dos massacresglobal bet casinoescolas. "Não não somos antiarmas, mas nós somos contra armasglobal bet casinoguerra estarem disponíveis para todos. Nós não podemos falhar com nossas crianças. As pessoas podem não acreditar que nossa família passou por dois ataques, mas não tenho certezaglobal bet casinoque as chancesglobal bet casinohaver outras famílias como a nossa sejam pequenas", diz Celia.
Os adolescentes da escola Stoneman Douglas voltaram às aulas na semana passada, e alguns deles fizeram discursos contra a violência armada. Depois do massacre, o presidente Donald Trump chocou legisladores ao pedir mudanças na leiglobal bet casinoarmas, inclusive um maior controle sobre a vendaglobal bet casinoarmamentos - restrição normalmente criticada por seu partido, o Republicano.
Celia já viveu o cicloglobal bet casinoviolência, a indignação pública e o posteiror retorno à normalidade. Ela quer que o debate não inclua saúde mental nem expansão do acesso a armas por professores, como Trump defendeu inicialmente. "Nada vai mudar até que haja financiamento (de campanhas políticas) que não venha da NRA (Associação Nacionalglobal bet casinoRifles, principal grupoglobal bet casinolobby pró-armas dos EUA e importante doadora a campanhas eleitorais)", diz.
Ela acredita que algo está diferente desta vez. "Essas crianças (sobreviventesglobal bet casinoParkland) têm acesso às redes sociais e são muito articuladas, mas também privilegiadas. As crianças envergonharam os adultos, forçando-os a agir. Eu as amo por isso. Agora elas precisam ir para escola e ser apenas crianças. É nosso dever como adultos, ainda não é tarde", diz.
Na quarta-feira, Chistian voltou para a escola pela primeira vez depois do massacre. "Sei que ele ainda não foi atingido pelo socoglobal bet casinorealidade a que ele eglobal bet casinoescola foram submetidos. É aí que minha experiência com outro tiroteio me deixa triste. Mas isso fará com que eu entenda melhor meu filho quando esse momento chegar", explica Celia.
No dia seguinte, "caiu a ficha"global bet casinoChristian e ele não conseguiu ir à escola.