Doença ameaça dizimar bananas pelo mundo - e uma plantação africana busca a resposta:kgsb bet sign up
A BBC foi o primeiro veículokgsb bet sign upimprensa a ter acesso à fazenda desde que ela foi atingida pela doença. E descobriu que, mais além da devastação, a plantação é um caso emblemático sobre as consequências inesperadas e indesejadas da globalização – e sobre a forma como a solução para esses problemas pode virkgsb bet sign uplugares improvavéis.
Feita a higienização ao entrar na fazenda, visitantes avistam cachos e cachoskgsb bet sign upbanana presos a armaçõeskgsb bet sign upmetal.
De lá, centenaskgsb bet sign upbananas são carregadas para uma áreakgsb bet sign uptratamento anteskgsb bet sign upserem enviadas para o Oriente Médiokgsb bet sign upcontaineres.
Supervisor desse processo, o chefe técnico da fazenda, Elie Matabuana, passa todo o tempo olhando cacho por cacho para checar se eles têm as folhas amareladas e o cheio podre característico das plantas contaminadas.
"Quando acordokgsb bet sign upmanhã, a primeira coisa que penso é: o que posso fazer para acabar com essa doença?", diz ele.
"É uma luta enorme, mas estamos vencendo", agrega, anteskgsb bet sign upse corrigir. "Nós vamos vencer."
Contenção
Matabuana ekgsb bet sign upequipe na fazenda Matanuska lutam uma batalha extremamente difícil. A doença se espalhou rapidamente nos últimos cinco anos.
"Vim para Matanuska pela primeira vez logo após identificarmos o patógeno. Nesse estágio a fazenda ainda era maravilhosa", diz Altus Viljoen, professor da Universidadekgsb bet sign upStellenbosch, na África do Sul. Ele foi o primeiro cientista a confirmar que a doença haviakgsb bet sign upfato se espalhado para além da Ásia.
"Eu sabia que a paisagem (das plantações) iria mudar, mas não tinha ideia do tamanho do golpe,kgsb bet sign upquão severo ele seria."
Hoje, restam apenas 100 hectares das plantaçõeskgsb bet sign upMatanuska. Cercakgsb bet sign updois terços dos 2,7 mil trabalhadores da fazenda foram demitidos, arruinando a economia local.
Conter a doença e encontrar uma variedade resistente se tornaram prioridades urgentes.
Cercakgsb bet sign up500 mil pessoas trabalham na indústria bananeirakgsb bet sign upMoçambique.
'Má sorte'
Países vizinhos como a Tanzânia, a 600 kmkgsb bet sign upMatanuska, também têm a economia extremamente dependente do cultivokgsb bet sign upbanana. Na Uganda e no Congo, as bananas representam 35% da ingestãokgsb bet sign upnutrienteskgsb bet sign upboa parte da população.
E, embora acredite-se que o tipo da fruta cultivado nesses países seja resistente ao fungo, ninguém sabe com certeza.
No Brasil, onde a banana é a fruta mais consumida, a produção chega a 7 milhõeskgsb bet sign uptoneladas anuais, segundo medições oficiais, com papel importante no mercado exportador. E a Embrapa (Empresa Brasileirakgsb bet sign upPesquisa Agropecuária) diz,kgsb bet sign upboletim online, que diversas variedades da fruta são suscetíveis ao Mal do Panamá. A recomendação principal, segundo o órgão, é investirkgsb bet sign upvariedades resistentes ao fungo.
De volta a Moçambique, a chefe da áreakgsb bet sign updoenças botânicas do Ministério da Agricultura local, Antonia Vaz, afirma que "todos os países africanos estão preocupados com o que está acontecendo aqui".
Ela diz que o governo moçambicano implementou medidas para controlar a doença e garantir que ela não se espalhe para o norte. Ela também faz questãokgsb bet sign updizer que a doença não é endêmica no país. O governo acredita que ela tenha vindo das botaskgsb bet sign uptrabalhadores rurais das Filipinas.
"Foi um grande azar", diz ela.
O comérciokgsb bet sign upbanana no mundo movimenta maiskgsb bet sign upU$ 12 bilhões todos os anos - o que torna a fruta a número umkgsb bet sign upvalor e volume.
Não há cura
Em geral, quando quantias bilionárias estãokgsb bet sign uprisco, soluções não são muito difíceiskgsb bet sign upserem encontradas.
Mas o problema na luta contra o Mal do Panamá é a maneira como as bananas são cultivadas hojekgsb bet sign updia.
Embora existam milhareskgsb bet sign uptiposkgsb bet sign upbanana no mundo, a maior parte da produção mundial hoje ékgsb bet sign upbanana cavendish. No Brasil, a come-se o subtipo dawrf cavendish, conhecido por aqui como banana nanica.
Cultivar apenas uma variedadekgsb bet sign upuma plantakgsb bet sign upgrandes monoculturas é uma prática que se tornou cada vez mais comum no mundokgsb bet sign uptodas as variedadeskgsb bet sign upprodutos –kgsb bet sign upárvores madeireiras a frutas.
O problema é que monoculturas são altamente suscetíveis à doenças. O que torna o caso das bananas ainda pior é que as cavendish são estéreis. Novas plantas são produzidas assexuadamente, o que significa que são idênticas à geração mais antiga.
Como elas não são reproduzidas naturalmente, não há seleção natural – o que poderia ajudar no surgimentokgsb bet sign upespécimeskgsb bet sign upbanana resistentes à doença.
A cavendish se tornou a banana mais popular depois que a primeira variedade do fungo do Mal do Panamá dizimou a banana Gros Michel, que até os anos 1950 era a variedade mais comum. Como a cavendish era imune ao fungo, ela passou a ser a mais cultivada.
O problema é que a quarta "geração" do fungo, a TR4, agora ataca a cavendish e outras variedades.
O Fusarium Fungus vive no solo e ataca as raízes anteskgsb bet sign upse espalhar pelo resto da planta. Ele também produz esporos que sobrevivem no solo por décadas, tornando a terra inútil para colheitas não resistentes.
Nova esperança
Diantede um cenário tão lúgebre, por que continuar a plantar bananaskgsb bet sign upMatanuska?
Há dois motivos principais.
Um dele tem a ver com o controle da área. "Se a terra foi simplesmente abandonada e as pessoas se movimentarem por ali, ninguém sabe quem vai carregar a doença e para onde", diz o professor Viljoen.
O outro motivo é a esperançakgsb bet sign upencontrar uma solução.
A americana Tricia Wallace é uma ex-investidora do mercado financeiro que ajudou a conseguir financiamento para a fazenda anos atrás, quando a ideiakgsb bet sign upter uma plantaçãokgsb bet sign upbanana nessa parte do mundo parecia uma loucura, uma miragem no deserto.
Ela diz que nos primeiros anoskgsb bet sign upfuncionamento da fazenda, "pessoas vinhamkgsb bet sign upoutras parteskgsb bet sign upMoçambique e não conseguiam acreditar (no sucesso)".
Ante a devastação causada pelo fungo, Wallace diz que sentiu-se na obrigaçãokgsb bet sign upgarantir que as pessoas não desistissem do projeto e acabou deixando seu trabalho no mercado financeiro para tocar a fazenda.
Agora, ela está investindo pesadokgsb bet sign upum tipokgsb bet sign upbanana cavendishkgsb bet sign upTaiwan, conhecido como banana formosana.
Essa variedade pode ter a resposta para os problemas, e é o que Matanuska precisa para sobreviver.
Até agora os resultados são promissores: 200 hectares da banana formosana estão crescendo na fazenda. E embora algumas das plantas estejam com a doença, elas parecem mais fortes e mais capazeskgsb bet sign uplutar contra ela.
"Se isso der certo, é um grande benefício não só para a indústria bananeirakgsb bet sign upMoçambique, mas para a região como um todo."