De Coreia do Norte nuclear a EUA na contramão, 4 momentos que marcaram a ordem mundialdouble slot2017:double slot
Em menosdouble slotum ano, ele teve tempodouble slotabandonar organizações multilaterais, menosprezar a luta global contra mudanças climáticas e desconfiar do próprio serviçodouble slotinteligência para defender um inimigo histórico do país, alémdouble slotbotar fogo na crise mais importante da região Ásia-Pacífico por meiodouble slotpostagens do Twitter.
Thomas Wright, veterano especialistadouble slotpolítica internacional da Brookings Institution, afirmou, durante a corrida presidencialdouble slot2016, que a disputa entre Hillary Clinton e Donald Trump era a mais importante do mundo desde as eleições que levaram Adolf Hitler ao poder na Alemanha,double slot1932.
"Nenhuma outra eleição teve a capacidadedouble slotacabar completamente com a ordem internacional", escreveu ele no Twitter.
Um ano depois, ele mantém a afirmação:
"Eu acho que,double slotfato, a eleiçãodouble slotTrump marcou uma nova fase da ordem mundial (...) Mas algodouble slotque não estava tão certo é que (Trump) não tem contado com muita gente que o ajudasse a botar suas ideiasdouble slotprática", diz Wright à BBC Mundo.
O anodouble slotTrump, na opinião do analista, tem consistidodouble slotuma "competição" entre "suas ideias visceraisdouble slotpolítica externa e mudanças radicais" e "a burocracia mais tradicional", que o leva a seguir com o que já está estabelecido.
A questão para 2018 é se a equipe que freia a atuação do presidente sai ou continua, avalia Wright, fazendo referência às especulações sobre a permanência do secretáriodouble slotEstado americano, Rex Tillerson, no cargo.
O fato é que, neste momento, várias potências se beneficiam,double slotuma forma oudouble slotoutra, da gestãodouble slotTrump nos Estados Unidos. Entre elas, a Rússia.
2. 'Ciborgues' russos sem fronteiras
Desde a primeira semanadouble slot2017, os serviçosdouble slotinteligência dos EUA vêm reiterando que a Rússia interveio nas eleições presidenciais americanas, favorecendo o então candidato republicano Donald Trump a vencer a disputa.
O país teria manipulado o debate eleitoral por meiodouble slotperfis falsos nas redes sociais, propagando notícias que não eram verdadeiras, as chamadas fake news.
Era o pontodouble slotpartida para um anodouble slotque a suposta interferência russa não teria fronteiras. Houve denúncias do uso da máquinadouble slotdifusãodouble slotnotícias falsas da Rússia até na Espanha,double slotmeio à crise na Catalunha.
O presidente russo, Vladimir Putin, nega todas as acusações.
Mas a "máquina ciborgue" russa desafia "a ordem mundial liberal criada após a Segunda Guerra Mundial", segundo afirma o especialistadouble slotsegurança cibernética James Andrew Lewis, vice-presidente do Centrodouble slotEstudos Estratégicos e Internacional (CSIS, na sigladouble slotinglês)double slotWashington.
Assim como a China e outros países, a Rússia "não está feliz" com o sistema atual e, ao se ver na posiçãodouble slot"vítima", encontrou uma ferramenta muito eficaz para minar as normas democráticas do Ocidente, acrescenta Lewis.
"Criou uma doutrina totalmente nova para criar um conflito entre Estados, e o Ocidente não encontrou uma maneiradouble slotresponder", diz o especialista, fazendo referência às fake news.
Para Lewis, que tem ampla experiência governamental, o êxito desses ciborgues se devedouble slotparte à visão otimista que se tem da internet no Ocidente. Ele prevê uma longa batalhadouble slot2018 para tentar frear essas atividades.
"As pessoas das empresasdouble slottecnologia pensam que (a rede) é uma força democratizadora, mas ignoram suas tremendas consequências negativas (ciborgues, discursosdouble slotódio, anonimato...)."
"A internet foi criada como se tudo se resumisse ao norte da Califórnia, mas o mundo não é assim", diz ele,double slotreferência ao Vale do Silício, coração tecnológico dos Estados Unidos.
3. China pede passagem
Há alguns anos a China vem expandindodouble slotpresença internacional e ganhando vozdouble slotquestõesdouble slotinteresse global. E o presidente Xi Jinping confirmou neste ano que essa tendência continuará.
Em um discurso que marcou a primeira metade do seu mandato, Xi falou sobre suas metas para as próximas décadas. Entre elas, que a China se torne uma "liderança global"double slottermosdouble slotforça nacional e influência internacional até 2050.
Em 2017, ele abriu caminho para tal, com projetos que tentam desenhar uma nova ordem mundial com forte presença asiática.
Alguns exemplos são:
- a nova Rota da Seda, iniciativadouble slotinvestimentos milionáriosdouble slotinfraestrutura, e o banco multilateral próprio, que ganhou apoio internacional, apesar da desconfiança do Japão e dos EUA.
- e o Banco Asiáticodouble slotInvestimentodouble slotInfraestrutura (AIIB, na sigladouble slotinglês).
"A China está tentando mudar a ordem mundialdouble slotalguma forma? Dependedouble slotcomo você defina mudança. Claro que a China está fazendodouble slotparte para tentar redefinir a ordem atual e conseguir colocar suas cartas na mesa", afirma Wang Dong, professordouble slotestudos internacionais na Universidadedouble slotPequim.
Em conversa com a BBC Mundo, Dong lamenta que muitos dos "esforços da China foram ignorados" por "preconceitos ideológicos". Segundo ele, a concepção da ordem mundial como um sistema "liberal", com padrões ocidentais, excluidouble slotcara Pequim.
"Acho que há uma percepção equivocada e problemática (...) Não levadouble slotconta o fatodouble slotque a China tem defendido o sistema atual muito mais do que os Estados Unidos", aponta o professor.
Dong relembra algumas ações polêmicasdouble slotTrump neste ano - como anunciar a saída dos EUA da Unesco, do Acordodouble slotParis e do Acordo Transpacíficodouble slotCooperação Econômica (TPP, na sigladouble slotinglês) -, enquanto Xi Jinping vem assumindo uma posiçãodouble slotlíder da globalização e defensor da luta contra as mudanças climáticas.
4. Um míssildouble slotlongo alcance
Em seu terceiro testedouble slotlançamentodouble slotum míssil balístico intercontinental (ICBM), a Coreia do Norte declarou ter alcançado um marco.
O projétil "pode levar uma ogiva enorme e pesada e é capazdouble slotchegar a todos os territórios continentais dos Estados Unidos", afirmou,double slotnovembro, a apresentadoradouble slottelevisão norte-coreana que costuma ser porta-voz dos principais anúncios do país.
Os especialistas internacionais ainda têm dúvidasdouble slotque Pyongyang realmente tenha desenvolvido a tecnologia necessária para que seus mísseis executem as missões sem problemas. Mas advertem que, com os avanços alcançadosdouble slot2017, estão mais perto desse objetivo.
E, desta forma, vem à tona novamente a ameaça nuclear.
"Eles estão a um passo técnicodouble slotcompletar seu programa nuclear", disse à BBC Mundo Sue Mi Terry, que trabalhou como analistadouble slotassuntos coreanos para a CIA, agênciadouble slotinteligência americana,double slot2001 a 2008, e como conselheira dos governosdouble slotGeorge W. Bush e Barack Obama.
Se Pyongyang se tornar uma potência nuclear, "mudará radicalmente o panorama do Leste Asiático", alerta a especialista.
Terry, que atualmente faz parte do Centrodouble slotEstudos Estratégicos edouble slotSegurança (CSIS, na sigladouble slotinglês),double slotWashington, acredita que o regime norte-coreano provavelmente alcançará seu objetivo no próximo ano, o que deixa os EUA diantedouble slotuma decisão muito difícil:
"Ou convive com a Coreia do Norte como uma potência nuclear ou... a verdade é que não há outra opção."
"A outra saída seria militar, que obviamente teria consequências catastróficas", completa.
Se a Coreia do Norte conseguir entrar no seleto clubedouble slotpotências nucleares, pode fazer com que a Coreia do Sul e o Japão também cogitem se armar.
Em 2018, "o mais provável é que os Estados Unidos continuem a exercer pressão sobre a Coreia do Norte", mesmo que isso não impeça Pyongyangdouble slotalcançardouble slotmeta, ao mesmo tempodouble slotque se recusem a admitir que Kim Jong-un é capazdouble slotlançar um ataque nuclear, avalia Terry.
Ou seja, a previsão édouble slotturbulência.