Por que o númerobetspin casinocrianças hospitalizadas por tentativabetspin casinosuicídio dobrou nos EUA?:betspin casino

Jovem depressivo

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Relatórios evidenciam um crescimento sem precedentes nas tentativas e mortes consumadas por suicídio entre crianças e adolescentes nos EUA

"Minha filha, uma criança linda e talentosa, teve uma overdose ontem e eu sinto vergonha por não tê-la ajudado e protegido suficientemente. Sinto culpa, porque meu trabalho é garantir que a vida dela seja boa e segura. Mas no fundo, muito no fundo, também sei que a vida hoje é incrivelmente difícil para as crianças. As cobranças e expectativas parecem se mover muito rápido para que eles acompanhem, e eles sentem que falharam."

Phyllis fala sobre o filho, um meninobetspin casino15 anos. "Encontrei meu filho no meu quarto,betspin casinooverdose depoisbetspin casinotomar meus remédios. Não consigo pararbetspin casinopensar no que poderia ter acontecido. Não consigo dormir, não consigo comer, e aquela manhã não sai da minha cabeça. Encontrei-o deitado na minha cama, quase sem respirar."

As tragédias se refletem nos resultadosbetspin casinodois relatórios divulgados recentemente nos EUA. Eles chamam atenção para um crescimento sem precedentes nas tentativas e mortes consumadas por suicídio entre crianças e adolescentesbetspin casinotodo o país.

As meninas encabeçam o grupo que mais cresce nesse ranking, evidenciando os impactosbetspin casinoproblemas geralmente associados a adultos - como depressão, ansiedade, bipolaridade e pressão por padrõesbetspin casinobeleza inatingíveis - na saúde mentalbetspin casinoquem ainda frequenta a escola.

Menina com depressão

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Meninas são o grupo mais vulnerável, por causabetspin casinopressão online e padrões idealizadosbetspin casinobeleza e comportamento

Recorde

De acordo com dados divulgados na semana passada pelo Centrobetspin casinoControle e Prevençãobetspin casinoDoenças do governo americano, as mortesbetspin casinomeninas entre 15 e 19 anos por suicídio atingiram um recordebetspin casino40 anos - e dobraram entre 2007 e 2015, com 5,1 casos para cada 100 mil.

O fenômeno atinge também crianças e adolescentes do sexo masculino, cujas mortes ainda acontecembetspin casinomaior número, mas crescembetspin casinoritmo menos acelerado: 30% no mesmo período (são 14,2 casos para cada 100 mil), segundo o órgão oficial.

Em números absolutos,betspin casino2015, foram registrados 524 suicídiosbetspin casinomeninas e 1.537betspin casinomeninos entre 15 e 19 anos.

Outro relatório apresentado recentemente no Encontro Anualbetspin casinoSociedades Pediátricas dos EUA aponta que as internaçõesbetspin casinomenoresbetspin casinoidade por pensamentos ou tentativasbetspin casinosuicídio dobraram entre 2008 e 2015.

O estudo se focoubetspin casinocrianças e adolescentes entre 5 e 17 anos e, novamente, apontou que o grupo que mais registrou aumento nas internações é o das meninas - que atualmente respondem por 2betspin casinocada 3 dos casos.

O suicídio é hoje a segunda principal causabetspin casinomortesbetspin casinocrianças e jovensbetspin casinoidade escolar (12 a 18 anos) nos EUA, ficando atrás apenasbetspin casinoacidentes.

O volume impressiona: a taxabetspin casinosuicídios infanto-juvenis, segundo o governo americano, é maior que a soma das mortes por câncer, doenças cardíacas e respiratórias, problemasbetspin casinonascimento, derrame, pneumonia e febre.

Pressão online

Chefe da alabetspin casinosaúde comportamental do hospital pediátrico Cook Children's, no Texas, a psicóloga Lisa Elliott diz que os dados recém-revelados "são absolutamente dolorosos, mas não são uma surpresa".

"Nós precisamos tirar os estigmas da saúde mental", diz a PhD, alertando para a incidência dos quadros entre menoresbetspin casinoidade, e não só entre adultos. "Problemasbetspin casinosaúde mental têm que ser vistos pelos pais como qualquer doença, da mesma maneira que os problemasbetspin casinocoração são."

Menina usando celular

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Redes sociais acabam tendo impacto negativo sobre a autoestimabetspin casinomeninas, aumentando seu isolamento

Em coro com outros especialistas, ela afirma que o quadro se agrava pelo uso irresponsávelbetspin casinoredes sociais, que pode gerar competitividade e uma busca por padrõesbetspin casinobeleza e desempenho.

"As redes podem ter impacto negativo sobre a autoestima das meninas e isso aumenta o isolamento delas", avalia Elliott. "Quando notam que não têm uma vida tão perfeita ou glamourosa quanto abetspin casinooutros, elas concluem que 'algo anormal ou errado está acontecendo comigo'."

Segundo a psicóloga, a sensaçãobetspin casinoinvisibilidade nas redes impulsiona práticas ligadas ao bullying entre jovensbetspin casinoambos os sexos.

"O anonimato traz uma desumanização, uma perdabetspin casinoempatia pelos outros, especialmente aqueles diferentesbetspin casinonós. Assim perdemos a capacidadebetspin casinorespeitar as opiniões diferentes, o que infelizmente resultabetspin casinomais bullying e mais isolamento."

À BBC Brasil, Eileen Kennedy-Moore, psicóloga e autorabetspin casinodiversos livros sobre saúde mental infantil, diz que não faz sentido proibir o acesso a redes sociais ("os celulares e tablets estão aí, não há como lutar contra isso"), mas que os pais precisam colocar "limites sensatos" na relação entre seus filhos e aparelhos eletrônicos.

"Adolescentes e crianças sempre tiveram a sensaçãobetspin casinouma audiência imaginária,betspin casinoque todos estão sempre olhando para eles", conta a especialista, que vive e trabalhabetspin casinoNova York.

"Com as redes sociais, a experiênciabetspin casinoser vigiado e julgado o tempo todo aumenta", avalia.

Segundo Kennedy-Moore, os aparelhos eletrônicos "também precisam ser colocados para dormir, já que nadabetspin casinobom acontece nesses telefones depois da meia-noite".

"As relações online podem ser uma fontebetspin casinoapoio e conforto. Pacientesbetspin casinocâncer, por exemplo, encontram gruposbetspin casinoapoio na internet que são maravilhosos", diz Moore. "Mas amizades online não podem substituir as amizades cara a cara, e os pais precisam prestar atenção nisso."

Economia e 'contágio'

Daniel J. Reidenberg, diretor do Conselho Nacional para Prevençãobetspin casinoSuicídios, alerta para outras raízes associadas ao aumento dos suicídios infanto-juvenis.

"Há uma pressão extrema sobre esse grupo por competição, ambições e preocupações com o futuro", diz.

"Crises econômicas também têm impacto, uma vez que alguns jovens se sentem um fardo para as famílias. Jogos, vídeos, TV e filmes também influenciam muito as mentes dos jovens. Outra chave para a questão são outros suicídios a que esses jovens expostos. O contágio do suicídio é real, e os jovens são particularmente sensíveis a ele", diz o especialista à BBC Brasil.

Segundo Lisa Elliott, enquanto meninos que tentam cometer suicídio apelam para métodos mais violentos, como o usobetspin casinoarmas, os casosbetspin casinomeninas são normalmente associados ao excessobetspin casinosubstâncias controladas e drogas ilícitas.

"Adolescentes não entendem completamente as drogas que estão ingerindo e suas potenciais consequências. Isso pode resultarbetspin casinooverdoses acidentais", alerta.

De acordo com os entrevistados, os pais que buscam ajuda profissional normalmente contam que encontraram menções a suicídio nos telefones ou cadernos dos filhos, ou perceberam mudançasbetspin casinocomportamento, como isolamento e afastamento dos amigos, irritabilidade, problemasbetspin casinosono ebetspin casinonotas escolares e faltabetspin casinointeressebetspin casinoatividades que antes agradavam.

Pai e filho

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Presença dos pais na vida dos filhos é estratégia mais eficaz para detectar pensamentos suicidas, e referências ao tema no noticiário podem servir como oportunidade para conversas

"A tentativa mostra muitas vezes que as crianças querem dizer que estão muito bravas ou tristes, mas não sabem como articular isso", avalia Kennedy-Moore. "E muitas pesquisas mostram que a maioria dos que tentam se suicidar acaba se arrependendo do ato."

Para Elliott, os dados apontados pelas pesquisas não devem ser ignorados pelos pais - cujo maior erro costuma ser achar que histórias como as que abrem esta reportagem nunca acontecerão com pessoas próximas.

As referências a suicídios no noticiário, segundo a especialista, podem servir como oportunidade para conversas sobre o tema entre pais e filhos.

"Pergunte a eles por que acham que isso está acontecendo e se sentem algo semelhante", diz. "Assim, você pode descobrir muito sobre o que eles ou seus amigos estão vivendo."

A presença dos pais nas vidas das crianças e jovens é a estratégia mais eficaz, segundo os entrevistados.

"Muitas vezes, nós enchemos a agenda dos nossos filhos com atividades porque pensamos que é saudável, quando seria melhor ter mais tempo com relações humanas saudáveis e realmente gastar tempobetspin casinofamília com qualidade, sem dispositivos eletrônicos", afirma Elliott.