Como turistas viraram uma ameaça à cidadearbety'Game of Thrones':arbety
Esse local já resistiu a terremotos e às bombas lançadas na guerra pela independência da Croácia, no início dos anos 1990. Agora, precisa lidar com um volume insustentávelarbetyturistas que chegam à cidade na alta temporada,arbetyjunho a setembro, atraídos também por conhecer a locaçãoarbetysua série preferida.
"A Cidade Velha foi um dos primeiros locais eleitos como patrimônio da humanidade. Antes, não havia tanto turismo, mas, recentemente, houve um grande aumento, especialmente por causa dos cruzeiros, que são cada vez maiores", diz Mechtild Rössler, diretora do CentroarbetyPatrimônio Mundial da Unesco.
Quantidade x qualidade
Na última década, o númeroarbetyvisitantes mais do que dobrou:arbety473,9 milarbety2006 para 1,01 milhão no ano passado, dos quais 748,9 mil vieram dos 529 cruzeiros que passaram pela cidade. Dois anos antes, eram 463 embarcações.
No períodoarbetymaior procura, Dubrovnik, que tem 42 mil habitantes, chega a ter 25 mil turistas hospedados. A Unesco está trabalhando junto às autoridades locais para desenvolver formasarbetygerenciar melhor tantos visitantes.
Em janeiro, o então prefeito Andro Vlahusić anunciou um plano. Foram instaladas câmeras para monitorar a entrada e saídaarbetyvisitantes da Cidade Velha e estabelecido um limite máximoarbety8 mil pessoas presentes ali simultaneamente.
"Queremos qualidadearbetyvezarbetyquantidade", diz o novo prefeito, Mato Franković, que fez carreira na indústriaarbetyturismo e assumiu o cargoarbetyjunho. Ele diz que o monitoramento já permitiu compreender que a superlotação se dá normalmente entre 8h e 14h,arbetyespecial às terças, sextas e sábados.
Franković explica que ainda serão colocadasarbetyprática medidas para reduzirarbetyseis para dois o númeroarbetynavios que chegam diariamente e estabelecer horáriosarbetyentrada para excursões, que precisarão ser reservados com antecedência.
"Em vez do limitearbety8 mil pessoas recomendado pela Unesco, queremos no máximo 4 mil pessoas na Cidade Velhaarbetyqualquer momento", diz o prefeito.
"Dubrovnik é uma das cidades mais bonitas do mundo, e muita gente quer visitá-la. Todos são bem-vindos, mas, se o limite for ultrapassado, será preciso virarbetyoutro dia ou horário."
Efeito 'Disneylândia'
De fato, o centro histórico da cidade croata e seu labirintoarbetyvielas medievais é singular. Tem ruasarbetymármore liso e macio que reluzem com o sol durante o dia e, à noite, brilham na cor âmbar das lumináriasarbetybares e restaurantes.
No fimarbetytarde, a revoadaarbetyandorinhas que toma os céus da cidade nos mesesarbetycalorarbetymeio ao pôr do sol cria uma aura quase mágica.
Mas os impactos do turismo podem ser sentidos por quem a visita entre a primavera e o verão do Hemisfério Norte, algo que já rende má fama a Dubrovnik.
Ao planejar uma viagem à Croácia, fui advertido por maisarbetyuma pessoa sobre o problema. "Tem tanta gente que nem vou para lá", me disse uma turista francesaarbetySplit, cidade mais ao norte na costa croata.
O excessoarbetyvisitantes gera um efeito "Disneylândia". É comum cruzar com excusões enormes. As ruas estreitas ficam lotadas, e parece haver nelas só visitantes - alémarbetyvendedores, guias turísticos e funcionáriosarbetyhotéis e restaurantes.
Hoje, há pouco maisarbety1 mil pessoas vivendo na Cidade Velha. Eram cercaarbety5 mil moradores no início da décadaarbety1990, mas eles venderam suas casas ou as transformaramarbetyacomodações.
"Quando cheguei aqui", diz Mark Thomas, editor do jornal The Dubrovnik Times, "eu parava para não passar na frente das pessoas que estavam tirando fotografias. Agora, são tantas que eu não conseguiria chegar a lugar nenhum se continuasse a fazer isso."
Game of Thrones tornou-se uma presença difícilarbetyignorar no centro histórico.
A série passou a ser gravada na cidadearbety2011. Atualmente, há lojas inteiras dedicadas ao programa da emissora HBO, e fãs da série fazem tours para conhecer pessoalmente onde foram gravadas cenas-chave, como a escadaria da Caminhada da Vergonha da rainha Cersei, o local do Casamento Púrpura no qual o rei Joffrey morre envenenado e o porto onde se deu a Batalha da BaíaarbetyBlackwater.
Ruína ou exagero?
O jornal britânico The Telegraph declarouarbetyuma reportagem recente a "mortearbetyDubrovnik", dizendo que superlotação "arruinou" a cidade conhecida como "Pérola do Adriático".
A reportagem cita o alerta da Unesco ao mencionar que o statusarbetypatrimônio histórico da cidade estaria sendo revisto, algo que o organismo internacional nega.
"Até hoje, isso só ocorreu duas vezes, quando os danos aos locais fizeram com que perdessem seu valor histórico", afirma Rössler.
"Há muitas etapas até algo assim ocorrer, e a primeira delas é o alerta, mas não vejo isso acontecendo com Dubrovnik no momento."
Romana Vlasić, diretora do conselhoarbetyturismo da cidade, acredita que esse sinal amarelo chegaarbetyboa hora, para fazer a cidade parar e refletir sobre seu sucesso.
"Estamos no nosso limite. Ninguém se sente confortávelarbetyandararbetyuma multidão."
Uma estratégia adotada é promover a cidadearbetyoutras épocas do ano, fora da alta temporada. "Temosarbetyorganizar melhor os visitantes, ajustar o cronogramaarbetycruzeiros, ter navios menores e rever a construçãoarbetyhotéis, porque mais quartos trarão mais gente", afirma Vlasic.
"Só assim seremos capazesarbetymostrar nosso melhor."
É uma questão delicada para uma cidadearbetyque 70% da economia giraarbetytorno do turismo. O prefeito diz que, por isso, restrições ao turismo demandam cuidado, mas são inevitáveis.
"No curto prazo, vão haver impactos para todos, mas, no futuro, isso vai fazer as pessoas que hoje evitam ou passam rapidamente pelo centro histórico ficarem mais tempo por lá", afirma Franković, para quem as notícias sobre a ruínaarbetyDubrovnik são um exagero.
"Estamos cientesarbetyque temos um pequeno problema e estamos buscando resolvê-lo. Dubrovnik resiste a adversidades há séculos. Ninguém nunca a destruiu nem o fará."