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Ensinojogo mais facil da betanoHistóriajogo mais facil da betanoPortugal perpetua mito do 'bom colonizador' e banaliza escravidão, diz pesquisadora:jogo mais facil da betano
Além disso, segundo Araújo, "persiste até hoje a visão românticajogo mais facil da betanoque cumprimos uma missão civilizatória, ou seja,jogo mais facil da betanoque fomos bons colonizadores, mais benevolentes do que outros povos europeus".
"A escravatura não ocupa maisjogo mais facil da betanoduas ou três páginas nesses livros, sendo tratadajogo mais facil da betanoforma vaga e superficial. Também propagam ideias tortuosas. Por exemplo, quando falam sobre as consequências da escravatura, o único país a ganhar maior destaque é o Brasil e mesmo assim para falar sobre a miscigenação", explica.
"Por trás disso, está o propósitojogo mais facil da betanodestacar a suposta multirracialidade da nossa maior colônia que, neste sentido, seria um exemplo do sucesso das políticasjogo mais facil da betanomiscigenação. Na prática, porém, sabemos que isso não ocorreu da forma como é tratada", questiona.
Araújo diz que "nada mudou" desde 2012 e argumenta que a faltajogo mais facil da betanocompreensão sobre o assunto traz prejuízos.
"Essa narrativa gera uma sériejogo mais facil da betanoconsequências, desde a menor coletajogo mais facil da betanodados sobre a discriminação étnico-racial até a própria não admissãojogo mais facil da betanoque temos um problemajogo mais facil da betanoracismo", afirma.
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'Vítimas passivas?'
Para realizar a pesquisa, Araújo contou com a ajudajogo mais facil da betanooutros pesquisadores. O foco principal foi a análise dos cinco livros didáticosjogo mais facil da betanoHistória mais vendidos no país para alunos do chamado 3º Ciclo do Ensino Básico (12 a 14 anos), que compreende do 7º ao 9º ano.
Além disso, a equipe também examinou políticas públicas, entrevistou historiadores e educadores, assistiu a aulas e conduziu workshops com estudantes.
Em um deles, as pesquisadoras presenciaram uma cena que chamou a atenção, lembra Araújo.
Na ocasião, os alunos ficaram surpresos ao saberjogo mais facil da betanorevoltas das próprias populações escravizadas. E também sobre o verdadeiro significado dos quilombos ─ destino dos escravos que fugiam, normalmente locais escondidos e fortificados no meio das matas.
"Em outros países, há uma abertura muito maior para discutir como essas populações lutavam contra a opressão. Mas, no caso português, os alunos nem sequer poderiam imaginar que eles se libertavam sozinhos e continuavam a acreditar que todos eram vítimas passivas da situação. É uma ideia muito resignada", diz.
Araújo destaca que nos livros analisados "não há nenhuma alusão à Revolução do Haiti (conflito sangrento que culminou na abolição da escravidão e na independência do país, que passou a ser a primeira república governada por pessoasjogo mais facil da betanoascendência africana)".
Já os quilombos são representados, acrescenta a pesquisadora, como "locais onde os negros dançavamjogo mais facil da betanoum diajogo mais facil da betanofesta".
"Como resultado, essas versões acabam sendo consensualizadas e não levantam as polêmicas necessárias para problematizarmos o ensino da História da África."
'Visão romântica'
Araújo diz que, diferentementejogo mais facil da betanooutros países, os livros didáticos portugueses continuam a apregoar uma visão "romântica" sobre o colonialismo português.
"Perdura a narrativajogo mais facil da betanoque nosso colonialismo foi um colonialismo amigável, do qual resultaram sociedades multiculturais e multirraciais - e o Brasil seria um exemplo", diz.
Ironicamente, contudo, outras potências colonizadoras daquele tempo não são retratadasjogo mais facil da betanoigual forma, observa ela.
"Quando falamos da descoberta das Américas, os espanhóis são descritos como extremamente violentos semprejogo mais facil da betanocontraste com a suposta benevolência do colonialismo português. Já os impérios francês, britânico e belga são tachadosjogo mais facil da betanoracistas", assinala.
"Por outro lado, nunca se fala da questão racialjogo mais facil da betanorelação ao colonialismo português. Há despolitização crescente. Os livros didáticos holandeses, por exemplo, atribuem a escravatura aos portugueses", acrescenta.
Segundo ela, essa ideia da "benevolência do colonizador português" acabou encontrando eco no luso-tropicalismo, tese desenvolvida pelo cientista social brasileiro Gilberto Freire sobre a relaçãojogo mais facil da betanoPortugal com os trópicos.
Em linhas gerais, Freire defendia que a capacidade do portuguêsjogo mais facil da betanose relacionar com os trópicos ─ não por interesse político ou econômico, mas por suposta empatia inata ─ resultariajogo mais facil da betanosua própria origem ética híbrida, dajogo mais facil da betanobicontinentalidade e do longo contato com mouros e judeus na Península Ibérica.
Apesarjogo mais facil da betanorejeitado pelo Estado Novojogo mais facil da betanoGetúlio Vargas (1930-1945), por causa da importância que conferia à miscigenação e à interpenetraçãojogo mais facil da betanoculturas, o luso-tropicalismo ganhou força como peçajogo mais facil da betanopropaganda durante a ditadura do português Antóniojogo mais facil da betanoOliveira Salazar (1932-1968). Uma versão simplificada e nacionalista da tese acabou guiando a política externa do regime.
"Ocorre que a questão racial nunca foi debatidajogo mais facil da betanoPortugal", ressalta Araújo.
'Sem resposta'
A pesquisadora alega que enviou os resultados da pesquisa ao Ministério da Educação português, mas nunca obteve resposta.
"Nossa percepção é que os responsáveis acreditam que tudo está bem assim e que medidas paliativas, como festivais culturais sazonais, podem substituir a problematizaçãojogo mais facil da betanoum assunto tão importante", critica.
Nesse sentido, Araújo elogia a iniciativa brasileirajogo mais facil da betano2003 que tornou obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e indígenajogo mais facil da betanotodas as escolas, públicas e particulares, do ensino fundamental até o ensino médio.
"Precisamos combater o racismo, mas isso não será possível se não mudarmos a forma como ensinamos nossa História", conclui.
Procurado pela BBC Brasil, o Ministério da Educação português não havia respondido até a publicação desta reportagem.
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