Projetobpl betlei quer permitir que médicos receitem casas para sem-teto nos EUA:bpl bet

Sem-teto dormingo na grama no Havaí

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Legenda da foto, Sem-teto dormem perto da renomada praia havaianabpl betWaikiki: estado tem a maior populaçãobpl betrua per capita nos EUA

"Há maisbpl bet500 mil pessoas dormindo nas ruas todas as noites nos Estados Unidos. Eu sei que há uma crise semelhante no Brasil, onde há um problema grandebpl betpobreza, como o que nós temos nos nossos centros urbanos. Ou criamos um novo modelo, ou vamos continuar vendo os mesmos programas falhos, sempre insuficientes e ineficazes."

Joshua Greenbpl betmesa-redonda no Havaí

Crédito, Joshua Green

Legenda da foto, Green (centro) argumenta que projeto é também justificável sob o pontobpl betvista econômico

A proposta, que destinaria verbas do sistemabpl betsaúde para a construçãobpl betmoradias, despertou atençãobpl betprefeitos e governadores por todos os EUA, alémbpl betespecialistas na Espanha e no Reino Unido.

Porém, após conseguir aprovação unânime no Senado Estadual, o projetobpl betlei ainda enfrenta resistência na Câmara dos Deputados, e corre o riscobpl betser alterado nos próximos meses - ou engavetado até 2018.

Estudo

Além da experiência pessoalbpl betGreen como médicobpl bethospitaisbpl betemergênciabpl betHonolulu, a capital havaiana, a proposta se baseiabpl betum estudo divulgado pelo governo local no ano passado.

Uma pesquisa comparou a quantidade e os preços dos serviçosbpl betsaúde oferecidos a um mesmo grupobpl betpessoasbpl betduas situações distintas - enquanto vivia nas ruas, e após 6 meses morandobpl betapartamentos alugados pelo governo.

Depois da ofertabpl betmoradia, a quantidadebpl bettratamentosbpl betsaúde pública requisitados pelo grupo caiu pela metade, gerando economiabpl bet43% - enquanto os pacientes apresentaram resultados melhoresbpl betexames e consultas.

"Como médico, posso te dar 50 exemplosbpl betsem-teto que vinham para o pronto-socorrobpl betnovo ebpl betnovo sem se curar. Os dados mostram que isso não aconteceria se elas tivessem um lar", diz Green.

Homem sem-teto pertobpl bethotelbpl betHonolulu, a capital do Havaí

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Legenda da foto, Custobpl betmoradia no Havaí é o maior entre os 50 estados americanos

Mais conhecido internacionalmente pelas praias, ondas perfeitas e camisas floridas - até políticos ostentam malhas estampadas com hibiscosbpl betreuniões oficiais -, o Havaí é o estado americano com mais moradoresbpl betrua per capita - 505 para cada 100 mil habitantes - na Califórnia, por exemplo, o total ébpl bet302 para cada 100 mil moradores.

Entre as causas dos altos índices havaianos estão a pouca ofertabpl betemprego e os preços altos dos aluguéis no mercado imobiliário - o Havaí também ocupa o topo no rankingbpl betcustobpl betmoradia entre os 50 Estados americanos (o aluguel mensalbpl betum apartamentobpl betum quarto custabpl betmédia US$ 1.800, ou aproximadamente R$ 6.100).

Em 2017, segundo o governo do Estado, o totalbpl betmoradoresbpl betrua caiu discretamente pela primeira vezbpl betsete anos - mas o problema ainda é um desafio sem resposta fácil para o governo local.

Resistência

"Este projetobpl betlei é um dos raros exemplosbpl betque conservadores e progressistas concordam que vale a pena ajudar as pessoas e, ao mesmo tempo, economizar", diz Green à BBC Brasil, afirmando que a proposta prioriza os direitos humanos e a saúde das finanças públicas.

Há, entretanto, quem discorde da abordagem. Entre os críticos está o deputado do Partido Republicano Bob McDermott, para quem a medida "distorce a questão".

Homem sem-tetobpl betpraiabpl betMiami, outra cidade americana com grande populaçãobpl betrua

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Legenda da foto, Projetobpl betlei prevê que verbas economizadas na saúde sejam destinadas à habitação

"Existe uma parcela da populaçãobpl betrua que tem claramente problemas médicos, como os usuáriosbpl betdrogas e os que têm distúrbios mentais", disse McDermott à imprensa local.

"Mas classificar todos eles desta maneira (como doentes) parece apenas uma forma criativabpl betcaptar dinheiro público (para a construçãobpl betcasas), completou.

Green, porém, diz que a questão é mais complexa.

"Há várias condiçõesbpl betsaúde que a populaçãobpl betsituaçãobpl betrua enfrenta com mais dificuldade que os demais", diz Green.

"Os dados mostram que, quando as pessoas têm uma casa estável, elas têm uma relação mais estável com seus médicos e são mais receptivas a tratamentos. Elas também lidam melhor com remédios quando têm um lugar para guardá-los. Uma casa também significa um lugar estável onde estas pessoas podem ser encontradas, onde assistentes sociais podem atendê-las, onde médicosbpl betsaúde da família podem examiná-las com regularidade", afirma.

Mas o eleitorado mais conservador também discorda da proposta.

"Definir a faltabpl betmoradia como condição médica é só mais um exemplo da culturabpl bet'Estado-mãe' que foi amplamente rejeitada nas últimas eleições", comentou um moradorbpl betum sitebpl betnotíciasbpl betHonolulu.

"Em vezbpl betdepender do Estado, essas pessoas precisam trabalhar", afirmou outro.

Sem-teto dormindobpl betbanco, coberto pela bandeira americana

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Legenda da foto, População sem teto, segundo estudos, consome parte substancialbpl betorçamentobpl betsaúde para cidadãos mais pobres nos EUA

O autor da proposta, entretanto, diz que a prescriçãobpl betmoradia para moradoresbpl betrua atenderia a "critérios objetivos, como e tempobpl betrua e exames clínicos", e precisaria ser referendada por uma segunda avaliação dos órgãosbpl betassistência social.

"Assim os hospitais serão aliviados, a violência nas ruas vai diminuir e o dinheiro dos impostos dos cidadãos vai ser mais bem investido", afirmou Green.

E quem não quiser sair das ruas?

"Sim, há muita gente que não vai aceitar, não importa quanta ajuda oferecermos. Mas também sabemos que muita gente quer, especialmente as (pessoas) que têm filhos. Não esperamos 100%bpl betsucesso", diz o médico.

"Mesmo se tivermos sucesso parcial, ainda assim economizaremos milhõesbpl betdólares. Esse dinheiro poderá ser investidobpl betprogramas para a populaçãobpl betgeral e também para aqueles que não participarem, seja por meiobpl betabrigos públicos, ajuda contra violência ou, que seja, apenas comida", afirmou.

Green conta que a ideia do projetobpl betlei surgiu enquanto atendia uma moradorabpl betrua durante um plantão médicobpl betum hospitalbpl betHonolulu.

"Eu estava atendendo uma moça que aparecia sempre no hospital. Ela havia sofrido abuso do companheiro e estavabpl betcrise nervosa. Em dado momento, a bolsa dela caiu da mesa, uma facabpl bet30 centímetros apareceu. Ela ficou envergonhada, pediu desculpas. Como a conhecia bem, perguntei porque ela tinha aquela faca. Ela disse que precisava da faca porque tinha medo do que pode acontecer na rua."

"Essa mulher não precisava apenasbpl betajuda médica tradicional. Ela tinha vindo ao hospital muitas vezes nas semanas e meses anteriores,bpl bettodas o atendimento havia sido bastante caro, mas não trouxe nenhuma solução", disse Green. "O que ela precisava era uma casa."