Jovens denunciam tortura e violência sexualcaça níqueis mais recentesrepressão a protesto na Venezuela:caça níqueis mais recentes

Ilustraçãocaça níqueis mais recentespreso
Legenda da foto, Presos expressaram sentimentocaça níqueis mais recentesterror, medo e vulnerabilidade absoluta

A mais recente ondacaça níqueis mais recentesmanifestações contra o presidente começou há quase três meses. E, até 15caça níqueis mais recentesjunho, foram registradas maiscaça níqueis mais recentes3.200 prisões,caça níqueis mais recentesacordo com o Foro Penal, ONG venezuelana que oferece assistência gratuita aos presos.

Ilustraçãocaça níqueis mais recentesmanifestante
Legenda da foto, Violaçõescaça níqueis mais recentesdireitos humanos pelas forçascaça níqueis mais recentessegurança são condenadas por organizações internacionais

Durante essas prisões, houve diversas denúnciascaça níqueis mais recentestortura, agressão, abuso e violação dos direitos humanos e da lei vigente por parte das forças policiais do Estado.

Os excessos - muitos dos quais registradoscaça níqueis mais recentesfotos e vídeos - foram condenados inclusive pelo ministro da Defesa, Vladimir Padrino López.

"Não quero ver nenhum policial cometendo atrocidades na rua. Os oficiais que não tiverem um comportamento condizente com os princípios da instituição devem responder por seus atos", disse López no dia 6caça níqueis mais recentesjunho.

A BBC entroucaça níqueis mais recentescontatocaça níqueis mais recentesmeadoscaça níqueis mais recentesmaio com o Ministério Público (MP) e a Polícia Nacional Bolivariana (PNB), por telefone e por e-mail, para falar sobre as denúncias. O MP informou que, no momento, não estava concedendo entrevistas. A PNB, porcaça níqueis mais recentesvez, não tinha respondido até o momento da publicação desta reportagem.

Violência sexual

"O que está acontecendo na Venezuela não tem precedentes na história recente do país, é muito preocupante", disse à BBC Erika Guevara, diretora da Anistia Internacional para as Américas.

"É uma das piores crisescaça níqueis mais recentesviolação dos direitos humanos no continente, devido à gravidade dos fatos, à sistemática dos mesmos, à faltacaça níqueis mais recentesindependência dos Poderes e à impunidade que existe", acrescenta.

Ordem judicial

Crédito, Martín Ríos

Legenda da foto, Após denúnciacaça níqueis mais recentesestupro feita por um dos presos, juiz solicitou exame médico

Os 10 jovens foram separados na prisão. "E com um deles (cuja identidade será preservada) fizeram algo absurdo e dantesco", disse Ríos.

Segundo ele, o jovem foi obrigado a se ajoelhar e teve os braços imobilizados, amarrados com um cabo na altura dos pulsos.

"Colocaram gáscaça níqueis mais recentespimenta e um capuz na cabeça dele. Em seguida, baixaram seu short e introduziram um tubo no seu reto", conta o advogado.

De acordo com Ríos, os outros presos não presenciaram o ato, mascaça níqueis mais recentesacordo com seus testemunhos, ouviram-no gritar, chorar e pedir ajuda.

O caso do jovem,caça níqueis mais recentes19 anos, está sendo investigado pelo Ministério Público.

A BBC teve acesso ao processocaça níqueis mais recentesque o episódio é relatado e constatou a existênciacaça níqueis mais recentesum documento no qual o juiz do caso pediu que a vítima fosse submetida com urgência a um exame médico.

Ríos garante que os exames confirmaram a violação. E explica que os resultados foram enviadoscaça níqueis mais recentessigilo ao tribunal e constam no processo e investigações do caso.

"Em casoscaça níqueis mais recentestortura, as denúncias feitas nas atas oficiais são provas conclusivas", diz à BBC Alfredo Romero, diretor da ONG Foro Penal.

Homem ferido

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Incidentescaça níqueis mais recentesabuso têm sido documentadoscaça níqueis mais recentesfotos e vídeos

Liliana Ortega, diretora do Comitêcaça níqueis mais recentesFamiliarescaça níqueis mais recentesVítimas (Cofavic), concorda:

"Esse crime procura não deixar rastros. Oficiaiscaça níqueis mais recentesregimes ditatoriais foram condenados, embora nenhuma evidência tenha sido coletada quando os atos ocorreram. A responsabilidadecaça níqueis mais recentesprovar o que aconteceu - ou não - cabe ao Estado, segundo termos das convenções internacionais para investigar casoscaça níqueis mais recentestortura, como o Protocolocaça níqueis mais recentesIstambul", afirma Ortega.

Homem preso

Crédito, Isaac Paniza

Legenda da foto, Homem é detido por policiais na Venezuela

O caso do jovem detidocaça níqueis mais recentesAragua não é isolado.

"Em 70% dos casos registrados, houve algum tipocaça níqueis mais recentesabuso sexual: os detentos ficaram nus, foram tocados, obrigado a ficarcaça níqueis mais recentesposições mostrando suas partes íntimas e alguns foram vítimascaça níqueis mais recentesestupro", diz à BBC o advogado Tamara Suju, diretor da Casla, centrocaça níqueis mais recentesestudos para a América Latina com sede na República Tcheca, que analisa as democracias na região.

Suju entrou com ação no Tribunal Penal Internacional,caça níqueis mais recentesHaia, na Holanda, contra o governo venezuelano, acusadocaça níqueis mais recentescometer atoscaça níqueis mais recentestortura sistemática, o que constitui crime contra a humanidade.

Golpes

Outro aspecto que expõe os abusos a que são submetidos os presos detidos nas manifestações é o uso excessivo da força por parte da polícia no momento da prisão. Não são poucos os casos registrados.

"Senti o primeiro golpe na cabeça, me deram uma coronhada com um rifle," disse à BBC Carmen Ángel,caça níqueis mais recentes21 anos, que moracaça níqueis mais recentesBarinas.

"Eles começaram a puxar meu cabelo e chutar meus joelhos, enquanto batiam na minha cabeça. Foi uma sequênciacaça níqueis mais recentesgolpes. Uma das mulheres da polícia me deu um soco no rosto. Eu gritava e chorava ... tive tanto medo que urinei", completou.

Carmen Ángel no hospital

Crédito, Carmen Ángel

Legenda da foto, Carmen Ángel precisou levar pontos na cabeça e teve fraturas nos dedos

Ela conta que sangrava muito e, por isso, foi encaminhada ao hospital. Chegou algemada e permaneceu assim o tempo todo. Os policiais disseram aos médicos que as lesões foram resultadocaça níqueis mais recentesuma queda.

"Me advertiram para não falar nada, mas pedi ajuda com o olhar e o médico percebeu. Se não fosse pela equipe médica, que impediu a políciacaça níqueis mais recentesme levar do hospital, a história teria sido diferente", afirmou.

Como consequência do espancamento, que aconteceu no dia 11caça níqueis mais recentesabril, a jovem teve fraturas nos dedos e vários ferimentos na cabeça, que precisaramcaça níqueis mais recentessutura. Ela sofreu vertigem durante um mês e, quando ocorreu o incidente, ela estava tão tonta que não conseguia ficarcaça níqueis mais recentespé sem segurar na parede.

Munição para caçar animais

Andrés, estudante universitáriocaça níqueis mais recentes21 anos, foi encaminhado ao hospital no dia 18caça níqueis mais recentesmaio com nove projéteiscaça níqueis mais recenteschumbocaça níqueis mais recentessuas costas. Os médicos foram incapazescaça níqueis mais recentesextrair as balas, usadas para caçar animais, porque estavam entranhadas dentro do músculo do rapaz.

Segundo ele, os disparos foram feitos à queima-roupacaça níqueis mais recentesconfronto com a Guarda Nacional, braço das Forças Armadas da Venezuela, no nortecaça níqueis mais recentesCaracas.

Feridas no tronco

Crédito, Andrés

Legenda da foto, Andrés chegou ao hospital com várias balas nas costas

Já estava escuro, eram quase 6 horas da tarde, quando Andrés saiucaça níqueis mais recentescasa para acompanhar um protesto na vizinhança. Ele se recorda que lançaram bombascaça níqueis mais recentesgás lacrimogêneo e começaram a aparecer motos da Guarda Nacional por toda parte.

"As pessoas correram loucamente. Me vi encurralado por um paredãocaça níqueis mais recentesguardas, que saíramcaça níqueis mais recentessuas motos. Levantei as mãos e disse a eles que estava desarmado. Acho que eram oito no total. Um deles apontou a espingarda para mim, me virei e senti o tiro", declarou.

"Eles riam e gritavam: 'Chora, seu maricas, você está se borrandocaça níqueis mais recentesmedo, vamos te matar'. Fiquei assustado, o medo tomou contacaça níqueis mais recentesmim. Mandaram que eu corresse, as motos começaram a me perseguir, me pegaram e me deram uma coronhada com o rifle. Eu ouvia eles dizerem: 'Atirem'", recorda-se.

Andrés conseguiu escapar com a ajudacaça níqueis mais recentesuma mulher que o levoucaça níqueis mais recentesmoto a uma clínica da região.

"Eles tiveram que drenar o sangue dos buracoscaça níqueis mais recentesbala e, para fazer isso, pressionavam as feridas. Não há palavras para descrever a dor que eu senti", contou.

O calvário

Protestos na Venezuela

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Ondacaça níqueis mais recentesmanifestações contra o governo começou há quase três meses

Há diversas denúnciascaça níqueis mais recentesviolações e ações ilegais ecaça níqueis mais recentesdiferentes naturezas.

"A dificuldadecaça níqueis mais recentesacesso à informação na Venezuela é extrema. As autoridades não permitem, com frequência, contato com os detidos. Nem mesmo familiares podem vê-los", afirma Erika Guevara, diretora da Anistia Internacional.

A lei venezuelana garante aos presos, no entanto, o direitocaça níqueis mais recentesse comunicar com advogados e a família.

A faltacaça níqueis mais recentesinformação foi uma das várias irregularidades denunciadas pelos advogadoscaça níqueis mais recentesSergio Contreras, ativista social e professor da Universidade Católica Andrés Bello,caça níqueis mais recentesCaracas.

Ele foi presocaça níqueis mais recentesuma região central da capital, quando, por meiocaça níqueis mais recentesum megafone, pediu à Polícia Nacional Bolivariana que parassecaça níqueis mais recenteslançar bombascaça níqueis mais recentesgás lacrimogêneo, uma vez que havia crianças e idosos no local.

Prisãocaça níqueis mais recentesSergio Contreras

Crédito, Caraota Digital

Legenda da foto, Sergio Contreras é levado par prisão militarcaça níqueis mais recentesRamo Verde.

"Foi aí que começou o calvário. Nós não sabíamoscaça níqueis mais recentesnada, para onde ele tinha sido levado ou quando seria a audiência. Tivemos que adivinhar, fomoscaça níqueis mais recentesum centrocaça níqueis mais recentesdetenção para outro. Eles fazem isso para cansar você, para que se sinta mal", diz à BBC Mariana Barrios, mulhercaça níqueis mais recentesContreras.

Além disso, o professor sofrecaça níqueis mais recentesepilepsia e precisava tomar medicamentos.

"Ele não pode pararcaça níqueis mais recentestomar os comprimidos um dia sequer, porque se não tomar, pode ter uma convulsão. Não me deixaram vê-lo por maiscaça níqueis mais recentesuma semana, sem saber se ele tinha recebido a medicação. Nosso filho chorou muito. Foi um pesadelo, não tenho palavras para descrever o que passamos. É tão injusto, ele ajuda todo mundo... ", desabafa Barrios com a voz embargada.

Carmen Ángel no hospital

Crédito, Carmen Ángel

Legenda da foto, Políciais se recusaram a remover as algemascaça níqueis mais recentesCarmen Ángel no hospital

O casocaça níqueis mais recentesContreras também ilustra uma estratégia que se repete com bastante frequência: civis julgados por tribunais militares e acusadoscaça níqueis mais recentestraição à pátria e rebelião.

Contreras foi enviado para Ramo Verde, prisão militarcaça níqueis mais recentesque o líder da oposição Leopoldo López está detido.

A ONG Foro Penal registrou dezenascaça níqueis mais recentescasos como esse. Durante o processocaça níqueis mais recentesinvestigação judicialcaça níqueis mais recentestribunais militares, muitos são enviados para prisões com criminosos perigosos que já foram condenados.

Muito medo

Existe um elemento recorrente nos relatos daqueles que denunciaram abusos na prisão.

"Quando os manifestantes se retiram, começam a ser perseguidos. Além disso, muitos dos excessos ocorrem quando a pessoa já foi detida. E esse é um dos elementos fundamentais do crimecaça níqueis mais recentestortura, porque a pessoa já estava sob o controle da autoridade", explica Ortega, diretora da Cofavic.

"O Ministério Público tem atuado dentro do marco legal, mas as autoridades policiais e alguns tribunais desconhecem, ignoram e vão contra essas resoluções", diz Alfredo Romero, diretor do Foro Penal.

Protesto

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Bombascaça níqueis mais recentesgás lacrimogêneo são uma constante nas prisões

Um dos vários casos atendidos pela organização, que ilustra esse ponto, é ocaça níqueis mais recentesFernando Caballero.

"Ele foi preso e transferido para a Corporaçãocaça níqueis mais recentesInvestigações Científicas Penais e Criminais. Conseguiu liberdade por meiocaça níqueis mais recentesuma medida cautelar, que previa dois fiadores, que a família conseguiu, mas o juiz designado para o caso deixoucaça níqueis mais recentestrabalhar sem dar explicação", contou Romero.

Ninguém substituiu o juiz, que não finalizou o procedimentocaça níqueis mais recentesverificação dos fiadores. Diante deste cenário, Caballero permaneceu atrás das grades.

Violações graves e opositorescaça níqueis mais recentesrisco

Os casos investigados por Tamara Suju e apresentados ao Tribunal Penal Internacional incluem denúnciascaça níqueis mais recentestortura a opositores do governo Nicolás Maduro, feitascaça níqueis mais recentes2014, durante prisões efetuadascaça níqueis mais recentesondacaça níqueis mais recentesmanifestações semelhante a que acontece agora.

Os casos foram incorporados a um relatório da Comissão contra a Tortura da Organização das Nações Unidas (ONU) após a realizaçãocaça níqueis mais recentesuma análise sobre o respeito aos direitos humanos no país.

Rapaz detido

Crédito, Isaac Paniza

Legenda da foto, Manifestantes detidos costumam ser levadoscaça níqueis mais recentesmoto

Diante dos resultados, os especialistas expressaram preocupação com as denúnciascaça níqueis mais recentesprisão arbitrárias ecaça níqueis mais recentestortura a manifestantes na Venezuela.

"A Comissão recebeu relatoscaça níqueis mais recentesespancamentos, choques elétricos, queimaduras, asfixia, agressões sexuais e ameaças contra manifestantes detidos", diz à BBC Jens Modvig, presidente da Comissão contra a Tortura da ONU e diretor-médico da DIGNITY, instituto dinamarquês contra a tortura.

"Com base na informação recebida, há fortes indícioscaça níqueis mais recentesque o governo violou gravemente os direitos humanos daqueles que se opõem (...)", acrescenta.

"A Comissão não recebeu qualquer informação recente sobre a situação, mas tampouco alguma informação que indique que houve mudanças", completa.

"Isso significa dizer que o mais provável é que os detidos, especialmente adversários políticos, estão sob risco constantecaça níqueis mais recentesserem torturados", conclui Modvig.

Todos os entrevistados são unânimescaça níqueis mais recentesafirmar que ficaram impressionados com as expressõescaça níqueis mais recentesraiva, ódio e violência no tratamento que receberam. Eles relatam "terror psicológico" e um medo absoluto que ainda se manifestacaça níqueis mais recentessonhos e pensamentos involuntários.

"Você sente que não vale nada. Pensa que eles podem te matar, desaparecer com você e fazer literalmente o que quiserem... Eu me sentia tão indefesa e vulnerável. É horrível, não desejo a ninguém", diz Carmen Ángel, a estudante presa e hospitalizadacaça níqueis mais recentesBarinas.

Guarda Nacional dentrocaça níqueis mais recentestanque

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Comissão contra a Tortura da ONU expressou preocupação com situação na Venezuela