A históriagol 365 betamor entre uma militantegol 365 betpartido francês anti-imigração e um refugiado:gol 365 bet

Béatrice Huret

Crédito, Steve Finn

Legenda da foto, Vidagol 365 betBéatrice mudou radicalmente depois que conheceu o campogol 365 betCalais

Agora, ela estava ali, ajudando seu namorado imigrante, Mokhtar - que conheceu no campogol 365 betrefugiados francês apelidadogol 365 betJungle ("selva")gol 365 betCalais - a entrar clandestinamente na Inglaterra.

Béatrice conta a históriagol 365 betcomogol 365 betvida mudou no diagol 365 betque ofereceu carona para um imigrante adolescente no recém-lançado livro Calais Mon Amour ("Calais meu amor",gol 365 bettradução literal).

Inversãogol 365 betpapéis

Ela conta que antes da morte do marido,gol 365 bet2010, ele era um dos muitos policiais enviados a Calais para impedir a entradagol 365 betimigrantes no terminal do Canal da Mancha e nas balsas na tentativagol 365 betchegar até o Reino Unido.

Como agente, ele não tinha permissão para apoiar nenhum partido político, então, pediu para que a esposa aderisse à Frente Nacional daquela que viria a ser a segunda colocada da eleição presidencial deste ano.

A legenda, então, passou a pagar para que ela distribuísse panfletos partidários.

Béatrice garante que, ao contrário do marido, não era racista. Mas lembra que estava preocupada com "todos esses estrangeiros, que pareciam tão diferentes e estavam entrando na França".

Iraniano faz protestogol 365 betCalais (março 2017)

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Imigrantes iranianos costuraram os lábiosgol 365 betprotesto no campogol 365 betCalais

Após a morte do marido, ela vivia com o filho adolescente e a mãe a cercagol 365 bet20 quilômetros do campogol 365 betrefugiados, mas nunca havia visto a grande favela formada por barracas e tendas construída sobre um lixão na periferiagol 365 betCalais.

Mas, na volta para casagol 365 betum dia friogol 365 bet2015, ficou sensibilizada com o pedidogol 365 betum garoto sudanês e concordougol 365 betleva-lo até o local, que no auge da ocupação, no ano passado, chegou a abrigar 10 mil pessoas - a maioria fugindogol 365 betguerras ou da miséria na África, Oriente Médio e Afeganistão.

Foi então que viu, pela primeira vez, como eram as condições no campogol 365 betrefugiados.

"Eu senti como se estivesse numa áreagol 365 betguerra. Era como um campogol 365 betguerra. Alguma coisa me deu um 'clique', e eu disse para mim mesma que eu precisava ajudar aquelas pessoas", relata.

De repente, os imigrantes deixaramgol 365 betser apenas uma palavra, ou uma abstração.

O encontro

Béatrice, que trabalha num centro onde jovens são treinados para serem cuidadores, começou a levar comida e roupas para as pessoas que viviam no campo, alémgol 365 betincentivar amigos e familiares a ajudarem também.

Com o tempo, tornou-se conhecida das pessoas que moravam por lá e que, agora ela sabia, tinham trajetórias distintas - "de pastores a advogados e cirurgiões".

Beatrice no Skype com Mokhtar
Legenda da foto, Casal se fala todos os dias pela internet desde que Mokhtar chegou à Inglaterra

Foi então que,gol 365 betfevereiro do ano passado, viu pela primeira vez Mokhtar, um ex-professorgol 365 bet34 anos que tevegol 365 betfugir do Irã, onde enfrentava perseguição e foi abandonado pela própria família por ter se convertido ao cristianismo.

Ela o conheceu no momentogol 365 betque fotos dele egol 365 betoutros iranianos estavam sendo publicadasgol 365 betjornais ao redor do mundo - eles haviam costurado os próprios lábiosgol 365 betprotesto contra as condições precáriasgol 365 betvida no campogol 365 betCalais.

"Eu me sentei e ele gentilmente veio me oferecer um chá. E me preparou um chá - e isso foi um pouco chocante. Foi amor a primeira vista", conta.

"O olhar dele era tão terno. Eles estavam lá, com os lábios costurados, e me perguntam: 'Você quer um poucogol 365 betchá?'."

A comunicação era um obstáculo, já que Mokhtar não falava francês e ela, ao contrário dele, sabia pouco inglês. A solução foi usar o tradutor do Google.

O romance cresceu e Béatrice, contrariando os conselhosgol 365 betamigos, se ofereceu para levar Mokhtar e alguns colegas para morar emgol 365 betcasa.

O sonho britânico

Ela não tinha ilusões sobre os objetivos dele.

Mokhtar já havia tentado entrar na Inglaterra escondido atrásgol 365 betcaminhões, mas estava prestes a mudargol 365 bettática para uma nova tentativa. Ele e dois amigos deram a Béatrice cercagol 365 bet1 mil euros (R$ 3,7 mil) e pediram que ela comprasse um barco.

Em 11gol 365 betjunho do ano passado, Béatrice e o triogol 365 betimigrantes levaram o barco até uma praia pertogol 365 betDunkirk. Eles fariam uma viagem que começaria às 4h por meiogol 365 betum dos canais mais movimentados do mundo. Para piorar, nenhum deles havia pilotado um barco antes.

"Nós os vestimos como pescadores para parecer que estavam numa viagemgol 365 betpesca, com varas e anzóis", diz ela, sorridente.

Protesto no campogol 365 betCalais

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Muitos iranianos moravam no campogol 365 betCalais, conhecido como Jungle

Naquele momento, Béatrice pensou que tudo tinha acabado. Enquanto torcia por um desfecho feliz, se preocupava com a possibilidadegol 365 betque Mokhtar e seus amigos se afogassem.

E isso quase aconteceu: a água começou a entrar no barco por volta das 6h30, já próximo da costa inglesa.

Era assustador, mas olhandogol 365 betretrospectiva, havia um elemento meio cômico ali.

"O mais novo estava vomitandogol 365 betmedo, o mais forte estava fumando um cigarro atrás do outro e dizendo 'bom, se temos que morrer, temos que morrer, essa é a vida' e Mokhtar tentava tirar a águagol 365 betdentro do barco e telefonava para os serviçosgol 365 betemergência ao mesmo tempo."

A guarda costeira britânica enviou um helicóptero, que os avistou e enviou um barcogol 365 betresgate.

Dúvidas sobre o futuro

Os três imigrantes foram interrogados por autoridades da imigração. Dias depois, Mokhtar foi levado até um centrogol 365 betrefugiados onde, finalmente, conseguiu entrargol 365 betcontato comgol 365 betamada, que aguardava ansiosamente do outro lado do canal.

"Ele me deu seu endereçogol 365 betWakefield (no norte da Inglaterra) e fui vê-lo na semana seguinte", conta.

Desde então, a cada duas semanas, ela pega uma balsa e dirige até a cidade pra ver Mokhtar, que estágol 365 betum albergue para refugiados na cidadegol 365 betSheffield, também no norte da Inglaterra, e já fez um pedidogol 365 betasilo formal para o Reino Unido. Eles se falam via webcam todas as noites.

E sobre o futuro? Béatrice diz que o casal não tem planos - nada que "possa doer quando planos não dão certo".

"Se o nosso relacionamento acabar, acabou. E eu devo a Mokhtar uma linda históriagol 365 betamor, a mais bonita da minha vida."

Mas seu relato não termina com um tom feliz.

Em agosto do ano passado, foi presa, acusadagol 365 bettráficogol 365 betpessoas. Ela ri quando fala da acusação - diz que a suposiçãogol 365 betque fez isso por dinheiro não é nada alémgol 365 betridícula.

Béatrice foi levada para a mesma delegaciagol 365 betpolícia onde seu marido costumava trabalhar e foi solta após pagar fiança, mas ficou sob supervisão judicial e tem que se reportar à polícia uma vez por semana enquanto espera pelo julgamento, programado para o fim deste mês.

Se for considerada culpada, ela correria o riscogol 365 betpegar uma penagol 365 bet10 anosgol 365 betprisão e uma multagol 365 bet750 mil euros (R$ 2,7 milhões). Em seu caso, porém, a punição poderia ser menos severa.

Além disso, entrou na listagol 365 betvigilânciagol 365 betpessoas que representam uma ameaça à segurança do Estado. A maioria das pessoas nessa situação é considerada como radical islâmica. O que também a faz rir.

E tudo valeu a pena?

"Sim", ela responde, sem hesitar. "Eu fiz por ele. E faço qualquer coisa por amor."