A históriaexclusivebetamor entre uma militanteexclusivebetpartido francês anti-imigração e um refugiado:exclusivebet
Agora ela estava ali, ajudando seu namorado imigrante, Mokhtar - que conheceu no campoexclusivebetrefugiados francês apelidadoexclusivebetJungle ("selva")exclusivebetCalais - a entrar clandestinamente na Inglaterra.
Béatrice conta a históriaexclusivebetcomoexclusivebetvida mudou no diaexclusivebetque ofereceu carona para um imigrante adolescente no recém-lançado livro Calais Mon Amour ("Calais meu amor",exclusivebettradução literal)
Inversãoexclusivebetpapéis
Ela conta que antes da morte do marido,exclusivebet2010, ele era um dos muitos policiais enviados a Calais para impedir a entradaexclusivebetimigrantes no terminal do Canal da Mancha e nas balsas na tentativaexclusivebetchegar até o Reino Unido.
Como agente, ele não tinha permissão para apoiar nenhum partido político, então pediu para que a esposa aderisse à Frente Nacional daquela que viria a ser a segunda colocada da eleição presidencial deste ano.
A legenda então passou a pagar para que ela distribuísse panfletos partidários.
Béatrice garante que, ao contrário do marido, não era racista. Nas admite que estava preocupada com "todos esses estrangeiros, que pareciam tão diferentes e estavam entrando na França".
Após a morte do marido, ela vivia com o filho adolescente e a mãe a cercaexclusivebet20 quilômetros do campoexclusivebetrefugiados, mas nunca havia visto a grande favela formada por barracas e tendas construída sobre um lixão na periferiaexclusivebetCalais.
Mas na volta para casaexclusivebetum dia frioexclusivebet2015, ficou sensibilizada com o pedidoexclusivebetum garoto sudanês e concordouexclusivebetleva-lo até o local, que no auge da ocupação, no ano passado, chegou a abrigar 10 mil pessoas - a maioria fugindoexclusivebetguerras ou da miséria na África, Oriente Médio e Afeganistão.
Foi então que viu, pela primeira vez, como eram as condições no campoexclusivebetrefugiados.
"Eu senti como se estivesse numa áreaexclusivebetguerra. Era como um campoexclusivebetguerra. Alguma coisa me deu um 'click', e eu disse para mim mesma que eu precisava ajudar aquelas pessoas", relata.
De repente, os imigrantes deixaramexclusivebetser apenas uma palavra, ou uma abstração.
O encontro
Béatrice, que trabalha num centro onde jovens são treinados para serem cuidadores, começou a levar comida e roupas para as pessoas que viviam no campo, alémexclusivebetincentivar amigos e familiares a ajudarem também.
Com o tempo, tornou-se conhecida das pessoas que moravam por lá e que, agora ela sabia, tinham trajetórias distintas - "de pastores a advogados e cirurgiões".
Foi então que,exclusivebetfevereiro do ano passado, viu pela primeira vez Mokhtar, um ex-professorexclusivebet34 anos que teve que fugir do Irã, onde enfrentava perseguição e foi abandonado pela própria família por ter se convertido ao cristianismo.
Ela o conheceu no momentoexclusivebetque fotos dele eexclusivebetoutros iranianos estavam sendo publicadasexclusivebetjornais ao redor do mundo - eles haviam costurado os próprios lábiosexclusivebetprotesto contra as condições precáriasexclusivebetvida no campoexclusivebetCalais.
"Eu me sentei e ele gentilmente veio me oferecer um chá. E me preparou um chá - e isso foi um pouco chocante. Foi amor a primeira vista", conta.
"O olhar dele era tão terno. Eles estavam lá, com os lábios costurados, e me perguntam: 'Você quer um poucoexclusivebetchá?'."
A comunicação era um obstáculo, já que Mokhtar não falava francês e ela, ao contrário dele, sabia pouco inglês. A solução foi usar o tradutor do Google.
O romance cresceu e Béatrice, contrariando os conselhosexclusivebetamigos, se ofereceu para levar Mokhtar e alguns colegas para morar emexclusivebetcasa.
O sonho britânico
Ela não tinha ilusões sobre os objetivos dele.
Mokhtar já havia tentado entrar na Inglaterra escondido atrásexclusivebetcaminhões, mas estava prestes a mudarexclusivebettática para, mais uma vez, buscar a entrada. Ele e dois amigos deram a Béatrice cercaexclusivebet1 mil euros (R$ 3,7 mil) e pediram que ela comprasse um barco.
Em 11exclusivebetjunho do ano passado, Béatrice e o trioexclusivebetimigrantes levaram o barco até uma praia pertoexclusivebetDunkirk. Eles fariam uma viagem que começaria às 4h por meioexclusivebetum dos canais mais movimentados do mundo. Para piorar, nenhum deles havia pilotado um barco antes.
"Nós os vestimos como pescadores para parecer que estavam numa viagemexclusivebetpesca, com varas e anzóis", diz ela, sorridente.
Naquele momento, Béatrice pensou que tudo tinha acabado. Enquanto torcia por um desfecho feliz, se preocupava com a possibilidadeexclusivebetque Mokhtar e seus amigos se afogassem.
E isso quase aconteceu: a água começou a entrar no barco por volta das 6h30, já próximo da costa inglesa.
Era assustador, mas olhandoexclusivebetretrospectiva, havia um elemento meio cômico ali.
"O mais novo estava vomitandoexclusivebetmedo, o mais forte estava fumando um cigarro atrás do outro e dizendo 'bom, se temos que morrer, temos que morrer, essa é a vida' e Mokhtar tentava tirar a águaexclusivebetdentro do barco e telefonava para os serviçosexclusivebetemergência ao mesmo tempo."
A guarda costeira britânica enviou um helicóptero, que os avistou e enviou um barcoexclusivebetresgate.
Dúvidas sobre o futuro
Os três imigrantes foram questionados por autoridades da imigração. Alguns dias depois, Mokhtar foi levado até um centroexclusivebetrefugiados onde finalmente conseguiu entrarexclusivebetcontato comexclusivebetamada, que aguardava ansiosamente do outro lado do canal.
"Ele me deu seu endereçoexclusivebetWakefield (no norte da Inglaterra) e fui vê-lo na semana seguinte", conta.
Desde então, a cada duas semanas ela pega uma balsa e dirige até a cidade pra ver Mokhtar, que estáexclusivebetum albergue para refugiados na cidadeexclusivebetSheffield, também no norte inglês, e já fez um pedidoexclusivebetasilo formal para o Reino Unido. Eles se falam via webcam todas as noites.
E sobre o futuro? Béatrice diz que o casal não tem planos - nada que "possa doer quando planos não dão certo".
"Se o nosso relacionamento acabar, acabou. E eu devo a Mokhtar uma linda históriaexclusivebetamor, a mais bonita da minha vida."
Mas seu relato não termina com um tom feliz.
Em agosto do ano passado, foi presa, acusadaexclusivebettráficoexclusivebetpessoas. Ela ri quando fala da acusação - diz que a suposiçãoexclusivebetque fez isso por dinheiro não é nada alémexclusivebetridícula.
Béatrice foi levada para a mesma delegaciaexclusivebetpolícia onde seu marido costumava trabalhar e foi solta após pagar fiança, mas ficou sob supervisão judicial e tem que se reportar à polícia uma vez por semana enquanto espera pelo julgamento, programado para o fim deste mês.
Se for considerada culpada, ela correria o riscoexclusivebetpegar uma sentençaexclusivebet10 anosexclusivebetprisão e uma multaexclusivebet750 mil euros (R$ 2,7 milhões). Em seu caso, porém, a penalidade poderia ser menos severa.
Além disso, entrou na listaexclusivebetvigilânciaexclusivebetpessoas que representam uma ameaça à segurança do Estado. A maioria das pessoas nessa situação é considerada como radical islâmica. O que também a faz rir.
E tudo valeu a pena?
"Sim", ela responde, sem hesitar. "Eu fiz por ele. E faço qualquer coisa por amor."