A nova revolução educacional com que a Finlândia quer preparar alunos para era digital:como apostar na quina on line

Salacomo apostar na quina on lineaula na Finlândia
Legenda da foto, Bolas substituem as cadeirascomo apostar na quina on linesalacomo apostar na quina on lineaula

O professor está mostrando uma reconstruçãocomo apostar na quina on linevídeo - projetada sobre a lousa inteligente e interativa - do diacomo apostar na quina on lineque a erupção do monte Vesúvio destruiu a cidadecomo apostar na quina on linePompeia. Os estudantes formam grupos e começam a usar seus minilaptops.

A tarefa dada a eles é comparar a Roma Antiga com a Finlândia moderna. Um grupo analisa os banheiros romanos e os spascomo apostar na quina on lineluxocomo apostar na quina on linehoje; outro compara o Coliseu aos estádios esportivos atuais. Eles usam impressoras 3D para criar uma versãocomo apostar na quina on lineminiatura dos edifícios da época, que logo serão partecomo apostar na quina on lineum jogo que envolverá toda a classe.

Trata-secomo apostar na quina on lineuma aulacomo apostar na quina on linehistória diferente, conta o professor Aleksis Stenholm, que trabalha na Escola Hauho,como apostar na quina on lineEnsino Médio. Nela, os alunos também estão aprendendo habilidades tecnológicas,como apostar na quina on lineinvestigação, comunicação e compreensão cultural.

"Cada grupo está virando especialista no seu tema, que logo será apresentado ao resto da sala", explica ele.

O jogo marca o fim do projeto, que é realizadocomo apostar na quina on lineconjunto com aulas normais.

Ensino do século 21

Há quase duas décadas, a Finlândia é famosa internacionalmente por ter um dos melhores sistemas educacionais do mundo.

Estudantescomo apostar na quina on lineescola finlandesa
Legenda da foto, A escolacomo apostar na quina on lineHauho é permissiva quanto ao usocomo apostar na quina on linecelulares pelos alunos

Seus estudantescomo apostar na quina on line15 anos ficam geralmente nos primeiros lugares dos rankings do Pisa, teste internacional que avalia conhecimentoscomo apostar na quina on lineleitura, matemática e ciências (na edição mais recente, o Brasil amargou a 66ª posiçãocomo apostar na quina on linematemática, por exemplo,como apostar na quina on lineum totalcomo apostar na quina on line72 países avaliados).

A habilidade da Finlândiacomo apostar na quina on lineproduzir resultados acadêmicos impressionantes é fascinante para muitos, já que as crianças do país só começam a frequentar a educação formal aos sete anos.

Além disso, eles têm jornadas mais curtas, férias mais longas, poucos deverescomo apostar na quina on linecasa e não fazem provas.

Mas, apesar desse sucesso, a Finlândia está reformando seu sistema, algo que o país considera vitalcomo apostar na quina on lineuma era digital na qual as crianças não dependem mais apenas dos livros e das aulas para adquirir conhecimento.

Em agostocomo apostar na quina on line2016, tornou-se obrigatório para todas as escolas finlandesas ensinarcomo apostar na quina on linemaneira mais colaborativa.

Agora, permite-se que os alunos escolham um tema que seja relevante para eles - e suas matérias serão baseadas nessa escolha.

Uma das chaves da mudança foi fazer um uso inovador da tecnologia ecomo apostar na quina on linefontescomo apostar na quina on lineconhecimento fora da escola, como especialistas e museus.

O objetivo dessa formacomo apostar na quina on lineensinar - conhecidacomo apostar na quina on lineinglês como "project or phenomenon-based learning" ou "aprendizagem baseadacomo apostar na quina on lineprojetos/fenômenos" - é oferecer às crianças as habilidades que elas precisam para se desenvolver no século 21.

Assim explica Kirsti Lonka, professoracomo apostar na quina on linepsicologia educativa na Universidadecomo apostar na quina on lineHelsinque. Entre as habilidades que ela ressalta estão o pensamento crítico, necessário para identificar notícias falsas e evitar "cyberbullying" (ataques ofensivos pela internet), e a capacidade técnicacomo apostar na quina on lineinstalar software antivírus e conectar o computador a uma impressora.

Escola na Finlândia

Crédito, BBC

Legenda da foto, Usocomo apostar na quina on linetecnologia é incentivado

"Tradicionalmente, o ensino é definido com uma listacomo apostar na quina on linematérias e informações que uma pessoa deve adquirir - por exemplo a matemática ou a gramática", diz Lonka. "Mas na vida real, nosso cérebro não está divididocomo apostar na quina on linedisciplinas; nós pensamoscomo apostar na quina on lineuma maneira muito holística."

"E quando você pensa nos problemas do mundo atual - crise global, imigração, economia, a era da pós-verdade -, realmente não demos às nossas crianças as ferramentas para lidar com esse universo intercultural", opina. "Acho que é um grande erro fazer as crianças acreditarem que o mundo é simples e que se aprenderem certas informações, estarão prontas para encará-lo."

"Aprender a pensar, aprender a entender - essas são as habilidades que importam. E elas fazem com que aprender seja muito mais divertido, algo que promove o bem-estar", conclui.

Tradições escolares

A Escola Hauho estácomo apostar na quina on lineuma regiãocomo apostar na quina on linebosques e lagos a 40 minutoscomo apostar na quina on linecarro da cidadecomo apostar na quina on lineHameenlinna. Com apenas 230 alunoscomo apostar na quina on lineidade entre 7 e 15 anos, tem um ambiente acolhedor.

Os estudantes deixam seus sapatos na entrada. Em algumas salas,como apostar na quina on linevezcomo apostar na quina on linecadeiras, usam bolascomo apostar na quina on linePilates. Há barras nas portas para fazer flexãocomo apostar na quina on linebraço.

Os professores não se importam com o usocomo apostar na quina on linecelular na aula. Consideram bom que as crianças o valorizem como ferramentacomo apostar na quina on linepesquisa, e não só para se comunicarem com os amigos.

Nesse dia frio, os alunos mais velhos se colam a seus smartphones na hora do almoço, enquanto alguns dos mais novos se amontoam lá fora, na neve, esperando para usar a pistacomo apostar na quina on lineskate, os camposcomo apostar na quina on linefutebol ou a quadracomo apostar na quina on linebasquete.

O diretor, Pekka Paappanen, é um forte defensor do sistemacomo apostar na quina on lineensino baseadocomo apostar na quina on lineprojetos e busca umcomo apostar na quina on linevárias maneiras integrá-lo oficialmente ao currículo escolar.

"Discutimos ideias com os professores, e depois eu garanto o tempo e o espaço necessários para que elas as desenvolvam", afirma.

"Acredito que isso dá mais poder aos professores, mas eles precisam se dar contacomo apostar na quina on lineque não podem fazer tudo. Estamos deixando para trás algumas velhas tradições, mas fazemos issocomo apostar na quina on lineforma lenta. O trabalhocomo apostar na quina on lineensinar nossas crianças é muito importante e não podemos cometer erros", acrescenta.

Temas correntescomo apostar na quina on lineaula

Um dos maiores projetos do ano passado foi sobre o tema da imigração, abordadocomo apostar na quina on lineum momentocomo apostar na quina on lineque o fluxocomo apostar na quina on linepessoas entrando na Europa ocupava todas as capascomo apostar na quina on linejornaiscomo apostar na quina on linetodo o mundo.

Aleksis Stenholm explica que eles escolheram esse tema ao perceber que muitoscomo apostar na quina on lineseus alunos tinham pouca experiência pessoal com imigrantes ou com a imigração.

O tema foi incorporado, por exemplo, às aulascomo apostar na quina on linealemão ecomo apostar na quina on linereligião.

Os alunoscomo apostar na quina on line15 anos tiveramcomo apostar na quina on linefazer pesquisascomo apostar na quina on lineopinião com moradores locais sobre a imigração e visitaram um centrocomo apostar na quina on linerefugiados para entrevistá-los.

Eles compartilharam suas descobertas por meiocomo apostar na quina on lineuma conferênciacomo apostar na quina on linevídeo com uma escola na Alemanha, que desenvolveu um projeto similar.

Escola Finlândia
Legenda da foto, Pistacomo apostar na quina on lineskate da escola foi construída graças à ideia sugerida pelos alunos, que ajudaram até a desenhá-la

"A reação dos alunos foi algo muito forte. Eles começaram a pensar e a questionar suas próprias opiniões", lembra Stenholm. "Se eu sozinho tivesse ensinado sobre o tema, usando duas ou três aulas, por exemplo, o efeito teria sido muito diferente", acrescenta.

Mas funciona?

Apesar das ideias inovadoras, o conceito da "aprendizagem baseadacomo apostar na quina on lineprojetos" tem seus críticos.

Alguns, como o professorcomo apostar na quina on linefísica Jussi Tanhuanppa, temem que esse método não aprofunde suficientemente o conhecimento sobre cada tema - e que isso dificultecomo apostar na quina on linejornada rumo à universidade.

Ele dá aulascomo apostar na quina on lineLieto, nos arredores da cidadecomo apostar na quina on lineTurku. Conta que,como apostar na quina on lineum grupocomo apostar na quina on linejovens que aprendia matemáticacomo apostar na quina on linenível avançado após os 16 anos, 30% precisaram voltar ao nível anterior.

Ele também tem medocomo apostar na quina on lineque isso acentue a diferença entre os alunos mais e os menos capazes - uma diferença que, historicamente, é bastante pequena na Finlândia.

"Essa formacomo apostar na quina on lineensinar é genial para as crianças mais 'brilhantes', que entendem quais conhecimentos devem ser levadoscomo apostar na quina on lineum experimento", opina.

"Dá a elas liberdadecomo apostar na quina on lineaprender no seu próprio ritmo ecomo apostar na quina on linetomar o próximo passo quando estão prontas", acrescenta.

"Mas não é a mesma coisa para os alunos que têm menos capacidadecomo apostar na quina on lineentender e que precisamcomo apostar na quina on linemaior assistência", ressalva.

Segundo Tanhuanppa, "a diferença entre os mais brilhantes e os menos capazes já começou a aumentar. E eu tenho medo que isso só piore."

Outros críticos argumentam que isso pode aumentar a cargacomo apostar na quina on linetrabalho dos professores e colocar os mais velhos - dotadoscomo apostar na quina on linemenos connhecimentos digitais -como apostar na quina on linedesvantagemcomo apostar na quina on linerelação aos mais novos.

Jari Salminen, da Faculdadecomo apostar na quina on lineEducação da Universidadecomo apostar na quina on lineHelsinque, afirma que métodoscomo apostar na quina on lineensino similares foram testados no passado - inclusive há 100 anos -, mas fracassaram.

"Muitas pessoascomo apostar na quina on linefora me perguntam: 'por que vocês estão mudando o sistema, se ainda conseguem os melhores resultados?'", conta ele.

"E para mim é um mistério, porque não temos nenhuma informação vinda dos colégioscomo apostar na quina on lineque o método baseadocomo apostar na quina on lineprojetos esteja melhorando os resultados", completa.

Anneli Rautiainen, da Agência Nacional para a Educação da Finlândia, admite que há preocupações a serem levadascomo apostar na quina on lineconsideração e afirma que mudanças estão sendo introduzidascomo apostar na quina on linemaneira gradual.

Por enquanto,como apostar na quina on lineacordo com as novas regras, as escolas só precisam incorporar um projeto por ano para seus alunos.

Escola na Finlândia
Legenda da foto, Smartphones não são "demonizados"como apostar na quina on lineescola

"Queremos encorajar os professores a ensinar assim e os alunos a aprenderem, mas estamos começando devagar", diz.

"Ainda se ensinam matérias e existem metas para cada uma delas, mas também queremos que sejam introduzidas as habilidades nesse tipocomo apostar na quina on lineaprendizagem", destaca.

Mas quais são os resultados?

"Não somos muito amantes das estatísticas neste país,como apostar na quina on linetermos gerais", conta Rautiainen.

"Então não estamos planejando medir o sucesso disso, ao menos por enquanto. Esperamos que possamos perceber isso nos resultadoscomo apostar na quina on lineaprendizagem das nossas crianças e nas avaliações internacionais, como o Pisa."

Ainda que nem todos estejam convencidos dessa revolução do ensino finlandês, a maioria dos alunos e paiscomo apostar na quina on lineHauho a vê como positiva.

Sara,como apostar na quina on line14 anos, disse que as aulas "não cansam tanto e que são muito mais interessantes". Ana, tambémcomo apostar na quina on line14 anos, conta quecomo apostar na quina on lineirmã mais velha tem inveja dela porque "a escola é muito mais divertida agora do que era nacomo apostar na quina on lineépoca".

Escola na Finlândia

Crédito, BBC

Legenda da foto, Na Finlândia, alunos só fazem teste nacional aos 18 anos

A mãe Kaisa Kepsu garante que a maioria dos pais que conhece vê com bons olhos as mudanças feitas no currículo.

"Houve uma discussão mais ampla sobre a necessidadecomo apostar na quina on linegarantir que as crianças ainda estejam aprendendo as informações mais básicas, e eu concordo com isso", afirma.

"Mas também é importante motivá-los mais e fazer que o mundo seja mais interessante. Não vejo mal nenhumcomo apostar na quina on linetornar a escola mais divertida", conclui.

O que é diferente nas escolas finlandesas?

- A profissão do professor é altamente respeitada e bem remunerada

- Não há inspeções escolares ou avaliações

- O sistema escolar está muito centralizado e a maioria das escolas é financiada pelo Estado

- A jornada escolar é curta e as fériascomo apostar na quina on lineverão duram dez semanas

- As crianças são avaliadas pelos professores. O único exame nacional é para aqueles que estudam até os 18 anos

- O sucesso finlandês é atribuído a um tradicional apreço pelo ensino e pela leitura; o fatocomo apostar na quina on lineo país ter uma população pequena e praticamente homogênea também contribui

- Ainda que continue nas posições do topo, a Finlândia caiu nos rankings do Pisa nos últimos anos

- Assim como outros países, enfrenta desafioscomo apostar na quina on linerestrições orçamentárias e da crescente imigração