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Brexit: um 'divórcio' que começa com (muito) mais perguntas que respostas:denilson sportsbet
Por que o Brexit?
Em 23denilson sportsbetjunhodenilson sportsbet2016, houve um plebiscito convocado pelo então primeiro-ministro, David Cameron, para decidir sobre a permanência do Reino Unido na União Europeia.
A realização da consulta popular foi uma promessa feita por Camerondenilson sportsbet2013 como partedenilson sportsbetseus esforços por uma vitóriadenilson sportsbetseu partido, o Conservador, nas eleiçõesdenilson sportsbetdois anos mais tarde - na época, os conservadores governavamdenilson sportsbetcoalizão com os liberais-democratas.
Ao contráriodenilson sportsbetmuitos colegasdenilson sportsbetlegenda, Cameron era pró-UE e fez campanha pela permanência. No entanto, o "não" ao bloco político-econômico contrariou as pesquisas eleitorais e venceu nas urnas, ainda que por uma pequena margem (51.9% contra 48,1% que queriam a permanência).
A taxadenilson sportsbetcomparecimento às urnas foidenilson sportsbet71,8%, mais alta do que nas eleições que,denilson sportsbet2015, tinham dado a Cameron uma maioria confortável no Parlamento.
O premiê renunciou no dia seguinte.
O lugardenilson sportsbetCameron foi assumido menosdenilson sportsbetum mês mais tarde pela então ministra do Interior, Theresa May, que se tornou a segunda mulher a ocupar o cargo (Margaret Thatcher tinha sido premiê entre 1979 e 90).
Durante a campanha para o plebiscito, May fez campanha contra o Brexit, mas não ocupou uma posiçãodenilson sportsbetdestaque na frente multipartidária e nunca tinha se destacado como eurófila entusiasmada.
E foi ela quem cunhou a frase-símbolo do processodenilson sportsbet"divórcio" ao dizer que "Brexit é Brexit" - ou seja, que seu governo não procuraria amenizar demais o processodenilson sportsbetsaída, apesar da vitória apertada.
E a economia, como fica?
Durante a campanha do plebiscito, um dos principais pontosdenilson sportsbetquem defendia a permanência na UE era que o Brexit poderia desencadear uma crise econômica - incluindo recessão e um grande aumentodenilson sportsbetdesemprego, sem falardenilson sportsbetum aperto da políticadenilson sportsbetausteridade que marcara o primeiro mandatodenilson sportsbetCameron (2010-15).
No primeiro dia após o plebiscito, houve realmente um tremor nos mercados. A libra esterlina sofreudenilson sportsbetmaior desvalorizaçãodenilson sportsbetdécadas - e ainda permanecedenilson sportsbetum patamar 15% menordenilson sportsbetrelação ao dólar do que antes da consulta popular e 10% mais desvalorizadadenilson sportsbetrelação ao euro.
No entanto, as previsões mais catastróficas ainda não se realizaram. Na verdade, estima-se que a economia britânica cresceu 1,8%denilson sportsbet2016, atrás apenas da Alemanha (1,9%) no grupo das sete nações mais industrializadas do mundo - o PIB brasileiro, por exemplo, encolheu 3,8%.
O atual índicedenilson sportsbetdesemprego no Reino Unido édenilson sportsbet4,8%, o menordenilson sportsbet11 anos. E bem inferior à média dos outros 27 países da UE (8,5%).
Mas analistas econômicos nem por isso descartam tormentas futuras. Especialmente se as negociações com a União Europeia terminarem com a saída britânica do Mercado Comum Europeu, que estabelece livre circulaçãodenilson sportsbetprodutos e serviços entre os países integrantes.
O Reino Unido hoje tem a UE como o destinodenilson sportsbet44%denilson sportsbetsuas exportações e como origemdenilson sportsbet53%denilson sportsbetsuas importações. Um Brexit mais rigoroso teria que ser compensado com a negociaçãodenilson sportsbetum ou mais tratados comerciais que evitem choques na economia britânica, por exemplo.
"O maior problema nessa história é o climadenilson sportsbetincerteza criado pelo Brexit. O processo é extremamente complexo sob o pontodenilson sportsbetvista legal e, até que as negociações evoluam, ninguém sabe que formato essa separação terá", explica à BBC Brasil Andrew Wood, advogado especializadodenilson sportsbetcomércio internacional e que já trabalhou como negociador do governo britânico junto à UE.
"Para se ter uma ideiadenilson sportsbetquão complicadas essas negociações são, o acordodenilson sportsbetlivre comércio da UE com o Canadá demorou sete anos para ser finalizado", afirma ele.
"E embora o Reino Unido na teoria seja um parceiro mais simplesdenilson sportsbetse lidar sob o pontodenilson sportsbetvista legal, pois atualmente segue a legislação europeia e é um grande exportador para a UE, agora estamos falandodenilson sportsbetuma separação cujos termos terão que ser aprovados por 27 países com interesses diferentesdenilson sportsbetum cenário pós-Brexit."
E ainda não está muito claro se multinacionais hoje operando no Reino Unido continuarão no país se perderem o acesso privilegiado ao Mercado Comum Europeu. O mesmo pode se dizer das empresasdenilson sportsbetserviços financeiros que fizeramdenilson sportsbetLondres uma gigante do setor nas últimas duas décadas.
Quais são os principais pontos a discutir?
denilson sportsbet - Comércio: O Reino Unido terá algum acesso ao Mercado Comum Europeu ou tentará um acordodenilson sportsbetlivre-comércio com o bloco? Como ficarádenilson sportsbetposição junto à Organização Mundial do Comércio?
denilson sportsbet - Segurança: Como funcionará a cooperação com os vizinhos europeus nos esforços contra o crime organizado e ataques extremistas?
denilson sportsbet - Indenização: Estima-se que a conta do Brexit - o montante que Londres pagará para acertar suas obrigações com o orçamento da UE, bem como bancar a mudançadenilson sportsbetinstituições da UEdenilson sportsbetsolo britânico, por exemplo - poderá chegar ao equivalente a R$ 200 bilhões.
Despedida longa
Para deixar a UE, os britânicos têmdenilson sportsbetinvocar o Artigo 50 do Tratadodenilson sportsbetLisboa, que prevê um prazodenilson sportsbetdois anos para que Londres e Bruxelas decidam os termosdenilson sportsbet"divórcio".
Na teoria, então, o processo teriadenilson sportsbetser concluídodenilson sportsbet2019, quando o governo britânico então teria que aprovar no Parlamento um novo pacote legal que acabasse com a preponderância da legislação europeia sobre a britânica.
O processo, porém, esbarradenilson sportsbetdois problemas cruciais.
O primeiro: o artigo 50, um plano para que qualquer país deixe a UE, entroudenilson sportsbetvigor apenasdenilson sportsbet2009. E seu texto é simples, com apenas cinco parágrafos, dizendo apenas que um país insatisfeito com o bloco precisa notificar o Conselho Europeu e que há dois anos para negociar a saída, a não ser que, por unanimidade, britânicos e todos os países da UE concordemdenilson sportsbetestender o prazo.
O segundo ponto? Desde a criação formal da UEdenilson sportsbet1992, nenhum país tinha pedido para sair.
Ou seja: o processo real pode levar ainda mais tempo, com alguns analistas prevendo até seis anos para a concretização do Brexit. Isso porque pelo menos 20 dos 27 países da UE (e pelo menos 65% da população do bloco) precisam dar o aval para qualquer acordodenilson sportsbetsaída.
"Dois anos certamente não serão suficientes para negociar o relacionamento entre o Reino Unido e UE. Temos pela frente uma sériedenilson sportsbetnegociações complexas e que vão requerer uma sériedenilson sportsbetacordosdenilson sportsbettransição", alertou esta semana um dos mais graduados diplomatas britânicos, Simon Fraser.
Enquanto isso não acontece, o Reino Unido permanece cumprindo a legislação e os acordos com o bloco, mas sem tomar parte no processo decisório.
Negócios à parte?
Com poucas exceções, as grandes empresas britânicas se declararam contra o Brexit, sob o argumentodenilson sportsbetque a permanência na UE tornaria mais fácil mover dinheiro, pessoas e produtos ao redor do mundo.
Agora, há a preocupaçãodenilson sportsbetquantos empregos podem migrar para outros centros financeiros europeus.
Recentemente, por exemplo, a BBC noticiou que o banco HSBC poderá mover mil postos para Paris.
Ao mesmo tempo, exportadores relatam aumentodenilson sportsbetdemanda por causa da queda do valor da libra.
Pontosdenilson sportsbetimpasse
Em janeiro, May declarou que o país não permanecerá no MCE, uma concessão que automaticamente forçaria o Reino Unido a permitir liberdadedenilson sportsbetmovimentodenilson sportsbetpaíses cidadãos da UE, um ponto contenciosodenilson sportsbetum paísdenilson sportsbetque a imigração se transformoudenilson sportsbetuma questão eleitoral mais importante que a segurança nacional, pelo menosdenilson sportsbetacordo com pesquisas eleitorais.
Os dois lados têm uma balança comercial significativa e querem continuar fazendo negócios após o Brexit. Os britânicos querem o maior acesso possível ao MCE e May ofereceu a chancedenilson sportsbetuma união aduaneira,denilson sportsbetque os países concordamdenilson sportsbetnão taxar produtos e serviços alheios e adotam tarifas comuns para produtos vindosdenilson sportsbetlocações externa.
Atualmente, o Reino Unido faz partedenilson sportsbetuma união alfandegária com o bloco, mas isso impede que o país busque acordos independentes com outras nações. Edenilson sportsbetdiversas ocasiões, líderes europeus deixaram clarodenilson sportsbetaversão a uma situaçãodenilson sportsbetque Londres deixe a mesadenilson sportsbetnegociações com o que se pode chamardenilson sportsbet"melhordenilson sportsbetdois mundos".
E a principal razão é simples: sentimentos anti-UE não se limitam a Londres, outros países do bloco enfrentam o crescimento da popularidadedenilson sportsbetpolíticos pedindo consultas populares - na França, por exemplo, isso é representado por Marine Le Pen, cuja plataformadenilson sportsbetextrema-direita poderá levá-la ao menos ao segundo turno do pleito presidencial,denilson sportsbetmaio.
Uma saída "honrosa" para os britânicos, para alguns especialistas poderia alimentar mais movimentosdenilson sportsbetrompimento. Sem falar que chefes dos 27 estados europeus precisam também garantir os direitosdenilson sportsbetseus cidadãos vivendo no Reino Unido - estimados entre 2,9 milhões e 3,3 milhõesdenilson sportsbetpessoas, contra 1,2 milhãodenilson sportsbetbritânicos na UE.
O precedentedenilson sportsbetBrexit "light" existe: a UE tem acordos preferenciais com Noruega, Islândia e Suíça, que permitem acesso ao mercado comum, mas também exigem reciprocidade na movimentaçãodenilson sportsbetbens, serviços e pessoas.
E se não houver acordo?
Theresa May disse recentemente que deixar a União Europeia sem um acordo pós-Brexit "é melhor que sair com um mau negócio". Só que a ausênciadenilson sportsbetum tratado comercial poderia forçar o Reino Unido a ter que mediar suas operações com a UE por meio da OMC (Organização Mundial do Comércio).
Especialistas estão divididos nessa questão e veem pouca vontade política da UEdenilson sportsbetiniciar uma guerradenilson sportsbettarifas, mas outros preveem um aumentodenilson sportsbetcustos para empresas britânicas comprando e vendendo no exterior. E o perigodenilson sportsbetque a faltadenilson sportsbetacesso ao mercado comum possa fazer com que Londres deixedenilson sportsbetser um centro financeiro global.
"Não acredito que seja do interesse dos dois lados criar uma situação aguerrida, já que há interesses comerciais substanciaisdenilson sportsbetjogo. Nenhuma das partes vai realmente bater na mesa. O que a gente precisa lembrar aqui é o Brexit não é apenas uma questão econômicas, mas também política. Estamosdenilson sportsbetanodenilson sportsbeteleição na França e na Alemanha e isso poderá ter influência nas negociações", completa Hood.
Imigração
O governo britânico até agora se recusou a dar garantias firmes sobre como fica o status legaldenilson sportsbetcidadãos da UE no país, dizendo que precisadenilson sportsbetreciprocidade do bloco. A única garantia é que europeus com direitodenilson sportsbetresidência permanente no Reino Unido, o que é dado depois que vivem no país por cinco anos, poderão permanecer.
O restante dependerá das negociações do Brexit. As duas situações afetam cidadãos brasileiros - grande parte dos expatriados do país vivendo nas fronteiras britânicas também tem cidadaniadenilson sportsbetalgum país da UE, como Portugal, Itália e Espanha.
Em números gerais, no entanto, a migraçãodenilson sportsbetcidadãos da UE para o Reino Unido é apenas marginalmente maior que a geral - os números mais recentes são dos nove primeiros mesesdenilson sportsbet2016,denilson sportsbetque 165 mil cidadãos da UE entraram no país, contra 164 mildenilson sportsbetoutros países.
Em casodenilson sportsbetarrependimento...
O Tratadodenilson sportsbetLisboa prevê a possibilidadedenilson sportsbetum país "fujão" voltar a fazer parte da EU.
Mas caso o Reino Unido se arrependa da vida pós-Brexit, o processodenilson sportsbetretorno não será simples nem automático: o país teria que se candidatar como qualquer outro e precisaria voto unânime dos 27 membros do bloco.
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