Como os comediantes americanos se transformaram na oposição mais feroz a Trump:bet sporting

Kate McKinnon como Kellyanne Conway e Alec Baldwin como Donald Trump

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Legenda da foto, Esquetes do 'Saturday Night Live' que satirizam Trump (Alec Baldwin) e membros dabet sportingequipebet sportinggoverno como Kellyanne Conway (Kate McKinnon) tornaram a atual temporada do programa abet sportingmaior audiência dos últimos 22 anos

"A comédia o atinge", disse o cineasta Michael Moore para uma multidãobet sportingmanifestantes na noite anterior à posse do presidente, ocorridabet sporting20bet sportingjaneiro.

"Se zombam dele, o ridicularizam ou simplesmente mostram que não é popular (...), ele explode", acrescentou. "Formemos um exércitobet sportingcomediantes e o derrubaremos."

Stephen Colbert e Jon Stewart no programa "The Daily Show"

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Legenda da foto, Entre 1999 e 2015, Jon Stewart (dir.) comandou 'The Daily Show', onde vários comediantes fizeram escola, como Stephen Colbert (esq.), John Oliver, Samantha Bee e o atual apresentador do programa, Trevor Noah

Esse "exército" tem como seus principais porta-vozes programas como The Late Show (CBS), com Stephen Colbert, Last Week Tonight (HBO), com John Oliver, Full Frontal (TBS), com Samantha Bee, Late Night (NBC), com Seth Meyers, e The Daily Show (Comedy Central), com Trevor Noah.

Mas o programabet sportingmais sucesso na era Trump talvez seja o Saturday Night Live.

Os esquetes da veterana atração da rede NBC imitando o presidente ebet sportingequipebet sportinggoverno fazem rir com uma proposta diferente da adotada pelos talk shows: repetem os atos do republicano, às vezes palavra por palavra.

'Senhor Guacamole'

Em outubrobet sporting2016, na época do primeiro debate entre os então candidatos à presidência Hillary Clinton e Donald Trump, o ator Alec Baldwin estreoubet sportingimitação no Saturday Night Live.

Tuítebet sportingTrump

Crédito, Twitter

Legenda da foto, 'Acabeibet sportingtentar ver 'Saturday Night Live': é impossívelbet sportingassistir! Totalmente tendencioso, nada engraçado e a interpretaçãobet sportingBaldwin não poderia ser pior. Triste', disse o presidente Trumpbet sportingum tuíte sobre o programabet sportingTV

Com Kate McKinnon no papelbet sportingHillary Clinton, eles parodiaram cada um dos três debates, mesclando partes literais da realidade com o seu usual humor satírico.

Um exemplo: ao responder por que suas políticasbet sportingimigração são melhores que asbet sportingHillary, o personagembet sportingBaldwin responde: "Porque ela quer fronteiras abertas e isso é uma loucura. Pessoas estão entrando no nosso país pelo México e algumas são homens maus".

Foi mais ou menos o que Trump dissebet sportingum dos debates.

Masbet sportingseguida Baldwin acrescenta: "Tenho uma relação fantástica com o México. Me reuni pessoalmente com o presidente. Esqueci seu nome, acho que era algo como Mister Guacamole. Perdão, SenhorGuacamole. Também conhecibet sportinglinda esposa, Taquito, e seus gêmeos, Chips e Salsa".

Baldwin, que não faz parte do elenco fixobet sportinghumoristas do Saturday Night Live, já fez 17 participações no programa interpretando o personagem - e é provável que faça muitas mais.

Nesta semana, a NBC informou que a atual temporada é a mais assistidabet sporting22 anos, com uma médiabet sporting10,6 milhõesbet sportingtelespectadores por episódio.

Trump e Alec Baldwin caracterizado no Saturday Night Live

Crédito, Getty Images/AP

Legenda da foto, Donald Trump (esq.) durante o discursobet sportingposse e Alec Baldwin (dir.)bet sportinguma das suas várias imitações do presidente no programa 'Saturday Night Live'

Para Trump, porém, o programabet sportinghumor emblemático da televisão americana, que está há 42 anos no ar, é "chato", "terrível" e "o pior da NBC", como ele tuitoubet sportingdiversas oportunidades.

"Acabeibet sportingtentar ver Saturday Night Live: é impossívelbet sportingassistir! Totalmente tendencioso, nada engraçado e a interpretaçãobet sportingBaldwin não podia ser pior. Triste", escreveu o presidente no Twitter após um episódio que satirizava justamente o seu comportamento na rede social.

Trump africano

"Nos regimes políticos autoritários, a comédia e a sátirabet sportingparticular são mais eficazes do que os ataques explícitos ao poder político", disse à BBC Mundo, o serviçobet sportingespanhol da BBC, Geoffrey Baym, diretor e professor do Departamentobet sportingEstudosbet sportingMídia e Produção da Universidadebet sportingTemple, na Filadélfia, nos EUA.

"Enquanto os adversários políticos podem ser diminuídos, atacados e até presos, as pessoas do mundo do entretenimento e os comediantes são mais imunes à crítica."

Baym esclarece que, embora continue havendo liberdadebet sportingexpressão e imprensa nos EUA, "dada a natureza da política americana, Trump está agindobet sportingmaneira bastante autoritária".

"Ele ataca seus inimigos, normalmentebet sportingforma perssoal. Na primeira entrevista coletiva não aceitou perguntas... Está claro que esta é uma administração presidencial que está tentando manter um grande controle do que a imprensa pode dizer e fazer, que não aceita com leveza a crítica e que está tentando intervir e interferir no diálogo público."

Trevor Noah durante piada com Trump

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Legenda da foto, O comediante sul-africano Trevor Noah no quadro do programa 'The Daily Show'bet sportingque comparava o então candidato à presidência dos EUA com vários presidentes africanos

Em outubro passado, o comediante sul-africano Trevor Noah dedicou um bloco do The Daily Show à comparaçãobet sportingalgumas propostas e afirmaçõesbet sportingTrump com asbet sportingvários presidentesbet sportingpaíses da África.

"Donald Trump é presidenciável. Acontece que ele é candidato à presidência no continente errado", explicava Noah,bet sportingum vídeo que está entre os mais vistos no canal do programa no YouTube.

Ele comparou "o graubet sportingautoestima"bet sportingTrump ao do ex-presidentebet sportingUganda Idi Amin, que se fazia chamar oficialmente pelo título: "Sua excelência o presidente vitalício, marechal-de-campo Al Hadji doutor Idi Amin, VC, DSO, MC, CBE, senhorbet sportingtodas as bestas da Terra e peixes no oceano e conquistador do império britânico na Áfricabet sportinggeral ebet sportingUgandabet sportingparticular".

Em seguida, aparece no vídeo a imagembet sportinguma torre dourada com esse longo título escrito na fachada. E Noah acrescenta: "Felizmente, Idi Amin não era donobet sportingnenhum cassino" (uma referência aos negóciosbet sportingTrump).

Possebet sportingTrump (esq.) e abet sportingObamabet sporting2009 (dir.).

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Legenda da foto, O público na possebet sportingDonald Trump (esq.) e nabet sportingBarack Obamabet sporting2009 (dir.). As duas imagens foram feitas do obeliscobet sportingWashington e incendiaram a polêmica sobre os números da multidão também nos programas humorísticos

Interpretaçãobet sportingsucesso

Um dos grandes temas da campanha presidencial americana, e agora do governo Trump, é a verdade.

O melhor exemplo talvez seja a polêmica sobre o tamanho da multidão no dia da possebet sportingcomparação com a atraída pela cerimôniabet sportingBarack Obamabet sporting2009.

Segundo o secretáriobet sportingimprensa da Casa Branca, Sean Spicer, a possebet sportingTrump foi a que "teve o maior público na história dos juramentos presidenciais".

"A mídia está interpretando mal as imagens e utilizando dados pouco claros para minimizar o enorme apoio que o presidente recebeu no dia dabet sportingposse", acrescentou.

Este e outros embatesbet sportingSpicer com a imprensa foram parodiadosbet sportingesquetes do Saturday Night Live, nos quais o secretáriobet sportingimprensa foi interpretado pela atriz Melissa McCarthy.

"Quero começar pedindo desculpasbet sportingnomebet sportingvocês a mim pela forma como vocês me trataram nas últimas duas semanas", dissebet sportingtom enérgico o personagembet sportingMcCarthy aos jornalistas. "E não aceito as desculpas."

Melissa McCarthy como Sean Spicer no Saturday Night Live.

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Legenda da foto, A atriz e comediante Melissa McCarthy faz suceso ao interpretar o secretáriobet sportingimprensa da Casa Branca, Sean Spicer, no 'Saturday Night Live'

O esquete teve tamanha repercussão que na última quinta-feira o jornal The Washington Post publicou o seguinte título: "Sean Spicer foi totalmente Melissa McCarthy hoje".

Nas palavrasbet sportingEvan Smith, professorbet sportingcomunicação na Universidadebet sportingSiracusa, no Estadobet sportingNova York, "as piadas quase que se escrevem sozinhas".

"Poderia-se pensar que chegaríamos a um pontobet sportingsaturação após tantos mesesbet sportingpiadas políticas", disse Smith à BBC Mundo.

Mas a verdade é que, acrescenta o professor, o governo americano "está sendo tão ativo que todos os dias" que acrescenta novos temas à agenda da comédia.

De fato, muitos meiosbet sportingcomunicação incorporaram a análise desses programas àbet sportingcobertura. Na semana passada, por exemplo, o resumo matinal do jornal The New York Times na internet incluía a recomendaçãobet sportingum vídeo humorístico.

Samantha Bee sorrindo.

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Legenda da foto, A comediante Samantha Bee apresenta 'Full Frontal', no canal americano TBS; especialistasbet sportingcomunicação nos EUA dizem que atualmente muitos jovens se informam por meiobet sportingprogramasbet sportingcomédia

Fontebet sportinginformação

"Hojebet sportingdia, os estudos mostram que muitos jovens adultos se informam não pelos jornais ou programas jornalísticos, mas por meiobet sportingshowsbet sportingcomediantes como Trevor Noah, John Oliver, Samantha Bee ou mesmo pelo Saturday Night Live", disse Smith.

John Oliver, por exemplo, negou várias vezes que o seu programa, Last Week Tonight, faça jornalismo. Ele sustenta que faz humor baseado na realidade.

No entanto, muitos segmentosbet sportingseu programa são citados como fontebet sportinginformação pela mídia como, por exemplo,bet sportinganálise da viabilidade do muro proposto por Trump na fronteira com o México.

No vídeo mais visto do Last Week Tonight no YouTube, o comediante britânico analisa a então candidaturabet sportingTrump e diz: "Não temos como saber qual dos seus inconsistentes pontosbet sportingvista serão executados quando ele governar. Mas quando ele prestar juramento como presidente,bet sporting20bet sportingjaneirobet sporting2017, nesse dia suas opiniões vão importar".

"E você vai lembrar dessa data, porque nesse dia vão chegar viajantes do futuro tentando frear tudo isso para que nunca aconteça", continua Oliver.

John Oliver

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Legenda da foto, Comediante britânico John Oliver negou várias vezes que seu programa, o 'Last Week Tonight', faça jornalismo

O humor cruza fronteiras

Segundo Baym, a sátira política nos EUA começou a ganhar importância depois dos atentados terroristasbet sporting11bet sportingSetembrobet sporting2001 e a posterior invasão militar do Iraque.

"O jornalismo não estava funcionando como uma crítica formal ao governo do presidente George W. Bush. Foi então que Jon Stewart e Stephen Colbert se tornaram vozes importantes no cenário político americano", afirma.

Para ele, no momento, o problema com o jornalismo é outro: "Temos tantas fontesbet sportinginformação e desinformação que já não existem meiosbet sportingcomunicaçãobet sportingmassa que falem a todos no país. As pessoas escolhem a informação que querem ouvir e as notícias que explicam abet sportingvisãobet sportingmundo".

"A comédia tem a capacidadebet sportingcruzar fronteiras e apelar para uma audiência maior e mais variada do que muitos meiosbet sportinginformação", acrescenta.

E o fenômeno do humor relacionado a Trump já cruzou fronteiras - literalmente.

Framebet sportingHolandabet sportingsegundo lugar

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Legenda da foto, Um vídeobet sportingque a Holanda se apresenta e pede para ser a 'segunda' da listabet sportingTrump, jábet sportingprioridade seria a América, se tornou viral e gerou uma sériebet sportingoutros

Nos últimas semanas, surgiram dezenasbet sportingvídeosbet sportingque vários países do mundo, especialmente da Europa, se apresentam ao novo presidente americano.

A ideia é sempre a mesma: se os EUA vão ser a prioridade - ou seja, vir "primeiro", como promete Trump -, então o país do vídeo quer ser o "segundo".

Essa tendência viral começou com a Holanda,bet sportingum vídeobet sportingque o narrador, imitando a vozbet sportingTrump, explica ao presidente dos EUA várias características do povo holandês e mostra suas várias atrações turísticas, como Afsluitdijk: "É um muro grande que construímos para nos protegerbet sportingtoda a água do México. De fato, construímos um oceano inteiro entre nós e o México".

O narrador é o comediante Greg Shapiro, que está radicado na Holanda desde os anos 1990.

No Brasil, o programa Tá no Ar, da TV Globo, produziu um vídeo similar.

A verdade por trás da piada

O escritor americano Lee Siegel explicou à BBC Mundo que o humor político é "terapêutico", mas tem seus riscos.

Para ele, Stewart e Colbert sãobet sportingparte responsáveis pelo que chamabet sporting"atmosferabet sportingnotícias falsas".

Por meio "da provocação, da zombaria, das montagens distorcidas e da misturabet sportingironia e comentários políticos, a qualidadebet sportingse estar dizendo algo falso com pintabet sportingverdade se tornou o valor dominante desses programas".

"Seu (de Stewart e Colbert) desprezo por cada aspecto do processo político democrático foi a versão liberal do cinismo e do niilismo que ajudaram a levar Trump à Casa Branca", escreveu Siegelbet sportinguma coluna publicada na revista Columbia Journalism Review,da Universidadebet sportingColumbia,bet sportingNova York.

Siegel disse à BBC Mundo: "O entretenimento sempre suaviza a verdade, inclusive quando a expõe. Não conheço nenhum comediante que diga nadabet sportingmaneira tão dura e consequente" como o bom jornalismo.

E completa: "Trump responde aos comediantes porque quer distrair as pessoas do que está sendo informado sobre ele nas notícias".