'Antidiplomacia' telefônica: o estilo pouco ortodoxo com que Trump conduz relações internacionais dos EUA:
Talvez seja melhor dizer que o mundo está vendo o Donald Trump "antidiplomático".
Diálogos tensos
Vários veículosmídia no mundo relataram na quarta-feira o suposto conteúdoconversasTrump com o presidente do México, Enrique Peña Nieto e com o premiê australiano, Malcolm Turnbull, com baseinformaçõesfontes que tiveram acesso à transcrição dos diálogos.
A Turnbull, Trump disse que um acordo firmado com a administraçãoBarack Obama para receber maismil refugiados atualmentecamposdetenção australianos era o "pior compromisso do mundo". Ele também descreveu a conversa com o líder australiano como a pior que teve com líderes internacionais.
Em um sinal foi o fatoque a conversa, prevista para durar uma hora, acabou encerrada25 minutos.
México
No telefonema a Peña Nieto, Trump teria reclamado da atuação das autoridades mexicanas contra o narcotráfico e o crime. Segundo a agêncianotícias AP, o presidente americano teria ameaçado enviar tropas ao país vizinho - uma informação negada pelo governo mexicano.
Nas duas conversas, Trump teria se gabado do tamanho da multidão que assistiu nas ruasWashingotn aposse,20janeiro. O assunto se tornou recorrente nos pronunciamentosTrump depois da mídiavários países afirmar que o evento recebeu audiência muito menor que a posseObama,2009.
Mas as os relatos divergem dos comunicados da Casa Branca, que falam apenas na "força das relações" entre os países e"proximidade".
Diplomacia "dura"
Um tuíteTrump condenando o acordorefugiados com a Austrália pareceu confirmar que a conversa com Turnbull foi menos harmoniosa que nos documentos oficiais.
E o presidente não tentou dissuadir ninguém.
"Se vocês ouvirem que estou tendo conversas duras, não se preocupem. Está na horasermos um pouco duros, meus amigos. Todos os países do mundo estão levando vantagem sobre nós. Isso não vai continuar".
Esse tipoatitude mais abrasiva agrada às pessoas que apoiam Trump, mas preocupa quem prevê problemas internacionais para o país.
"Isso gera uma profunda incertezaoutros países sobre a confiabilidade dos Estados Unidos. Se Trump continuar se comportandomaneira errática, as consequências podem ser imprevisíveis", explica Zach Beauchamp, jornalista especializadorelações internacionais.
Nem todas as interaçõesTrump, porém, têm sido agressivas. A conversa com o premiê paquistanês, Muhammad Nawaz Sharif, foi marcada por elogiosTrump, segundo as transcrições.
"Os paquistaneses são pessoas inteligentes. Estou pronto para ajudá-los a encontrar soluções para seus problemas", disse o texto.
A artevender
Em um livro publicado1987, A ArteVender, Trump explica os segredos para uma boa negociação. Um deles é "ser afável, mas se defender com tudo" caso alguém acredite que está sendo tratadomaneira injusta.
Outro é "nunca mostrar fraqueza".
"O pior que se pode fazeruma negociação é se mostrar despreparado", escreveu Trump.
"Isso faz com que a outra parte sinta o cheirosangue, e você está morto".
Há quem diga que Trump parece estar aplicando essas máximas a suas relações diplomáticas.