A delicada cirurgia secretacruzeiro x sport'mentor do 11/9' que reforça polêmicas sobre Guantánamo:cruzeiro x sport

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Legenda da foto, Mustafa al Hawsawi foi detido no Paquistãocruzeiro x sportmarçocruzeiro x sport2003; ele está detido desde 2006cruzeiro x sportGuantánamo

cruzeiro x sport Mustafa al Hawsawi é um dos cinco presos acusados do maior crime da história recente dos Estados Unidos: os atentadoscruzeiro x sport11cruzeiro x sportsetembrocruzeiro x sport2001.

O cidadão saudita,cruzeiro x sport48 anos, está detido desde 2006 na base militar americanacruzeiro x sportGuantánamo (situada na ilhacruzeiro x sportCuba), onde aguarda um processo judicial que pedecruzeiro x sportpenacruzeiro x sportmorte.

Junto com outros quatro homens, ele é acusadocruzeiro x sportser um dos mentores das operações financeiras que facilitaram os atentados que mataram quase 3 mil pessoas.

Mas seu julgamento ainda não aconteceu. E nesse meio tempo, Al Hawsawi foi diagnosticado com prolapso retal, uma doença que causa a exteriorização do reto (parte final do intestino) por meio do ânus.

O problema causa dores intensas, hemorróidas crônicas e fissuras anais. Em audiências preparatórias, Al Hawsawi teve que usar uma almofada para se sentar.

O advogado dele, Walter Ruiz, explicou à BBC que, como consequência da doença, seu cliente sofre com muitas dores. "Ele vive com muita dor, problemas para defecar e precisa reinserir seu reto toda vez que faz suas necessidades", disse Ruiz.

Causa e consequência

Mas qual é a relação entre a condiçãocruzeiro x sportsaúdecruzeiro x sportHawsawi e os atentadoscruzeiro x sport11cruzeiro x sportsetembro?

É o que tenta responder um relatóriocruzeiro x sport6,7 mil páginas sobre práticascruzeiro x sporttortura da Agência Centralcruzeiro x sportInteligência americana, a CIA.

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Legenda da foto, O casocruzeiro x sportMustafa al Hawsawi é semelhante aocruzeiro x sportoutros presos que não tiveram julgamento para determinar se eram culpados ou inocentes; organizaçõescruzeiro x sportdireitos humanos já se manifestaramcruzeiro x sportdefesa deles

Um resumo desse documento - que foi rejeitado pelo Senado americanocruzeiro x sport2014 - revela que Al Hawsawi foi submetido a interrogatórios com "técnicascruzeiro x sportcontrolecruzeiro x sportconduta" que o deixaram com a condição atual.

Capturado no Paquistãocruzeiro x sport2003, ele levado a um centrocruzeiro x sportdetenção na CIAcruzeiro x sportuma localização secreta e submetido a várias técnicascruzeiro x sportinterrogatório até 2006.

Entre elas, estavam exames retais com "força excessiva" e uma técnicacruzeiro x sport"rehidratação" por via anal, como métodocruzeiro x sport"controlecruzeiro x sportconduta". Ele também foi submetido a técnicascruzeiro x sportsimulaçãocruzeiro x sportafogamento.

"Al Hawsawi clamava por Deus enquanto a água era derramada sobre ele e um dos interrogadores disse que foi por causa da temperatura fria da água", disse o relatório apresentado ao Senado citando testemunhas.

O prisioneiro também tem muitas dorescruzeiro x sportcabeça, nas costas e no pescoço por contacruzeiro x sportuma técnica chamada "walling" (de muro,cruzeiro x sportinglês), que consistecruzeiro x sportfazer com que uma pessoa bata o corpo contra a parede.

'Guerra contra o terror'

Os atentadoscruzeiro x sport11cruzeiro x sportsetembro deram início à intervenção militar dos Estados Unidos no Afeganistão e no Iraque, a chamada "guerra contra o terror".

Após os atentados, o governocruzeiro x sportGeorge W. Bush abriu o centrocruzeiro x sportdetençãocruzeiro x sportGuantánamocruzeiro x sport2002. Em 2006, o presidente fez um "reconhecimento público" da existênciacruzeiro x sportum programacruzeiro x sportdetenção e interrogatórios da CIA.

A inteligência americana identificou, entre vários suspeitos, cinco homens como "mentores" da operação: Khalid Sheikh Mohammed, Ali Abd al Aziz Ali, Waleed bin Attash, Ramzi bin al Shibh e Mustafa Ahmad al Hawsawi.

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Legenda da foto, A prisãocruzeiro x sportGuantánamo surgiucruzeiro x sport2002, quando os Estados Unidos começavam uma ofensiva contra o terrorismo no Oriente Médio

Por serem suspeitoscruzeiro x sportterrorismo, sequestrocruzeiro x sportaeronaves, conspiração, ataques contra civis, lesões graves e violações ao direitocruzeiro x sportguerra, podem ser sentenciados à morte se forem condenados,cruzeiro x sportacordo com o Departamentocruzeiro x sportDefesa.

Mas nenhum dos cinco suspeitos foi acusado formalmente. Eles permanecem detidos por causa da Lei americana 107-40, que autoriza o usocruzeiro x sportforça militar contra quem "tiver planejado, autorizado ou cometido os atentadoscruzeiro x sport11cruzeiro x sportsetembrocruzeiro x sport2001".

"Ao que parece, a autorização geral permite a prisão perpétua", afirmou um relatório do Grupocruzeiro x sportTrabalho sobre as Detenções Arbitrárias da ONU.

No entanto, o advogado Walter Ruiz denuncia que seu cliente estácruzeiro x sportum "limbo legal", já que nunca foi acusado formalmente e muito menos condenado para estar na prisão.

"Até agora, ele segue sem ter uma data para julgamento e só tem passado por audiências preparatórias", disse Ruiz. "É o mesmo casocruzeiro x sportoutros quatro acusados, já que o processo é o mesmo", explica o advogado.

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Legenda da foto, Da esquerda para direita, Ali Abd al Aziz Ali, Waleed bin Attash, Khalid Sheikh Mohammed, Mustafa Ahmad al Hawsawi e Ramzi Binalshibh, suspeitos do 11cruzeiro x sportsetembro

Organizaçõescruzeiro x sportdireitos humanos que acompanham o caso, como a Anistia Internacional ou a britânica Redress, têm criticado a situação principalmente com basecruzeiro x sportuma parte do relatório apresentado no Senado.

Eles dizem que "muitos indivíduos foram submetidos a técnicascruzeiro x sportinterrogatório da CIA apesarcruzeiro x sportdúvidas ou questionamentos sobre seu conhecimento sobre terrorismo ou sobre a localizaçãocruzeiro x sportlíderes da Al Qaeda".

No caso particularcruzeiro x sportAl Hawsawi, um chefe dos interrogadores chegou a enviar uma carta à CIAcruzeiro x sportque afirma que "esse árabe não parece ser um gênio financeiro", como afirmava a inteligência americana.

Cirurgia secreta

As audiências preparatórias têm sido extenuantes para Al Hawsawi, segundo o advogado Ruiz, já que o movimento causa "muita dor e limitacruzeiro x sportcapacidade para se apresentar".

Em ocasiões o traslado até a salacruzeiro x sportjulgamento foi tão complicado que Al Hawsawi precisou parar e sentarcruzeiro x sportuma almofada para aliviar a dor,cruzeiro x sportacordo com Ruiz.

O advogado disse que seu cliente seria submetido a uma cirurgia - que pode inclusive já ter ocorrido - para poder lidar melhor com o transtorno e que ajudaria emcruzeiro x sportdefesa.

Mas ele considera "inaceitável" que não lhe tenha sido informadocruzeiro x sportque condições se daria a cirurgia, já que a operação é delicada e há dúvidascruzeiro x sportque haja estrutura e instalações adequadas para tanto na basecruzeiro x sportGuantánamo.

A BBC solicitou ao Departamentocruzeiro x sportInformação detalhes sobre o procedimento cirúrgico, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.

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Legenda da foto, Os atentadoscruzeiro x sport11cruzeiro x sportsetembro deixaram quase 3 mil mortos

O médico do Departamentocruzeiro x sportDefesa dos Estados Unidos, Jonathan Woodson, que cuida do casocruzeiro x sportAl Hawsawi, dissecruzeiro x sportuma carta no mêscruzeiro x sportmarço que, "por questõescruzeiro x sportprivacidade", ele não pode fornecer esse tipocruzeiro x sportinformação.

Mas ele garante que orientou a equipe médica local a atender os pacientes com problemascruzeiro x sportsaúde física ou mental sob "juízo e normas padrões do que se aplica às equipescruzeiro x sportForças Armadas americanas".

Para o advogado Walter Ruiz, o primordial é que as autoridades "facilitem a reabilitação"cruzeiro x sportAl Hawsawi e, então, que se definacruzeiro x sportsituação.

Para o Grupocruzeiro x sportTrabalho sobre a Detenção Arbitrária da ONU, o fatocruzeiro x sportas autoridades americanas manterem Al Hawsawi é "arbitrária, já que contraria os artigos 9 e 10 da Declaração Universalcruzeiro x sportDireitos Humanos."

Guantanamo segue

Quando Barack Obama assumiu a Presidência dos Estados Unidos, assinou uma ordem executiva para fechar a base militarcruzeiro x sportGuantánamo - umacruzeiro x sportsuas promessascruzeiro x sportcampanha por causa das acusaçõescruzeiro x sportviolaçõescruzeiro x sportdireitos humanos.

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Legenda da foto, Barack Obama assinoucruzeiro x sport2009 uma ordem executiva para fechar a prisãocruzeiro x sportGuantánamo, mascruzeiro x sport2016 ainda restam 61 pessoas presas lá

No iníciocruzeiro x sport2009, havia 242 presos no local, segundo o Departamentocruzeiro x sportDefesa e, desde então, a maior parte deles foi enviada a outros países - alguns sem acusações ecruzeiro x sportliberdade.

A três mesescruzeiro x sportObama deixar o cargo, ainda restam 61 presoscruzeiro x sportGuantánamo e é provável que ele não consiga cumprir a promessa feita após dois mandatos. Entre os presos, estão os suspeitos mais importantes do 11cruzeiro x sportsetembro.

O presidente responsabiliza o Congresso americano, que é composto emcruzeiro x sportmaioria por representantes da oposição, por "impor restrições" para que os presos fossem enviados a outros países ou a outros centroscruzeiro x sportdetenção nos Estados Unidos.

"A reparação adequada seria colocá-locruzeiro x sportliberdade e conceder-lhe o direitocruzeiro x sportobter uma indenização", conforme o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, segundo uma resolução aprovadacruzeiro x sport20cruzeiro x sportnovembrocruzeiro x sport2014.

No entanto, Al Hawsawi é suspeito do que o então presidente americano George W. Bush descreveu como um ato que "mostrou o pior da natureza humana" e sobre o qual prometeu "encontrar e punir todos os culpados".