'Como passei 21 dias na prisão por causagrupo 365betum documento roubado':grupo 365bet
grupo 365bet A aparente negligênciagrupo 365betAraújo diante do extravio cobrou seu preço: o mestregrupo 365betobras foi presogrupo 365bet14grupo 365betsetembro, por ordem da 9ª Vara Criminalgrupo 365betBelo Horizonte (MG), a maisgrupo 365bet900 kmgrupo 365betsua casa.
grupo 365bet Após conseguir provar que não era o criminoso procurado, deixou a Casagrupo 365betPrisão Provisóriagrupo 365betAparecidagrupo 365betGoiânia (GO) no último 4grupo 365betoutubro, descalço e com a mesma roupa que entrara.
grupo 365bet Moradorgrupo 365betTrindade, na região metropolitanagrupo 365betGoiânia, ele diz ter feito promessa para esquecer o período na cadeia. "Nunca imaginei na minha vida ficar preso, porque eu nunca fiz maldade para ninguém."
grupo 365bet Antesgrupo 365betcumprir a promessa, relatou à BBC Brasil como foi a experiência na prisão - e o pesadelo aindagrupo 365betcurso, pois ainda precisa provar definitivamentegrupo 365betinocênciagrupo 365betpelo menos quatro processos. Confira o relato:
"Mexo com construção desde que me entendo por gente. Tenho 38 anos, comecei a trabalhar com 17 anos e há 20 anos sou mestregrupo 365betobras.
Fui roubado numa obra,grupo 365betabrilgrupo 365bet1999. A gente trocavagrupo 365betroupa no almoxarifado e deixava tudo dependurado. Três funcionários deixaram as carteiras no bolso e foram roubados. Tinha habilitação e identidade [na carteira]. Nem fiz a ocorrência.
Em 2009, estava indo para o Alphaville (condomíniogrupo 365betGoiânia), umas 8h. Um guarda me abordou e pediu a habilitação da moto.
Os guardas só apareceramgrupo 365betnovo após uns 40 minutos. De repente apareceram cinco viaturas para me prender, atravessando canteiros, coisagrupo 365betcinema.
Começaram a me agredir. Chorei e disse: 'moço, nunca fiz nada'. E eles dando tapas, me empurrando numa telagrupo 365betparque. Passantes batiam continência para os soldados: 'Parabéns, prendeu mais um bandido'.
Levaram-me ao 8º DP (Distrito Policial), perto do (estádio) Serra Dourada. Quando puxaram os processos, saiu a foto do cara (que usa o documento dele). Começaram a maneirar comigo.
Jogaram-me na viatura, fui ao IML (Instituto Médico Legal) fazer examegrupo 365betcorpogrupo 365betdelito, fiz examegrupo 365betdigitais. Às 16h30 me liberaram: pelas digitais perceberam que eu não era o cara.
Segunda prisão
No mês passado fui ao Alphaville buscar um projeto para fazer orçamento. Voltando, fui parado às 9h30 numa barreira policial. Puxaram minha ficha no computador: estava lá o mandadogrupo 365betprisão.
Colocaram-me no carro e me algemaram. De dentro do carro liguei para minha mulher buscar a moto que havia ficado na barreira. Quando ela chegou, eu tinha acabadogrupo 365betentrar na viatura para ser preso. Imaginei que seria igual da outra vez, porque nunca fiz maldade para ninguém.
Fui ao IML, à Polícia Civil. Tiraram duas fotos minhas, mas não fizeram a verificação das digitais como da outra vez. Do IML fui para a Deic (Delegaciagrupo 365betInvestigações Criminais).
O policial chegou com meu mandadogrupo 365betprisão, entregou ao delegado e já me desceram (para triagem, na Casagrupo 365betPrisão Provisóriagrupo 365betAparecidagrupo 365betGoiânia).
Presogrupo 365betqualquer lugar vai para triagem. De onde é meu processo? (Minas Gerais) Eu só sairia da triagem para ir para Minas.
Meu tênis ficou na triagem. Agentes da triagem cortaram minha calça como bermuda, porque não pode entrargrupo 365betcalça na cela. É lei do presídio. Fui descalço.
Foi o 'trem' mais triste da minha vida. Dormi num 'corró', uma celinha que divide os presos para cada ala que irão. Todos que chegam vão para essa celinha. São duas alas no presídio, A e B. Cada ala tem dez celas e uma cela especial para quem não convive com outros presos.
Cheguei lá umas 15h, havia umas 30 pessoas. À noite já eram 60. Passei a noitegrupo 365betpé, num espaçogrupo 365bet9 m². Esse cômodo tinha um banheiro, um tanquezinho que virava a torneira onde o povo tomava banho.
Regras e rotina
No dia seguinte fui para a ala B, numa celagrupo 365bet16 m², com 30 a 33 pessoas. Tinha seis 'jegas' - jega é cama. Havia colchonetes, um banheiro para banho, um para as necessidades e uma pia.
Dormia umgrupo 365betcada cama, e o resto no chão. Era feito um rodízio, e os mais velhos iam subindo (para as camas). Passei os 21 dias no chão,grupo 365betum colchonete fininho.
Quando cheguei o chefe da cela desceu e passou as coordenadas. Tem que fazer isso, aquilo.
Primeira coisa: tem que tomar banho. O mínimo por dia eram cinco. Mas tomava seis, sete por dia. Era só um cano com água fria. O banheiro era uma privada assentada no chão. Tinha uma cortinagrupo 365betpano e um tanque entre o banheiro e o banho.
Lá é lei: se fizer cocô tem que tomar banho. São asseados ao extremo. Única coisa que presta é o asseio. Se o governo tivesse uma comida digna e colocasse menos pessoas na cela, recuperava muita gente. Mas como são muitos e a comida é ruim, o pessoal fica revoltado.
Tinha horário para banho, horário para levantar. Não sabia as horas, fazia só uma base. Às 6h tinha que levantar o pessoal que estava no chão, lavar a cela.
O café era às 8h. Misturavam leite com café 'aguado' e pão sem manteiga. Eram duas horasgrupo 365betbanhogrupo 365betsol, sem horário específico. Ficava todo mundo lá misturado.
O almoço eragrupo 365bet11h às 13h. Não tinha hora certa. Era arroz, feijão e dois pedacinhosgrupo 365betcarne. Chegava quente, mas teve marmita azeda também. A janta era a mesma coisa: um lixo, nem cachorro come.
Eu falava (que era inocente), mas ninguém entendia. Caí lá dentro, sou ladrão como eles, diziam. E qualquer preso diz ser inocente. Pode estar ele filmado lá na câmera que fala que não é ele.
Me dava com todo mundo, mas ficava na minha, calado,grupo 365betcabeça baixa, sempre chorando, com saudade da família. Nem reparava nos outros.
Quinta-feira tinha visita e 'Cobal' (alimentos levados por visitantes). Dividi alimentos para não arrumar inimizade com ninguém.
Medo e liberdade
Fiquei mais isolado mesmo. Ficava com medo. Medogrupo 365betnão ver mais minha família. De sair mortogrupo 365betlá. Só Deus e quem vive isso sabe o que é uma cadeia. (Ele diz que não chegaram a ameaçá-lo e que não presenciou nenhuma situaçãogrupo 365bettensão).
Lá tem caneta e os presos faziam um calendário do mêsgrupo 365betum papel na parede. Um dia lá é uma eternidade. Tinha uma janela grande que dava para ver (a luz do dia). Não tinha nada para fazer.
(Após o advogadogrupo 365betAraújo conseguir provar diferenças entre ele e o homem procurado, como o nome da mãe na identidade, profissão diferente e fotografia no sistemagrupo 365betbuscas, a prisão do mestregrupo 365betobras foi revogada.)
Na saída da prisão vi minha família. Saí descalço porque quis doar os chinelos para os meninos lá. Não tenho palavras para descrever a alegria.
Tenho duas filhas, umagrupo 365betoito e outragrupo 365betseis anos, Rafaela e Júlia. A mãe não escondeu nadinha delas.
Sinto-me meio fracassado, com uma Justiça cega dessa. Na primeira vez provei que (o procurado) não era eu. Agora outro mandadogrupo 365betprisão igual. A lei é cega. Não nos ouvem mais. Se parassem um pouquinho para investigar...
Só com advogado já gastei R$ 25 mil. Foram R$ 8 mil antes, mais R$ 25 mil agora para provar minha inocência, fora (gastos)grupo 365betSedex, telefone, gasolina. E os prejuízos da minha obra, que tive que parar. São três obras que ficaram paradas.
Agora o advogado irá checar se é preciso fazer esse reconhecimentogrupo 365betBelo Horizonte e aí entrar com processo para mudar meu nome, tirar um sobrenome e colocar outro - acho que vou acrescentar o da minha esposa. Quero ver se tem como entrar contra o Estadogrupo 365betMinas e ogrupo 365betGoiás (pedidogrupo 365betindenização por danos morais).
Parece que estou aprendendo a vivergrupo 365betnovo. Aquela cela não sai da minha cabeça, a angústia que vivi lá dentro, só tristeza. Estou tomando remédio para dormir, porque não dormia lá.
Peguei infecçãogrupo 365betgarganta desde o diagrupo 365betque entrei, não sarou. Gripe era umagrupo 365betcima da outra, imunidade baixa. O povo quase morria lá precisandogrupo 365betmédico e não atendiam.
Agora quero finalizar os processos. Farei o que tiver que fazer para não ser presogrupo 365betnovo."