Os filhos da escassezfreebet gratuitanticoncepcionais na Venezuela:freebet gratuit

Crédito, Elianah Jorge/BBC Brasil

Legenda da foto, Paola González diz que teve o terceiro filho graças à faltafreebet gratuitpílulas

Elas estãofreebet gratuittodos os lugares, especialmente nas filas para comprar fraldas e fórmulas lácteas. Apesar do barrigão, é preciso apresentar no comércio a carteirafreebet gratuitidentidade, exames e uma declaração médica que comprovem a gestação para adquirir os produtos.

Os preços tabelados criaram um gargalo burocrático e estimularam aparecimento dos bachaqueros - os revendedores informais que inflam os preços dos itens.

A BBC Brasil pediu entrevista com o setor do governo venezuelano responsável pelos temas abordados no decorrer desta reportagem, mas não houve resposta.

Crédito, Elianah Jorge/ BBC Brasil

Legenda da foto, Aos 18 anos, Yarjelis Valera espera a segunda filha

Escassez crônica

Se alimentos e produtos industrializados desapareceram das prateleiras, é na áreafreebet gratuitmedicamentos que as faltas se tornam mais dramáticas.

"A faltafreebet gratuitremédiosfreebet gratuitgeral chega a 85%. A escassezfreebet gratuitcontraconceptivos, porém, éfreebet gratuitquase 100%, porque o governo não entrega os dólares preferenciais para podermos importá-los", disse à BBC Brasil o presidente da Federaçãofreebet gratuitFarmacêuticos da Venezuela, Freddy Ceballos.

A faltafreebet gratuitpílulas também atingiu Paola González, mãe do recém-nascido Adrián efreebet gratuitoutras duas crianças.

Ela mora com os pais, dois irmãos e os três filhosfreebet gratuituma casa no bairro popularfreebet gratuitLa Vega,freebet gratuitCaracas. Desempregada, a jovemfreebet gratuit22 anos pensafreebet gratuitvoltar ao trabalho "para comprar leite e fraldas".

"O potefreebet gratuitleite a preço regulado custa quase 5 mil bolívares e estão me oferecendo um salário mínimo mais benefícios para trabalhar durante a semanafreebet gratuit7h às 15h. Vou deixar o bebê com uma amiga enquanto isso", planeja.

Hoje, o salário mínimo na Venezuela éfreebet gratuit27 mil bolívares (cercafreebet gratuitUS$ 15 no mercado negro efreebet gratuitUS$ 30 pela cotação do governo, ou seja,freebet gratuitR$ 51 e R$ 102, respectivamente). Os benefícios, pouco maisfreebet gratuit60 mil bolívares (US$ 33 no paralelo, ou R$ 112).

Uma criança chega a consumir uma latafreebet gratuitleite por semana. No caso das fraldas, o pacote tabelado custa cercafreebet gratuit500 bolívares, mas pode chegar a 5 mil bolívares na revenda dos bachaqueros - no iníciofreebet gratuit2015, o mesmo pacote era vendido por 73 bolívares.

Crédito, AP

Legenda da foto, Filas para comprar comida e itens pessoais são rotina na Venezuela

A casa onde Paola mora é mantida por seus pais e por umfreebet gratuitseus irmãos, que compram a bolsafreebet gratuitalimentosfreebet gratuitum Comitê Localfreebet gratuitAbastecimento e Produção (CLAP).

Os comitês são organizados pelo governo e vendem produtos a preços regulados a cada 20 dias. A disponibilidadefreebet gratuititens, no entanto, varia a cada entrega e não é suficiente para todos.

"Às vezes vem uma quantidade, às vezes outras, e assim nos adaptamos. Proteína aparecefreebet gratuitvezfreebet gratuitquando e fazemos só para as crianças, que precisam se alimentar melhor", explica Carmen Sosa,freebet gratuit55 anos, a mãefreebet gratuitPaola.

De acordo com o Instituto Datanálisis, a inflação no mercado informal do país chega a 2.375%. O Fundo Monetário Internacional (FMI) diz que a Venezuela deve fechar o ano com uma inflação superior a 480%.

Diante dessa realidade, algumas mães não sabem se trabalham ou se é melhor economizar dinheiro amamentando.

"Vou aproveitar o período do aleitamento, assim não gasto tanto com o bebê e posso ficar um pouco mais com ele", diz María Delgado Gutierrez, uma delas.

Crédito, AFP

Legenda da foto, Escassezfreebet gratuitmedicamentos é ainda mais grave, dizem especialistas

Segundo o Instituto Nacionalfreebet gratuitEstatística, a pobreza atingia 33,1% da população venezuelana no primeiro trimestrefreebet gratuit2015.

Deste total, 9,3% das famílias estãofreebet gratuitpobreza extrema, um aumentofreebet gratuitrelação ao resultado anterior, que foifreebet gratuit8,4%.

"Esse é um ciclo perverso, fruto da má administraçãofreebet gratuitrecursos e da reduçãofreebet gratuitarrecadação do Estado. Isso (a faltafreebet gratuitanticoncepcionais) inevitavelmente aumenta a reprodução da pobreza diante da faltafreebet gratuitplanejamento familiar, sobretudofreebet gratuitum setor vulnerável. A consequência lógica é o aumento da pobreza", diz o psicólogo social Nicmer Evans.

Aumento das esterilizações

Uma das principais referênciasfreebet gratuitplanejamento familiarfreebet gratuitCaracas, a associação civil Plafam é um dos locais onde tanto homens como mulheres vãofreebet gratuitbuscafreebet gratuitorientação e métodos anticoncepcionais.

Segundo o urologista Alessandri Espinoza, que atua na organização, um dos efeitos da escassez foi o aumento na procura pelas esterilizações nos últimos anos.

"Por causa da faltafreebet gratuitanticoncepcionais para as mulheres, agora os homens estão fazendo vasectomias, que é mais rápido e muito mais barato que a histerectomia", diz.

Só na sede da associaçãofreebet gratuitLas Acácias, zona oestefreebet gratuitCaracas, foram realizadas 48 vasectomiasfreebet gratuit2014. Até agosto deste ano, haviam sido 46.

Outro fator que favorece a esterilização masculina é o preço. Uma histerectomia na Plafam, onde os preços são populares, custa 45 mil bolívares (quase dois salários mínimos no país), enquanto a vasectomia sai por 12 mil bolívares.

"Temos três filhos pequenos e chegamos aqui buscando soluções. Meu marido decidiu fazer a vasectomia pela questão financeira, é mais barato e mais rápido que para mim", afirmou no local a donafreebet gratuitcasa Yajaira Morantes,freebet gratuit32 anos, acompanhada do marido Carlos Flores,freebet gratuit33 anos, que fará o procedimento dentrofreebet gratuituma semana.

Gravidez na adolescência

Na porta da Maternidade Santa Ana,freebet gratuitCaracas, a adolescente Yuleicy Castillho,freebet gratuit15 anos, carrega Edin Gravier como se fosse um boneco.

O bebê,freebet gratuittrês semanas, dorme enquanto a mãe sorri feliz, mas sem saber se continua os estudos ou se terá que trabalhar para mantê-lo.

"Quero aproveitar meu filho, que chegoufreebet gratuitrepente. É tudo o que tenho. Minha mãe é quem me ajuda."

Além da atual faltafreebet gratuitpílulas anticoncepcionais, a Venezuela enfrenta outro problema: o país lidera o ranking regionalfreebet gratuitgravidez na adolescência. São 101 gestações para cada mil habitantes,freebet gratuitacordo com o Fundofreebet gratuitPopulação das Nações Unidas.

No país não há campanhasfreebet gratuitprevenção à gravidez entre jovens.

Segundo a ginecologista Eugenia Seckler, trata-sefreebet gratuitum problema socioeconômico, que ultrapassa o aspecto da saúde.

"As adolescentes veem como um progresso ter filho, se sentem importantes e reconhecidas. Sefreebet gratuitcasa não há orientação, elas acabam buscando atenção ou mudançafreebet gratuitstatus com a gravidez."

Como exemplo, a médica citou um dos casos que mais lhe impactou: ofreebet gratuituma mãe que, durante a consulta, perguntou se a filha,freebet gratuit15 anos, tinha algum problema.

O motivo: a menina ainda não havia ficado grávida.