Países vizinhos esperam reação da economia brasileira para aliviar desconfiança com Temer:messi fifa

Temer

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Michel Temermessi fifacerimônia no Palácio do Planaltomessi fifasetembro; avaliaçãomessi fifavizinhos sobre gestão dependerámessi fifadesempenho econômico, apontam políticos e analistas

A Argentina tem no Brasil o principal destinomessi fifasuas exportações, e a Bolívia exporta seu principal produto ─ o gás ─ ao país, e está prestes a negociar um novo acordo para venda do produto, lembra o analista econômico Javier Gomez, do Centromessi fifaEstudos para o Desenvolvimento Trabalhista e Agrário,messi fifaLa Paz.

No caso argentino, a polarização verificada no Brasil se projeta no cenário político local. O kirchnerismo, grupo político que governou o paísmessi fifa2003 a 2015, critica Temer como "golpista", lembra Andrés Kozel, professormessi fifaCiência Política da Universidademessi fifaSan Martín.

Recentemente, Nestor Pitrola, deputado do partido esquerdista Polo Obrero, disse no plenário do Congresso argentino que Temer é um político "muito impopular" que fará "um ajuste contra os trabalhadores".

Incógnita

Para a maioria da população argentina, contudo, Temer ainda é uma "incógnita", afirma o economista Dante Sica, da consultoria ABECEB.

"Até o momento, o que vemos é uma indefinição. Ele (Temer) também tem envolvimentomessi fifasuspeitasmessi fifacorrupção. Mas é fundamental saber como a economia brasileira reagirá para vermos os efeitos no Brasil, Argentina e região", disse.

Em 2016, segundo estimativa da Cepal (Comissão Econômica para América Latina e Caribe), o PIB da Argentina deverá cair 1,5% - e o do Brasil, 3,5%.

Ex-presidente da União Industrial Argentina, o deputado federal José Ignaciomessi fifaMendiguren, opositor do governo Mauricio Macri, afirmou que o "principal" para a Argentina, independentemente da luta política, é que o Brasil se recupere economicamente.

Mauricio Macri

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Presidente da Argentina, Maurício Macri; novo presidente brasileiro ainda é 'incógnita' para vizinhos

"Nossa dependência é muito grande. Quando o Brasil vai mal, vamos mal também. E pior: o Brasil tenta aumentar exportações para nosso mercado quando não está bem. O melhor é que o Brasil se recupere logo", disse o parlamentar, que defende interesses dos exportadores argentinos.

O presidente da Fiat na Argentina, Cristiano Rattazzi, disse que o ideal, "seja qual for o presidente", é que o Brasil volte a crescer e "abramessi fifaeconomia" ─ para ele, uma das "mais fechadas no mundo".

O peruano Carlos Aquino, professormessi fifaeconomia internacional da Universidademessi fifaSan Marcos, lembra que o governo Temer já mostrou que se afastarámessi fifaantigos aliados políticos do Brasil, como a gestãomessi fifaNicolás Maduro na Venezuela. A expectativa maior no Peru, porém, segundo ele, é que Temer "faça algo para reativar a economia".

Aquino diz que a nova gestão é vista como um governomessi fifatransição,messi fifameio a um sistema político que demonstra "precariedade" com representantes que mudammessi fifalado por "interesses pessoais.

Juan Pablo Lohlé, ex-embaixador da Argentina no Brasil, afirmou que a visitamessi fifaTemer a Buenos Airesmessi fifaoutubro será um gesto importante para a Argentina. Disse esperar que o peemedebista "cumpra o processo institucionalmessi fifaterminar o mandato com plenos poderesmessi fifa2018".

Laços fracos

O professormessi fifaCiência Política da Universidade Autônoma do Chile Ricardo Israel lembra que Temer ainda precisa construir "laços" com líderes do país andino, algo que os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e inclusive Dilma Rousseff fizeram.

O presidente brasileiro é visto no Chile, diz Israel, como "um político experiente, mas sem carisma e voo internacional".

Dilma e Bachelet

Crédito, Agência Brasil

Legenda da foto, Presidente do Chile, Michelle Bachelet, e ex-presidente Dilma; Temer ainda precisará construir boas relações pessoais com líderes chilenos, avalia professor, citando históricomessi fifaex-presidentes brasileiros nessa área

"Será a economia que irá legitimar ou afundar Temer, mas antes disso é preciso ver como ficará a situação política e judicial dos casosmessi fifacorrupção que estãomessi fifapleno processo, depois da destituiçãomessi fifa(Eduardo) Cunha", disse.

Temer tem sido citadomessi fifaartigosmessi fifaopinião na imprensa uruguaia e observado com atenção especial na Bolívia, onde foi alvomessi fifacríticas duras do presidente Evo Morales.

"Evo aproveitou a saídamessi fifaDilma para encontrar um novo inimigo externo (Temer) e distrair (a população) dos problemas internos", disse o analista boliviano Javier Gomez.

Para Gomez, porém, a política deverá abrir espaço ao pragmatismo econômico pois a Bolívia depende da exportaçãomessi fifagás ao Brasil.

"O governo sabe que a relação comercial com o Brasil é mais importante e terá que negociar com Temer o novo contrato do gás", afirmou, por e-mail.

Cautela

No Uruguai, país onde o Brasil costuma ser descrito como "gigante do norte", a cúpula da coalizão governista Frente Amplio declarou na semana passada que o governomessi fifaTemer é "ilegítimo".

Alguns integrantes da frente, porém, não assinaram a declaração, sob justificativamessi fifaque a posse teve respaldo constitucional.

Em comunicado divulgado após a quedamessi fifaDilma, a Presidência do Uruguai afirmou que "apesar da legalidade argumentada o governo uruguaio considera uma profunda injustiça a destituição (de Dilma)".

Horas depois da divulgação, no entanto, o ministro das Relações Exteriores do Uruguai, Rodolgo Nin Novoa, afirmou a uma rádio local que o Uruguai "reconhece o governo do presidente Michel Temer e não questionamessi fifaautoridade".

"Para nós é uma situação muito difícil. Porque mesmo sendo contra a possemessi fifaTemer não podemos romper com o governo brasileiro. Isso é impossível. Seria dar um tiro no pé. Somos 'muy chiquititos' (pequenos)", disse um parlamentar governista, sob condiçãomessi fifaanonimato.