'Nunca pensei que ia acontecer comigo', diz brasileiro alvo da xenofobia pós-Brexit no Reino Unido:cassinos que pagam
cassinos que pagam Mesmo assim, não esperava tornar-se um dos alvos da xenofobia - até ficar frente a frente com o preconceito.
cassinos que pagam Confira seu relato à BBC Brasil:
"Sabia que havia uma ondacassinos que pagamxenofobia no Reino Unido após a votação do referendo e, nas últimas semanas, vinha escrevendo sobre o aumento destas agressões. Mas nunca pensei que aconteceria comigo.
No dia 8cassinos que pagamjulho, tive a infelicidadecassinos que pagamtornar-me um dos alvos deste preconceito - aparentemente, falar com minha mulher, que é mexicana,cassinos que pagamespanhol é suficiente para ofender algumas pessoas.
Buscávamos um lugar maior para morarmos, porque ela está grávida. Hoje, vivemoscassinos que pagamPortswood, onde há uma grande comunidadecassinos que pagamorigem polonesa. Mas, naquele dia, fomos ao Centro, onde há menos imigrantes, para ver um apartamento.
Depois da visita, fomos para o ponto esperar por um ônibus. Em meio a uma brechacassinos que pagamnosso papo, fui abordado por uma senhoracassinos que pagamidade.
'Você fala inglês, não? Você consegue entender o que estou dizendo?', disse elacassinos que pagamum tomcassinos que pagamvoz elevado.
'Este é o meu país. Estamos saindo na União Europeia. Não vamos ter mais tantas pessoas como vocês por aqui. Os tempos serão outros.'
Naquele momento, fiquei sem reação - nosso ônibus chegou, e fomos embora. Parecia não ser capazcassinos que pagamfalar inglês na hora, ao menos não bem o suficiente para elaborar uma resposta coerente.
Consegui boas notas nos testescassinos que pagamproficiência do idioma, mas as aulascassinos que pagaminglês não tinham me preparado para essa situação. Infelizmente, as provas não avaliam nossa capacidadecassinos que pagamlidar com comentários ofensivos aleatórios proferidos por estranhos.
Vim para o Reino Unido há dois anos para estudar e voltei como cidadão europeu (tenho cidadania portuguesa) após ser convidado para dar aulascassinos que pagamuma universidade.
Trabalho duro, pago meus impostos e evito meter-mecassinos que pagamproblemas. Para mim, seria suficiente para ser bem-vindo neste país.
A pior parte foi chegar à conclusãocassinos que pagamque a senhora só falou verdades. Este é seu país. O Reino Unido está deixando a União Europeia. E, levandocassinos que pagamconta o forte discurso contra a imigração da campanhacassinos que pagamprol do Brexit, é possível que, no futuro, sejam criadas regras que impeçam pessoas como eucassinos que pagamvirem para cá.
Seu discurso parecia ser um reflexo do referendo. Era algo padronizado, como se ela o tivesse aprendidocassinos que pagamalgum lugar.
Acho que a campanha fez estas pessoas sentirem-se no direitocassinos que pagamabordar alguém. Já tinha percebido algumas pessoas me olhando feio na rua quando falavacassinos que pagamespanhol. Mas acho que, antes, elas tinham vergonhacassinos que pagamagir.
Agora, parecem acreditar ter o mandatocassinos que pagam52% da população para dizer a uma pessoa que ela não pertence a determinado lugar.
Já tinha ouvido sobre casos assim pela imprensa, e uma colegacassinos que pagamtrabalho da Lituânia me contou ter enfrentado dificuldades para achar um colégio para a filha - reagiam mal quando viam que a menina não falava inglês. E, aqui na cidade, havia comparecido a uma manifestaçãocassinos que pagamreação a um atocassinos que pagamgruposcassinos que pagamextrema-direita previsto para o mesmo dia.
Ainda assim, não estava preparado para ser um alvo da xenofobia. Sou um homem brancocassinos que pagamclasse média. Nunca tinha passado por algo do tipo no Brasil, onde faço partecassinos que pagamuma minoria privilegiada. Mas, aqui, sou estrangeiro e estou sujeito a esse tipocassinos que pagamtratamento.
Tudo isso me lembroucassinos que pagamoutro episódio ocorrido há algumas semanas, quando fui com minha mulher ao hospital para fazer o segundo ultrassom, no mesmo diacassinos que pagamque ocorreu a votação do referendo.
Ela tevecassinos que pagamresponder a uma sériecassinos que pagamperguntas sobrecassinos que pagamsituação como imigrante e mostrar documentos para que verificassem se tinha direitocassinos que pagamser atendida pelo sistema públicocassinos que pagamsaúde. Isso nunca havia acontecido antes.
A recepcionista nos disse especificamente que, agora, precisavam fazer isso por causa 'de toda essa história do Brexit'. Um casal à nossa frente na fila e que falava inglês não tevecassinos que pagamresponder a nada nem mostrar documentos.
Decidi compartilhar o caso no Facebook, porque acho importante mostrar o que está acontecendo. Também foi uma maneiracassinos que pagamreagir e dar uma resposta à senhora que nos abordou no pontocassinos que pagamônibus. Aquilo tinha ficado entalado na minha garganta.
As reações majoritariamente positivas que recebi mostram que o pessoal anti-imigrantes é minoria. Várias pessoas que votaram pelo Brexit me mandaram mensagenscassinos que pagamapoio, mostrando que nem todos a favor da saída são contra a imigração.
Houve uns dois ou três que apoiaram a senhora e, inclusive, quem me acusassecassinos que pagamestar contando uma história falsa, porque 'brasileiros não falam espanhol, falam português'.
Mas muitos britânicos me escreveram pedindo desculpas por seu povo ou dizendo que ela não falavacassinos que pagamseu nome. Inclusive, muitas pessoas da Escócia, onde o voto contra a saída foi majoritário, disseram para me mudar para lá.
Sinto que há uma maioria silenciosa que condena a xenofobia - só seria bacana que fosse um pouco menos silenciosa...
Mesmo com tudo isso, ainda me sinto bem-vindo no Reino Unido. Caso contrário, não teria sido convidado para vir para cá. Devo muito ao país, onde tive e continuo a ter grandes oportunidadescassinos que pagamestudo e trabalho.
A antipatiacassinos que pagampoucos e uma manifestação isolada não apagam toda a relação que tenho com o país.
Mas, assim como outros estrangeiros, estou preocupado. O futuro é incerto. Não sabemos quais serão as novas regrascassinos que pagamimigração após o Reino Unido deixarcassinos que pagamfato o bloco. Não há como fazer planoscassinos que pagamlongo prazo.
Esse sentimento contra imigrantes será momentâneo ou duradouro? Casos isolados se tornarão corriqueiros? Como serão os empecilhos no dia-a-dia?
E pensar que, há alguns meses, pensava que este seria um ótimo lugar para criar raízes, começar minha família, criar meus filhos.
Aquela senhora estava mesmo certa: os tempos estão mudando."