Suíça decide se todos os seus cidadãos receberão R$ 9 mil por mês sem fazer nada:roleta demo

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Legenda da foto, Suíça terá referendo para votar propostaroleta demorenda mínima

A noção defendida por eles éroleta demoque a desassociação entre trabalho e renda será inevitável no futuro, pois cada vez mais a tecnologia está substituindo a atividade humanaroleta demopaíses desenvolvidos. Aindaroleta demoacordo com esse pensamento, a Suíça deveria se adiantar a essa tendência e libertar a capacidade humana das obrigações econômicas como meioroleta demogarantir "segurança e liberdade" aos seus cidadãos.

"Robôs absorvem cada vez mais trabalho. É agora nosso dever reorganizar a sociedaderoleta demomodo que a Revolução digital dê a todos uma vida digna: atividadesroleta demoprópria escolha e que façam sentido", afirmam os defensores da causaroleta demoum documento explicativo enviado aos eleitores.

"Produzimos três vezes mais do que conseguimos consumir (…), mas isso não está acessível a todos. A renda mínima é um direito nesse contexto. Por que não tornar a riqueza acessível a todos?", questiona o porta-voz do movimento pela renda mínima, Che Wagner,roleta demoentrevista à BBC Brasil.

O professorroleta demohistória da Economia e Pensamento Político da Universidaderoleta demoSt.Gallen e autor do livro Austeridade: Breve Históriaroleta demoum Grande Erro, Florian Schui, avalia que no contexto histórico a sociedade está mudando e há abertura para novos conceitos.

"É útil promover uma sociedaderoleta demoque as pessoas tenham a estabilidade para tentar coisas novas (…), é útil dar a liberdade para as pessoas serem criativas. Isso vai ajudar muito a Suíça se for adotado", opina.

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Legenda da foto, 'Produzimos três vezes mais do que conseguimos consumir mas isso não está acessível a todos', diz um dos defensores da proposta

Riqueza

Com uma renda per capita estimadaroleta demoUS$ 59 mil ao ano (R$ 211 mil) e taxaroleta demodesemprego inferior a 4%, o país não careceroleta demopolíticas públicasroleta democombate à pobreza. Isso, dizem defensores do projeto, permitiria ao país "dar-se ao luxo"roleta demoexperimentar uma utopia.

"A Suíça estároleta demouma situação única. Não temos pobreza, não temos desemprego e é realmente por isso que possuímos aqui a oportunidaderoleta demodebater o revolucionário conceitoroleta demorenda universal", avalia Wagner.

Apesar da abundância econômica do país, o projeto não sairia barato aos cofres públicos. A estimativa oficial éroleta demoum custoroleta demo208 bilhõesroleta demofrancos (R$ 750 bilhões), para atender 6,5 milhõesroleta demoadultos e 1,5 milhãoroleta democrianças.

Desse valor, cercaroleta demo55 bilhões viriamroleta democortesroleta demooutros projetos sociais. Outros 128 bilhões seriam financiados pelos assalariados: todos teriam 2500 francos abatidosroleta demoseu salário mensal, e aqueles que ganhassem menos que isso dariam todo seu salário ao governo e receberiam o subsídioroleta demotroca.

Os 25 bilhõesroleta demofrancos que faltariam para cobrir o rombo poderiam ser obtidos por meioroleta demoum aumento no impostoroleta demovalor agregado (IVA), que atualmente éroleta demo8% e passaria a 16%.

André Coelho, da BIEN - Basic Income Earth Network, ONG que defende uma renda universal incondicional, ressalta que o retornoroleta demovalorroleta demoum investimento desse porte ocorrerá também por meioroleta demoganhos não monetários.

Para ele, o projeto oferece "retorno positivo" porque traz "estabilidade aos cidadãos, mais pazroleta demoespírito, mais tempo para a família e para os amigos, incentivo e condições para seguir atividades próprias e voluntariados diversos".

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Legenda da foto, 'Essa proposta terá consequências imprevisíveis', disse o ministro do Interior da Suíça

Eleitores

Apesar dos argumentos, pesquisasroleta demoopinião sobre o apoio à iniciativa realizadasroleta demoabril apontaram uma rejeiçãoroleta demoquase 60%.

A suíça Karin B. faz parte da minoria que votaria a favor. O motivo: já está vivendo do sistema social, mas sente-se uma "cidadãroleta demosegunda classe".

Diagnosticada com depressão crônica, decorrenteroleta demoum traumaroleta demoinfância, ela recebe do Estado uma pensão por invalidez. Casada e com uma filha, a família depende do apoio estatal para sobreviver.

Karin conta que, se tivesse a renda garantida,roleta demovezroleta demouma pensão que a qualifica como inválida, ela buscaria uma reinserção no mundo do trabalho.

"Só que eu não posso tentar fazer nada hoje. Não posso tentar estudar, achar um trabalho temporário ou tentar abrir um negócio. Se eu for proativa, corro o riscoroleta demoperder a minha pensão", explica.

Pessoas como ela, que desejam participar da economia, mas encontram-se dependentes do modelo social atual, seriam um dos grupos mais beneficiados pela medida.

"Estou certaroleta demoque muitas pessoas se mobilizariam para se tornarem produtivas e para empreender se tivessem essa garantia do ganho mínimo. Elas simplesmente não se aventuram porque correm o riscoroleta demoperder o pouco que têm" conclui.

Erosão no consumo

O governo da Suíça pronunciou-se abertamente contrário à propostaroleta demorenda mínima. Em um documento explicativo enviado aos eleitores, o Parlamento desaconselha o apoio à ideia e elenca alguns motivos.

"A iniciativa deseja representar os anseios do povo. De fato, porém, enfraquece-se o serviço público, danifica a estrutura pública e gera aumentoroleta demoimpostos e erosão no consumo. De forma alguma ela cumpre o que promete".

Na prática não seria possível suprir todas as necessidades sociais dos cidadãos somente com o pagamentoroleta demodinheiro, ou seja, uma substituição dos subsídios existentes pela renda fixa não atenderia à realidade. Por exemplo, idosos enfermos continuariam precisando do atendimentoroleta demoagentesroleta demosaúde, cita o documento.

O governo afirma ainda que o conceito é "um experimento muito arriscado" e sustenta o argumentoroleta demoque a parte da população com ganhos inferiores a 2500 francos não teria mais incentivos para trabalhar, ao mesmo temporoleta demoque o polpudo benefício serviria para atrair imigrantes indesejados.

"Por esses motivos o Conselho Nacional e o Parlamento popular aconselham a rejeitar a iniciativa", conclui o texto.

O ministro do Interior, Alain Berset, afirmou que quem votar "sim" no plebiscito estará se arriscandoroleta demouma aventura.

"O povo precisa estar ciente:roleta democasoroleta demosim, precisaremos reformular nosso sistema social (e isso trará) consequências imprevisíveis. Existem aventureiros que talvez queiram isso", disseroleta demoentrevista ao jornal Tagesanzeiger.