Copa do Mundo: ONG critica CBF por 'silêncio' sobre trabalhadores mortos no Catar:melhor casa de apostas portuguesa
Segundo o escritório da ONG HRW no Brasil, uma carta pedindo apoio à iniciativa foi enviada à Confederação Brasileiramelhor casa de apostas portuguesaFutebol (CBF)melhor casa de apostas portuguesasetembro deste ano e nunca foi respondida.
"O que a gente tem visto na América Latina é um silêncio vergonhosomelhor casa de apostas portuguesarelação ao que estámelhor casa de apostas portuguesajogo nessa Copa do Catar", diz Maria Laura Canineu, diretora da HRW no Brasil.
"Nós latinos somos muito apaixonados pelo futebol, mas temos uma dificuldade muito grandemelhor casa de apostas portuguesaapontar violações graves a direitos humanos relacionadas ao esporte. Acho que a gente tem uma culturamelhor casa de apostas portuguesaseparação das duas coisas."
"É uma pena, pela responsabilidade e pelo peso que essas seleções têm ao redor do mundo, especialmentemelhor casa de apostas portuguesapaísesmelhor casa de apostas portuguesatrabalhadores impactados pela construção absolutamente abusiva da infraestrutura da Copa", completa Canineu, afirmando que o Brasil tem muitos fãs na Índia, Bangladesh e Nepal, origemmelhor casa de apostas portuguesamuitos dos imigrantes que buscaram trabalho no Catar, inclusive durante a preparação para a Copa.
A diretora da HRW afirma que, no Brasil, uma exceção à regramelhor casa de apostas portuguesa"silêncio" que ronda a CBF é uma fala do técnico da seleção masculina brasileira, Tite, que respondeu à perguntamelhor casa de apostas portuguesaum jornalista estrangeiro sobre o fundo durante entrevista coletivamelhor casa de apostas portuguesasetembro.
"Eu me considero um humanista, acimamelhor casa de apostas portuguesatudo", afirmou, na ocasião, o técnico brasileiro. "Eu gostaria que tivesse sempre um sentidomelhor casa de apostas portuguesaigualdade social maior, eu gostaria sempre que tivesse um respeito à mãomelhor casa de apostas portuguesaobra, que seja respeitada e valorizada no seu devido tamanho."
"Não só no Catar. Lámelhor casa de apostas portuguesaSão Braz [em Caxias do Sul, RS], onde eu nasci, se for, eu vou apoiar."
"Em relação ao fundo também? Também", completou Tite.
Maria Laura Canineu afirma que, apesar a importância da declaração, ela foi "bastante individual" e deveria ser endossada pela CBF.
Desde quarta-feira (16/11), a BBC News Brasil tenta contato com a assessoriamelhor casa de apostas portuguesaimprensa da CBF via e-mails, telefone e WhatsApp. Até a publicação desta reportagem, as solicitaçõesmelhor casa de apostas portuguesaposicionamento não foram atendidas.
Números divergentes sobre mortes
Anunciadomelhor casa de apostas portuguesa2010 como país a sediar a Copamelhor casa de apostas portuguesa2022, o Catar ergueu uma grande infraestrutura para o evento desde então, incluindo sete estádios, um novo aeroporto e novas estradas.
Mas a mão-de-obra empregada nesta expansão, como eramelhor casa de apostas portuguesase esperarmelhor casa de apostas portuguesaum país que tem 85% damelhor casa de apostas portuguesapequena população composta por imigrantes, foimelhor casa de apostas portuguesagrande partemelhor casa de apostas portuguesapessoasmelhor casa de apostas portuguesaoutras nacionalidades.
Dado um históricomelhor casa de apostas portuguesaacusações relativas aos direitos humanos e aos direitos dos trabalhadores, a situaçãomelhor casa de apostas portuguesaimigrantes trabalhando nos preparativos da Copa foi acompanhada por organizações internacionais.
Em fevereiromelhor casa de apostas portuguesa2021, o jornal britânico The Guardian publicou que pelo menos 6.500 trabalhadores imigrantes da Índia, Paquistão, Nepal, Bangladesh e Sri Lanka morreram no Catar entre 2010 e 2020.
O jornal chegou a esse número com dados dos governos desses países, mas não foi possível especificar quantas dessas vítimas estavam atuando nos preparativos para a Copa.
O governo do Catar afirma que esses dados podem incluir mortes naturaismelhor casa de apostas portuguesatrabalhadores e que as fatalidades estãomelhor casa de apostas portuguesaacordo com o esperado para o tamanho e a para as características demográficas do país, embora tenha escrito ao jornal britânico que "toda vida perdida é uma tragédia e nenhum esforço é poupado na tentativamelhor casa de apostas portuguesaevitar qualquer morte" no país. Segundo o país árabe, entre 2014 e 2020 houve 37 mortesmelhor casa de apostas portuguesatrabalhadores que atuaram na construçãomelhor casa de apostas portuguesaestádios — mas 34 delas não estariam "relacionadas ao trabalho".
A Organização Internacional do Trabalho (OIT), pormelhor casa de apostas portuguesavez, compilou dados e afirmou quemelhor casa de apostas portuguesa2020 houve pelo menos 50 mortes e 500 ferimentos graves relacionados ao trabalho no Catar — não especificando os números referentes a projetos da Copa. Cercamelhor casa de apostas portuguesadois terços dos ferimentos graves ligados ao trabalho no Catar e três quartos dos ferimentos leves a moderados foram sofridos por imigrantesmelhor casa de apostas portuguesatrês países: Bangladesh, Índia and Nepal.
No relatório, porém, a organização afirmou que há muitas lacunas e divergências nos dados, fazendo com que "ainda não seja possível apresentar um número categóricomelhor casa de apostas portuguesalesões ocupacionais fatais" no país.
Mas além dos númerosmelhor casa de apostas portuguesavítimas, o Catar já é há anos monitorado pelas altas temperaturas sob quais os trabalhadores atuam, pelas longas horasmelhor casa de apostas portuguesatrabalho, pela dedução punitivamelhor casa de apostas portuguesasalário e pela extrema subordinaçãomelhor casa de apostas portuguesafuncionários imigrantes.
Um símbolo disso foi o sistema "kafala", que dava aos patrões controle quase total sobre a movimentação e a situaçãomelhor casa de apostas portuguesaimigração dos trabalhadores. Embora a kafala tenha sido oficialmente extinta, a Anistia Internacional afirma que alguns resquícios permanecem.
Se sob este regime os trabalhadores antes precisavam da permissão do patrão para deixar um trabalho, hoje eles ainda enfrentam enormes burocracias quando decidem deixar seus postos, segundo a ONG.
Maria Laura Canineu reconhece que, nos últimos anos, autoridades do Catar fizeram reformas que ampliaram as garantias dos trabalhadores, mas afirma que tais mudanças foram "insuficientes, restritas e tardias".
De acordo com a diretora da HRW no Brasil, o Catar teria todas as condições e documentos para mapear e compensar migrantes vitimados na preparação da Copa.
Alémmelhor casa de apostas portuguesapedir apoiomelhor casa de apostas portuguesaum totalmelhor casa de apostas portuguesa32 federaçõesmelhor casa de apostas portuguesafutebol, as ONGs que estão reivindicando o fundo também procuraram 14 patrocinadores oficiais do evento. Apenas quatro deles demonstraram apoio à proposta: AB InBev/Budweiser, Coca-Cola, Adidas e McDonald's.
CBF e Fifa pedem 'foco no futebol'
Em uma carta enviada recentemente às seleções que vão competir, a Fifa pediu "foco no futebol". A BBC Sport teve acesso ao documento, o qual pede que o futebol não seja "puxado para toda batalha ideológica ou política que exista".
"Sabemos que o futebol não existe no vácuo e estamos igualmente conscientesmelhor casa de apostas portuguesaque há muitos desafios e dificuldadesmelhor casa de apostas portuguesanatureza política ao redor do mundo", diz o texto.
"Na Fifa, tentamos respeitar todas as opiniões e crenças, sem dar liçõesmelhor casa de apostas portuguesamoral ao resto do mundo. Nenhum povo, cultura ou nação é 'melhor' do que qualquer outro."
Dias depois da carta da Fifa vir à tona, a CBF publicou um texto com título "Foco no futebol", afirmando: "Concordamos com o pedido da Fifa para que o principal foco da comunidade desportiva esteja no futebol antes e durante a próxima Copa do Mundo."
Canineu afirma que a ONG da qual é diretora não defende o boicote e nem que as pessoas deixemmelhor casa de apostas portuguesacelebrar "um evento tão importante como a Copa do Mundo".
"A gente entende que o esporte é um lugar propício para respeito, solidariedade, fraternidade e principalmente o respeito à dignidade da pessoa humana. Então o esporte é uma forma muito importante para promover direitos humanos, e por isso que a gente vem desde o começo pressionando a Fifa para que ela incorpore regras mais rígidasmelhor casa de apostas portuguesainspeção dos países que vão receber a Copa", afirma.
"O que a gente está pedindo não é que a CBF pague o fundo com seus recursos, mas pressione a Fifa, que vai lucrar com a Copa do Mundo, para que minimamente dedique recursos para recompensa das famílias que tiveram seus entes queridos mortos por conta da construção da infraestrutura da Copa."
"As federações (de futebol) também lucram com a Copa do Mundo, e a gente entende que assim como a Fifa, elas também têm obrigações com direitos humanos."
- Este texto foi publicado em http://vesser.net/geral-63671329