Como eleições aumentaram casosfutebol ao vivo ininfarto e AVC nos EUA: existe o mesmo risco no Brasil?:futebol ao vivo in

Urna eletrônica

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Legenda da foto, Estresse relacionado ao resultadofutebol ao vivo inuma eleição pode refletir na saúde cardiovascular, sugere estudo americano

Vale lembrar aqui que as eleições americanasfutebol ao vivo in2020 foram marcadas por uma intensa disputa e a apuração dos votosfutebol ao vivo inalguns Estados demorou dias para ser concluída.

Considerando o fatofutebol ao vivo inque os brasileiros vão às urnasfutebol ao vivo inpoucos meses para eleger o próximo presidente, alémfutebol ao vivo ingovernadores, senadores e deputados, será que um fenômeno parecido pode se repetir no Brasil, com um aumentofutebol ao vivo inataques cardíacos, derrames e outros piripaques?

Médicos ouvidos pela BBC News Brasil confirmam que o estresse relacionado às eleições e ao futuro do país — especialmentefutebol ao vivo indisputas mais polarizadas como a atual — pode, sim, mexer com o coração.

A boa notícia é que existem formasfutebol ao vivo inprevenir muitos desses eventos que afetam o peito, os vasos sanguíneos e a cabeça, como você descobrirá ao longo desta reportagem.

Descobertas interessantes, mas com limitações

A pesquisa americana, publicada no finalfutebol ao vivo inabrilfutebol ao vivo in2022 no Journal of the American Medical Association (Jama), um dos periódicos mais respeitados da área, é uma repetiçãofutebol ao vivo inoutra investigação feita pelo mesmo grupo nas eleiçõesfutebol ao vivo in2016.

À época, os cientistas encontraram um risco ainda mais alto: a taxafutebol ao vivo inhospitalizações por doenças cardiovasculares na Califórnia nos dois dias após a eleiçãofutebol ao vivo in2016 foi 62% maiorfutebol ao vivo incomparação com os registros das semanas anteriores.

O cardiologista Álvaro Avezum, diretor do Centro Internacionalfutebol ao vivo inPesquisa do Hospital Alemão Oswaldo Cruz,futebol ao vivo inSão Paulo, especula que a própria preferência política mais comum neste Estado americano poderia explicar a subida na taxafutebol ao vivo ininternações depois da apuração dos resultados.

"Sabemos que a Califórnia tem uma maioriafutebol ao vivo inapoiadores do Partido Democrata. Portanto, a vitória do republicano Donald Trumpfutebol ao vivo in2016 e a intensa disputafutebol ao vivo in2020 representariam uma cargafutebol ao vivo inestresse maior para essa populaçãofutebol ao vivo inespecífico", diz.

"Será que num Estado onde o Partido Republicano é mais forte os efeitos na saúde serão os mesmos?", questiona.

Joe Biden e Donald Trump

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Legenda da foto, Em 2020, a disputa das eleições americanas entre o democrata Joe Biden (à esquerda na foto) e o republicano Donald Trump (à direita) foram acompanhadas com apreensão. Durante a apuração, foi observado um aumento nas internações por doenças cardiovasculares na Califórnia

Essa análise feita pelo médico, aliás, levanta outros pontos relevantes. O mais importante deles é o fatofutebol ao vivo inque esse é um estudo observacional,futebol ao vivo inque os cientistas avaliam algo que já aconteceu e, a partir daí, tentam encontrar tendências e padrões.

Ou seja: ao analisar as informaçõesfutebol ao vivo in6 milhõesfutebol ao vivo inpacientes, os especialistas da Kaiser Permanente notaram que existe uma ligação entre um fenômeno social (as eleições) e um efeito na saúde (aumentofutebol ao vivo inhospitalizações por doenças cardiovasculares agudas).

No entanto, esse tipofutebol ao vivo inpesquisa não permite ter certeza absoluta sobre os mecanismos por trás dessa relação — afinalfutebol ao vivo incontas, o que a escolha do próximo presidente tem a ver com entupimentos das artérias do coração ou do cérebro das pessoas?

"Outro ponto é que todas essas observações valem apenas para o grupo analisado: não sabemos se esse mesmo riscofutebol ao vivo inhospitalização cresceu entre indivíduos que não têm planofutebol ao vivo insaúde ou que moramfutebol ao vivo inoutras regiões norte-americanas", acrescenta Avezum.

Porém, mesmo diantefutebol ao vivo intodas essas ponderações, outras pesquisas feitas anteriormente permitem afirmar, com um alto graufutebol ao vivo incerteza, que eventos muito estressantes, como uma grande definição política nacional ou até um jogo decisivofutebol ao vivo inCopa do Mundo, podem fazer mal ao coração e aos vasos sanguíneos — e existem estratégias validadas cientificamente para reduzir o riscofutebol ao vivo insofrer com um evento grave desses.

Peitofutebol ao vivo inapuros

O médico Agnaldo Piscopo, diretor do Centrofutebol ao vivo inTreinamentofutebol ao vivo inEmergências Cardiovasculares da Sociedadefutebol ao vivo inCardiologia do Estadofutebol ao vivo inSão Paulo (Socesp), explica que a decisãofutebol ao vivo inquem será o novo presidentefutebol ao vivo inum país faz com que todo mundo pense no futuro e o que pode mudar, para melhor ou para pior, do pontofutebol ao vivo invista da economia, da segurança pública, da saúde, da educação…

"E toda essa expectativa causa mudanças no nosso organismo. Um dos efeitos imediatos disso é a liberação dos hormônios adrenalina e cortisol", ensina.

Essas substâncias, porfutebol ao vivo invez, promovem uma sériefutebol ao vivo inmodificações no nosso sistema cardiovascular, responsável por bombear o sangue para todas as células. Os batimentos cardíacos aceleram, a pressão arterial sobe, o sangue fica mais viscoso…

Agora, imagine o que todas essas mudanças significam para a saúdefutebol ao vivo inuma pessoa que já tem colesterol alto, hipertensão, diabetes ou obesidade. Nesse contexto, o estresse significa um fatorfutebol ao vivo inrisco adicional para o surgimentofutebol ao vivo inuma complicação mais séria.

Vamos pensar numa situação hipotética: um indivíduo tem uma placafutebol ao vivo ingordura grudada na paredefutebol ao vivo inuma artéria que bloqueiafutebol ao vivo in20% a passagem do sangue por ali.

Todas as alterações provocadas pelo estressefutebol ao vivo inum resultado eleitoral, por exemplo, podem contribuir para que essa obstrução fique ainda mais grave.

O aumento da pressão arterial deixa o vaso mais apertado e aquela placafutebol ao vivo ingordura instalada na artéria pode se romper. Para tentar consertar a bagunça, as células do sangue coagulam e formam um trombo, que fecha 100% da artéria.

Se esse entupimento se passa nas coronárias (as artérias do coração), acontece o infarto. Agora, caso ele ocorrafutebol ao vivo inalgum vaso do cérebro, estamos diantefutebol ao vivo inum AVC.

Ilustraçãofutebol ao vivo inuma coronária entupida

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Legenda da foto, O entupimento das coronárias (as artérias do coração), como ilustrado na imagem, pode ter a ver com um estresse agudo

E, embora eventos agudos sejam mais frequentesfutebol ao vivo inquem tem outros fatoresfutebol ao vivo inrisco (como pressão alta e obesidade), o estresse por si só já pode abalar o peito.

"Em tantos anosfutebol ao vivo intrabalho nos serviçosfutebol ao vivo inemergência, já vi muita gente infartar após um evento crítico, como uma separação conjugal, a notícia da mortefutebol ao vivo inalguém querido, um assalto ou uma partilhafutebol ao vivo inherança", lembra Piscopo.

"Em alguns desses casos, não existia nenhum outro fator para explicar o ataque cardíaco. A própria exposição emocional foi tão grande que o paciente teve um espasmo da coronária e o coração não aguentou", complementa.

Estresse, um dos grandes vilões da saúde

Já é consenso na cardiologia que situações muito estressantes (e a forma como lidamos com elas) estão entre os principais ingredientes por trásfutebol ao vivo ininfarto e AVC.

Nas últimas duas décadas, dois grandes estudos internacionais conhecidos pelas siglas InterHeart e InterStroke confirmaram o papel do estado emocional nesses eventos críticos que abalam o coração ou o cérebro.

"Se conseguíssemosfutebol ao vivo inalguma maneira acabar com o estresse, evitaríamos 33% dos casosfutebol ao vivo ininfarto e 17% dos episódiosfutebol ao vivo inAVC que acontecemfutebol ao vivo intodo o mundo", calcula Avezum, que participou diretamente dessas duas pesquisas.

Vale destacar aqui que esses problemas cardiovasculares estão entre as principais causasfutebol ao vivo inmorte — no Brasil, infarto e AVC são, respectivamente, o primeiro e segundo motivofutebol ao vivo inóbito mais frequentes entre a população.

E, embora o artigo americano recém-publicado não tenha investigado a fundo essa questão, os próprios autores apontam o estresse durante as eleiçõesfutebol ao vivo in2020 como um fator preponderante para aquilo que eles encontraram.

"Num questionáriofutebol ao vivo in2017 feito pela Associação Americanafutebol ao vivo inPsicologia, mais da metade (52%) dos respondentes considerava o clima político uma fonte substancialfutebol ao vivo inestresse, e aproximadamente dois terços deles consideravam o futuro da nação como algo estressante", escrevem.

Americana estressada durante uma manifestação

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Legenda da foto, Eleições presidenciais e o futuro do país foram fontefutebol ao vivo inestresse para os americanos nos últimos anos, apontam levantamentos

"Uma atualização do levantamentofutebol ao vivo inagostofutebol ao vivo in2020 descobriu que uma maior proporção dos respondentes (77%) passou a se preocupar mais com o futuro do país, o que foi ampliado com a pandemiafutebol ao vivo incovid-19."

"Além disso, 68% reportaram que a eleição presidencialfutebol ao vivo in2020 também era uma fonte substancialfutebol ao vivo inestresse, independentemente da preferência ou da filiação partidária", concluem os representantes da Kaiser Permanente.

Dá pra prevenir?

De um lado, temos muitas evidências científicas que provam como o estresse faz mal ao coração. Do outro, há uma tendênciafutebol ao vivo inque os ânimos no país fiquem cada vez mais acirrados conforme a eleição presidencial, marcada para outubro, se aproxima.

Será então que o mesmo fenômenofutebol ao vivo inaumentofutebol ao vivo ininternações por infarto e AVC observado na Califórniafutebol ao vivo in2020 se repetirá no Brasilfutebol ao vivo in2022?

"Como qualquer evento estressor, é possível esperar algum impacto sim", responde Piscopo.

Nesse caso, a boa notícia é que o brasileiro tem cercafutebol ao vivo incinco meses para se preparar e colocarfutebol ao vivo inprática uma sériefutebol ao vivo inmedidas que comprovadamente funcionam para aplacar o estresse e todas as repercussões dele no sistema cardiovascular.

"Antesfutebol ao vivo intudo, é preciso diferenciar as coisas sobre as quais temos controle e aquelasfutebol ao vivo inque não dá para fazer muita coisa. A partir daí, podemos focar naquilo que podemos modificar", diferencia Avezum.

O cardiologista conta que existem muitas formasfutebol ao vivo ingerenciar o estresse, a começar por práticas como a meditação e a atenção plena. A meta delas é focar no presente, no aqui e no agora, e deixarfutebol ao vivo inremoer problemas do passado ou do futuro.

"Temos evidênciasfutebol ao vivo inque indivíduos que meditam liberam menos adrenalina, apresentam uma pressão arterial e uma frequência cardíaca mais baixas e lidam melhor com o estresse do dia a dia", enumera.

Mulher meditanto no Riofutebol ao vivo inJaneiro

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Legenda da foto, Práticas como a meditação, que trazem o pensamento para o presente, são saídas para controlar o estresse

Ter momentos estabelecidos para ver notícias ou entrarfutebol ao vivo inredes sociais também pode ajudar bastante. "Precisamos nos desligar um pouco. Ficar o tempo todo conectado, ainda maisfutebol ao vivo inmomentosfutebol ao vivo indisputa tão acirrada, vai trazer danos à saúde", alerta Piscopo.

Outros trabalhos também mostram o papel da religiosidade nesse contexto.

"Esse não é um caminho para todo mundo e não tem a ver com uma religião específica. Mas estar conectado a essa dimensão da nossa existência permite reagir melhor a situações adversas e desenvolver tolerância, compreensão e entendimento", diz.

Claro, não podemos nos esquecer da atividade física: mexer o corpo com regularidade permite um melhor controlefutebol ao vivo intodos os fatoresfutebol ao vivo inrisco que afetam o coração e ainda está relacionado a liberaçãofutebol ao vivo insubstâncias que trazem sensaçõesfutebol ao vivo inprazer e bem-estar.

Em casos mais graves, quando o estresse já passoufutebol ao vivo intodos os limites, pode ser necessário partir para tratamentos mais específicos, como a psicoterapia ou o usofutebol ao vivo inremédios que aliviam a carga emocional.

Tempo é coração e cérebro

Se, mesmo com a adoçãofutebol ao vivo intodas essas recomendações, você ou alguém próximo sofrer um infarto ou um AVC, é essencial agir rápido. Nesses casos, o socorro veloz marca, literalmente, a diferença entre a vida e a morte.

"Infelizmente, 50% das pessoas que sofrem um ataque cardíaco não chegam vivas ao hospital", lamenta Piscopo.

Para diminuir o riscofutebol ao vivo inque isso aconteça, o primeiro passo é ficarfutebol ao vivo inolho nos sintomas mais frequentes. "No infarto, é comum sentir uma dor no lado esquerdo do peito, que irradia para o braço, alémfutebol ao vivo insuor frio, náuseas, tontura e mal-estar", lista o cardiologista da Socesp.

"Outros apresentam dor na boca do estômago e nas costas, ou não conseguem caracterizar muito bemfutebol ao vivo inonde vem aquela sensação", complementa.

Ambulância

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Legenda da foto, Ligar para o serviçofutebol ao vivo inemergência no número 192 é um dos primeiros passos para ter orientações e agir rapidamente diante da suspeitafutebol ao vivo ininfarto ou AVC

Já no AVC, as manifestações mais corriqueiras são dor forte na cabeça, paralisia da face oufutebol ao vivo inuma parte do corpo e dificuldade para raciocinar ou completar frases.

"Em hipótese alguma o indivíduo deve se trancar no banheiro para tomar banho ou no quarto para dormir. É preciso avisar alguém próximo e ligar na hora para o serviçofutebol ao vivo inemergência no 192", diz Piscopo.

Se a ambulância demorar maisfutebol ao vivo in20 minutos para chegar e existir outra possibilidadefutebol ao vivo inse deslocar mais rapidamente a um pronto-socorro (como uma caronafutebol ao vivo inalguém que está se sentindo bem), o melhor é ir mesmo para o hospital.

"Costumamos dizer que tempo é coração: cada minuto perdido desde que a artéria coronária entupiu representa 11 dias a menosfutebol ao vivo invida para aquele paciente", compara o médico.

No hospital, são feitos exames, como o eletrocardiograma ou a tomografia, para confirmar o quadro.

Se um infarto ou um AVC é detectado, o médico vai administrar medicamentos que dissolvem o coágulo que está bloqueando o vaso ou partir para uma cirurgia que restabelece o fluxo sanguíneo.

Línea

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