O que é 'escuta profunda' e por que ela ajuda a melhorar os relacionamentos:dono da bet7k

"Aprendi a ouvir mais, a não julgar, a tentar compreender e a dar tempo aos outros para comunicarem as mensagens que desejam. Depois, dar uma resposta adequada para verificar se realmente entendi o que eles queriam dizer."

Tolerância

O que ela agora vê como fanatismo e intolerância se estendia a qualquer um que fosse diferente.

"Eu costumava ser contra os refugiados sírios no Líbano", diz.

"Pensava que os sírios não cuidavam da higiene e não viviam uma vida libanesa adequada."

Hoje, no entanto, Ghandour trabalha nas tardesdono da bet7kterça-feiradono da bet7kuma escola para refugiados sírios, apesar da reação chocada da própria família.

Todas as manhãs, Ghandour encontra Mayada, uma enfermeira refugiada da Síria, durante o café da manhã.

Elas se conheceram quando Mayada estava cuidando da mãedono da bet7kGhandour, e agora as duas mulheres estão frequentemente na casa uma da outra.

Ghandour diz que os novos relacionamentos a ajudaram a se tornar mais receptiva.

"No passado, talvez eu não estivesse me comunicando efetivamente com as pessoas, ou talvez estivesse apenas ouvindo a mídia, que desempenha um papel importante na estigmatização", explica.

"Se nos escutarmos, acabamos descobrindo que temos muitodono da bet7kcomum: sentimentos humanos que compartilhamos", acrescenta.

No entanto, a amizadedono da bet7kGhandour com Mayada não impede que ela tenha sérias dúvidas sobre alguns aspectos da cultura da amiga. O filhodono da bet7kMayada, por exemplo, está prestes a se casar com uma jovemdono da bet7k16 anos, o que não é incomum na comunidadedono da bet7krefugiados sírios.

"Eu aceito que esta é escolha dele", pondera Ghandour. "Ao ouvir profundamente, você entende que o outro não é seu inimigo, mesmo que esteja se comportandodono da bet7kmaneira diferente."

Como funciona a escuta profunda

A escuta profunda é usada para lidar com conversas difíceis e garantir que ambas as partes sintam que estão sendo ouvidas.

A técnica envolve ser genuinamente curioso sobre a outra pessoa, com um forte desejodono da bet7kentendê-la. O objetivo principal é se conectar com o outro como indivíduo e construir uma relaçãodono da bet7kconfiança.

Entenda a seguir como colocar tudo issodono da bet7kprática seguindo quatro passos:

Ferramentadono da bet7ktrabalho

Mohammad, um trabalhador humanitário libanês, conta que não sabia ouvir o outro e que isso atrapalhava o processodono da bet7knegociação, parte essencial do trabalho que faz.

"Eu era aquela pessoa que sempre interrompia, que sempre sabia o que você estava tentando dizer", admite.

"Eu começava com minhas suposições e depois tentava validá-las. E suposições podem ser mortais."

Logo depoisdono da bet7kpassar pelo treinamentodono da bet7kescuta profunda, Mohammad conseguiu um empregodono da bet7kMosul, no Iraque, onde trabalha com autoridades locais, organizações não governamentais e agências da Organização das Nações Unidas (ONU) para criar um planodono da bet7kajuda aos deslocados da cidade.

Para ter sucesso na nova posição, Mohammad teve que conciliar muitos grupos diferentes com um grande númerodono da bet7kideias opostas.

"Devemos mandar os deslocadosdono da bet7kvolta para casa? Podemos tentar integrá-los à cidade onde estavam? Eles aceitarão morardono da bet7kum bairro com pessoasdono da bet7koutra tribo?", lista.

Mohammad lembra-se vividamente das informações que recebeu antesdono da bet7kcomeçar a trabalhar. À medida que um colega descreveu a função e os requisitos, ele começou a sentir que havia algumas informações básicasdono da bet7kque precisaria para cumprir a função, mas que não estavam sendo compartilhadas adequadamente.

"Acredite, no setor humanitário você precisa entender as personalidadesdono da bet7ktodos os envolvidos para coordenar o trabalho efetivamente. É preciso diferenciar quem é um facilitador, quem está estragando a situação e quem está bloqueando o processo."

Naquele momento, Mohammad foi lembrado do treinamentodono da bet7kescuta profunda e da importânciadono da bet7kdar espaço a alguém. A ideia é aguardar alguns segundos depois que a pessoa terminadono da bet7kfalar, tanto como sinaldono da bet7krespeito quanto para permitir que ela compartilhe mais informações.

Depois que um colega terminoudono da bet7kfalar, ele aguardou 20 segundos.

"Nesses 20 segundos, consegui ganhar um poucodono da bet7kconfiança e me relacionar com ele", avalia.

"Depois dessa pequena espera, nosso relacionamento meio que mudou e ele compartilhou comigo experiências reais e a percepção dos indivíduos com os quais teria que trabalhar".

Três meses depois, Mohammad acredita que essa pequena mudançadono da bet7kpostura permitiu entender como a cidadedono da bet7kMosul funciona e fazer grandes progressos com planos para uma resposta coordenada.

Impacto emocional

Há momentos, no entanto,dono da bet7kque Mohammad prefere não utilizar as habilidadesdono da bet7kescuta profunda recém-adquiridas.

"No campo da ajuda humanitária, se você ficar realmente bom nisso e estiverdono da bet7kuma conversa individual, acaba atingindo um nível emocional muito profundo para o qual pode não estar preparado", conta.

Mohammad se recordadono da bet7kuma conversa com um taxista que disse ter sido açoitado 18 vezes pelo crimedono da bet7klevar no carro uma mulher sem a escoltadono da bet7kum homem, algo que era proibido quando a cidade estava sob controle do autointitulado Estado Islâmico.

"Existe um lado sombrio na escuta profunda", explica Mohammad, pensativo.

"Eu sei que agora não é seguro para mim ter essas conversas. Preciso ser capazdono da bet7kme separar da experiência e do sofrimento dos outros. Pessoalmente, ainda não estou pronto para dominar esse lado emocional."

E Ghandour, citada no início da reportagem? Como ela concilia as novas crenças com a própria criação e os valores do pai?

O pai dela morreu há alguns anos, mas todas as quintas-feiras Ghandour visita o túmulo. "Sinto que ele pode me ver do céu e estou feliz por ele estar feliz e orgulhoso", confessa.

"Quanto mais conhecemos os outros, menos medo e preconceito temos deles. Talvez meu pai tenha descoberto que todas as pessoas são iguais emdono da bet7khumanidade."

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