Panspermia: a teoria do universo cheiovidapotencial:

Crédito, BBC Ideas

Legenda da foto, Panspermia vem do grego antigo pan (todo) e esperma (semente)

É a teoria da panspermia.

Alguns desses primeiros conceitos defendiam que o cosmo inteiro está cheiosementes e que a vida na Terra se originou a partir delas.

A versão moderna postula -poucas palavras - que a vida existetodo o Universo e pode se transportar através do espaçoum lugar para outro.

Não está provada, claro, e vários especialistas apontam que, mesmo que haja evidências disso, não vai resolver necessariamente a questão da origem da vida.

De qualquer forma, várias descobertas dão certa credibilidade a essa teoria.

Segundo o blogastrobiologia da Nasa, uma equipeproeminentes cientistas do MIT (Massachusetts Institute of Technology) e da Universidade Harvard, por exemplo, "está tão convencida da plausibilidade da panspermia que investiumaisuma década fundos da Nasa eoutras origens". O objetivo é "projetar e fabricar um instrumento que possa ser enviado a Marte e potencialmente detectar o DNA ou o mais primitivo RNA (ácido ribonucleico, moléculaformatofita que carrega o código genético do DNA para a produçãoproteínasuma célula)". Esse plano poderia coletar evidênciasque alguma formavida chegou a Marte.

Será possível?

Como conta o físico britânico Brian Cox, em um vídeo da BBC Ideas e da Open University no Reino Unido, isto é o que sabemos:

A vida é incrivelmente adaptável, basta ver a forma que nossa própria espécie conseguiu prosperar por todo o planeta.

Crédito, BBC Ideas

Legenda da foto, Representação da bactéria Nitrospira nitrosa

E os micro-organismos, como bactérias e arqueas, ao longomilhõesanosevolução puderam se modificar e se adaptaram a uma ampla variedadecondições.

Isso significa que hojedia existem micróbios que podem sobreviver com uma gamadietas - enxofre, amoníaco, o metal manganês - com ou sem oxigênio.

Alguns inclusive sobrevivem nas condições mais extremas que a Terra oferece.

O Pyrococcus furiosus prospera nos respiradouros hidrotermais no fundo do mar. A temperatura ideal para o crescimento é100°C, um calor que acabaria com a maioria dos seres vivos. Já o organismo antártico Psychrobacter frigidicola prefere ambientes mais frios.

Também se pode encontrar extremófilosácido quente ou sobrevivendo à dissecaçãodesertos cobertossal.

Algumas dessas criaturas podem inclusive fazer frente a vários extremosuma vez.

É possível encontrar Deinococcus radiodurans tantoáguas termais como no solo antártico. Ele sobrevive à dessecação e é um dos organismos mais resistente à radiação que conhecemos.

Tudo isso faz com que os extremófilos sejam provavelmente os organismos mais capazessobreviver e, potencialmente, colonizar os entornos hostisoutros planetas e luas, sempre que haja líquido ao menos por uma parte do tempo.

Mas...

Como chegariam a esses outros lugares?

A forma mais fácil seria viajar com os humanos enquanto nós exploramos o Sistema Solar e outros locais mais distantes.

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Legenda da foto, Quando um meteorito se choca com outros planetas faz surgir outros meteoritos

Nas naves espaciais da Nasa foram descobertas bactérias Tersicoccus phoenicis: teremos introduzido acidentalmente bactérias da Terra na Lua eMarte?

Outra forma é que esses micróbios se movam pelo Sistema Solar pegando carona nos meteoritos.

Quando estes se chocam com um planeta, rochas e escombros saem voando e se produzem mais meteoritos.

Até agora foram encontrados 313 meteoritos marcianos na Terra, e também foram achadas pedras terrestre na Lua - e assim se sabe que há uma troca interplanetáriarochas.

Mas...

Como conseguiriam sobreviver no espaço?

Uma vez no espaço, esses viajantes resistentes poderiam lidar facilmente com o frio e faltaoxigênio.

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Legenda da foto, Esses organismos conseguem sobreviverambientes hostis

Até as bactérias normais,condições extremas, podem entrarum estadoletargia, criando espaços seguros rodeadosparedes grossas, que se conhecem como esporas. São pacotesDNA bacteriano resistentes ao calor, ao frio, à seca, à acidez e aos raios ultravioletas ao viajar pelo espaço.

No entanto, um grande problema é que o espaço está repletoradiação que destrói o DNA.

Mas isso não detém o Deinococcus. Grupos desses pequenos indivíduos sobreviveram a três anosexposição ao espaço exterior. Outros sobreviveram até seis anos na formaesporas.

Outro obstáculo é o tempo. O espaço é imenso - viajar a qualquer lugar toma muito tempo.

Mas2020 cientistas japoneses reviveram bactérias que ficaram inativas no fundo do oceano durante 100 milhõesanos - ou seja talvez as distâncias extraordinárias não sejam um problema para esses diminutos viajantes especiais.

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Legenda da foto, Essas criaturas podem sobreviver mesmo no espaço

O último passo é sobreviver à aterrisagem forçadaseu novo lar.

E já se demonstrou que as bactérias podem fazer precisamente isso... sempre que estejam alojadasfraturas profundas na rocha cósmica.

Será que sim, então?

Então é possível que a vida microbiana já tenha viajado a algum lugar como Marte.

As condições eram notavelmente similares às da Terra há 3,8 bilhõesanos.

Poderiam esses micróbios extremófilos terem colonizado os aquíferos subterrâneosMarte?

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Legenda da foto, Pequenas formasvida prosperamMarte?

Se já estão lá, terão se adaptado ao seu novo entorno?

Ou talvez a vida na Terra se originouMarte e logo viajou para o nosso planeta?

Pode ser que não sejam pequenos extraterrestres verdes ou vida inteligente como a entendemos, mas a possibilidade que a vida tenha se deslocado através do Sistema Solar e para além é profundamente intrigante.

E com o telescópio James T. Webb começandobusca por sinais reveladoresvida distanteoutros planetas poderíamos talvez descobrir que a vida é muito mais inevitável do que já pensamos?

Grande parte desta reportagem é uma adaptação do vídeo da BBC Ideas "Are we thinking about alien life all wrong?", realizado com o consultor acadêmico Dr. Mark Fox-Powell, pesquisador na Open University, e apresentado pelo físico Brian Cox.

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