O 'último cidadão soviético': Sergei Krikalev, o cosmonauta 'abandonado' no espaço durante o colapso da União Soviética:cr7 bwin

Naquela época, a estação Mir era um símbolo do poder soviético na exploração espacial.

A missãocr7 bwinKrikalev e seu colega eracr7 bwinrotina; eles estavam incumbidoscr7 bwinfazer alguns reparos e melhorias na estação.

Mas enquanto as coisas corriam bem no espaço,cr7 bwinterra firme a União Soviética estava começando a se desintegrar rapidamente.

Em questãocr7 bwinmeses, ocorreu o colapso da então potência — enquanto Krikalev estava no espaço.

Por essa razão, o que foi inicialmente uma missão descomplicada deixou Krikalev no limbo por meses, flutuando no espaço mais do que o dobro do tempo que havia planejado e submetendo seu corpo e mente a efeitos desconhecidos.

Ele passou maiscr7 bwin10 meses orbitando a Terra e pousoucr7 bwinum novo país.

Por isso, entrou para a história como "o último cidadão soviético".

Ao espaço

Sergei Krikalev nasceucr7 bwin1958cr7 bwinLeningrado, atualmente São Petersburgo.

Ele se formou como engenheiro mecânico no Institutocr7 bwinMecânicacr7 bwinLeningradocr7 bwin1981 e, após quatro anoscr7 bwintreinamento, tornou-se cosmonauta.

Em 1988, Krikalev fezcr7 bwinprimeira viagem à estação Mir, que orbitava a Terra a uma altitudecr7 bwin400 km acima da superfície terrestre.

Sua segunda viagem à estação foi acr7 bwinmaiocr7 bwin1991, meses antes da dissolução da União Soviética. O plano eracr7 bwinque ele retornassecr7 bwinoutubro, com Anatoly Artsebarsky, e que ambos fossem substituídos.

Mas os planos foram atropelados pelo convulsão política e social que já vinha ocorrendo na União Soviética, desde que o presidente Mikhail Gorbachev, comcr7 bwinfamosa políticacr7 bwin"Perestroika" ("reestruturação"cr7 bwintradução livre do russo) tentou modernizar o país. Sua ideia era aproximá-lo do capitalismo, descentralizar o poder econômicocr7 bwinvárias empresas estatais e permitir a criaçãocr7 bwinempresas privadas.

Esse processo causou muita resistência dentro do Partido Comunista, principalmente quando várias das repúblicas que compunham o país começaram a declararcr7 bwinindependência.

Entre 19 e 21cr7 bwinagostocr7 bwin1991, um grupo da ala mais dura do Partido Comunista tentou um golpe contra Gorbachev, que, embora sem sucesso, deixou a URSS mortalmente ferida.

cr7 bwin Novos planos

Nessa época, Krikalev e Artsebarsky não sabiam ao certo do que acontecia no país. Foi quando Krikalev foi convidado a permanecer no espaço até novo aviso.

"Para nós foi algo inesperado, não entendíamos o que estava acontecendo", lembrou o próprio Krikalev no documentário da BBC O último cidadão soviético,cr7 bwin1993.

Oas russo tinham um cosmonauta para substituir Artsebartsky, mas não tinham um substituto para Krikalev.

Além disso, o governo tinha prometido ao Cazaquistão, república que tinha acabadocr7 bwindeclararcr7 bwinindependência, que enviaria um cosmonauta daquele país na próxima trocacr7 bwinpessoal da Mir.

Decidiu-se que um cosmonauta cazaque acompanharia a missão enviada pela Soyuz TM-13cr7 bwinoutubro, e que ele retornaria à Terra uma semana depois com Anatoly Artsebarsky.

Assim, Krikalev, sem substituto, tevecr7 bwinpermanecer a bordo da Mir, agora com um novo companheiro, o cosmonauta Alexander Volkov.

"Será que vou ter força suficiente, posso me reajustar para uma estada mais longa? Tive minhas dúvidas", lembrou o cosmonauta.

Segundo Cathleen Lewis, historiadora especializada nos programas espaciais soviético e russo do Museu Nacional Smithsonian do Ar e Espaçocr7 bwinWashington D.C, nos Estados Unidos, os mais preocupados com Krikalev eram pessoascr7 bwinfora da União Soviética, que o viam como um homem "abandonado no espaço", exposto a efeitos físicos e mentais que ainda não são totalmente conhecidos.

Segundo a Nasa, a agência espacial dos Estados Unidos, a exposição à radiação no espaço traz riscos ligados a câncer ou doenças degenerativas.

A faltacr7 bwingravidade causa perdacr7 bwinmassa muscular e óssea; e o sistema imunológico pode sofrer alterações.

E o isolamento pode desencadear problemas psicológicos, como mudançascr7 bwincomportamento ou perdacr7 bwinhumor.

'Outras prioridades'

O governo russo, entretanto, "tinha outras prioridades, outras preocupações".

Ecr7 bwin25cr7 bwindezembrocr7 bwin1991, a União Soviética finalmente entroucr7 bwincolapso total.

Naquele dia, Gorbachev anuncioucr7 bwinrenúncia por motivoscr7 bwinsaúde.

A URSS se fragmentaracr7 bwin15 nações; o país que enviara Krikalev ao espaço já não existia mais.

Sua cidade natal, Leningrado, agora se chamava São Petersburgo.

O 'último cidadão soviético'

Por ter sido o único a ficar no espaço durante todos os turbulentos meses da dissolução da potência comunista, Krikalev acabou com a famacr7 bwin"último cidadão soviético", mesmo sem nunca ter ficado sozinho na estação espacial, segundo Cathleen Lewis.

"Ele não foi o único na estação, mas foi quem se tornou uma figura pública", diz.

"Krikalev também conquistou um lugar especial na cultura popular porque foi um dos primeiros cosmonautas a usar o rádio da estação para se comunicar com radioamadores na Terra a partir do espaço", acrescenta Cathleen Lewis.

A especialista se refere ao fatocr7 bwinque Krikalev usava o transmissor para se comunicar diariamente com radioamadores que encontravamcr7 bwinfrequência na Terra.

"Dessa forma, ele estabeleceu relações informais com pessoas ao redor do mundo", diz Lewis. "Krikalev não era o único na estação, mas era quem falava no rádio o tempo todo."

Segundo Lewis, Krikalev descobriu o que estava acontecendo graças a informações vindascr7 bwinpaíses do Ocidente, já que, naquela época, na União Soviética prevalecia a narrativacr7 bwinque "estava tudo bem".

"Até que (a URSS) acabou", diz a historiadora.

Elena Terekhina, mulhercr7 bwinKrikalev e que trabalhava como operadoracr7 bwinrádio no programa espacial soviético, também se comunicou com ele, mas sem lhe dar mais detalhes sobre o que o aconteciacr7 bwinterra firme.

"Estava tentando não falar com ele sobre coisas desagradáveis ​​e acho que ele estava tentando fazer o mesmo", lembrou Terekhina no documentário da BBC.

"Ele sempre me disse que estava tudo bem, então era muito difícil saber o que ele realmente sentia no íntimo", diz a mulher do cosmonauta.

Na estação, Krikalev passava seu tempo contemplando a Terra, ouvindo música e, claro, falando no rádio.

O regresso

Exatamente três meses depois da dissolução da União Soviética,cr7 bwin25cr7 bwinmarçocr7 bwin1992, Sergei Krikalev e Alexander Volkov retornaram à Terra.

Ao todo, Krikalev passou 312 dias no espaço, circulando a Terra 5 mil vezes.

Sua aparência, segundo um relato da época, eracr7 bwinum homem "pálido como farinha e todo suado", e que precisou da ajudacr7 bwinquatro homens para conseguir ficarcr7 bwinpé.

"Apesar da força da gravidade, foi muito agradável voltar, nos libertamoscr7 bwinum fardo psicológico", disse o cosmonauta.

"Não diria que foi um momentocr7 bwineuforia, mas foi muito bom."

Krikalev logo se recuperou. Em 2000, ele fez parte da primeira tripulação a viajar para a recém-inaugurada Estação Espacial Internacional (ISS), um símbolo da nova era espacial, que deixou para trás velhas rixas e deu lugar a um modelo colaborativo entre vários países para ajudar a continuar revelando mistérios do universo.

No ano seguinte, a Mir foi aposentada após 15 anoscr7 bwinoperação.

Atualmente, Krikalev é o diretorcr7 bwinmissões tripuladas da Roscosmos, a agência espacial russa.

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