'Pacientes modelos' se oferecem como 'cobaias'bet formula 1treinamentosbet formula 1harmonização a botox:bet formula 1

Paciente com touca ebet formula 1costas, enquanto mãobet formula 1profissional com luva injeta substância no rosto

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Vagas para 'pacientes modelos' anunciadas nas redes sociais oferecem procedimentos estéticos mais ou menos invasivos, desde o designbet formula 1sobrancelha à aplicaçãobet formula 1toxina botulínica (foto)

Grande parte das vagas é oferecida por dentistas, para quem as portas para realizaçãobet formula 1procedimentos estéticos foram abertas após uma sériebet formula 1alterações na lei ebet formula 1resoluções do Conselho Federalbet formula 1Odontologia (CFO) nos últimos anos. Em nota enviada à BBC News Brasil, o CFO foi enfático ao dizer que "em conformidade com o Códigobet formula 1Ética Odontológica, essa prática (de trabalho com pacientes modelos) não é permitidabet formula 1nenhuma hipótese".

Questionado se pacientes modelos teriam algum direito ou recomendação ao se submeter aos procedimentos, o CFO disse que "nenhum dos dois casos" é possível, "porque não existe nada estabelecidobet formula 1lei" que preveja essa prática.

A reportagem também encontrou,bet formula 1menor medida, vagasbet formula 1paciente modelo oferecidas por médicos e biomédicos. Procurados, o Conselho Federalbet formula 1Medicina (CFM) e o Conselho Federalbet formula 1Biomedicina (CFBM) não se manifestaram.

Enquanto os conselhos demonstram distância do assunto, no dia-a-dia os profissionais não são nada silenciosos quando o objetivo é conseguir pacientes modelos para seus cursos e treinamentos.

'Disponível para procedimentos'

"Bom dia, pessoal! Estamos selecionando 3 pacientes modelos para bichectomia. Todos os casos serão avaliados anteriormente. *Valorbet formula 1custo*."

"Restam apenas 2 vagas! Seja paciente modelo. Botox, preenchimentos faciais, lipobet formula 1papada enzimática."

"Precisobet formula 1paciente modelo para botox (toxina botulínica) para portfólio."

Todos os dias, ofertasbet formula 1intervenções estéticas como estas são postadas nas redes sociais — inclusive durante a pandemiabet formula 1coronavírus, quando a recomendação das autoridades tem sido evitar deslocamentos, encontros e atividades não essenciais. Boa parte das postagens indica como próximo passobet formula 1contato o WhatsApp, através do qual pessoas interessadasbet formula 1ser paciente modelo devem consultar preçosbet formula 1custo e enviar fotos para avaliação. Há também clínicas e cursos que oferecembet formula 1seus próprios sites formulários para inscriçãobet formula 1candidatos a pacientes modelos.

Além do anúnciobet formula 1vagas por profissionais e empresas, no Facebook há pessoas que se oferecem espontaneamente para ser paciente modelo.

Foi a partirbet formula 1uma dessas publicações, dizendo "disponível para lipobet formula 1papada", que a BBC News Brasil chegou a Jhonnattas Santos, 27 anos, analistabet formula 1fraudesbet formula 1um banco digital e moradorbet formula 1Osasco (SP).

Ele é um paciente modelo experiente: já fez aplicaçãobet formula 1toxina botulínica, clareamento dental e bichectomia (remoção das bolasbet formula 1Bichat, bolsasbet formula 1tecido adiposo nas bochechas) com dentistas durante cursos ministrados para outros profissionais na capital paulista — com exceção do clareamento dental, feitobet formula 1consultório apenas pelo profissional.

Jhonnattas Santos com feição sériabet formula 1selfie

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Jhonnattas Santos conta que pretende fazer várias intervenções no rosto e, para isso, 'o método mais acessível hoje é ser paciente modelo'

Jhonnattas diz que, embora não tenha gostado do resultadobet formula 1todos os procedimentos que fez como paciente modelo, "nunca teve problemas". Para ele, esta prática é uma oportunidade.

"Se eu tivesse dinheiro, muito dinheiro, eu faria várias cirurgias. Eu pretendo fazer o nariz, implante, pretendo tirar o excessobet formula 1pele ao redor dos olhos", contou o analistabet formula 1fraudes à BBC News Brasil por chamadabet formula 1vídeo. "Muitos procedimentos você fazbet formula 1busca da autoestima. Eu particularmente quero mudar meu rosto, não me sinto confortável com ele, e o método mais acessível hoje é ser paciente modelo."

"É uma oportunidade. Meus amigos falam: nossa, Jhon, você poderia guardar mais dinheiro e pagar um valorbet formula 1mercado (como paciente regular). Mas eu acredito que tem profissionais fazendo um trabalho bem feito mesmo com paciente modelo", conta, acrescentando que amigas já fizeram procedimentos como os dele pagando regularmente e passaram pelo "mesmo protocolo" tanto durante a intervenção como nos cuidados posteriores.

Nessas três ocasiões, porém, ele conta não ter recebido qualquer tipobet formula 1contrato, termo ou documento alertando sobre riscos — formalização que seria essencial, segundo especialistas entrevistados (leia mais abaixo). Jhonnattas apenas preencheu e assinou um formuláriobet formula 1que informava se tinha alergias e outros problemasbet formula 1saúde.

O jovem atribui suas experiências bem sucedidas à intensa pesquisa que faz antesbet formula 1passar pelos procedimentos, observando comentários nos perfisbet formula 1profissionais e clínicas, e também enviando mensagens para pessoas que já fizeram tratamentos nesses locais. Por ser tão pró-ativo neste mundo, Jhonnattas conta já ter recebido oito convites para ser paciente modelo.

"Não é só pelo valor que o profissional está te propondo que você vai no primeiro e faz. Não. Eu particularmente faço uma pesquisabet formula 1mercado, busco feedbacks, para depois fazer meu procedimento", diz.

Recentemente, Beatriz Cabral, 26 anos, analistabet formula 1benefícios e moradorabet formula 1São Paulo (SP), também postou no Facebook estar "disponível como paciente modelo", o que seriabet formula 1primeira experiência como uma. Como paciente regular, ela já fez duas cirurgias — colocaçãobet formula 1prótesebet formula 1silicone e abdominoplastia — e agora deseja "aumentar a boca, fazer bichectomia e lipobet formula 1papada". Ela tem amigas que já tiveram boas experiências como paciente modelo e há um ano começou a buscar vagas do tipo nas redes sociais.

Perguntada o que a atrai nestas oportunidades, ela respondeu: "O valor. E também não é um procedimento muito invasivo, porque os cirurgiões (plásticos) fazembet formula 1hospitais."

A BBC News Brasil consultou se a assessoriabet formula 1imprensa do Facebook e do Instagram gostariambet formula 1se posicionar nesta reportagem, mas as empresas preferiram não se manifestar.

'Tive um livramento'

Mulheres sentadas lado a lado, segurando celulares

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, 'Tinha um climabet formula 1ansiedade e apreensão, porque todas foram pegasbet formula 1surpresa: ninguém imaginou que teria tanta gente', relata Ana (nome fictício) sobrebet formula 1experiência como paciente modelo, quando encontrou cercabet formula 1outras 100 pessoas na mesma situação que ela

Por outro lado, se pudesse dar um conselho para quem pretende ser paciente modelo, Ana (nome fictício, a pedido da entrevistada), 34 anos, diria: "corre".

Isso por conta da primeira e última vez que ela foi paciente modelo,bet formula 12019,bet formula 1um cursobet formula 1rinomodelação com uma técnica anunciada como "patenteada" por uma dentista com a promessabet formula 1modelar o nariz com fiosbet formula 1PDO (polidioxanona). Ana diz que não só não teve o resultado desejado, como levou um susto com uma inflamação que teve no nariz e não teve assistência adequada da profissional. Hoje, ela está bem — o que diz ser um "livramento".

A mulher conta que acompanhava a dentista no Instagram, onde esta se apresenta apenas como "doutora", e ficou sabendobet formula 1vagas para rinomodelaçãobet formula 1um curso que a profissional ministraria.

"Eu não queria fazer uma rinoplastia (procedimento cirúrgico) que mudasse o formato do meu nariz, que fosse muito invasivo. Eu me incomodava com o meu nariz quando eu sorria. Vi no Instagram que ela (a dentista) precisavabet formula 1pacientes modelos e falei: legal, porque só pagaria o preçobet formula 1custo e não é tão invasivo. Ela falava que as pessoas saíam do consultório andando, que um dia depois já podiam retomar a vida normal", contou à BBC News Brasil por telefone.

Ana então enviou fotos suas para a dentista através do WhatsApp, foi "selecionada" e fez um pagamento parcial para reservarbet formula 1vaga. No dia do curso dado pela profissional — ebet formula 1sua rinomodelação —, ela viajou por cercabet formula 1duas horasbet formula 1carro do interiorbet formula 1São Paulo até a capital e chegou a uma clínica onde estavam cercabet formula 1outras 100 pacientes modelo.

"Tinha um climabet formula 1ansiedade e apreensão, porque todas foram pegasbet formula 1surpresa: ninguém imaginou que teria tanta gente. Teve meninas que vierambet formula 1ônibus,bet formula 1bem mais longe", lembra, mencionando a desorganização e atrasos naquele dia.

"Lá embaixo, você ficava esperando a mercê, não podia sair, algumas pessoas reclamavam que estavam sem almoçar. Lábet formula 1cima (onde eram feitos os procedimentos), o clima… a palavra talvez sejabet formula 1positividade. As pessoas da equipe eram extremamente alegres; ela (a dentista líder) vende que tudo está maravilhoso, te atendebet formula 1uma maneira que você pensa: nossa, vai dar tudo certo, vai ficar maravilhoso."

Apesar do cenário positivo protagonizado pelos organizadores do curso, Ana descreve o ambientebet formula 1outra forma.

"Era tudo junto, tinha umas baias, era tipo um abatedouro: várias ali ao mesmo tempo sendo anestesiadas e passando pelo procedimento."

A mulher conta que um dentistabet formula 1treinamento se apresentou para ela, fez perguntas básicas sobre alergias e começou a fazer um procedimento "bem invasivo", com sutura e anestesia — diferente do que ela esperava. Quando tinha dúvidas, o profissionalbet formula 1treinamento chamava a dentista que liderava o curso para fazer perguntas.

Ao fim, embora todos ao seu redor dissessem que o resultado tinha ficado "maravilhoso", Ana estava assustada com a dor que sentia. Nos cinco dias seguintes, ela ficoubet formula 1cama, com o nariz inchado, e só conseguia contato virtual com a dentista, que moravabet formula 1outro Estado.

"O pós era muito deficiente: você mandava uma mensagembet formula 1manhã perguntando se o inchaço e os sangramentos eram normais, e eles só respondiam à noite."

Com o tempo e remédios, os fios foram soltando e a inflamação, diminuindo. Hoje, Ana diz ter ficado sem resultados e com duas protuberâncias na parte interna do nariz: "Não sei se o profissional não soube aplicar a técnica, ou se a técnica não funciona mesmo."

"Mas tive um livramento. Não tive o resultado, mas tudo bem, porque eu também não tive nenhuma sequela. Poderia ter tido, né?"

Olhando para a situação passada, Ana avalia que faltou se perguntar: "será que (a oferta) é isso tudo mesmo?"

"Eu via pelas redes que ela (a dentista) postava o antes e o depois dos pacientes, e você não via nenhuma reclamação. Eu até pesquisei, mas como era muito o começo da técnica, não tinha muita informação."

Apesarbet formula 1dizer que faltou acionar seu "desconfiômetro", Ana relata que teve um breve momento naquele dia tumultuado que logo a deixou com uma pulga atrás da orelha: quando assinou um contrato reconhecendo que estava sendo submetida a um procedimento como paciente modelo e que tomaria os cuidados devidos no pós-operatório. Ao solicitar uma via para ela, uma atendente disse que não havia papéis suficientes para isso.

"Teve essa questão do contrato, e eu fiquei cismada. O tempo vai passando, e você fala: gente, vou embora, o que eu estou fazendo aqui? Mas eu falei: poxa, eu já tô aqui. E quando você sobe, você é tão bem recebida, que parece que vai dar tudo certo."

Hoje, Ana diz que "jamais, jamais, jamais seria paciente modelobet formula 1novo."

"Você fica muito sozinha. Se você contrata um médico para a realizaçãobet formula 1um serviço, parece que é mais legítimo procurar e lidar diretamente com o profissional. Agora, quando você está naquele mutirão, você fica sozinha. Depois, no seu pós, você fica abandonada, naquele limbo sem saber se o que está sentindo é normal ou não é. Quem vai ter dar um respaldo? É melhor você pagar um pouco mais e ter mais direito a exigir", afirma.

'Pode acontecer mil coisas'

Paciente na maca com duas profissionais à volta, manipulando o rosto

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Legenda da foto, Duas entrevistadas pela BBC News Brasil que foram pacientes modelos durante cursos reclamaram da faltabet formula 1assistência após terem complicações

Moradora da cidade do Riobet formula 1Janeiro (RJ), Laura (nome fictício, a pedido) também teve uma experiência ruim que não a faz descartar totalmente ser paciente modelobet formula 1novo, mas que definitivamente a ensinou a tomar certos cuidados.

Em 2020, ela foi paciente modelobet formula 1uma biomédica que aplicou toxina botulínica no seu rosto; segundo Laura, esta foi uma experiência "mais tranquila". Ela conta ter tido problemas neste ano, quando se submeteu à aplicaçãobet formula 1ácido hialurônico nas olheirasbet formula 1um curso ministrado por uma dentista.

Antes do procedimento, o contato com a organização do curso foi todo virtual. Laura foi avisada que as pacientes modelo seriam atendidas por ordembet formula 1chegada.

Logo depois da aplicação do que foi apresentado como ácido hialurônico, ela diz ter sentido muita dor. Aí veio a desconfiança.

"Vem a professora, marca você, tira foto, diz que você vai ficar linda. Fica aquela visão toda, e você se desliga, sabe?", contou à BBC News Brasil por telefone. "Depois que eu saí, pensei: caramba, nem perguntei o que (produto) eles tinham colocado. Fiquei mega preocupada."

No dia seguinte à intervenção no rosto, Laura começou a pedir a nota fiscal e informações do produto usado — coisas que ela tinha recebido na primeira vez que foi paciente modelo, com a aplicaçãobet formula 1toxina botulínica. Já no procedimento deste ano, o mesmo contato no WhatsApp com quem ela se comunicou para marcar a aplicação do ácido hialurônico deixoubet formula 1respondê-la quando ela passou a cobrar assistência.

"Eu tentei ligar, ninguém atendeu. Fui lá (no local onde o curso tinha acontecido) e estavam completamente fechados: eles fazem um dia e depois fecham a sala."

A mulher diz ter ficado sem assistência e hoje tem uma espéciebet formula 1buraco na olheira. Nem passou pela cabeça reivindicar medidas mais drásticas como uma ação judicial, pois ela diz ter erradobet formula 1assinar papéis que ficaram apenas com os organizadores do curso, sem uma via para ela. Hoje, ela avalia que os documentos assinados tinham a função, para os organizadores do curso,bet formula 1tirar "qualquer responsabilidade do que ia acontecer".

"Podia ter dado mais errado. Deu errado visualmente: eu não gostei do resultado depois. Mas eu corri o riscobet formula 1ter uma coisa mais séria, que eu fossebet formula 1repente parar no hospital."

Laura diz que só seria paciente modelobet formula 1novo se fosse com um profissional oubet formula 1um curso pelos quais outra pessoa já tivesse passado e indicasse.

"Ir sozinha, do jeito que eu fui… é muito fácil ficar preocupada agora", desabafa. "Você está sempre sujeito a acontecer alguma coisa. Ou é o material que eu não seibet formula 1onde veio, ou a mão da pessoa que ainda não está treinada o suficiente. É mais barato? É. Mas pode acontecer mil coisas."

Casos na Justiça contra dentista

A desconfiança com a autenticidadebet formula 1produtos apresentados como ácido hialurônico tem precedentes.

No início do ano, chegaram a jornais e a canaisbet formula 1televisão as acusações contra a dentista Giselle Gomes, que atendiabet formula 1Campos dos Goytacazes (RJ) e é acusadabet formula 1aplicar nos lábios e no nariz PMMA (polimetilmetacrilato) ou hidrogelbet formula 1vezbet formula 1ácido hialurônico — como dizia às pacientes. Esta atuação fez o Ministério Público do Estado do Riobet formula 1Janeiro (MPRJ) denunciar Gomes por estelionato, lesão corporal grave e exercício ilegal da profissãobet formula 1odontóloga. O MPRJ também conseguiu na Justiça a suspensão da habilitação profissional e a proibição do exercício profissional dela.

A BBC News Brasil entroubet formula 1contato com o advogadobet formula 1Giselle Gomes, que preferiu não se manifestar.

A reportagem conversou com Andrea Paes, advogadabet formula 132 pessoas que se dizem vítimasbet formula 1Giselle Gomes atendidas entre 2018 e 2020 — duas delas foram pacientes modelos da dentista, que negociava estas vagas no Instagram e através da indicaçãobet formula 1outros pacientes. Ela recebeu estas pacientes modelosbet formula 1seu consultório e disse que aplicaria técnicasbet formula 1harmonização facial que aprenderabet formula 1um curso. Na rede social, Gomes também oferecia permutas para influenciadoras da internet, dando procedimentos gratuitosbet formula 1trocabet formula 1postagens,bet formula 1acordo com Paes.

A permuta é vedada pelo Códigobet formula 1Ética Odontológica, que diz ser uma infração "oferecer trabalho gratuito com intençãobet formula 1autopromoção ou promover campanhas oferecendo trocasbet formula 1favores".

Andrea Paes relata que, após a aplicação do PMMA ou hidrogel, as vítimas ficaram com dor, manchas e deformidades. Uma influenciadora que fez uma permuta precisou passar por duas cirurgias para tirar o PMMA do nariz e dos lábios e "até hoje vive à basebet formula 1corticoides",bet formula 1acordo com a advogada.

As pacientes modelos e influenciadoras recebiam apenas um papel com orientações para cuidados posteriores ao procedimento, o que a advogada diz ser problemático.

"Tanto as modelos quanto os profissionais assumem o riscobet formula 1uma responsabilidade civil,bet formula 1um problema, sem saber no que isso vai parar. E a Justiça está bem severa nas punições indenizatórias quando há uma deformidade no rosto, inclusive quando há uma deformidade permanente", afirma Andrea Paes.

"A norma não diz: faça um contrato. Mas hoje, um bom profissional que quer se resguardar dos problemas que virão faz um contrato para se respaldarbet formula 1uma responsabilidade civil."

Para a advogada, há um desequilíbrio problemático na relação entre profissionais e pacientes modelo — que não pagam regularmente.

"As pessoas se sentem um pouco constrangidasbet formula 1perguntar: qual produto você vai usar? Está dentro da validade? Então, todo cuidado quando se falabet formula 1permuta,bet formula 1paciente modelo, tem que ser tomado."

'Trato pacientes modelos igual ou melhor'

Três profissionaisbet formula 1máscara lado a lado manipulando rostosbet formula 1bonecos

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Legenda da foto, Treinamento com manequins é partebet formula 1formaçãobet formula 1profissionais, mas não com pacientes modelo

A BBC News Brasil pediu entrevistas para dez profissionais, clínicas e institutosbet formula 1treinamento que anunciaram vagas para pacientes modelo no Instagram na primeira semanabet formula 1setembro, e apenas duas dessas fontes se disponibilizaram a conversar com a reportagem — as outras não responderam no WhatsApp nem atenderam ligações, ou adiaram repetidamente a entrevista.

Uma das profissionais que concedeu entrevista foi a cirurgiã-dentista Dany Moura, 44 anos, fundadora do cursobet formula 1harmonização orofacial Harmony Face, na cidade do Riobet formula 1Janeiro. Ela diz que profissionais dabet formula 1área estão sob constante ataque, principalmente por médicos, e defende que o Brasil tem uma das "melhores odontologias do mundo", atraindo inclusive pacientes estrangeiros.

A dentista diz que bons profissionais trabalham eticamente com pacientes modelos — e que estes são fundamentais nos cursos livres oferecidos pela Harmony Face, onde os alunos são profissionaisbet formula 1saúde graduados e com registro profissional.

"A harmonização orofacial não é dada na grade da faculdadebet formula 1odontologia", explica, afirmando que profissionaisbet formula 1outras áreas, como biomédicos e até médicos, também fazem seus cursos livres. "Como eles não têm esse contato na faculdade, é difícil só trabalharbet formula 1manequimbet formula 1silicone,bet formula 1manequimbet formula 1resina. Então o paciente (modelo) ébet formula 1suma importância porque eles (os alunos) conseguem ter contato com o procedimento que é dado na parte teórica."

Seu instituto, fundado há cercabet formula 1um ano e meio e cuja equipe totaliza quatro dentistas, já trabalhou com cercabet formula 1100 pacientes modelos. Segundo Dany, eles chegam atravésbet formula 1indicações e pelas redes sociais; passam por uma consulta presencial antesbet formula 1serem submetidos a procedimentos no curso; assinam e recebem uma viabet formula 1um termobet formula 1consentimento. A cirurgiã-dentista garante que ela e a equipe têm toda experiência e preparo para lidar com intercorrências — e comemora que isso até hoje não tenha acontecido.

"Os pacientes modelos, nos meus cursos, são tratados igual ou melhor do que os pacientes dentro do meu consultório, que me pagam integralmente. Porque eles estão ali se disponibilizando para que outros profissionais se capacitem", diz a cirurgiã-dentista, que além do curso tem seu próprio consultório, oferecendo vários tiposbet formula 1tratamento odontológico.

"Na próxima turma, vou ter um curso e a minha madrinha, que é a minha segunda mãe, vai ser uma paciente modelo", acrescenta, demonstrando que o cuidado é tanto a pontobet formula 1incluir também familiares dela.

Já a biomédica Janaína Inácio, 26 anos, anunciou esses dias no Instagram a primeira vaga para paciente modelo que ela atenderá na clínicabet formula 1uma colegabet formula 1Contagem (MG). Antes, ela só havia trabalhado com esse tipobet formula 1pacientebet formula 1cursos nos quais foi aluna.

A profissional diz que abriu a vaga buscando "enriquecer o portfólio" e "ter um contato com variações anatômicas" ao aplicar toxina botulínicabet formula 1diferentes rostos.

"Através desse modelobet formula 1atendimento (paciente modelo) é possível atingir um público maior e com mais variações anatômicas. Olhando pra uma outra perspectiva, esse tipobet formula 1atendimento proporciona ao paciente modelo, incluindo pessoas que não teriam acesso (financeiro), um atendimentobet formula 1qualidade com investimento mais baixo", avalia Janaína Inácio.

Preparando-se para atender seu primeiro paciente modelo sozinha, forabet formula 1treinamentos, a biomédica diz já ter separado um termobet formula 1consentimento para leitura e assinatura, incluindo uma via para cada um dos lados.

Ela diz ter decidido usar o termo depoisbet formula 1pesquisar normas do Ministério do Saúde e ler o Códigobet formula 1Ética do Conselho Federalbet formula 1Biomedicina (CFBM) — mas desabafa ter sentido faltabet formula 1uma regulamentação mais direta sobre os pacientes modelos.

"Realmente, nessa questãobet formula 1paciente modelo, não tem muitas regras. Mas eu trabalho com eles com as mesmas garantias do paciente normal", afirma.

"Como tem vários tiposbet formula 1profissionais no mercado, principalmente pela grande procura dos procedimentos estéticos, a gente consegue se deparar com vários tiposbet formula 1profissionais. Então, ter um uma regulamentação traz uma maior segurança tanto pro profissional quanto para o paciente."

'Não é ilegal'

Especialistabet formula 1causas médicas e odontológicas, o advogado David Castro Stacciarini resume: não há ilegalidade no atendimentobet formula 1pacientes modelos. Tampouco há leis ou normas infralegais regulamentando a prática.

Mas, para Stacciarini, ela esbarrabet formula 1questões éticas que seriam da esferabet formula 1avaliação dos conselhos profissionais: por exemplo, a cobrança apenas do preçobet formula 1custo dos procedimentos pode eventualmente ser interpretada como concorrência desleal. Os conselhos também têm regras bem delimitadas sobre postagensbet formula 1resultados nas redes sociais, e é frequente que pacientes modelos apareçambet formula 1fotosbet formula 1"antes e depois" do procedimento.

"Aponto questões éticas, porque não é ilegal o acordo privado entre as partes. O Código Civil não se interessa pela questão ética; quem se interessa pela questão ética é o Conselhobet formula 1Medicina e o Conselho Odontológico. A ética, quem vai julgar é o conselhobet formula 1classe", explica o advogado, se somando a outros entrevistados que apontam para a importânciabet formula 1um documentobet formula 1particular.

"Teoricamente, o documento mais importante na relação e saúde é o Termobet formula 1Consentimento Livre e Esclarecido, ou o Termobet formula 1Consentimento Informado. Esse documento vai falar dos riscos que o paciente pode vir a ter fazendo aquele procedimento. Posso ter sangramento? Posso ter hematoma? Posso ter necrose? Posso ter uma infecção? Posso ter uma embolia pulmonar? Posso morrer nesse procedimento? Esses riscos têm que ser bem mencionados e esclarecidos ao paciente."

O Termobet formula 1Consentimento Livre e Esclarecido é exigido, segundo uma resolução do Conselho Nacionalbet formula 1Saúde (CNS),bet formula 1toda pesquisa científica envolvendo pessoas no Brasil — por exemplo, um estudo clínico que aplica vacinas experimentais contra a covid-19bet formula 1voluntários, ou uma pesquisa sociológica que realize entrevistas. Quem avalia os termos entregues e os protocolosbet formula 1pesquisa é uma das 18 comissões do CNS, a Comissão Nacionalbet formula 1Éticabet formula 1Pesquisa (Conep), e suas instâncias regionais, os Comitêsbet formula 1Éticabet formula 1Pesquisa (CEPs). O CNS é vinculado ao Ministério da Saúde.

Recentemente, foi a desconfiançabet formula 1divergências entre o protocolado na Conep e o que foi realizado na práticabet formula 1estudos clínicos com a proxalutamida no Brasil que levou à suspensão, pela Agência Nacionalbet formula 1Vigilância Sanitária (Anvisa), da importação do medicamento. Estes estudos visavam testar o uso do remédio para tratamento da covid-19.

No termo, que deve ser escrito com uma linguagem clara, um participantebet formula 1pesquisa reconhece que foi informado sobre os objetivos do estudo, seus benefícios e riscos. Também é documentado que o participante tem autonomia para escolher entrar ou se retirar a qualquer momento da pesquisa. O contrato traz ainda os nomes e contatos dos pesquisadores, que ficam com uma das vias — e o participante, com outra.

Acontece que a práticabet formula 1atender os pacientes modelos está numa interseção obscura: tem traçosbet formula 1pesquisa científica,bet formula 1ensino ebet formula 1prática médica ou odontológica.

Conselheira da Conep, a fisioterapeuta Laís Souza explicou à BBC News Brasil que os pacientes modelos não são diretamente abarcados pelas normas que recaem sobre as pesquisas científicas, mas que os termosbet formula 1consentimento usados nestas servem como referência. E, na verdade, ela diz que o consentimento é um processo: não se trata apenasbet formula 1um papel, mas preferencialmentebet formula 1um diálogo transparente entre as partes ao longobet formula 1suas trocas.

Souza lembra que,bet formula 12016, o próprio Conselho Federalbet formula 1Medicina (CFM) publicou uma resolução recomendando que os profissionais usassem o termo nos seus atendimentosbet formula 1geral, "com o objetivobet formula 1proporcionar aos médicos maior segurança na tomadabet formula 1decisões sobre assistência à saúde dos pacientes", segundo o documento.

"Isso começou com discussõesbet formula 1artigos científicos, na área da bioética, sobre a necessidadebet formula 1começar a usar o termo não só na pesquisa, mas também na prática clínica", aponta Souza, acrescentando que, para os médicos, o termo pode ser uma proteçãobet formula 1eventuais processos judiciais abertos por pacientes.

'Nenhum médico pode usar o paciente ao seu bel-prazer'

Para o médico Dênis Calazans, presidente da Sociedade Brasileirabet formula 1Cirurgia Plástica (SBPC), o mercado dos pacientes modelos como um todo é problemático — muito além da questão do termobet formula 1consentimento.

Por mais que muitas das vagas para pacientes modelos não sejam para intervenções invasivas como uma cirurgia plástica e nem ofereçam procedimentos que só médicos podem fazer, Calazans usa como ideal a residência médica,bet formula 1que médicos graduados se especializam e, como parte do treinamento, tratam pacientes. Esta formação é controlada por um decretobet formula 11977 que regulamenta a residência médica e criou a Comissão Nacionalbet formula 1Residência Médica. O Conselho Federalbet formula 1Medicina (CFM) também tem normas específicas para a residência médica.

"Qualquer tipobet formula 1procedimento médico deve ser realizado dentrobet formula 1ambientes que gozembet formula 1todas as licenças da vigilância sanitáriabet formula 1ambientes preparados para tratamentobet formula 1eventuais complicações que possam ocorrer", aponta o médico,bet formula 1entrevista à BBC News Brasil por chamadabet formula 1vídeo.

"Hoje, nos ambientes hospitalaresbet formula 1que também há ensino, temos comitêsbet formula 1éticabet formula 1que nada é feito sem que haja um aval. Nenhum médico, treinando ou formandobet formula 1medicina pode usar o paciente a seu bel-prazer, como se fosse um treinamento ou uma verdadeira cobaia."

Também há leis e uma Comissão Nacionalbet formula 1Residência Multiprofissionalbet formula 1Saúde que regulamentam a residência na odontologia, biomedicina, farmácia, entre outros.

Mas enquanto as residências são pós-graduações que costumam durar maisbet formula 1um ano, os treinamentos que costumam usar pacientes modelos vão desde atendimentos individuaisbet formula 1consultório a cursos livresbet formula 1finalbet formula 1semana e especializações mais longas.

A BBC News Brasil procurou o Ministério da Educação perguntando se há alguma regra para o usobet formula 1pacientes modelosbet formula 1cursosbet formula 1curta e longa duração, mas não obteve resposta mesmo após insistência. Entretanto, vários entrevistados confirmaram que não há regras.

Dênis Calazans exemplifica complicações que podem ocorrer com o usobet formula 1preenchedores no rosto, muito comuns na área estética, e que exigiriam atendimento médico: "Não só inflamações, mas também necroses, amaurose, lesões vasculares, nervosas. Tudo isso precisabet formula 1uma assistência médica especializada".

"Suponhamos que um desses pacientes (modelos) se submeta a um desses cursosbet formula 1finaisbet formula 1semana,bet formula 1que lá várias mãos vão estar treinando no seu próprio corpo ou face. Imagine se uma dessas situações evolui para uma gravidade, por exemplo a oclusãobet formula 1uma artéria que nutre o olho, algo que pode levar até à cegueira quase que imediata. Será que esses ambientes estão preparados para socorrer situações emergenciais como essa? Será que esses profissionais monetizando com esses cursos estão preparados verdadeiramente para tratar complicações?", questiona.

"Essa se torna uma verdadeira arapuca, e lamentavelmente nós assistimos mais uma vez a população desassistidabet formula 1termosbet formula 1segurança. Há uma necessidade prementebet formula 1que as autoridades competentes regulamentem esse tipobet formula 1procedimento para que não possamos assistir mais situações tão desastrosas como essas que viram manchetes da imprensa."

Calazans também alerta para a "periculosidade das mídias sociais", já que "o númerobet formula 1seguidores ou likes nunca foi atestadobet formula 1competência profissional".

"Muitos pacientes acabam se encantando por tudo aquilo que se vê nas mídias sociais, e hoje elas se tornaram verdadeiras armadilhas", afirma o médico. "É muito importante que os pacientes se alertem sobre isso e não sejam iludidos, buscando tratamento pensando sempre nabet formula 1segurança e não no baixo custo."

'O que se sobrepõe ao paciente?'

Foto aproximada mostra narizbet formula 1paciente, e mãosbet formula 1profissionais com luva fazendo curativo nele

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Legenda da foto, Em 2020, Conselho Federalbet formula 1Odontologia (CFO) publicou resolução explicitando intervenções no rosto vedadas aos seus profissionais, como a rinoplastia

Para o advogado David Castro Stacciarini, o surgimentobet formula 1vagas para pacientes modelos é uma consequênciabet formula 1transformações que o mercado estético passou na última década. Nisso, as redes sociais também têm papel importante, influenciando até na mudança dos tiposbet formula 1procedimentos realizados,bet formula 1acordo com o advogado.

"O Brasil antigamente não tinha uma característicabet formula 1fazer procedimentos na face. O Brasil sempre endeusou mais os procedimentos no corpo", aponta. "Com a vinda das redes sociais, o rosto se tornou extremamente importante".

No país que há muito tempo aparece no pódio daqueles que mais fazem procedimentos estéticos no mundo, a maior procura por intervenções no rosto deu ainda mais combustível a um mercado bilionário. A pesquisa global da Sociedade Internacionalbet formula 1Cirurgia Plástica Estética (em inglês, International Society of Aesthetic Plastic Surgery, a Isaps) referente a 2019 mostrou o Brasil no segundo lugarbet formula 1procedimentos cirúrgicos e não cirúrgicos realizados (2.565.675) no planeta, atrás apenas dos Estados Unidos (3.982.749).

De 2018 para 2019, enquanto o númerobet formula 1intervenções cirúrgicas no Brasil diminuiu um pouco,bet formula 10,3%, obet formula 1procedimentos não cirúrgicos subiu 39,3% — e os mais realizados nesta categoria no Brasil foram a aplicação da toxina botulínica e do ácido hialurônico.

Com alterações na legislação e nas normas dos conselhos profissionais, cada vez mais profissionais se aproximaram da área estética.

Stacciarini explica que um pontobet formula 1partida para esta tendência foi a sanção,bet formula 12013, da Lei do Ato Médico, que tipificou como procedimentos invasivos "a invasão dos orifícios naturais do corpo, atingindo órgãos internos" — e estes foram definidos como competência exclusiva dos médicos. Uma consequência disso, segundo o advogado, foi que profissionais não médicos viram nesta definição um caminho aberto para realizar procedimentos considerados a partirbet formula 1então não invasivos.

A lei também resguardou a possibilidadebet formula 1outros profissionais não médicos aplicarem injeções, e a então presidente Dilma Rousseff justificou embet formula 1sanção na época que isto era importante para garantir o atendimento no Sistema Únicobet formula 1Saúde (SUS), que dependebet formula 1equipes multiprofissionais. Uma consequência talvez não prevista, segundo segundo Stacciarini, é que isto favoreceu o trabalhobet formula 1profissionaisbet formula 1saúde não médicos com produtos estéticos injetáveis, como é a toxina botulínica.

Porém, as portas abertas pela lei não seriam suficientes sem flexibilizações que vieram dos conselhos profissionais — com quem associações e conselhos médicos passaram a batalhar na Justiça,bet formula 1disputas que correm até hoje.

Aindabet formula 12013, o Conselho Federalbet formula 1Farmácia (CFF) publicou uma resolução reconhecendo "a saúde estética como áreabet formula 1atuação do farmacêutico". Em 2014, foi a vez do Conselho Federalbet formula 1Biomedicina (CFBM) "regulamentar prescrição e utilizaçãobet formula 1substâncias (incluindo injetáveis), pelo profissional biomédico habilitadobet formula 1biomedicina estética para fins estéticos". Em 2016, o Conselho Federalbet formula 1Odontologia (CFO) publicou resolução autorizando "a utilização da toxina botulínica e dos preenchedores faciais pelo cirurgião-dentista, para fins terapêuticos funcionais e/ou estéticos, desde que não extrapolebet formula 1área anatômicabet formula 1atuação".

O Conselho Federalbet formula 1Medicina (CFM) acionou a Justiça contra todas essas resoluções e outras relativas à estética — com derrotas, vitórias, suspensões e retomadas para todos os lados. Estas disputas chegaram até ao Superior Tribunalbet formula 1Justiça (STJ).

Em paralelo a este limbo jurídico, o mercado continuou a toda. Na prática, as fronteiras entre o que são procedimentos invasivos ou não invasivos,bet formula 1competência do médico ou não, ficaram porosas.

De acordo com Stacciarini,bet formula 12020 o próprio CFO precisou dar um basta a uma explosãobet formula 1dentistas fazendo cirurgias que sãobet formula 1competência exclusiva do médico. Em uma resolução, o conselho explicitou intervenções no rosto vedadas aos seus profissionais: alectomia, blefaroplastia, cirurgiabet formula 1castanhares, liftingbet formula 1sobrancelhas, otoplastia, rinoplastia e ritidoplastia ou face lifting.

A resolução destacou ainda que cirurgiões-dentistas estão proibidosbet formula 1fazer intervenções "em áreas anatômicas diversasbet formula 1cabeça e pescoço" e afirmou que qualquer profissional ou instituição oferecendo cursosbet formula 1procedimentos vedados está sujeito a penalidades.

Mesmo assim, Stacciarini diz que as irregularidades não pararam — às vezes, só trocarambet formula 1nome.

"Aquilo que se chamava rinoplastia, agora é nose job level 5 ou ultranose. Otoplastia é earshut — sempre nomesbet formula 1inglês, para ficar legal", explica, mencionando também a frequência da reivindicaçãobet formula 1técnicas "patenteadas", o que não é possível para procedimentos terapêuticos e cirúrgicos no corpo humano, segundo a lei brasileirabet formula 1propriedade intelectual.

O advogado afirma que, uma vez investigados, esses procedimentos poderiam ser constatados como irregulares e seriam alvobet formula 1punição. Entretanto, na prática, eles continuam acontecendo e tomando novos nomes como disfarces.

Em nota, o CFO afirmou que os Conselhos Regionaisbet formula 1Odontologia "detêmbet formula 1competência legal para iniciar o processo ético por eventual infração", e que o conselho federal, como "órgãobet formula 1supervisãobet formula 1classe", "promove campanhas educativas, divulga orientações, entre outras iniciativas para que os profissionaisbet formula 1odontologia não cometam esse tipobet formula 1erro".

David Castro Stacciarini destaca uma particularidade das vagas para pacientes modelos.

"Perceba que tudo isso envolve praticamente a área estética. Você não vê, por exemplo, cursos com pacientes modelos para ortopedia; para cirurgia geral; para neurocirurgia. Então, temos um aumento substancialbet formula 1procedimentos estéticos que gerou um certo mercado paralelo disso. É um mercado bilionário, muito dinheiro está envolvido."

Paciente modelobet formula 12019, Ana também fala deste tipobet formula 1vaga com o "reflexo"bet formula 1um nicho promissor: obet formula 1cursosbet formula 1que um profissional ensina uma técnica para outros profissionais, que pagam para isso.

"Não é do paciente (modelo) que eles ganham dinheiro; acho que ganham dinheiro vendendo cursos para outros dentistas. Por exemplo, a doutora que me atendeu, ela já quase não atua mais na área (da odontologia): ela só dá cursos. E aí tem o desdobramento: quem fez o curso dela começa a dar cursos embet formula 1região também. Vira um novo nicho, um novo mercado."

"Eu não desmereço a profissão dos dentistas: acho que são excelentes, muitos são capacitados, todas as áreas merecem se desenvolver. Mas o que se sobrepõe ao paciente?", questiona Ana, que relatou faltabet formula 1assistência ao ter uma inflamação no nariz após ser paciente modelo.

"Acho que dinheiro não deve nunca se sobrepor ao paciente. Se você é paciente modelo, ou paciente dele, deve ser tratado com o mesmo respeito, com a mesma ética do que todas. Fazer disso um mercado para ganhar dinheirobet formula 1detrimento da saúdebet formula 1outras pessoas não é certo pra nenhuma área."

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