Em país com poligamia legal, mulher luta por direito a poliandria:aposta deposito 1 real

"Ele não quer se casar... mas, no futuro, imagino um casamento com maisaposta deposito 1 realuma pessoa. Como pansexual, sinto atração por pessoas, independentementeaposta deposito 1 realseu gênero."

Uma mulher com maisaposta deposito 1 realum marido?

A África do Sul tem uma das constituições mais liberais do mundo: permite casamentos do mesmo sexo para ambos os gêneros e poligamia para os homens.

A poliandria, que permite à mulher ter maisaposta deposito 1 realum marido ao mesmo tempo, não é regulamentada — e hoje está no centroaposta deposito 1 realuma discussão sobre a atualização da legislação do país.

A possibilidadeaposta deposito 1 realque tanto mulheres quanto homens possam legalmente ter maisaposta deposito 1 realum parceiro dentro do casamento gerou forte reação entre setores conservadores.

"Isso vai destruir a cultura africana. E os filhos dessas pessoas? Como eles vão saberaposta deposito 1 realidentidade?", questionou o empresário e personalidade da TV Musa Mseleku, que tem quatro esposas.

"A mulher não pode agora assumir o papel do homem. Não existe isso. Será que a mulher agora também vai pagar 'lobola' [valor que o futuro marido dá ao chefe da família da noiva] pelo homem? Espera-se que o homem use seu sobrenome?"

Outros, como o líder do opositor Partido Democrata Cristão Africano (ACDP), reverendo Kenneth Meshoe, disseram que a medida "destruiria a sociedade".

"Chegará um momentoaposta deposito 1 realque um dos homens dirá: 'Você passa a maior parte do tempo com aquele homem e não comigo'. E haverá conflito entre os dois homens", completou.

'Crenças abaladas'

A reação fez Muvumbi perceber que este é um momento crucial para mulheresaposta deposito 1 realrelacionamentos poliamorosos.

"A situação atual é tensa — muitas crenças estão sendo abaladas", pontua.

"Os homens têm sido abertamente polígamos ou poliamorosos há gerações, mas as mulheres são tratadas como se devessem sentir vergonha quando estão na mesma situação. Há muito ainda que 'desaprender' nesse sentido."

Ela é abertamente adepta do poliamor há maisaposta deposito 1 realdez anos. Ser "poli" significa poder estaraposta deposito 1 realmaisaposta deposito 1 realum relacionamento, com total apoio e confiançaaposta deposito 1 realtodos os parceiros envolvidos.

Atualmente, tem dois parceiros homens — um "parceiro-âncora",aposta deposito 1 realquem está noiva e com quem compartilha também a vida financeira, e um "parceiro da alegria",aposta deposito 1 realquem recebe prazer sexual ou romântico, mas se encontra com menos frequência.

"Nós praticamos [um estilo chamado] poliamoraposta deposito 1 realmesa, que consisteaposta deposito 1 realconhecer os parceiros uns dos outros", diz ela. "Não precisamos necessariamente nos dar bem, mas quero que essa abertura seja muito comunitária."

No início, ela tinha dúvidas se deveria contar àaposta deposito 1 realfamília, mas decidiu dividir com eles cercaaposta deposito 1 realcinco anos atrás, quando o vínculo com seu parceiro-âncora, Mzu Nyamekela Nhlabatsi, se estreitou.

"Meu parceiro-âncora também é poli, e eu não queria que minha família pudesse esbarrar com eleaposta deposito 1 realum local público com outra pessoa e ficar confusa."

"Foi também a épocaaposta deposito 1 realque nossa filha estava fazendo cinco anos e eu estava começando meu ativismo. Eu aparecia na televisão local fazendo campanha pela poliandria e não queria que eles descobrissemaposta deposito 1 realoutra fonte que não eu", completa.

Ela diz ter encontrado alguma aceitação entre os familiares, mas ressalta que o caminho pela frente é longo. E cita o exemplo recenteaposta deposito 1 realseu noivado, quando o parceiro-âncora resolveu seguir a tradição do lobola,aposta deposito 1 realque o homem paga uma quantiaaposta deposito 1 realdinheiro ouaposta deposito 1 realbens à famíliaaposta deposito 1 realsua futura esposa.

"Eles me perguntaram se outro homemaposta deposito 1 realalgum momento poderia aparecer e pagar o 'preço da noiva', e eu lhes disse que isso poderia acontecer sim."

"Preciso viver minha verdade, quer eles concordem com ela ou não."

'Enraizado no patriarcado'

Ativistas fazem campanha pela legalização da poliandria na África do Sul argumentando a igualdade entre os gêneros, já que a lei já permite que um homem tenha maisaposta deposito 1 realuma esposa.

A proposta foi incluídaaposta deposito 1 realum documento que o governo divulgou e abriu para comentários no contexto da maior revisão da legislação sobre casamento desde o fim do governo da minoria brancaaposta deposito 1 real1994.

O documento também propõe dar reconhecimento legal aos casamentosaposta deposito 1 realmuçulmanos, hindus, judeus e rastafáris, atualmente considerados inválidos.

Muvumbi diz que a proposta é "como uma prece atendida". Para ela, as preocupações que emergiramaposta deposito 1 realtorno da poliandria têm raízes no patriarcado.

O professor Collis Machoko, renomado acadêmico no tema da poliandria, vê da mesma forma. "Com a chegada do cristianismo e da colonização, o papel da mulher foi reduzido. Elas passam a não ser mais iguais. O casamento passou a ser uma das ferramentas utilizadas para estabelecer uma hierarquia."

Ele afirma que a poliandria já foi praticada no Quênia, na República Democrática do Congo e na Nigéria, e ainda é praticada no Gabão, onde a lei permite.

"A questão dos filhos é fácil. Os filhos dessa união são filhos da família", acrescenta.

'É uma luta diferente'

Muvumbi percebeu que os valores patriarcais estavam permeando algunsaposta deposito 1 realseus relacionamentos anteriores e, desde então, achou mais fácil estar com parceiros que são adeptos do poliamor também.

"Muitos homens diziam que não viam problema no fatoaposta deposito 1 realeu ser 'poli', mas uma hora ou outra acabavam não aceitando", recorda.

"Meu tipoaposta deposito 1 realpoliamor não é aqueleaposta deposito 1 realque tento ter o máximoaposta deposito 1 realamantes possível. Trata-seaposta deposito 1 realexplorar uma conexão com alguém, caso você sinta isso."

Ela conheceu seus dois parceiros por meioaposta deposito 1 realum grupo na internet que visa reunir pessoas "poli" na África do Sul. Enquanto o país debate o reconhecimento legal da poliandria, ela está construindo uma plataforma online chamada Open Love Africaaposta deposito 1 realcolaboração com seu parceiro-âncora. Umaposta deposito 1 realseus objetivos é pregar a "não monogamia ética".

"A comunidade é pró-negros, mas não deixaaposta deposito 1 realser inclusiva. Esperamos expandi-la conforme avançamos."

"É um presente para pessoas que são felizes sendo não monogâmicas — espero que eles encontremaposta deposito 1 realtribo e não sintam a necessidadeaposta deposito 1 realviver uma mentira."

E comoaposta deposito 1 realqualquer outra luta, acrescenta, sempre haverá pessoas do lado oposto.

"Quando minha mãe estava grávidaaposta deposito 1 realmim, ela protestou para que as mulheres pudessem ter acesso a anticoncepcionais sem o consentimentoaposta deposito 1 realum homem. Foi uma luta diferente naquela época, e é uma luta diferente para mim agora."

Colaborou Pumza Fihlani

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