O músicoonabet deolaneVinicius e Toquinho que faria 80 anos e desapareceu na ditadura argentina:onabet deolane

"Vinicius ainda permaneceu alguns dias na Argentina tentando esclarecer o caso e nada conseguiu", disse Toquinhoonabet deolaneentrevista por e-mail à BBC News Brasil.

No Brasil, vários músicos, entre eles Aldir Blanc e Gonzaguinha, fizeram abaixo-assinado pedindo respostas sobre o paradeiroonabet deolaneTenorinho. A mobilização não foi suficiente para que ele fosse localizado.

Toquinho disse que o pianista "eraonabet deolanegrande talento, considerado um dos músicos mais importantes da Bossa Nova". E lembrou que seu destino incerto faz parte dos versos da música Lembranças, que fez com Miltinho: "Tenório saiu sozinho na noite / Sumiu / Ninguém soube explicar".

Seu sequestro ocorreu seis dias antes do golpe militar na Argentina, no dia 24onabet deolanemarço. Mas naquela dataonabet deolaneque o músico saiu e não voltou, o país já vivia a tensão provocada por atos antidemocráticos contra o governo da então presidente Isabel Perón e que culminaram no golpe.

"A Argentina vivia mais um momento político delicado. Tumultos e insubordinações exigiam o exército nas ruas numa busca constante a conhecidos terroristas e outros suspeitos", opinou Toquinho.

Quase 40 anos depois do desaparecimento do pianista, a mulheronabet deolaneTenorinho, Carmem Magalhães Tenório Cerqueira, questionou,onabet deolane2014, à Comissão Nacional da Verdade, durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff: "Onde está Tenorinho?".

No depoimento, ela lembrou que estava grávida do quinto filho do casal quando o caso ocorreu.

"O Tenório era uma pessoa que nunca teve envolvimento algum com política. Ele era uma pessoa que vivia, assim, pra música. Posso até dizer que ele era desligado da realidade imediata. E o que aconteceu com ele é realmente uma coisa que... é um absurdo isso", disse na época.

Versões para o desaparecimento

Existem duas versões que teriam levado o pianista a ter sido alvo do sequestro.

Barbudo, ele pode ter sido confundido com o que na época os ditadores chamavamonabet deolane"subversivo" - pejorativo que incluía a aparência. A outra hipótese é que ele tenha sido marcado pelas ditaduras dos dois países que na época faziam parte da chamada Operação Condor, que atuou no Cone Sul.

Ouvidos pela BBC News Brasil, o ex-ministro da Justiça e Secretaria Nacionalonabet deolaneDireitos Humanos do governo Fernando Henrique, José Gregori, e a professora Maria Guiomar Frota, da Escolaonabet deolaneCiência da Informação da Universidade Federalonabet deolaneMinas Gerais, têm percepções diferentes sobre o possível destinoonabet deolaneTenorinho.

Frota morou seis meses na Argentina,onabet deolane2015, pesquisando os arquivos envolvendo o sumiço do músico eonabet deolaneoutros brasileiros mortos na Argentina; eonabet deolaneargentinos mortos no Brasil, na Operação Condor.

"Ele teve o azaronabet deolaneestar nas ruas quando aquelas forças estavam perseguindo e prendendo", disse Frota, falandoonabet deolaneBelo Horizonte.

Ela lembra que a cooperação entre os governos militares, dentro da Operação Condor, tinha sido intensificadaonabet deolane1976.

Gregori, poronabet deolanevez, acha queonabet deolanefunção da mesma Operação Condor, Tenorinho já estaria na mira dos repressores.

"Não tenho elementos, mas a minha convicção é que ele foi liquidado por alguma denúncia brasileira", disse, falandoonabet deolaneSão Paulo.

A situaçãoonabet deolaneTenorinho está reunidaonabet deolanevárias pastas com documentos amarelados no arquivo do Museu Sitio da Memória ESMA. Ali, no bairro portenhoonabet deolaneNuñez, funcionou o centroonabet deolanetortura Escolaonabet deolaneMecânica da Marinha, durante a ditadura (1976-1983). Nas pastas estão reunidas as informações disponíveis sobre o caso.

Tenorinho, segundo a versão do repressor argentino Claudio Vallejos, teria sido sequestrado, torturado e morto ali naquele lugar onde prédios dos quarteis são mantidos. Mas os documentos apresentados por Vallejos não foram ratificados por seus superiores, lembra Frota. As declaraçõesonabet deolaneVallejos,onabet deolaneque o corpoonabet deolaneTenorinho teria sido sepultado com outro nome no cemitério da Chacarita,onabet deolaneBuenos Aires, também não foram provadas, recorda a pesquisadora.

Grande parte dos documentos, alémonabet deolanereportagens, são da Comissão Provincial pela Memória (DIPBA), da Provínciaonabet deolaneBuenos Aires, que entregou os documentos à Comissão Nacional da Verdade.

Foi na Comissão também que a mulheronabet deolaneTenorinho disse que acabou ficando "solitária" com cinco filhos e que, sem dinheiro, contou com a ajudaonabet deolanemúsicos (não famosos) muito próximos do seu marido.

"Nenhum dos acompanhantes que iam na excursão me procurou. (Encontrei) Viniciusonabet deolaneMoraes uma vez, por acaso. Nunca ninguém me disse uma palavra, parecia assim, que as pessoas fugiamonabet deolanemim", disse.

O advogado da viúvaonabet deolaneTenorinho, Marlan Marinho, disse à BBC News Brasil que "a comissãoonabet deolanedesaparecidos da Argentina entendeu que a famíliaonabet deolaneTenório devia ser indenizada por ter sido ele vítima dos atos da ditadura argentina e que a comissãoonabet deolanedesaparecidos brasileira entendeu que a famíliaonabet deolaneTenório devia ser indenizada por identificar omissão do governo brasileiro na defesa e proteçãoonabet deolaneseu cidadãoonabet deolanesolo argentino".

No entanto, disse, a ação judicial que a família moveu contra a União foi "julgada improcedente" por entender que não existem provas do envolvimento do governo militar da época no desaparecimento do artista.

"Do pontoonabet deolanevista processual, as três decisões são definitivas. Não apareceram novas provas sobre o caso, mas ainda estudamos a proposituraonabet deolaneuma nova ação judicial", disse Marinho.

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