Como bispo que insistiucbet handbookmissas virou símbolocbet handbookaltacbet handbookmortes na gripe espanhola:cbet handbook
Foi um verdadeiro colapso. Enquanto missas seguiram sendo realizadas diariamente, a província viveu picos com até 200 mortos por dia, como foi registradocbet handbook12cbet handbookoutubro na imprensa da época. O bispo Antonio Álvaro Ballano (1876-1927) garantiu seu lugar na história terrena como "o maior negacionista" daquela epidemia.
"[Ele] organizou missas e procissões contra a epidemia, colocando à frente a figuracbet handbookSão Roque, protetor contra a peste", conta o historiador Victor Missiato, professor do Colégio Presbiteriano Mackenzie Brasília, membro do Grupocbet handbookEstudos e Pesquisas Psicossociais sobre o Desenvolvimento Humano da Universidade Presbiteriana Mackenzie (Brasília) e pesquisador na Universidade Estadual Paulista (Unesp).
Roquecbet handbookMontpellier (c.1295-1327), santo da Igreja Católica, é considerado o protetor contra a peste e outras doenças contagiosas. Pouco se sabe sobrecbet handbookbiografia, mas acredita-se que ele, nascido na regiãocbet handbookMontpellier, tenha saídocbet handbookperegrinação até Roma quando tinha cercacbet handbook20 anos.
Já na região do Lácio, próximo à cidadecbet handbookViterbo, ele encontrou a cidadezinhacbet handbookAcquapendente completamente tomada pela epidemia da peste. Decidiu se voluntariar na assistência aos doentes — e os relatos passaram a sercbet handbookcuras milagrosas,cbet handbookque ele fazia os doentes sararem apenas usando um bisturi e o sinal da cruz. A partircbet handbookentão, ele teria seguido carreira como curandeiro popular e místico, visitando as cidades mais afetadas pela peste.
Mas, voltemos a Zamora. Álvaro y Ballano teve uma carreiracbet handbookascensão fantástica na hierarquia da Igreja. Reconhecido como intelectual, logo se tornou padre e passou a lecionar hebraico e filosofia no seminário. Acompanhava com interesse os avanços científicos da virada do século 20 — mas não os via como positivos para a humanidade; muito pelo contrário, acreditava que a ciência afastava os homenscbet handbookDeus.
Em 1913, com apenas 37 anos, foi nomeado bispocbet handbookZamora. Logo emcbet handbookprimeira carta pastoral para a diocese, citou o papel dos cientistas Isaac Newton (1642-1726) e André-Marie Ampère (1775-1836). Não pela grandiosidadecbet handbooksuas descobertas mas, sim, atribuindo a eles a repulsão da humanidade para com Deus.
Quando a gripe passou a tomar conta da Espanha, Álvaro y Ballano decidiu combater o vírus com as armas da fé.
"O elemento do pecado enquanto causa da epidemia ainda era utilizado como instrumento divino contra a sociedade", contextualiza Missiato. "Trata-secbet handbookuma tradiçãocbet handbooklonga data do catolicismo ibérico, que remonta desde os períodos medievais."
"Álvaro y Ballano legava aos 'nossos pecados e ingratidão' a punição epidêmica. Os órgãos médicos foram muito criticados pelo bispo naquele período."
Ele determinou que as igrejas não só da capital Zamora comocbet handbooktoda a província mantivessem suas portas abertas, suas atividades. E que incrementassem as devoções, com realizaçãocbet handbooknovenas e procissões. Como pontua o historiador Missiato, "não se tratacbet handbookmera coincidência" a mortalidade superior que ocorreucbet handbookseguida.
Quando o Brasil vive um momentocbet handbookdescontrole da disseminaçãocbet handbookcovid-19 e há uma contenda judicial pela abertura ou não dos templos religiosos, é inevitável comparar ambos os episódios históricos.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes decidiu na segunda-feira (05/04) manter um veto à realizaçãocbet handbookcultos religiosos no Estadocbet handbookSão Paulo, determinada pelo governador João Doria (PSDB) com objetivocbet handbookconter o contágio do coronavírus.
A decisão contraria liminar concedida pelo ministro da Corte Kassio Nunes Marques, que no sábado (03/04) liberou a realizaçãocbet handbookcelebrações religiosascbet handbooktodo o país, desde que cumpridas medidascbet handbookredução do contágio como usocbet handbookmáscaras e limitação do público a 25% da capacidade do local.
Devido ao choque entre as duas decisões, a questão deve ser levada para julgamento no plenário do STF na quarta-feira (07/04). A tendência é que a liberação dos cultos autorizada por Marques seja derrubada.
"Em ambos os acontecimentos, a defesa pela aberturacbet handbookcultos ocorreu nas fases mais expansivas e mortais das epidemias", pontua Missiato.
"No entanto,cbet handbookZamora, além dos cultos, ocorreram procissões com altos índicescbet handbookaglomerações, cujo objetivo era enfrentar o vírus através da oração, através do culto a São Roque, considerado um dos santos protetores contra doenças desse tipo. No Brasil contemporâneo, diante do quadrocbet handbookinformações e tecnologias desenvolvidas, os cultos religiosos, emcbet handbookmaioria, procuram adotar medidascbet handbookdistanciamento baseadascbet handbookmétodos científicos, apesar das críticas feitas por diversos órgãos sanitários."
Fé e saúde
Doutoracbet handbookHistória das Ciências da Saúde e autora do livro 'A Gripe Espanhola na Bahia', a historiadora Christiane Maria Cruzcbet handbookSouza lembra que um episódio semelhante ocorreucbet handbookSalvador quando o Brasil vivia o pânico causado pela gripecbet handbook1918.
Na ocasião, os ritos católicos não foram proibidos pela Diretoria Geralcbet handbookSaúde Pública da Bahia, mesmo que isso fosse contrário às medidas profiláticas recomendadas. A motivação foi que esses eventos serviam para que os fiéis suplicassem a misericórdia divina.
Segundo pesquisas da historiadora, as romariascbet handbooksexta-feira à Igreja do Senhor do Bonfim, registraram público maior do que o normal nesse período.
A devoção ao Senhor do Bonfim também tinha relação com a cura. A imagem foi entronizada no templo baianocbet handbook1745, trazida pelo capitão português Theodozio Rodriguescbet handbookFaria, um grande devoto do Senhor do Bonfim. Pela tradição, rezar para ele garantiria ao povo baiano a proteção contra a fome, a seca e, sim, a peste.
No auge da gripe espanhola, decidiram que a imagem não deveria ficar no altar-mor. Colocaram no corpo da nave da igreja para que, assim, ficasse mais próxima dos fiéis. E os fiéis beijavam os pés da imagem sacra, sem receio de, assim, se contaminarem.
"Na época da gripe [espanhola], era desestimulado que as pessoas ficassemcbet handbooklugares fechados, aglomeradas, por causa do [risco do] contágio. Mas aqui na Bahia elas desrespeitaram isso", relata Souza. "Fizeram procissões, foram para a igreja beijar pécbet handbooksanto. Imagine: beijar pécbet handbooksantocbet handbookmeio a [disseminação de] uma doença contagiosa. As pessoas se sentiam protegidas no espaço do sagrado."
Ainda segundo levantamento da historiadora, a Igreja da Ordem Terceira do Carmo, tambémcbet handbookSalvador, fez o mesmo com a imagemcbet handbookSão Roque.
"A fé servecbet handbookconforto espiritual, esperançacbet handbookcura do corpo físico, alívio do medo e da angústia", comenta Souza. "Nesses períodos, os sacerdotes exploram um pouco isso, também [com o discurso de] que a epidemia é resultado do pecado dos homens, que temcbet handbookhaver um sacrifício para expiar a culpa, para ser liberado do mal. Essas coisas ocorrem durante crises epidêmicas."
"Pessoas fragilizadas recorrem a uma força superior para enfrentar o medo da morte, a angústia do desconhecido, do que está fora do controle humano", analisa a historiadora. "As epidemias costumam fugir do controle. Então é uma espéciecbet handbookmecanismocbet handbookdefesa buscar o auxíliocbet handbookuma força superior,cbet handbookuma força espiritual."
Missiato compartilha pontocbet handbookvista semelhante.
"Em temposcbet handbookgrave crise social, política e sanitária, é comum visualizarmos algumas situaçõescbet handbookque o nome da fé é utilizado como formacbet handbookmanifestação social", contextualiza. "Ressaltamos, contudo, a pluralidadecbet handbookações das instituições religiosas, tendocbet handbookvista os diferentes grauscbet handbookdiálogo e respeito frente às medidas estabelecidas pelos órgãoscbet handbooksaúde."
"No casocbet handbookZamora, a ação radical e, provavelmente, suicida,cbet handbookÁlvaro y Ballano, não foi seguida por todos os religiosos, tendocbet handbookvista que muitos espaços religiosos cederam espaço ao tratamento da epidemia", ressalta. "No Brasil, diantecbet handbookum quadro político extremamente polarizador, as diversas dissonâncias influenciaram no atual quadro caótico na prevenção e tratamento contra a covid. Tal polarização acaba por influir diretamente nos diferentes posicionamentos dos vários centros religiosos brasileiros."
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