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'Temos mais neurônios do que a galáxia tem estrelas': neurocientista explica por que o cérebro é 'estrutura mais complexa e enigmática do universo':combinações jogo do bicho
Com passagens pelo Massachusetts General Hospital,combinações jogo do bichoBoston (EUA), pela Universidadecombinações jogo do bichoIowa e pela Universidadecombinações jogo do bichoCambridge, Manes já publicou diversos livros e estrelou vários programascombinações jogo do bichotelevisão, entre eles Os Enigmas do Cérebro e O Cérebro Argentino, produzidoscombinações jogo do bichoparceria com Mateo Niro.
A quatro mãos, Manes e Niro escreveram seu último livro, El cerebro del futuro: ¿Cambiará la vida moderna nuestra esencia? ("O cérebro do futuro: a vida moderna mudará nossa essência?",combinações jogo do bichotradução livre).
A publicação aborda o impacto das novas tecnologias no cérebro, a neuroética e o papel da ciência como mediadoracombinações jogo do bichoproblemas sociais, tudo sob a perspectiva dos últimos avanços no campo da neurociência.
Facundo Manes conversou com a BBC News Mundo, serviçocombinações jogo do bichoespanhol da BBC, durante o Festival Hay Arequipa, que acontece virtualmentecombinações jogo do bicho28combinações jogo do bichooutubro a 8combinações jogo do bichonovembro.
combinações jogo do bicho BBC - O que torna o cérebro um órgão tão fascinante?
combinações jogo do bicho Facundo Manes - O cérebro é fascinante, entre outras qualidades, porque é o único órgão que tenta explicar a si mesmo. E assim nos damos conta que tudo que fazemos pode ser feito graças a ele, desde respirar até ler esta entrevista ou refletir sobre as questões filosóficas mais profundas.
É a estrutura mais complexa e enigmática do universo. Contém mais neurônios do que as estrelas existentes na galáxia.
combinações jogo do bicho BBC - Quanto sabemos realmente hoje sobre ele?
combinações jogo do bicho Manes - Nas últimas décadas, houve muitos avanços na compreensão do cérebro. Podemos dizer que nesses anos conseguimos aprender mais sobre ele do quecombinações jogo do bichotoda a história da humanidade.
Para citar alguns avanços, foi demonstrado que a memória, ao contrário do que se supõe geralmente, não é uma caixinhacombinações jogo do bichoque guardamos nossas lembranças, mas sim nossa última lembrança.
Não se trata do fato que (de fato) vivemos porque, cada vez que recordamos algo, o modificamos.
Também sabemos que os neurônios continuam a ser gerados ao longocombinações jogo do bichotoda vida, mesmo na idade adulta.
Além disso, as neurociências deram contribuições importantes para entender os diferentes componentes da empatia, áreas críticas da linguagem, mecanismos cerebrais da emoção e os circuitos neurais envolvidoscombinações jogo do bichover e interpretar o mundo ao nosso redor.
Foram feitos ainda avanços significativos na identificação precocecombinações jogo do bichodoenças psiquiátricas e neurológicas, permitindo elaborar tratamentos e terapias mais eficientes.
Ao mesmo tempo, aprofundamos nosso conhecimento sobre o processocombinações jogo do bichoaprendizagem, e isso resultacombinações jogo do bichoum planejamento melhorcombinações jogo do bichoestratégias na áreacombinações jogo do bichoeducação, entre muitas outras.
Todos os avanços no conhecimento do cérebro contribuem para uma qualidadecombinações jogo do bichovida melhor para as pessoas e a vidacombinações jogo do bichosociedade.
combinações jogo do bicho BBC - E o que falta aprender sobre o cérebro e quando vamos aprender?
combinações jogo do bicho Manes - É preciso reconhecer que ainda nos resta muito a aprender.
Por exemplo, aprendemos sobre processos cerebrais específicos, mas ainda não existe uma teoria do cérebro que explique seu funcionamento geral.
Além disso, novos conhecimentos levantam novas questões. Portanto, podemos nos perguntar se algum dia seremos capazescombinações jogo do bichodesvendar os enigmas do cérebro por completo.
Sempre me lembro da frasecombinações jogo do bichoum renomado neurocientista que disse que responder a pergunta sobre como nosso cérebro funciona é como tentar pular puxando o cadarço do sapato.
De qualquer forma, acredito que o futuro da ciência é muito promissor e nosso conhecimento continuará avançando.
combinações jogo do bicho BBC- O cérebro é uma máquina perfeita?
combinações jogo do bicho Manes - Eu não falariacombinações jogo do bichoperfeição, mascombinações jogo do bichocomplexidade e potencialidade.
Ao longo da vida, nosso cérebro estácombinações jogo do bichoconstante transformação. É um órgão flexível e adaptável.
Essa neuroplasticidade, a capacidade do sistema nervosocombinações jogo do bichose modificar e se adaptar às mudanças, permite que os neurônios se reorganizem, formando novas conexões e ajustem suas atividadescombinações jogo do bichoresposta a transformações no ambiente.
Ou seja, nossa experiência muda permanentemente nosso cérebro.
Esse é um dos principais mecanismos pelos quais a espécie evoluiu e se adaptou ao longo do tempo, para além do que estava geneticamente predeterminado.
combinações jogo do bicho BBC - Seu livro mais recente se chama combinações jogo do bicho O Cérebro do Futuro combinações jogo do bicho . Como exatamente será o cérebro do amanhã?
combinações jogo do bicho Manes - Não é uma pergunta com resposta fácil. Em termos anatômicos, o cérebro não mudará por séculos.
Com todos os avanços tecnológicos que estão sendo desenvolvidos, podemos pensar que, talvez, no futuro nosso cérebro esteja mais ligado à influência da engenharia genética e da biotecnologia para expandir nossas capacidades.
Há autores que argumentam que a evoluçãocombinações jogo do bichotermos da seleção natural não é mais tão relevante para os homens modernos no mundo cultural e tecnológicocombinações jogo do bichoque nos desenvolvemos.
O que seria essencial é a adaptação cultural e tecnológica. Somos capazescombinações jogo do bichomudar o ambiente naturalcombinações jogo do bichoforma eficiente por meio do uso da tecnologia.
Ao passo que as gerações mudam a cada 25-35 anos, com a tecnologia disponível é possível alcançar mudanças muito mais rápido.
Atualmente, somos capazescombinações jogo do bichomanipular genes mediante a seleção artificial e modificar características biológicas.
A tecnologia está permitindo o desenvolvimentocombinações jogo do bichotecidos artificiais, como peles criadas a partircombinações jogo do bichoplástico, e dispositivos como retinas artificiais ou implantes cocleares, por exemplo.
É provável que, nas próximas centenascombinações jogo do bichoanos, seja possível criar ou regenerar o tecido neural que compõe o cérebro, o que teria implicações importantes no tratamentocombinações jogo do bichodoenças que hoje não têm cura, como a demência.
combinações jogo do bicho BBC - Há quem acredite que com as novas tecnologias não precisaremos usar o cérebro e poderemos guardá-lo na gaveta. Vai ser assim?
combinações jogo do bicho Manes - Não,combinações jogo do bichojeito nenhum, não vai. Nenhuma máquina pode substituir nosso cérebro.
Nossa mente é muito mais do que um processadorcombinações jogo do bichoinformações. Pensecombinações jogo do bichotodas as habilidades do nosso cérebro social, como entender a mentecombinações jogo do bichooutro ser humano, sentircombinações jogo do bichodor, reagir a ela.
A empatia, o altruísmo, a cooperação são capacidades alheias a qualquer máquina e fundamentais para nossas vidas. Porque não podemos esquecer que o ser humano é basicamente um ser social.
Pense também no nosso lobo frontal, que lida com as funções executivas, ou seja, a capacidadecombinações jogo do bichodefinir metas, planejar e automonitorar o próprio desempenho para atingir um objetivo.
Graças a ele podemos desenvolver um plano, executá-lo, tomar decisões, inferir os pensamentos dos outros e agircombinações jogo do bichoacordo, inibir os impulsos e, ao mesmo tempo, controlar esses processos.
Uma máquina pode fazer isso? Não.
Então as máquinas não vão nos substituir. Vamos continuar precisando que cada cérebro siga funcionando com a genialidade que o caracteriza, e deixar a gaveta para guardar roupas ou objetos foracombinações jogo do bichouso.
combinações jogo do bicho BBC - Como as novas tecnologias estão transformando nossos cérebros?
combinações jogo do bicho Manes - A tecnologia levou a vários avanços.
Por exemplo, no campo da medicina, foram criados muitos instrumentos que permitem diagnosticar doenças com mais precisão ecombinações jogo do bichomaneira mais precoce.
Também foram criados novos tratamentos e dispositivos que melhoram consideravelmente a vida das pessoas.
Para dimensionar tudo isso, posso citar um caso muito conhecidocombinações jogo do bichouma mulher tetraplégica, sem mobilidade nos membros, que conseguiu movimentar um braço robótico.
Foram implantados cirurgicamente eletrodos no seu córtex motor, responsável pelo controle voluntário dos movimentos.
Por meio desses eletrodos, os sinais cerebrais foram enviados a um computador, e algoritmos complexos decodificaram e identificaram padrões cerebrais associados aos movimentos do braço e da mão.
Então, quando essa mulher pensoucombinações jogo do bichomover o braço, os eletrodos detectaram as oscilações cerebrais, e o software do computador as traduziucombinações jogo do bichocomandoscombinações jogo do bichomovimento que foram executados por um braço robótico.
Sem dúvida, esse avanço é revolucionário pelo impacto que tem na qualidadecombinações jogo do bichovida.
Embora a tecnologia possa gerar estresse ao nos tornar dependentescombinações jogo do bichoe-mails, das mensagens no celular, das últimas notícias e nos levar à multitarefa, neste momentocombinações jogo do bichoque vivemos a pandemiacombinações jogo do bichocovid-19, a tecnologia tem sido uma grande aliadacombinações jogo do bichotodos, por nos permitir estar conectados.
Nos ajuda a enfrentar melhor esses momentoscombinações jogo do bichodistanciamento físico.
combinações jogo do bicho BBC - O cérebro é frutocombinações jogo do bichomilhõescombinações jogo do bichoanoscombinações jogo do bichoevolução. Ele pode regredir por causa da inteligência artificial, das novas tecnologias oucombinações jogo do bichoqualquer outro aspecto?
combinações jogo do bicho Manes - Justamente, por ser produto da evoluçãocombinações jogo do bichomilhõescombinações jogo do bichoanos, são necessários milharescombinações jogo do bichoanos para observar mudanças a nível cerebral.
Dadacombinações jogo do bichohistória evolutiva,combinações jogo do bichoque não houve nenhuma mudança perceptível na aparência física dos seres humanos nos últimos 200 mil anos, é difícil pensar que a estrutura do cérebro se modificará drasticamente nos próximos séculos.
Tampouco regredir, porque assim como requer menos funções para algumas atividades — como lembrar dados ou fazer certas operações matemáticas —, requer mais funções para outras.
É fundamental cuidarmos do estresse que a dependência excessivacombinações jogo do bichotecnologia pode gerar. Porque sabemos que o estresse crônico afeta negativamente nossa saúde e nosso cérebro.
combinações jogo do bicho BBC - Somos nosso cérebro ou nossas emoções?
combinações jogo do bicho Manes - É uma pergunta muito boa. Somos os dois, mas porque não se tratacombinações jogo do bichoquestões distintas.
As emoções têm lugar no cérebro e são centraiscombinações jogo do bichonossa vida. Elas impactam nossa memória porque recordamos melhor aquilo que nos comove.
Por exemplo, todo mundo se lembra do que estava fazendocombinações jogo do bicho11combinações jogo do bichosetembrocombinações jogo do bicho2001, quando aconteceu o atentado às Torres Gêmeas, mas ninguém se lembra do que estava fazendo no dia anterior. Além disso, as emoções influenciam nossa tomadacombinações jogo do bichodecisão.
De maneira simplificada, podemos entender que temos dois sistemas para tomadacombinações jogo do bichodecisão: um automático e rápido, que é produtocombinações jogo do bichomecanismos evolutivos, e outro, lento e racional.
Ao longocombinações jogo do bichoum dia, tomamos muitíssimas decisões e fazemos issocombinações jogo do bichomilésimoscombinações jogo do bichosegundo. Estas decisões são baseadas neste mecanismo automático que é determinado pelas emoções.
Na realidade, são poucas as decisões que tomamos com o sistema lento,combinações jogo do bichoque pesamos os prós e os contrascombinações jogo do bichouma situação.
Somos guiados pelas emoções, o racional costuma ser a explicação que encontramos para as decisões após tê-las tomado.
combinações jogo do bicho BBC - Em seu livro combinações jogo do bicho O Cérebro Argentino, combinações jogo do bicho você argumenta que embora o cérebro dos argentinos não tenha nenhuma peculiaridade anatômica diferentecombinações jogo do bichorelação aocombinações jogo do bichooutras nacionalidades, uma vez que todos os cérebros são iguais, cada cérebro é moldado pela interação com o ambiente, o contexto social, a cultura, os gostos e experiências. Como é o cérebro dos argentinos nesse sentido?
combinações jogo do bicho Manes - De fato,combinações jogo do bichotermoscombinações jogo do bichoanatomia, meu "cérebro argentino" é igual aocombinações jogo do bichoum russo,combinações jogo do bichoum inglês,combinações jogo do bichoum japonês oucombinações jogo do bichoum dinamarquês.
Então, na verdade, não existe cérebro argentino.
No entanto, pensamos, decidimos e sentimos influenciados pelas pessoas que nos rodeiam, nossos colegascombinações jogo do bichotrabalho, nossos vizinhos, nossos parceiros, nossos amigos. E também pela sociedadecombinações jogo do bichoque vivemos e pela história dessa sociedade. Então, podemos pensarcombinações jogo do bichovieses que nos caracterizam.
Que vieses são esses? São as estruturascombinações jogo do bichopensamento que nos permitem interpretar as informações provenientes do nosso entorno.
Podemos pensar neles como "moldes" a partir dos quais formamos uma interpretaçãocombinações jogo do bichonós mesmos, dos outros e do mundo. Portanto, devemos nos perguntar quais são os vieses argentinos.
Nós argentinos somos solidários e valorizamos a família, mas temos que reconhecer que podemos destacar também a chamada "viveza criolla" (conceito semelhante ao "jeitinho brasileiro") para "tirar vantagem".
Por isso, sempre dizemos e temos que concordar que, como sociedade, temos que deixar esse comportamentocombinações jogo do bicholado para pensar e planejar que país queremos no futuro, considerar o longo prazo.
Temos que perceber que a verdadeira esperteza estácombinações jogo do bichoalcançar uma comunidade integrada que atue com a inteligênciacombinações jogo do bichopensar um projetocombinações jogo do bichopaís baseado no conhecimento, na educação e, consequentemente, no crescimento e na igualdade.
combinações jogo do bicho BBC - Qual é o impacto da pandemiacombinações jogo do bichocoronavíruscombinações jogo do bichonosso cérebro? Como o medo, o isolamento, a solidão, o trabalho remoto, as aulas online e a faltacombinações jogo do bichocontato com outras pessoas afetam nosso cérebro?
combinações jogo do bicho Manes - A pandemia tem um impacto negativocombinações jogo do bichonossa saúde mental. Estamos expostos a grandes níveiscombinações jogo do bichoestresse.
Nossas rotinas foram completamente alteradas, estamos com medo, estamos afastadoscombinações jogo do bichonossos entes queridos.
Não fazer as coisas que sempre fazemos e fazer as que normalmente não fazemos requer um grande esforço.
Da mesma forma, o mal-estar econômico decorrente dessa situação gera uma grave angústia social, considerada outro fatorcombinações jogo do bichorisco para transtornos psicológicos.
Se as sociedades não tomarem medidas coletivas que visem proteger nossa saúde mental, vamos ter uma pandemiacombinações jogo do bichodoenças mentais.
Várias pesquisam mostram que longos períodoscombinações jogo do bichoquarentena estão associados a estresse pós-traumático, exaustão emocional, depressão, insônia, ansiedade, irritabilidade e frustração.
Em um estudo realizado na Argentina pela Fundação INECO, cercacombinações jogo do bicho72 dias após o início da quarentena, observou-se que a fadiga mental era o fator mais importante para explicar os sentimentoscombinações jogo do bichoansiedade e sintomascombinações jogo do bichodepressão nas pessoas.
É importante evitar que isso tenha consequências que se estendam no longo prazo e se tornem crônicas. É que a saúde mental não pode ser separada da saúde física. É tudo integrado.
Por isso é tão importante manter hábitos saudáveis como dormir bem, ter uma alimentação saudável, alémcombinações jogo do bichoevitar o cigarro, o álcool e as drogas.
Na medida do possível, devemos manter rotinas, ter horários regulares para ir dormir e acordar, trabalhar, estudar e/ou fazer exercícios, e fortalecer nossos laços sociais, porque esses laços nos ajudam a fomentar um sensocombinações jogo do bichonormalidade, nos oferecem contenção e nos permitem compartilhar o que sentimos.
Em muitos lugares, não é possível se reunir fisicamente, mas podemos nos manter conectados graças à tecnologia.
Também temos que ser compreensivos com nós mesmos, não podemos esperar ter o nívelcombinações jogo do bichodesempenho habitual, tampouco a concentração e energiacombinações jogo do bichosempre, após tantos meses enfrentando a pandemia.
Nesse sentido, práticascombinações jogo do bichorelaxamento e meditação, como mindfulness (atenção plena), podem ser benéficas.
Certos estudos reconhecem que as áreas do córtex pré-frontal, associadas a emoções e funções sociais, são intensamente estimuladas com a meditação, enquanto as áreas do cérebro tipicamente associadas ao processamentocombinações jogo do bichoemoções negativas, como a amígdala, diminuemcombinações jogo do bichoatividade.
Trata-secombinações jogo do bichodesenvolver a capacidadecombinações jogo do bichoestar totalmente atento a todos os momentos dacombinações jogo do bichovida, reduzindo a quantidadecombinações jogo do bichotempo que você gasta se preocupando com o futuro ou com o passado.
Temos que cuidar da nossa saúdecombinações jogo do bichoforma integral e saber que juntos vamos superar essa situação.
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