Pandemia e novas regras dificultam acesso ao aborto legal no Brasil:freeroll pokerdicas ra password

No Brasil, o aborto é permitidofreeroll pokerdicas ra passwordcasosfreeroll pokerdicas ra passwordestupro, quando a vida da mãe estáfreeroll pokerdicas ra passwordrisco ou quando o feto apresenta anencefalia (condição rara que impede o desenvolvimentofreeroll pokerdicas ra passwordparte do cérebro e do crânio).

Embora Renata tivesse direito ao aborto por lei, como muitas mulheres no Brasil, ela não conhecia totalmente seus direitos.

Ela receava ter que denunciar o estupro à polícia para ter acesso a um aborto legal — o que acaba afastando muitas mulheres do procedimento. E ela temia retaliações do estuprador.

"Eu estava realmente preocupada com a segurança dos meus filhos", diz, ao explicar a decisãofreeroll pokerdicas ra passwordeconomizar para fazer um aborto clandestino.

Abortos clandestinos são arriscados: quando realizados sem uma boa supervisão médica, podem levar a complicações e colocarfreeroll pokerdicas ra passwordrisco a vida das mulheres. Se descobertas, elas também podem pegar até quatro anosfreeroll pokerdicas ra passwordprisão.

Mas Renata não sabia mais a quem recorrer e começou a economizar os R$ 3,7 mil que precisava para o procedimento clandestino.

Um médico pegaria um voo no Riofreeroll pokerdicas ra passwordJaneiro, a maisfreeroll pokerdicas ra password900 quilômetros da casafreeroll pokerdicas ra passwordRenatafreeroll pokerdicas ra passwordMinas Gerais, para realizar o procedimento. Mas,freeroll pokerdicas ra passwordseguida, a pandemiafreeroll pokerdicas ra passwordcovid-19 paralisou o Brasil, fechando aeroportos, rodoviárias e centrosfreeroll pokerdicas ra passwordsaúde.

No fimfreeroll pokerdicas ra passwordabril, Renata estava grávidafreeroll pokerdicas ra password23 semanas.

"Quando tudo fechou, ficou muito difícil viajar, tudo se tornou muito complicado", relembra.

Diante dos atrasos, Renata recorreu à internet mais uma vezfreeroll pokerdicas ra passwordbuscafreeroll pokerdicas ra passwordopções. E encontrou a rede Milhas pela Vida das Mulheres, que ajuda no acesso a abortos seguros.

O grupo a ajudou a entender seus direitos e indicou uma das poucas clínicasfreeroll pokerdicas ra passwordaborto legal aindafreeroll pokerdicas ra passwordfuncionamento durante a pandemia. Para Renata, foi uma reviravolta.

"Eu ia arriscar minha vida e poderia não estar viva hoje", diz ela sobre o aborto clandestino que planejava fazer.

Acesso dificultado

Muitas mulheres brasileiras não tiveram a mesma sorte durante a pandemia. No início, a crise restringiu drasticamente o acesso ao aborto legal, já que muitas clínicasfreeroll pokerdicas ra passwordaborto fecharam.

Dados coletados por ativistas sugerem que, das 76 clínicas cadastradas que oferecem aborto legalfreeroll pokerdicas ra passwordtodo o Brasil, apenas 42 permaneceram abertas durante a pandemia.

Uma delas é a Nuavidas,freeroll pokerdicas ra passwordUberlândia, que atende vítimasfreeroll pokerdicas ra passwordviolência sexual.

"A pandemia se tornou uma desculpa para retirar direitos das mulheres", diz a obstetra Helena Paro, coordenadora da Nuavidas.

Sandra Leite é coordenadora do Centrofreeroll pokerdicas ra passwordAtendimento a Mulheres Vítimasfreeroll pokerdicas ra passwordViolência do Hospital da Mulher do Recife, que também permaneceu aberto durante a pandemia.

Segundo ela, a crise sanitária dificultou o acessofreeroll pokerdicas ra passwordmulheres vulneráveis ao atendimento médico.

Durante a quarentena, "as mulheres tiveram mais dificuldadefreeroll pokerdicas ra passwordsairfreeroll pokerdicas ra passwordcasa" para procurar ajuda, acrescenta Leite.

"E,freeroll pokerdicas ra passwordalguns casos, os agressores estavam dentrofreeroll pokerdicas ra passwordcasa com elas, então elas não podiam buscar atendimento médico."

Ela afirma que o centro onde trabalha observou uma diminuição no númerofreeroll pokerdicas ra passwordpacientes, embora tenha sido um dos poucos a permanecer abertos.

Mas,freeroll pokerdicas ra passwordacordo com ela, agora que as restrições devido ao coronavírus diminuíram, a demanda por abortos legais aumentou.

"Estamos vendo que as mulheres sofreram mais violência enquanto estavam isoladasfreeroll pokerdicas ra passwordcasa com seus agressores", diz Leite.

'Limite arbitrário'

Na clínicafreeroll pokerdicas ra passwordque Paro trabalha, o númerofreeroll pokerdicas ra passwordmulheres que buscam o aborto legal dobrou recentemente. E muitas mulheres estão chegando com gestações mais avançadas, provavelmente porque não puderam buscar ou encontrar ajuda durante a pandemia.

"Às vezes, essas mulheres têm que viajar longas distâncias para ter acesso a esse direito", explica Paro.

"E é por isso, normalmente, que elas estão chegando com gestações mais avançadas".

Isso pode representar mais uma barreira para as mulheres. Abortos após 22 semanasfreeroll pokerdicas ra passwordgestação são controversos, e o Ministério da Saúde desaconselha, citando riscos elevados para a saúde da mãe.

Paro diz que embora o limitefreeroll pokerdicas ra password22 semanas "não seja baseado na ciência", tampouco consagrado na lei brasileira, a maioria das clínicas se recusa a realizar o procedimento a partir desse ponto.

A clínicafreeroll pokerdicas ra passwordque Paro trabalha é uma das poucasfreeroll pokerdicas ra passwordtodo o Brasil que realiza abortos depois das 22 semanasfreeroll pokerdicas ra passwordgestação.

Ela classifica as 22 semanas como um "limite arbitrário" e argumenta que muitos médicos usam como "desculpa para se recusar a fazer um aborto que eles já são contra".

"Portanto, se uma mulher passar (das 22 semanas), ela terá grande dificuldadefreeroll pokerdicas ra passwordencontrar uma clínicafreeroll pokerdicas ra passwordaborto no Brasil hoje" para realizar a interrupção da gravidez, conclui Paro.

Dificuldade adicional

Mesmo antesfreeroll pokerdicas ra passworda pandemiafreeroll pokerdicas ra passwordcovid-19 atingir o Brasil, o direito ao aborto estava sob ataque.

Com poucas clínicasfreeroll pokerdicas ra passwordum país tão grande, a maioria das mulheres já lutava para ter acesso ao aborto legal, diz Gabriela Rondon, pesquisadora e advogada da Anis, organização que promove os direitos das mulheres.

No norte do país, com áreas mais pobres, há apenas duas clínicas para uma regiãofreeroll pokerdicas ra passwordmaisfreeroll pokerdicas ra password17 milhõesfreeroll pokerdicas ra passwordpessoas.

"Muitas mulheres não têm uma clínica perto delas, especialmente as mulheres nas áreas rurais", diz Rondon.

"E também há faltafreeroll pokerdicas ra passwordinformação — muitas vezes, as mulheres não são informadasfreeroll pokerdicas ra passwordque têm esse direito".

Ela acrescenta que, na prática, muitas clínicas afirmam oferecer o serviço, mas "colocam uma sériefreeroll pokerdicas ra passwordbarreiras, que atrasam ou impossibilitam o acesso ao aborto".

Quando as mulheres chegam a uma clínica que oferece abortos legais, geralmente são tratadas com hostilidade ou questionadasfreeroll pokerdicas ra passwordforma agressiva. Algumas são rejeitadas ​​por médicos que se recusam a fazer abortos por motivosfreeroll pokerdicas ra password"consciência".

Novas regras

As mulheres que procuram o aborto legal agora também enfrentam um novo obstáculo.

Em agosto, o governo lançou novas diretrizes instruindo clínicas a denunciar casosfreeroll pokerdicas ra passwordestupro à polícia, mesmo quando as vítimas não querem registrar queixa ou identificar o agressor.

Sandra Leite acredita que a orientação vai desencorajar mulheres que foram estupradasfreeroll pokerdicas ra passwordprocurar abortos a que têm direito por lei.

"Todo esse trabalho que foi feito ao longofreeroll pokerdicas ra passwordanos, hoje estamos vendo desmoronar."

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