A médica que salvou uma geraçãocasa de aposta do ronaldinhobebês da tragédia da talidomida nos EUA:casa de aposta do ronaldinho

Nos anos 1960, o medicamento era acessívelcasa de aposta do ronaldinhodezenascasa de aposta do ronaldinhopaíses.

Mas Kelsey impediucasa de aposta do ronaldinhovenda nos Estados Unidos porque não estava satisfeita com as evidências apresentadas sobrecasa de aposta do ronaldinhosegurança para uso.

Vários meses depois viria à público um terrível vínculo que a comunidade científica internacional desconhecia: a talidomida causava danos graves aos fetos.

Foram ao menos 10 mil crianças que nasceram com diversas malformações. Alguns sem braços, outros sem pernas. Muitos outros morreram no útero. No Brasil, centenascasa de aposta do ronaldinhocrianças foram atingidas pela tragédia.

A talidomida atingiu famíliascasa de aposta do ronaldinhomaiscasa de aposta do ronaldinho45 países.

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A paixão pela ciência levou Kelsey, que nasceu no Canadácasa de aposta do ronaldinho1914, a especializar-secasa de aposta do ronaldinhofarmacologia.

Quando terminou seu mestradocasa de aposta do ronaldinho1935, umcasa de aposta do ronaldinhoseus professores na Universidade McGill,casa de aposta do ronaldinhoMontreal, a incentivou a se candidatar a uma vagacasa de aposta do ronaldinhoassistentecasa de aposta do ronaldinhopesquisa na Universidadecasa de aposta do ronaldinhoChicago, nos EUA.

O professor Eugene Geiling, que havia criado o departamentocasa de aposta do ronaldinhofarmacologia, enviou a ela uma cartacasa de aposta do ronaldinhoaceitação com um erro: a mensagem se dirigia ao "senhor Oldham".

O acadêmico havia confundido o nome Frances pelo masculino Francis, segundo relata o obituáriocasa de aposta do ronaldinhoKelsey publicado no jornal Washington Postcasa de aposta do ronaldinho2015, quando ela morreu, aos 101 anos.

A carta fez a jovem cientista hesitar.

"Naqueles dias, quando uma mulher aceitava um emprego, isso a fazia sentir que estava privando um homemcasa de aposta do ronaldinhosua capacidadecasa de aposta do ronaldinhosustentarcasa de aposta do ronaldinhoesposa e filho", refletiu a cientistacasa de aposta do ronaldinhouma entrevista ao jornal The New York Times.

"Mas meu professor disse: 'Não seja estúpida. Aceite o trabalho, assine com seu nome e acrescente senhora entre parênteses'."

Anos depois, Kelsey riria do episódio e diria que se o nome dela fosse Elizabeth ou Mary Jane,casa de aposta do ronaldinhocarreira poderia ter terminado por aí.

Na Universidadecasa de aposta do ronaldinhoChicago, Kelsey lançaria luz sobre “os perigos da negligência na supervisãocasa de aposta do ronaldinhoremédios”, conta Stephen Phillips,casa de aposta do ronaldinho“Como uma médica-cientista salvou os EUAcasa de aposta do ronaldinhouma catástrofecasa de aposta do ronaldinhomalformações”, segundo texto publicado pela própria instituição.

Como estudantecasa de aposta do ronaldinhopós-graduaçãocasa de aposta do ronaldinho1937, Kelsey desempenhou um papel-chavecasa de aposta do ronaldinhooutro caso históricocasa de aposta do ronaldinhoregulaçãocasa de aposta do ronaldinhoremédios no século 20.

Ela ajudou o professor Eugene Geiling a investigar a mortecasa de aposta do ronaldinho107 pessoascasa de aposta do ronaldinhodiferentes regiões dos EUA. Tudo apontava, segundo o Washington Post, para um remédio que combatia infecções causadas por estreptococos.

Embora não tivesse sido submetido aos testescasa de aposta do ronaldinhosegurança necessários, o medicamento já era comercializado.

"Muitos dos que tomaram o medicamento, incluindo um grande númerocasa de aposta do ronaldinhocrianças, sofreram uma morte agonizante", lembrou o Washington Post.

Geiling havia encomendado à pupila Kelsey que testasse o remédiocasa de aposta do ronaldinhoanimais. Durante os experimentos, ela percebeu o efeito letalcasa de aposta do ronaldinhocamundongos.

A tragédia levou o Congresso dos Estados Unidos a aprovar uma lei mais estrita para garantir que um medicamento fosse considerado seguro antescasa de aposta do ronaldinhochegar ao mercado.

“Foi essa exigência que décadas depois levaria a médica Kelsey, então funcionária da FDA, a negar-se a aprovar a comercialização da talidomida até que a fabricante provesse as evidências necessárias para garantircasa de aposta do ronaldinhosegurança”, afirmou a FDA à BBC News Mundo, o serviçocasa de aposta do ronaldinhoespanhol da BBC.

Boa demais para ser verdade

Na Universidadecasa de aposta do ronaldinhoChicago, Kelsey não apenas trabalhou como pesquisadora, mas também como professora.

Lá, ela também se formaria como médica e conheceria seu marido F. Ellis Kelsey, outro cientista que ajudou a impedir que a talidomida fosse comercializada no país.

Em 1960, seu tutor Eugene Geiling trabalhava na FDA e não hesitoucasa de aposta do ronaldinhocontratar Kelsey.

Apenas um mês depoiscasa de aposta do ronaldinhoocupar seu novo cargo, a médica "foi designada para revisar uma solicitaçãocasa de aposta do ronaldinhovendacasa de aposta do ronaldinhoum medicamento que ajudava a dormir, que já era amplamente prescritocasa de aposta do ronaldinhooutros países para enjoos da gravidez, entre outras condições”, afirmou Phillips, autor do texto sobre Kelsey no site da Universidadecasa de aposta do ronaldinhoChicago.

Segundo ele, Kelsey lembrava-se claramentecasa de aposta do ronaldinhosua primeira reação ao ver a apresentação da empresa William S. Merrell sobre a droga. “Era positiva demais. Não poderia ser a droga perfeita, sem riscos.”

A Merrell tentava lançar o produto que havia sido criado pela empresa farmacêutica alemã Chemie Grunenthal.

Em entrevista à Universidadecasa de aposta do ronaldinhoVictoria, no Canadá, Kelsey afirmou que "todos nós sentimos que a solicitação inicial era inadequada" porque não demonstravacasa de aposta do ronaldinhosegurança.

A especialista lembrou que surgiu uma discussão sobre quais informações os representantes da empresa poderiam ter "sobre a segurança do medicamento durante a gravidez".

Embora a farmacologista tenha se tornado a figura central no caso, especialmente depoiscasa de aposta do ronaldinhouma reportagem do Washington Post que elogiou seu "ceticismo e tenacidade (...) para evitar o que poderia ter sido uma terrível tragédia americana", Kelsey sempre compartilhava o crédito com seus superiores e os outros dois membros da equipe: o farmacologista Oyam Jiro e o químico Lee Geismar.

Impacto nos fetos

Nos anos 1950, os cientistas e os profissionaiscasa de aposta do ronaldinhosaúde não sabiam que um remédio poderia ultrapassar a barreira placentária e causar danos aos fetos, por isso não havia controle estritocasa de aposta do ronaldinhomedicamentos durante a gravidez.

A farmacêutica Merrell, como outras companhias à época, não havia testado a talidomidacasa de aposta do ronaldinhoanimais prenhes.

Mas Keysel, que já havia estudado como medicamentos atingiam fetos, considerou que a farmacêutica parecia se basear maiscasa de aposta do ronaldinhodepoimentos do quecasa de aposta do ronaldinhoresultadoscasa de aposta do ronaldinhoestudos bem desenhados ou provas clínicas. Por isso pediu mais informações antescasa de aposta do ronaldinhoautorizar ou nãocasa de aposta do ronaldinhocomercialização nos EUA.

A companhia apresentou mais dados e, ao mesmo tempo, começou uma pressão pública contra Kelsey, com cartas, telefonemas e visitascasa de aposta do ronaldinhoexecutivos da Merrell. Ela foi chamadacasa de aposta do ronaldinhoexigente, teimosa e irracional, segundo o obituário dela no jornal The New York Times.

A pesquisadora mantevecasa de aposta do ronaldinhoposturacasa de aposta do ronaldinhorejeitar as evidências apresentadas pela Merrell até que algo determinante aconteceu.

Em fevereirocasa de aposta do ronaldinho1961, ela leu um artigo na revista especializada British Medical Journal no qual um médico relatava efeitos adversoscasa de aposta do ronaldinhobraços e pernascasa de aposta do ronaldinhopacientes associados à talidomida.

Isso não apenas aumentou a preocupaçãocasa de aposta do ronaldinhoKelsey como também a levou a pedir provascasa de aposta do ronaldinhoque o remédio não era danoso aos fetos.

Meses depois viriam à público relatos devastadores na Europa e na Austrália.

Após diversas tentativas, a Merrell desistiucasa de aposta do ronaldinhoentrar no mercado americano.

Casos no EUA

O medicamento nunca foi comercializado oficialmente nos EUA, mas o país não ficou imune à tragédia.

Segundo a FDA, quase 20 crianças americanas haviam nascido com efeitos colaterais da talidomida porque o remédio foi distribuído legalmente para finscasa de aposta do ronaldinhopesquisa. Quando os casos emergiramcasa de aposta do ronaldinhooutros países, as autoridades sanitárias correram para recolher os remédios distribuídos.

O caso da talidomida levou os EUA a aprovarem uma legislação mais rigorosa para regular medicamentos.

"Houve mudanças na lei, e um dos requisitos era que, antes que um medicamento fosse comercializado, era preciso mostrar não apenas que era seguro como também eficaz para seu objetivo", lembrou Kelseycasa de aposta do ronaldinhoentrevista à Universidadecasa de aposta do ronaldinhoVictoria.

Nos anos seguintes, a pesquisadora seria promovida até chegar ao cargocasa de aposta do ronaldinhodiretora do Escritóriocasa de aposta do ronaldinhoPesquisas Científicas da FDA.

Segundo Daniel Carpenter, professor da Universidade Harvard, um dos maiores legadoscasa de aposta do ronaldinhoKelsey foi ter consolidado a visãocasa de aposta do ronaldinhoque a ciência independente e o Estadocasa de aposta do ronaldinhoDireito deveriam estar no centro da regulação farmacêutica dos EUA.

Para Inmaculada Posadas, professoracasa de aposta do ronaldinhofarmacologia da Universidadecasa de aposta do ronaldinhoCastilla-La Mancha, na Espanha, Kelsey não é apenas um exemplocasa de aposta do ronaldinhorigor científico e perseverança, mas sobretudocasa de aposta do ronaldinhodefesacasa de aposta do ronaldinhoseus princípios acima dos interesses econômicos,casa de aposta do ronaldinhofavor da segurança da população.

Diversos especialistas afirmam que ao longocasa de aposta do ronaldinho45 anos na FDA a médica ajudou a reescrever regulaçõescasa de aposta do ronaldinhoprovas clínicascasa de aposta do ronaldinhoremédios, fortalecer os mecanismoscasa de aposta do ronaldinhoproteção dos pacientes e alertar contra os conflitoscasa de aposta do ronaldinhointeresse entre médicos e farmacêuticas.

Sua influência ultrapassou fronteiras.

Depois do que aconteceu com a talidomida, entre 1960 e 1990 cada vez mais países começaram a adotar procedimentos científicos elaborados pela FDA, afirmou Carpenter,casa de aposta do ronaldinhoHarvard, autor do livro Reputação e Poder: Imagem Organizacional e Regulação Farmacêutica na FDA.

O que aconteceu com a talidomida

Segundo o Museucasa de aposta do ronaldinhoCiência do Reino Unido, os pesquisadores da farmacêutica Grunenthal, que fabricava o medicamento na Alemanha na décadacasa de aposta do ronaldinho1950, haviam feito testes e afirmaram que havia sido "praticamente impossível chegar a uma dose letal do medicamento" nos estudos com animais.

Em grande parte, isso serviucasa de aposta do ronaldinhobase para considerar a droga “inofensiva para os humanos”.

Ocorre que muitas substâncias que não são tóxicas para camundongos, por exemplo, podem ser danosas para outros mamíferos. E mesmo aquelas que são inócuas para vários animais podem se revelar extremamente tóxicas para os seres humanos.

E foi a partir dessa constatação que se estabeleceu boa parte do protocolocasa de aposta do ronaldinhotestagemcasa de aposta do ronaldinhomedicamentoscasa de aposta do ronaldinhovigor até hoje. Por isso, uma nova droga, para ser aprovada, precisa ser testadacasa de aposta do ronaldinhopelo menos três diferentes animais e também nos seres humanos –casa de aposta do ronaldinhonada menos que quatro fases,casa de aposta do ronaldinhogeral.

A talidomida passou a ser vendidacasa de aposta do ronaldinho1956 na Alemanha e poderia ser obtida com receita médica. Sob licença da Grunenthal, diversas farmacêuticas ao redor do mundo começaram a vender a talidomida.

O medicamento foi vendidocasa de aposta do ronaldinho49 países e levou cinco anos para que fosse estabelecida uma conexão entre a talidomida tomada por grávidas e o impactocasa de aposta do ronaldinhoseus filhos. Ela só foi retirada do mercadocasa de aposta do ronaldinho1961.

Organizaçõescasa de aposta do ronaldinhofamílias afetadas foram criadascasa de aposta do ronaldinhodiversos países para exigir justiça, e alguns sobreviventes receberam indenizações.

No Brasil, vítimas da talidomida ganharam direito a indenizações pelo governo brasileirocasa de aposta do ronaldinho2010. O governo foi responsabilizado porque, diferentementecasa de aposta do ronaldinhooutros países, que retiraram a drogacasa de aposta do ronaldinhocirculaçãocasa de aposta do ronaldinho1961, o Brasil só suspendeu o uso do medicamento para este fim quatro anos depois.

Segundo estimativascasa de aposta do ronaldinho2010, 650 brasileiros se qualificavam para receber compensação financeira.

Em 2012, a Grunenthal pediu desculpas às vítimas e afirmou que não se podia detectar os efeitos do medicamento antescasa de aposta do ronaldinhosua chegada ao mercado.

O gesto foi classificado como "ofensivo" por alguns sobreviventes.

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