Violência doméstica: 'Fui estuprado pela minha mulher por 10 anos':bodog apostas online

Uma ilustraçãobodog apostas onlineuma mulher tentando abrir uma porta atrás da qual um homem está escondido.

Minha primeira mulher

Não sei se meus amigos suspeitarambodog apostas onlinealgo. Nas aparências, tudo parecia bem: havia sorrisos, amigos, dinheiro, felicidade e confiança.

Viajamos muito. Eu não sentia medo dela quando estávamos viajando: ela não me machucaria na frentebodog apostas onlineoutras pessoas. O mais importante era evitar ficar sozinho com ela.

Uma mão segura um telefone celular, mostrando uma imagembodog apostas onlineum casal.

Só recentemente me dei contabodog apostas onlineque fui estuprado pela minha ex-mulher por 10 anos.

Ira foi minha primeira mulher. A gente se conheceu aos vinte e poucos anos e ela me convidou para sair.

Meus pais me disseram que eu teriabodog apostas onlinesair da casa deles assim que começasse a namorar alguém. Em outras palavras, iniciar um relacionamento significava abrir mão da família ebodog apostas onlineum teto:bodog apostas onlineum belo dia, tivebodog apostas onlineabrir mãobodog apostas onlinetudo. Foi assustador.

Baixa autoestima

Além disso, minha mãe tinha vergonhabodog apostas onlinemim ebodog apostas onlinecomo eu era. Eu tinha autoestima muito baixa.

Minhas primeiras tentativasbodog apostas onlinesexo foram com Ira e, naquela época, eu queria isso. No entanto, não era completamente normal: era doloroso e agressivo. Nossa primeira relação sexual durou cercabodog apostas onlinecinco horas, e eu ficava sentindo dor depois.

Ela tinha essa mania,bodog apostas onlineque tinhabodog apostas onlinehaver esperma no final. Eu seria esfregado até que conseguisse. Em média, duravabodog apostas onlineuma a duas horas.

Sexo é para ser agradável, mas nunca foi agradável para mim. Eu não tinha experiência e costumava pensar que era assim, e por isso costumava dar consentimento. Mas logo eu disse "não", porém isso não a impediubodog apostas onlinecontinuar. Foi quando se transformoubodog apostas onlineestupro.

Uma ilustraçãobodog apostas onlineuma figurabodog apostas onlineposição fetal

bodog apostas online E bodog apostas online ncurralado

Eu tive que viajar para o exteriorbodog apostas onlineuma longa viagembodog apostas onlinenegócios. Eu tinha medobodog apostas onlineperder Ira, então pedi que ela viajasse comigo. Eu até me ofereci para me casar com ela primeiro. Ela recusou, mas se juntou a mim. Foi aí que tudo começou.

Eu estava sobrecarregado e queria descansar, mas ela começou a exigir sexo. Eu concordei uma vez, duas vezes... Ela dizia: "Quero, preciso, então você precisa, vamos lá, estou esperando há muito tempo". Eu respondia: "Não, não quero, quero descansar, estou cansado".

Então ela me batia e não havia nada que eu pudesse fazer. Ela costumava arranhar minha pele com as unhas até sangrar, ela costumava me dar soco. Ela nunca deixou marcas no meu rosto, ela só machucava o que ficava coberto: meu peito, costas, mãos.

Não enfrentei porque pensei que baterbodog apostas onlineuma mulher era agressivo e errado. Foi assim que meus pais me educaram.

Eu estava me sentindo pequeno, fraco e simplesmente não conseguia escapar. Ela conseguiria o que queria.

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Uma vez, tentei alugar um quarto separado para mim no hotel. Mas eu não falava o idioma local, então eles não me entenderam na recepção. Acabei encurralado.

Eu estava com medobodog apostas onlinevoltar do trabalho para o hotel, então eu costumava passear pelo shopping até a horabodog apostas onlinefechar. Depois disso, eu andava pela cidade. Era outono, frio e úmido, e eu não tinha levado nenhuma roupa quente comigo.

Por fim, tive infecções do trato urinário, prostatite e febre. Isso não impediu Ira: eu tivebodog apostas onlinefazer o que ela queria.

Os finsbodog apostas onlinesemana eram os piores momentos: acontecia no sábado pela manhã e no domingo à noite. Contei os dias antesbodog apostas onlineretornar à Ucrânia. Eu pensei que isso acabaria com o nosso relacionamento, mas eu estava errado.

Em uma imagem por trásbodog apostas onlineum vidro, uma pessoa segura a cabeça

Crédito, Getty Images

´Tentei sair, mas desisti´

Voltei a morar com meus pais e não pretendia manter contato com Ira, muito menos morar com ela. Mas minhas tentativasbodog apostas onlineme libertar se arrastaram por anos.

Nós brigávamos, eu desligava meu telefone e a bloqueavabodog apostas onlinetodo lugar. Eu me escondia, mas ela vinha e sentava do outro lado da porta fechada. Ela me ligava e prometia que tudo ficaria bem.

E eu voltaria para ela todas as vezes. Eu estava com muito medobodog apostas onlineficar sozinho.

No começo, fiz muitas tentativasbodog apostas onlinedeixá-la, depois menos e, finalmente, desisti. Ela insistiu que nos casássemos, e nos casamos, embora eu não quisesse mais isso.

Ira tinha ciúmesbodog apostas onlinetodos: meus amigos, minha família. Onde quer que eu fosse, tinha sempre que ligar para ela. Eu tinha que estar com ela, ao seu alcance.

Ela não podia ir a lugar nenhum sem mim. Eu era uma espéciebodog apostas onlinebrinquedo que tinhabodog apostas onlineentretê-la o tempo todo.

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Ira não tinha emprego. Eu era o provedor, cozinhava e limpava. Alugamos um apartamento grande com dois banheiros. Fui proibidobodog apostas onlineusar o banheiro principal e tivebodog apostas onlineusar obodog apostas onlinevisitas. Todas as manhãs eu tinhabodog apostas onlineesperar até que ela acordasse às nove ou dez horas, caso contrário eu perturbaria o sono dela.

Ela decidiu que tínhamos que dormirbodog apostas onlinequartos diferentes e meu quarto não tinha fechadura. Eu nunca poderia estar sozinho.

Quando eu estava fazendo "algo errado", ela gritava comigo e me batia. Isso costumava ocorrer uma vez por dia ou a cada dois dias.

Por qualquer coisa que acontecia, ela me culpava. Fiquei ouvindo sobre que tipobodog apostas onlinehomem ela precisava, o que e como ele deveria ser. Eu estava sem forças e fazia tudo o que ela exigia apenas para evitarbodog apostas onlineraiva e a explosão que logo se seguiria.

Lembro-mebodog apostas onlinedescer as escadas e sentar no carro, chorando. Ela passou por mim e me notou. Quando voltei para casa, ela disse que sentia muito por mim, mas que não conseguia parar.

Então, tudo recomeçaria no dia seguinte. Não importava o que eu fizesse, ou o quão péssimo me sentia, nada mudava.

Também não sou perfeito. Para evitar tudo isso, eu trabalhava 10, 12, 14 horas por dia, nos finaisbodog apostas onlinesemana e feriados. É simples: algumas pessoas bebem e outras trabalham.

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Por que as vítimasbodog apostas onlineviolência não deixam seus agressores?

Uma ilustraçãobodog apostas onlineuma fotobodog apostas onlineuma mulher segurando a cabeça nas mãos

Crédito, Press Association

• Pessoas que crescerambodog apostas onlineuma família onde houve violência reproduzem o comportamentobodog apostas onlineseus paisbodog apostas onlinesuas famílias

• Medobodog apostas onlineisolamento e estereótipos: "O que os vizinhos dirão?", "Uma criança deve crescer com pai e mãe"

• Os primeiros estágios (abuso psicológico) são difíceisbodog apostas onlinereconhecer. Portanto, a pessoa abusada gradualmente se acostuma e perde a capacidadebodog apostas onlineavaliar a situação e agir.

• A pessoa que sofre a violência muitas vezes não tem para onde ir, depende financeiramente do agressor ou estábodog apostas onlineuma posição vulnerável (como gravidez ou com crianças pequenas)

• Ao pedir ajuda às autoridades, eles ouvem "Estes são problemas familiares" e desistem

Alyona Kryvuliak, chefe do La Strada-Ukraine National Hotline Department, e Olena Kochemyrovska, consultora da ONU na áreabodog apostas onlineprevenção e combate à violênciabodog apostas onlinegênero, mencionaram essas e outras razões.

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'Comecei a falar e não conseguia parar'

Quando você estábodog apostas onlineuma situação como essa, não percebe o que está acontecendo com você. Você não vê a saída e não ouve ninguém. Você nem pensa que tem chancebodog apostas onlineescapar, é total faltabodog apostas onlineesperança.

Fiz coisas que não queria fazer porque estava acostumado a isso. Eu sempre "devia" algo a todos e nunca me pertencia. Pertencia à minha avó, aos meus pais. Sempre achei que era preciso sacrificar tudo pelo bembodog apostas onlineum relacionamento.

E então eu sacrifiquei meus interesses e a mim mesmo, o que parecia normal para mim naquela época. Tudo ficou ainda pior.

No começo, eu simplesmente não gostava, mas, durante os últimos três a quatro anos do relacionamento, o sexo desencadeava ataquesbodog apostas onlinepânico constantes. Isso acontecia sempre que Ira conseguia me pegar e me forçar.

Quando eu entravabodog apostas onlinepânico, eu a afastava, me escondia e corria. Fugiabodog apostas onlinecasa, ou pelo menos da sala.

Uma ilustraçãobodog apostas onlineuma pessoa afundandobodog apostas onlineuma piscina distópica

Ira pensou que estávamos tendo problemas sexuais por minha causa. Então,bodog apostas onlinetemposbodog apostas onlinetempos, ela me levava a um sexólogo.

Sempre que eu dizia que havia algobodog apostas onlineque eu não gostava e que simplesmente não queria sexo, me diziam que o problema era eu - e eu nunca falava sobre abuso e estupro.

Para Ira, essas visitas eram a provabodog apostas onlineseu argumento. Eu só falei sobre a violência pouco antes do divórcio. E quando comecei, não conseguia mais parar.

'Como eu encontrei apoio e uma saída'

Era outono, eu estava na cama com bronquite e febrebodog apostas online39 a 40 graus por cercabodog apostas onlineduas semanas. Ninguém tinha falado comigo durante todo esse tempo. Foi quando percebi que minha vida não tinha valor e ninguém notaria se eu morresse ali.

Foi um momentobodog apostas onlinehorror, nojo e incrível autopiedade. Eu queria contar isso a alguém, mas não sabia para quem ou como.

Uma vez fui à casa dos meus pais quando eles não estavam lá, só para ficar sozinho.

Eu estava na internet e entreibodog apostas onlineum bate-papo que apareceubodog apostas onlineuma janelabodog apostas onlineanúncio. Tudo era anônimo ali.

Foi a primeira vez que eu disse algo sobre o que estava acontecendo comigo. Eu ainda não reconhecia como abuso, mas a partir desse momento, comecei a dizer "não", mais e mais.

Primeiro, era sobre pequenas coisas, era importante para mim dizer "não"bodog apostas onlinevezbodog apostas onlineficar quieto. Sempre que eu precisavabodog apostas onlineforça, eu me lembrava daquelas semanasbodog apostas onlineque fiquei doente.

Acabei encontrando um terapeuta familiar, que me deu apoio. Ira e eu tínhamos tempo para conversar durante as sessões, e ela foi proibidabodog apostas onlineme interromper. Foi quando eu falei pela primeira vez sobre o abuso.

Ela ficou tão furiosa que gritou comigo e disse que não era verdade.

No entanto, ela propôs um divórcio logo depois disso. Eu não acho que ela queria isso, acredito que foibodog apostas onlinetentativabodog apostas onlineme silenciar. Eu sabia que não teria outra chance e concordei.

Havia uma fila enormebodog apostas onlineum cartório, então fomos para outro. Eu estava pensando comigo mesmo: eu tenho que fazer isso enquanto ainda tenho a chance.

E fizemos isso.

Uma ilustraçãobodog apostas onlineuma ponte com um homem caminhando para longe

Quando peguei os documentos do divórcio, um mês depois, foi o dia mais feliz da minha vida.

Um dia após o divórcio, gritei para ela: "Você estava me estuprando!"

"Eu estava te estuprando?", ela respondeu. "E daí?"

Eu não sabia o que responder - e ainda não sei. De certa forma, ela admitiu o que tinha feito, mas deu risada disso.

Voltei a morar com meus pais, larguei o emprego e fiqueibodog apostas onlinecasa por algumas semanas. Eu tinha medobodog apostas onlineque ela estivessebodog apostas onlinealgum lugar lá fora, me procurando.

Um dia ela voltou e começou a bater na porta, chutando e gritando. Minha mãe disse que estava assustada. Eu sorri para mim mesmo: "Mãe, você nem imagina ..."

É importante entender: isso mata

Não coletei provas e não contei a ninguém.

Eu provavelmente poderia ter contado aos meus pais, mas desde a minha infância eu sabia que eles não eram capazesbodog apostas onlineguardar segredos. Eu também não sabia como conversar com meus amigos sobre as coisas que estavam acontecendo comigo.

Eu estava procurando gruposbodog apostas onlineapoio, mas na Ucrânia eles são apenas para mulheres. Por fim, encontrei uma comunidade onlinebodog apostas onlineapoio mútuo para homensbodog apostas onlineSan Francisco.

O primeiro psicoterapeuta que consultei na Ucrânia me ridicularizou: "Isso não acontece assim. Ela é uma menina e você é um menino". Então mudei seis vezesbodog apostas onlineespecialista e finalmente estou recebendo ajuda. Levou oito meses para eu deixar alguém segurar minha mão.

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Como os homens podem obter ajuda psicológica?

Ilustraçãobodog apostas onlineuma fotobodog apostas onlineum homem sentado no cantobodog apostas onlineuma sala segurando seu rosto

Crédito, Getty Images

Gruposbodog apostas onlineapoio psicológico foram criados na comunidade do Clube dos Pais na Ucrânia, mas a iniciativa não durou muito, segundo o ativista Max Levin. Ele diz que os homens não estavam prontos para ir a um psicólogo.

Alyona Kryvuliak, da La Strada-Ucrânia, diz que os homens começaram a pedir ajuda somente quando a linha diretabodog apostas onlineLa Strada começou a trabalhar 24 horas por dia. Os homens não eram capazesbodog apostas onlinefazer ligações durante o horário comercial tradicional.

Mas, mesmo agora, os homens estão preocupados principalmente com o anonimato e não estão prontos para defender seus direitosbodog apostas onlineinstituições públicas, como tribunais ou policiais.

Para as vítimas do sexo masculino, a retirada psicológica do abuso pode ser um processo demorado, explica a psicóloga, psicoterapeuta e sexóloga Yulia Klymenko. Afinal, a sociedade não ajuda com frases como "meninos não choram" ou "homens são fisicamente mais fortes".

Uma pessoa com um traumabodog apostas onlineabuso sexual, psicológico ou físico pode parecer incomum para a comunidade. Segundo Klymenko, os clientes com traumas complexos que envolvem vários tiposbodog apostas onlineabuso precisam ser "ressuscitados" por um longo tempo, independentementebodog apostas onlinegênero ou idade.

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Eu cogitei processar minha ex-mulher. Os advogados disseram que havia uma chancebodog apostas onlineobter uma ordembodog apostas onlinerestrição. Mas não preciso disso agora. Por um longo tempo, eu só queria que ela admitisse o que tinha feito e pedisse desculpas.

Ainda não vou trabalhar e é muito difícil sair da cama todas as manhãs. Não tenho nada para viver. Eu nem sei o que tenho feito o ano todo.

Eu sei que nunca terei um relacionamento e nunca terei filhos. Eu desistibodog apostas onlinemim mesmo.

Mas, caramba, fiqueibodog apostas onlinesilêncio por tanto tempo, e isso bagunçou a minha vida. Talvez haja um carabodog apostas onlineuma situação semelhante no momento e ele leia minha história.

É importante que ele entenda: não vai acabar, nada será consertado, é uma verdadeira bagunça que nunca desaparecerá e vai te matar. Se você entende isso, pelo menos tem uma chance.

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No Brasil, para onde ligarbodog apostas onlinecasobodog apostas onlineviolência?

No Brasil, o 190 é o númerobodog apostas onlinetelefone da Polícia Militar, que deve ser acionadobodog apostas onlinecasos geraisbodog apostas onlinenecessidade imediata ou socorro rápido. A ligação é gratuita. Outros números são o 192, do serviçobodog apostas onlineatendimento médicobodog apostas onlineemergência, e o 193, do Corpobodog apostas onlineBombeiros.

Pelo Disque 100, que também é uma ligação gratuita e funciona 24 horas, é possível fazer denúnciasbodog apostas onlineviolaçõesbodog apostas onlinedireitos humanos. Alémbodog apostas onlinedenunciar por telefone, também é possível fazer a denúncia pelo aplicativo Proteja Brasil, disponível para iOs e Android.

Segundo o governo, o serviço "pode ser considerado como 'pronto-socorro' dos direitos humanos pois atende também a graves situaçõesbodog apostas onlineviolações que acabarambodog apostas onlineocorrer ou que ainda estãobodog apostas onlinecurso, acionando os órgãos competentes, possibilitando o flagrante".

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