"Pensarpag bet appflexibilização, só depois que controlar contágio", diz epidemiologista brasileiro na OMS:pag bet app

ônibus com passageirospag bet appmáscara

Crédito, Agência São Luís

Legenda da foto, Passageirospag bet appmáscara; para epidemiologista da Opas, "pensarpag bet appflexibilização só depois que controlar contágio"

No entanto, Barbosa avaliou que há "pressupostos básicos" para que um país ou Estado venha a cogitar uma reabertura da economia. "Em primeiro lugar, só se pode pensarpag bet appum planopag bet apptransiçãopag bet appreabertura da economia quando a transmissão está controlada. Isso significa que o númeropag bet appcasos diminuiu, que busca-se testar todos os sintomáticos e mesmo assim não se vê crescimentopag bet appcasos, que leitospag bet appUTI e respiradores mecânicos estão com disponibilidadepag bet appatender quem necessitar deles", disse ele.

Já aqueles Estados que não estão sendo capazespag bet appreduzir a velocidadepag bet apptransmissão "têm que avaliar a adoçãopag bet appnovas medidas no sentidopag bet appproduzir o resultado que buscamos (reduçãopag bet apptransmissão) e não correr o riscopag bet appter os serviços sem a capacidadepag bet appatender as pessoas", afirma Barbosa.

Estados que têm poucos casos atualmente não podem relaxar. "Pode ser apenas questãopag bet apptempo", alerta ele. "Vimos lugares que pareciam estar conseguindo controlar o crescimento e semanas depois, isso não era mais verdade".

Barbosa colaborou com um estudo publicadopag bet appsetembropag bet app2019, meses antes do surto do novo coronavírus, liderado pela doutora Jennifer Nuzzo, da universidade americana Johns Hopkins, sobre o graupag bet apppreparo do mundo para a chegadapag bet appum vírus respiratório letal.

Ele diz que o coronavírus surpreendeu a todos. "A combinaçãopag bet appdois fatores (alta transmissibilidade e capacidadepag bet appgerar muitos casos graves) era algo que não tínhamos visto nos últimos 100 anos", diz ele.

Não que tenha sido uma surpresa completa - alguns especialistas previam que poderia haver uma pandemiapag bet appgrandes proporções. Pesquisadores reunidos pela própria OMS alertarampag bet app2018 para a possibilidadepag bet app"uma séria epidemia internacional que pode ser causada por um patógeno atualmente desconhecido, capazpag bet appcausar doençaspag bet apphumanos".

Por que não nos preparamos para isso? "Não sei se, depoispag bet appvárias emergênciaspag bet appsaúde pública com um dano limitado se comparado à covid-19, o mundo não achou que a gente estava preparado. Por isso digo que essas duas características são uma combinação que não tínhamos visto antes. Depois que a pandemia passar precisamos pensarpag bet appcomo podemos nos preparar melhor. Não temos certeza se vai acontecer; provavelmente, sim", diz ele.

Olhando para o futuro, Barbosa vê com otimismo a possibilidadepag bet appdesenvolvimentopag bet appuma vacina. É categórico ao afirmar que, por ora, essa é a melhor saída, já que nenhum tratamento até o momento mostrou evidênciaspag bet appsucesso suficientes para ser recomendado pela OMS.

Veja abaixo a entrevista.

Mulher e cabeleireiro

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Alemanha anunciou a flexibilização das medidaspag bet appisolamento; Diferentemente do Brasil, que ainda não atingiu o picopag bet appcontágio, a Alemanha já conseguiu "achatar a curva" da transmissão e diminuir a disseminação da doença

pag bet app BBC News Brasil - O Brasil já tem maispag bet app13 mil mortes por coronavírus. O senhor acredita que o país será o novo epicentro mundial do coronavírus?

pag bet app Jarbas Barbosa - A Opas falou dissopag bet appcoletivapag bet appimprensa há três semanas. Quando olhamos os dados chamamos a atenção para o fatopag bet appque a América Latina iria, nas semanas seguintes, passar por esse cenáriopag bet appcrescimento (do númeropag bet appcasos). Quando olhamos a linha do tempo, vemos que teve primeiro na Ásia, Europa, EUA e só depois começou a transmissão na América Latina. É como se estivéssemos na situação da Europa há um mês atrás.

No Brasil, Peru, Equador, Colômbia, Chile, Argentina, com características diferentes, observamos um crescimento da transmissão extremamente preocupante. Já está bem demonstrado que se as medidaspag bet appdistanciamento social não conseguem evitar a transmissão, o númeropag bet appcasos graves supera a capacidade dos serviçospag bet appsaúde, mesmopag bet apppaíses desenvolvidos. O distanciamento social neste momento é fundamental porque é a única ferramenta que temos para reduzir a velocidade e fazer com quem os serviçospag bet appsaúde consigam atender as pessoas que podem precisar.

pag bet app BBC News Brasil - Como vê a decisão do presidente Jair Bolsonaropag bet appincluir salõespag bet appbeleza e academiaspag bet appginástica na listapag bet appserviços essenciais, que podem funcionar durante a pandemia?

pag bet app Barbosa - É uma decisão tomada por cada país. Não temos uma listapag bet appserviços recomendados ou não. Mas há alguns pressupostos básicos. Em primeiro lugar, só se pode pensarpag bet appum planopag bet apptransiçãopag bet appreabertura da economia quando a transmissão está controlada. Isso significa que o númeropag bet appcasos diminuiu, que busca-se testar todos os sintomáticos e mesmo assim não vê crescimentopag bet appcasos, que leitospag bet appUTI e respiradores mecânicos estão com disponibilidadepag bet appatender quem necessitar deles.

Deve ser feito um planejamento muito cuidadoso, começando pelo que é mais essencial. Isso variapag bet apppaís para país. Cada um tem que fazerpag bet appavaliação com base na situação que tem. Entre cada etapa deve ter um prazopag bet app14 dias para ver se aquele processo não gerou um recrudescimento da transmissão comunitária. Mas isso tudo tem um pressuposto: transmissão controlada. Se você começa a implementar, volta à atividade econômica num momentopag bet appcrescimento dos casos, esse aumento será ainda maior.

pag bet app BBC News Brasil - Esses serviços podem ser considerados essenciais?

pag bet app Barbosa - Não fazemos esse tipopag bet appavaliação. Isso é decisãopag bet appcada país. Durante a crise não estamos avaliando medidaspag bet appnenhum país. Nós fazemos recomendações e os países implementampag bet appacordo compag bet apprealidade. Depois que passar a pandemia vamos avaliar o que funcionou ou não. Mas no momento quem tem essa condição são as autoridadespag bet appsaúde do Brasil - Ministério da Saúde, secretarias dos Estados, precisam fazer essa avaliaçãopag bet appo que é essencial ou não.

pag bet app BBC News Brasil - Como o senhor avalia a forma como o presidente vem lidando com a crisepag bet appcoronavírus no país desde o início?

pag bet app Barbosa - Não fazemos avaliaçãopag bet apppaíses. O Ministério da Saúde vem implementando medidas. Apoiamos a pasta com recomendações técnicas. No momento da batalha nosso papel épag bet appprestar cooperação técnica.

pag bet app BBC News Brasil - A situ pag bet app açãopag bet apprisco que o senhor descreve,pag bet appcogitaçãopag bet appflexibilizaçãopag bet appmedidaspag bet appdistanciamento apesarpag bet appestarmospag bet appmeio ao aumentopag bet appcasos, é a que o presidente defende. A OMS considera pag bet app fazer um alerta?

pag bet app Barbosa - O alerta nós fazemos há semanas. Países da América Latina que têm aumentopag bet appcasos têm que avaliar o que está ocorrendo e se as medidas adotadas não estão sendo capazespag bet appreduzir a velocidadepag bet apptransmissão, têm que avaliar a adoçãopag bet appnovas medidas no sentidopag bet appproduzir o resultado que buscamos (reduçãopag bet apptransmissão) e com isso não correr o riscopag bet appter os serviços sem capacidadepag bet appatender as pessoas.

pag bet app BBC News Brasil - Medidas como lockdown (confinamento obrigatório)?

pag bet app Barbosa - Tem que avaliar caso a caso. Esses conceitos não têm uma definição precisa. Se as medidas que tomei até agora não estão funcionando, por que isso acontece? As medidas estão adequadas, mas a adesão da população está baixa? O que preciso fazer para aumentar adesão? As medidas são adequadas, a população aderiu, e mesmo assim a transmissão segue. O que fazer então? Tomar novas medidas adicionais.

Isso tem que ser feito caso a caso por autoridades sanitáriaspag bet appcada país. Em lugares grandes como Brasil e México, onde há muita diversidadepag bet apprealidadepag bet appcada Estado ou província, você tem que fazer essa avaliação com muito critério porque a efetividade das medidaspag bet appdistanciamento social é chave para que a gente consiga atravessar esse período para evitar que os sistemaspag bet appsaúde não consigam lidar. É como uma molapag bet apppressão. Pensarpag bet appflexibilização, só depois que controlar. Antes disso, não faz sentido do pontopag bet appvista técnico e científico. Isso vai muito provavelmente gerar um recrudescimento da transmissão.

Hospitalpag bet appcampanha no Maracanã

Crédito, Goverj

Legenda da foto, No futuro, diz Barbosa, é preciso ter previstospag bet applei mecanismospag bet appaumento rápido da capacidadepag bet appreação do sistemapag bet appsaúde

pag bet app BBC News Brasil - Quais são os países da América Latina que preocupam mais?

pag bet app Barbosa - Todos, porque é só uma questãopag bet apptempo. A taxapag bet appincidência do Peru e do Equador é maior que a do Brasil, mas temos alguns Estados - Rio, São Paulo, Amazonas, Pernambuco, Ceará, Pará - que têm transmissão muito forte, e outros que ainda não têm, mas mesmo os que não têm precisam ficarpag bet appalerta porque pode ser só uma questãopag bet apptempo.

É como se a transmissão deles estivesse com atrasopag bet appduas ou três semanas. No caso da covid-19 não tem base para isso (imaginar que Estado não será afetado). Seguramente os que estão com númerospag bet appcasos grandes e ainda estão num processopag bet appaceleração (do númeropag bet appcasos) têm que adotar medidas observando essa realidade no sentidopag bet appcolocar freios na velocidadepag bet apptransmissão. Isso é o mais importante agora. Distanciamento social e fortalecimento do sistemapag bet appsaúde.

O principal objetivo é salvar vidas. As medidaspag bet appdistanciamento produzem reduçãopag bet apptransmissão e dão segurançapag bet appque a capacidade do sistema pode atender à demanda produzida. Os dois lados da equação têm que ser monitorados com muito cuidado, diariamente, durante esses períodos.

pag bet app BBC News Brasil - Em alguns Estados já se chegou no limite.

pag bet app Barbosa - Alguns atingem níveis críticos. Vejo eles tomando medidas como contratar leitos, reabrir leitos desativados. Cada país deve observar dentropag bet appsua legislação o que pode ser feito para aumentar essa capacidade.

Médicos fazem testepag bet appcoronavíruspag bet apppaciente

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, "A covid-19 tem que ser uma revolução na maneira como a gente se prepara para possíveis pandemias futuras", diz Barbosa

pag bet app BBC News Brasil - O senhor colaborou com um estudo da universidade Johns Hopkins liderado pela doutora Jennifer Nuzzo sobre o graupag bet apppreparo do mundo para a chegadapag bet appum vírus respiratório letal. Ele foi publicadopag bet appsetembropag bet app2019, meses antes do surto do novo coronavírus. Surgiram problemas que não haviam previsto?

pag bet app Barbosa - A América Latina melhorou a capacidadepag bet appreagir nos últimos anos. Mas o que estamos vendo com a covid-19 surpreendeu todo o mundo. No começo, na primeira coletivapag bet appimprensa, me perguntaram se não estávamos exagerando. Porque havia mesmo muita incerteza. A covid-19 tem uma combinaçãopag bet appduas coisas que não tínhamos visto antes, pelo menos nos últimos 100 anos. Primeiro, um vírus que se dissemina com muita velocidade, como um víruspag bet appinfluenza, talvez mais rápido - mas influenza produz menos casos graves. E por outro lado tem uma capacidade grandepag bet appgerar casos graves alta, como já tínhamos visto com primos deles (outros coronavírus). Com Sars e Mers, a gravidade era maior, mas a capacidadepag bet appdisseminação, menor. O vírus combina essas duas características. Só 5% dos casos vão precisarpag bet appleitopag bet appUTI. Isso significa uma coisa quando temos 10 mil ou 50 mil doentes.

pag bet app BBC News Brasil - Hoje sabemos que havia uma sériepag bet appalertas como esse. No entanto, essa informação não erapag bet appconhecimento do grande público. Por quê? Houve erro da imprensa, erro da comunidade científica...

pag bet app Babosa - A covid-19 vai mudar a valorização do graupag bet apppreparação e resposta. Nas emergências anteriores, na H1N1, houve acusaçõespag bet appque a OMS havia exagerado. Mas os números mostram que era grave, sim. Era um vírus muito mais agressivo do que o da influenza. Depois tivemos Sars, que foi contida, e Mers, que também foi. Depois teve zika, mas que também ficoupag bet appalguns países. Não sei se, depoispag bet appvárias emergênciaspag bet appsaúde pública com um dano limitado se comparado à covid-19, o mundo não achou que a gente estava preparado.

Por isso digo que essas duas características são uma combinação que não tínhamos visto antes. Depois que a pandemia passar precisamos pensar como podemos nos preparar melhor. Não temos certeza se vai acontecer, provavelmente, sim.

pag bet app BBC News Brasil - Por que não estávamos preparados?

pag bet app Barbosa - A percepçãopag bet apprisco nem sempre é baseadapag bet appevidência. Há muitas mortes evitáveis, por que não há um esforço para reduzir? Quando olhamos para a emergência da Sars, ela foi fundamental para acelerar o processopag bet apprevisão do regulamento sanitário internacional. Até então os países não eram obrigados a notificar todas as doenças, só algumas - varíola, febre amarela, cólera. E a OMS só podia agir com notificação oficial do país. Hojepag bet appdia qualquer coisa nova tem que ser notificada e a OMS monitora mais. Mandamos uma carta no mesmo dia pedindo verificação. A Sars foi gatilho para melhorar a resposta. A covid-19 tem que ser uma revolução na maneira como a gente se prepara, com fortalecimento da OMS, dapag bet appcapacidadepag bet appresposta, criaçãopag bet appmecanismospag bet appacesso a insumos críticos para responder a uma pandemia para evitar que países ricos tenham muito e pobres, passem dificuldade. Isso tem que se transformarpag bet appmissões a nívelpag bet appcada país também.

pag bet app BBC News Brasil - Nas Américas, vimos uma grande diversidadepag bet apprespostas. Quais países o senhor diria que reagiram com mais sucesso e por quê? O Brasil pode tirar lições deles? O que funciona bem?

pag bet app Barbosa - Não fazemos esse tipopag bet appavaliação. Me recuso a dizer já que haja um país que fez tudo correto. Muitas vezes medidas funcionam bem, mas depois parampag bet appfuncionar. O que sabemos que funciona bempag bet appqualquer lugar? Capacidadepag bet apptestagempag bet apptodos os casos sintomáticos, mesmo os leves, assim você vai cortando a transmissão ao alertar contatos dessa pessoa.

Também é importante haver um bom sistemapag bet appvigilância (no sistemapag bet appsaúde) - se começamos a ver o númeropag bet appcasospag bet apppneumonia subindo num momento atípico, isso acende um alerta. Além disso, a proteção dos profissionaispag bet appsaúde para que possam continuar prestando serviços e ter mecanismospag bet appaumento rápido da capacidadepag bet appreação quando for necessário. O que é mais factível: hospitalpag bet appcampanha, reabrir leitos fechados, negociar com a rede privada? Cada um encontrapag bet apprealidade. Mas esses mecanismos já devem estar previstos, porque quando forem necessários, a implementação será mais rápida.

pag bet app BBC News Brasil - Como o senhor vê o futuro nos próximos meses?

pag bet app Barbosa - Controlada a primeira onda, se algum país suspende todas as medidaspag bet appdistanciamento social, teremos inevitavelmente outra onda. Então é preciso uma aberta gradual, setor por setor,pag bet appacordo compag bet appimportância para a economia do país, e mesmo quando isso acontecer é preciso ter medidas cuidadosaspag bet applimpeza, as regraspag bet appdistanciamento devem ser mantidas, lojas devem ter limite do númeropag bet apppessoas que entram ao mesmo tempo. E se se verifica que começa a haver novo surto, é preciso segurar, dar passo atrás, até termos vacina.

pag bet app BBC News Brasil - E a probabilidadepag bet appuma vacina?

pag bet app Barbosa - Ela é a única solução. Até aqui nenhum medicamento demonstrou capacidadepag bet appreduzir os casos graves. Quanto à vacina, há maispag bet app100 projetos, com 11 mais adiantados. Sendo otimista, diria que seja possível até 2021. E depois tem o desafiopag bet apptornar a distribuição equitativa. Para que todos no mundo que precisam tenham acesso. Para que não aconteça o que aconteceu com a vacina da H1N1, quando países pobres tiveram acessopag bet appseis a oito meses depois dos países ricos.

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