Coronavírus: profissionaisbwin marocsaúde relatam hostilidade no transporte públicobwin marocSP:bwin maroc

Estaçãobwin marocmetrô SP

Crédito, Govesp

Legenda da foto, Os relatosbwin marocagressão e hostilidade contra profissionaisbwin marocsaúde têm aumentado desde ontem, segundo a presidente do Conselho Regionalbwin marocEnfermagembwin marocSão Paulo (Coren-SP), Renata Pietro; foto ilustrativabwin maroc2018

Logo, as reclamações e agressões verbais foram se espalhando entre os passageiros.

"Começaram a xingar, agredir verbalmente, pedir para nos tirar do metrô. Tinha umas dez pessoas no vagão — jovem, idoso... Todos nos criticando, tirando foto. Começaram a dizer que não tinha que entrar no metrô, que tínhamos que ficar para fora", conta.

"Eu respondi: vocês me desculpem, mas quem tem que ficar dentrobwin maroccasa são vocês. Eu estou aqui porque eu preciso estar nos hospitais para cuidarbwin marocvocês", afirmou a técnicabwin marocenfermagem.

Depoisbwin marocum turno cheiobwin marocatendimentos no hospital — muitos relacionados ao pânico da populaçãobwin marocrelação ao novo coronavírus, segundo a profissional —, ela narra uma situação ainda pior na volta para casa.

Ao pegar um trem no Brás para Rio Grande da Serra, conta, um rapaz encostoubwin marocseu peito e disse: nesse vagão você não entra.

"Me empurrou para trás. Eu fiquei com medo e esperei vir um outro trem. Porque pensei: 'Vai que eu vou no mesmo vagão e, como está meio vazio, ele pula e me agride aqui?'"

Médica

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Os profissionais que relatam agressão estavam vestidosbwin marocbranco, com roupas que não são suas vestimentasbwin marocproteção no trabalho

Os relatosbwin marocagressão e hostilidade contra profissionaisbwin marocsaúde têm aumentado desde ontem, segundo a presidente do Conselho Regionalbwin marocEnfermagembwin marocSão Paulo (Coren-SP), Renata Pietro.

"Começou ontem (quinta-feira, 19). Eu recebi pelo WhatsApp mensagensbwin maroccinco profissionais com relatosbwin marocque tiveram dificuldade no transporte público, principalmente na linha azul do metrô, que é a linhabwin marocque nós temos muito hospitais", diz.

"As mensagens diziam: 'Olha, não estão querendo deixar a gente entrar no vagão, uma amiga teve uma colega agredida'. Gente dizendo: 'Sai daqui, você vai me passar doença'. Empurram, atiram objetos", diz, acrescentando que o Coren-SP está entrandobwin maroccontato tanto com esses profissionais agredidos quanto com as instituiçõesbwin marocque eles trabalham, buscando formasbwin marocamenizar o riscobwin maroctemposbwin maroccoronavírus.

"É uma situação extremamente delicada e precisamos tentar não gerar pânico, porque vamos precisar muito dessa comunidadebwin marocenfermagem, que já vem apavorada", alerta a presidente do Coren-SP.

"E aí você fica imaginando como está a saúde mentalbwin marocum profissional desse — que todo dia deixa abwin maroccasa, todo mundobwin marocquarentena e ele sai e deixabwin marocfamília lá, se expondo ao risco. E é hostilizado no transporte público? Como se trabalha o resto do dia?"

Em nota, a secretaria Estadual dos Transportes Metropolitanos disse que "valoriza os profissionais da saúde, que neste período prestam nobremente alta contribuição à sociedade".

Medo e faltabwin marocinformação

O técnicobwin marocenfermagem Jefferson Souza da Silva, 30 anos, que morabwin marocBarueri e trabalhabwin marocum hospital na Liberdade, diz que já na quarta-feira (18) sentiu a mudançabwin marocclimabwin marocrelação a ele no trem da CPTM por volta das 7h da manhã.

"Eu vou trabalharbwin marocbranco, normalmente. Quando eu entrei na estaçãobwin marocBarueri, dentro do trem, observei um movimento muito incomum, porque geralmente as pessoas sentam do meu lado. Nesse dia ninguém sentou,bwin marocBarueri até a Barra Funda", diz. "Senti muitos me olhando com olhar torto, totalmente diferente".

Ele acredita que o que despertou o medo foibwin marocroupa branca.

"O avental eu coloco só dentro da instituição, mas vou trabalharbwin marocsapato, calça e camiseta brancos".

Silva diz que, sem serbwin maroctransporte público, ele não teria outra alternativa para ir trabalhar. O técnicobwin marocenfermagem diz que o fluxobwin maroctrabalho tem crescido e o hospitalbwin marocque trabalha, inclusive, quer contratar mais profissionaisbwin marocrazão da emergência.

"É complicado porque a ignorância do ser humano acaba atrapalhando todo o fluxo para o combate dessa pandemia", diz.

Celícia conta que desistiu do transporte público e passará a irbwin maroccarro para o trabalho por conta do medobwin marocsofrer novos ataques.

"Na hora, a vontade que dá ébwin marocrecuar da profissão, já que as pessoas acham que não somos a linhabwin marocfrente e não temos importância. Só que não é assim: sabemos que muitos que não têm esse pensamento maldoso não têm culpa da situação."

Ela atribui grande parte do problema à faltabwin marocinformação da população, que adota procedimentos errados e entrabwin marocpânico. As duas profissionais destacam à BBC News Brasil que obedecer as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS)bwin marocrestringir o contato social e lavar as mãos com água e sabão é muito mais relevante do que preocupar-se com a roupabwin marocquem circula no metrô.

"Preocupar-se com a roupa dos outros não é uma recomendação da OMS", diz Renata Pietro, do Coren-SP, que acrescenta que a violência contra profissionaisbwin marocsaúdebwin marocsituações emergenciais já era um problema para o setor antes do coronavírus, alvo atébwin maroccampanhas do conselho contra a violência.

"Agora, nessa questão do transporte público está sendo inédito".

Renata Pietro, presidente do Coren-SP

Crédito, Divulgação Coren-SP

Legenda da foto, Renata Pietro, presidente do Coren-SP, atribui grande parte do problema à faltabwin marocinformação da população, que adota procedimentos errados e entrabwin marocpânico

Uma portaria do Ministério do Trabalho determina que os profissionaisbwin marocsaúde não deixem o localbwin maroctrabalho com seus equipamentosbwin marocproteção, nem com a vestimenta usada para o atendimento, como jalecos e aventais.

Celícia diz que a faltabwin marocuma campanha nacional massiva sobre a pandemia prejudica ainda mais os profissionaisbwin marocsaúde. Ela afirma que muitas pessoas têm superlotado os hospitais com sintomas que não necessitariam pronto atendimento, colocando a si mesmo e ao sistemabwin marocrisco.

"A área da saúde está precisando disso agora. Isso é um casobwin marocemergência, pra ontem. Precisabwin maroccampanha. Não tem o horário político, na época das eleições? Tinha que ter um horário nobre para isso. Para explicar o que é a covid-19, qual a precaução, quando procurar o hospital? Quando continuarbwin maroccasabwin marocisolamento? Está precisando muito disso. É um gritobwin marocsocorro dos hospitais."

Ela diz que muitos dos passageiros que a hostilizaram usavam máscara no transporte público, piorando o riscobwin maroccontaminação.

"As pessoas que estão agredindo estão andandobwin marocmáscaras no metrô. Acham que estão protegidas e a nossa roupa branca que está disseminando tudo. Não protege, pelo contrário: a máscara úmida é uma portabwin marocentrada para o vírus, que gostabwin marocumidade,bwin maroclugar mais frio."

Pietro, do Coren, se diz preocupada com os tempos duros que virão para os profissionais da saúde.

"Até quando o Brasil vai andar na contramão das coisas? O mundo sai à janela, emociona, aplaude. E aqui não querem deixar os profissionaisbwin marocsaúde entrarem no metrô para ir trabalhar, meu Deus do céu", lamenta.

Em reação aos episódiosbwin marochostilidade, o Coren-SP entroubwin maroccontato com o Metrôbwin marocSão Pulo para realizaçãobwin marocparcerias para a sensibilização dos usuários e solicitou reunião com a Secretariabwin marocSegurança Pública do Estadobwin marocSão Paulo também para tratar do tema.

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