Sem querer, treinamos as crianças a serem irritantes, diz psicoterapeuta britânica:qual melhor jogo de aposta de futebol
"Ela (mãe) poderia ter dito ao filho, 'estou vendo que você está se sentindo deixadoqual melhor jogo de aposta de futebollado com toda a atenção que estou tendo que dar àqual melhor jogo de aposta de futebolirmã. Sei que isso é difícil para você'. Isso teria tirado o peso que o menino sentia,qual melhor jogo de aposta de futebolnão se sentir amado e entendido."
O argumentoqual melhor jogo de aposta de futebolPerry équal melhor jogo de aposta de futebolque se investirmos tempo e energiaqual melhor jogo de aposta de futebolentender, aceitar, acolher e verbalizar os sentimentos vivenciados pelos filhos — mesmo que sejam sentimentos negativos, maus-humores e birras —, economizaremos tempo e energia geralmente gastosqual melhor jogo de aposta de futebolinterações pouco produtivas e muito desgastantes, como a da mãe britânica com seu filho no consultório médico.
"As crianças precisam ser entendidas quando estão desapontadas", argumenta ela à reportagem. "Em geral, não permitimos que as crianças tenham outros sentimentos que não a felicidade, porque estamos tão ávidos para que elas sejam felizes. Sem querer, acabamos calando-as quando sentem qualquer outra coisa."
E assim, também sem querer, argumenta Perry, acabamos treinando-as para serem irritantes, ou seja, para tentar atrair a atenção dos pais a qualquer custo, como fazia o meninoqual melhor jogo de aposta de futeboltrês anos da história acima.
"Às vezes, elas (crianças) querem tanto aqual melhor jogo de aposta de futebolatenção que obter uma atenção negativaqual melhor jogo de aposta de futebol(com broncas ou brigas) é melhor do que não obter atenção nenhuma", escreve Perry em O livro que você gostaria que seus pais tivessem lido (e seus filhos ficarão gratos por você ler) (ed Fontanar), que ela lança no Brasil neste mês. Ela também vem a São Pauloqual melhor jogo de aposta de futebol19qual melhor jogo de aposta de futebolmarço para uma palestra sobre criaçãoqual melhor jogo de aposta de futebolfilhos, pela The School of Life.
"Você não vai 'mimar' seu bebê se der muitas respostas sensíveis aos sinais dele. Tempo investido no começo (da vida das crianças) as deixa acostumadas a terqual melhor jogo de aposta de futebolnecessidadequal melhor jogo de aposta de futebolconexão satisfeita. Elas internalizam isso, sabendo que podem confiar nisso."
Mais culpa e menos autoridade para os pais?
O objetivo, diz Perry, não é nem aumentar a culpa tradicionalmente associada à maternidade (ou paternidade), nem dar a impressãoqual melhor jogo de aposta de futebolque os pais têm mais uma tarefa para inserir emqual melhor jogo de aposta de futebolrotina familiar.
"Não quero que você se sinta mal a respeitoqual melhor jogo de aposta de futebolcomo pode ter reagido aos sentimentosqual melhor jogo de aposta de futebolseu filho no passado, mas sim quero enfatizar como é importante reconhecer, levar a sério e validar os sentimentos das crianças", escreve a autora.
"A causa mais comumqual melhor jogo de aposta de futeboldepressãoqual melhor jogo de aposta de futeboladultos não é o que o que está acontecendo com ele no presente, mas sim que, quando criança, (...),qual melhor jogo de aposta de futebolvezqual melhor jogo de aposta de futebolser entendido e confortado, ele ouviu que não deveria sentir, ou chorou até cair no sono sozinho, ou foi deixado sozinho comqual melhor jogo de aposta de futebolraiva. Sua capacidadequal melhor jogo de aposta de futeboltolerar diminui."
Ela defende que, embora esse exercícioqual melhor jogo de aposta de futebolvalidaçãoqual melhor jogo de aposta de futebolsentimentos exija "percepção e prática" — e, portanto, algum esforço e bastante paciência —, ele "economiza tempo no longo prazo" ao reduzir parte das batalhas constantes, estreitar vínculos com as crianças e mudar a mentalidadequal melhor jogo de aposta de futebolque os pais "perderão autoridade" sobre os filhos.
"Dizem, 'ele (filho) não saberá quem é que manda'. Mas, nessas horas, precisamos lembrar que estamos do mesmo lado que eles. Caso contrário, ficamos na dinâmicaqual melhor jogo de aposta de futebol'perder ou ganhar'." Ela argumenta que, quando a dinâmica se limita a isso, o perdedor não desenvolve sentimentoqual melhor jogo de aposta de futebolcooperação, sóqual melhor jogo de aposta de futebolhumilhação. "Ninguém fica bem quando é levado a se sentir bobo ou envergonhado."
Outro argumentoqual melhor jogo de aposta de futebolPerry équal melhor jogo de aposta de futebolque o reconhecimento, a nomeação e a validação dos sentimentos das crianças — "nosso toque, nossa boa vontade, o respeito que demonstramos a eles: respeito por seus sentimentos, pela pessoa que são, por suas opiniões equal melhor jogo de aposta de futebolinterpretação do mundo" — as deixará, ao crescerem, mais confortáveis a contar para os pais o que está acontecendo na vida delas,qual melhor jogo de aposta de futebolvezqual melhor jogo de aposta de futebolguardar para si.
"A criança precisa que o pai/mãe/cuidador seja um contenedorqual melhor jogo de aposta de futebolsuas emoções, (ou seja), ser capazqual melhor jogo de aposta de futeboltestemunharqual melhor jogo de aposta de futebolraiva, entender por que está com raiva e talvez colocar issoqual melhor jogo de aposta de futebolpalavras para ela, encontrando formas aceitáveis para que expressemqual melhor jogo de aposta de futebolraiva, sem ser punitivo ou exacerbado por ela. O mesmo vale para outras emoções."
Como ficam os limites?
Ela afirma que isso não significa fazer o que a criança quer, mas ser solidário aqual melhor jogo de aposta de futebolfrustração por não obter o que quer. Tampouco significa, diz ela, deixarqual melhor jogo de aposta de futebolimpor limites, inclusive os que sejam relativos a seu próprio bem-estar como pai, mãe ou cuidador.
"Temos nossos próprios limites. Mas devemos nos definir a nós mesmos,qual melhor jogo de aposta de futebolvezqual melhor jogo de aposta de futeboldefinir as crianças. Você pode dizer 'já me canseiqual melhor jogo de aposta de futebolficar no parque e preciso ir para casa',qual melhor jogo de aposta de futebolvezqual melhor jogo de aposta de futeboldizer 'você já brincou demais, vamos embora'. Quando nós nos definimos,qual melhor jogo de aposta de futebolvezqual melhor jogo de aposta de futeboldefinir as crianças, elas tendem a responder. (...) Você pode manter um laçoqual melhor jogo de aposta de futebolamizade e ao mesmo tempo dizer 'Eu não me sinto confortável que você saia à noite porque eu não acho que seja seguro naqual melhor jogo de aposta de futebolidade'."
Perry se define como alguém que deu uma criação rígida à filha, hoje já adulta.
"Eu mesma me desapontava comigo. queria ser o tipoqual melhor jogo de aposta de futebolmãe que dissesse, 'claro, pode fazer isso ou aquilo'. Mas não conseguia, por exemplo, gerenciar dez amigas da minha filhaqual melhor jogo de aposta de futebolcasa depois da escola. Então limitava. Mas eu não dizia que ela não podia dar conta — era eu quem não conseguia dar conta."
Olhar à própria infância
Perry sugere também que pais prestem atenção a experiênciasqual melhor jogo de aposta de futebolsua própria infância que podem influenciar a forma como reagem a seus filhos hoje.
"Se não olharmos para a maneira com que formos criados e o legado disso, isso pode voltar para nos atormentar", escrevequal melhor jogo de aposta de futebolseu livro. Ela relembra a experiênciaqual melhor jogo de aposta de futebolseu próprio marido, que teve dificuldade com a paternidade quando a filha do casal completou quatro anos — justamente a idade que ele tinha quando perdeu contato com o pai.
O caminho natural, diz ela, é que ajamos com nossas crianças do mesmo modo como adultos agiram conoscoqual melhor jogo de aposta de futebolnossa infância. "Por isso, precisamos pensar no que funcionou conosco e o que não funcionou. Será que ser colocadoqual melhor jogo de aposta de futebolcastigo no meu quarto fezqual melhor jogo de aposta de futebolmim uma pessoa mais cooperativa, ou alguém mais ressentida? Não gostamosqual melhor jogo de aposta de futebollembrar dessas coisas, por isso às vezes empurramos isso para o fundo (da memória)."
No livro, ela diz que quando o comportamento dos filhos causa uma emoção muito forte (raiva, ressentimento, frustração, inveja, pânico, irritação, medo etc), pode ser um sinalqual melhor jogo de aposta de futebolque "não necessariamente seu filho está fazendo algo errado, masqual melhor jogo de aposta de futebolque as próprias feridas dos pais estão sendo tocadas".
Reconhecer esses gatilhos seria, então, o passo inicial para não deixar que eles guiem nossas reações como pais, diz Perry à reportagem: "Precisamos saber quando um sentimento pertence ao presente ou ao passado e ver se ele está no comando (de nossas ações). É muito fácil repetir padrões. Sob pressão, fazemos como foi feito conosco. Mas somos melhores quando refletimos."
Ela destaca que a maioria dos clientesqual melhor jogo de aposta de futebolseu consultórioqual melhor jogo de aposta de futebolpsicoterapia "tinha pais gentis, bons e bem-intencionados que — como ninguém lhes disse que isso era importante — não conseguiam estarqual melhor jogo de aposta de futebolsintonia com seus filhos".
"Acho que todos fazemos o melhor com o que nos é dado. Quando temos filhos, costumamos perdoar nossos pais ao ver como é difícil. E,qual melhor jogo de aposta de futebolgeral, devemos mesmo perdoá-los. Eles não tinham tanta teoria ou acesso ao conhecimento como se tem hoje. E também fizeram o que foi havia sido feito com eles."
Ela conclui dizendo que, mesmo que a despeito da nossa vontade, nossos pais têm "um enorme poder sobre nós".
"Um elogio — ou qualquer coisa — vindo dos pais tem muito mais peso do que um elogio feito por outra pessoa. É um poder desigual. Nosso trabalho, como pais, é não explorar esse poder."
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